domingo, 15 de setembro de 2013
Passeio de burro
No fim do Verão de 2012, apercebi-me de que havia em
Alfândega da Fé uma empresa MapAventura (www.mapaventura.pt)
que organiza várias actividades entre elas, passeios de burro. Pensei que em
2013 iria proporcionar essa actividade aos netos. Lá fomos. Os dois mais velhos
foram cada um em cima de seu burro e os
dois mais pequeninos juntamente com o Tomás (o colega do meu neto Ju que
passou connosco uma semana) foram numa carroça puxada por um terceiro burro. O
José mostrou imenso à vontade e lá foi sempre usando a rédea para comandar o
animal. À Rita coube um burro um pouco
maior e talvez por isso não ia tão à
vontade.
Deliciaram-se com o passeio e quando o mesmo terminou o
Tomás veio ter comigo. Este ano quis ir
na carroça porque tive receio de ir no burro mas no próximo ano quero ir no
burro. Por sua vez o meu neto Ju, comentou. Eu gostei muito mas teria gostado bem mais se me tivessem deixado ir
sozinho para qualquer lado com o burro.
Aqui ficam algumas imagens do passeio
Este passeio de burro recordou-me um livro belíssimo que me
deram quando fiz 14 anos e do qual deixo um excerto
Platero é pequeno, peludo, suave, tão macio, que dir-se-ia todo de
algodão, que não tem ossos. Só os seus olhos são duros como dois escaravelhos
de cristal negro.
Deixo-o
solto, e vai para o prado, e acaricia levemente com o focinho, mal roçando, as florinhas róseas, azuis -
celestes e amarelas... Chamo-o docemente: “Platero”, e ele vem 5 até mim com um trote curto e alegre que
parece rir .
Come o que lhe dou. Gosta das tangerinas, das uvas moscatéis, dos
figos roxos, com a sua cristalina gotita de mel...
É terno e mimoso como um menino, como uma menina...;
mas forte e
seco como de pedra. Quando passo nele, aos domingos, pelas últimas ruelas
da aldeia, os camponeses, 10 vestidos de lavado e
vagarosos, param a olhá-lo:
- Tem
aço...
Tem
aço. Aço e prata de luar, ao mesmo tempo. (...)
Platero
brinca com Diana, a linda cadela branca que parece o quarto crescente; com a
velha cabra cinzenta, com as crianças...
Diana
salta, ágil e elegante, diante do burro, tocando ao de leve a campainha, e faz
que lhe morde o focinho. E Platero, pondo as orelhas em ponta, como dois
cornos, marra-lhe brandamente, e fá-la rolar na erva em flor.
A cabra
vai ao lado de Platero, roçando-se nas suas patas, puxando, com os dentes, a
ponta das espadanas da carga. Com uma cravina ou uma margarida na boca, põe-se
na frente dele, toca-lhe na testa,
brinca, e bale alegremente (...)
Entre
crianças, Platero é um brinquedo! Com que paciência sofre as suas loucuras!
Como caminha devagar, parando, fingindo-se pateta, para que elas não caiam!
Como as assusta, iniciando, de súbito, um trote falso!
Juan Ramón Jimenez (Prémio
Nobel)
Ao chegar à aldeia as crianças foram para a mini piscina que
há uns anos criámos no antigo lagar de vinho existente na casa. No fim do
dia perguntei ao Bernardo. Foi bom o dia? Foi muito fixe, respondeu
com um brilho especial nos seus olhos muito vivos.
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Que lindas imagens!!! E que felizes os seus netos deviam ter ficado, apesar dos burros não serem propriamente um Platero.
ResponderEliminarEu acho o burro um belo animal e é uma pena estar em vias de extinção. Mas há uma Associação em Miranda do Douro(julgo eu), sem fins lucrativos, que tenta recuperá-los. Infelizmente tem poucos apoios. Eu já a visitei com a UPP.
Um beijo.
Os miudos adoram as férias e faz-me pena vê-los depois atabafados nas salas de aula durante horas a fio ( os meus das 8.15 as 13.30). Custa-me ve-los cansados quando vem cá...mas eles tb tem muitas actividades físicas, bicicleta futebol, natação e ballet ( O Daniel já é federado) para além da musica. Acho que os dias são fixes!!!:))
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