Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Quando o mel escorre nas searas


Quando o mel escorre nas searas é o título do meu novo de livro de poesia, que acaba de me chegar às mãos, editado pela Lua de Marfim


Foi a mesma editora que publicou Entre Margens e tem vindo a publicar a coleção Novilúnio, Sete poemas de Sete autores, que integro no volume I.

O novo livro integra-se também numa coleção, Meia Lua, que já vai no 9º livro


Numa  das últimas mensagens, referi  uma autora cuja poesia conheci há pouco. Trata-se de Graça Pires e um dos seus livros, Caderno de Significados, é o 5º da referida coleção.



Gosto muito da sua poesia. Deixo dois poemas do referido livro.


O 1º poema fez-me viajar até à minha infância. Também a minha boneca de papelão se desfez na água, o que inspirou um dos poemas do meu livro para crianças Ciência parar meninos em poemas pequeninos.



Relativamente ao meu novo livro deixo também dois poemas.





Na sequência dos poemas termino com  uma seara  de Van Gogh, e   Verão de Vivaldi





quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A seta do tempo

Provavelmente muitos viram O Estranho Caso de Benjamin Button, filme realizado por David Fincher, em 2008. baseado no conto homónimo escrito por F. Scott Fitzgerald, na década de 20 do século passado.
Conta a história de Benjamin Button, nascido em 1918, após o final da 2.ª Guerra Mundial. A sua mãe morre no parto e o pai vê-se sozinho com um bebé invulgar, com o aspeto e com as doenças de um velho de 80 anos. Incapaz de lidar com a situação, abandona-o às portas de um orfanato onde lhe dão o nome de Benjamin. À medida que o tempo avança Benjamin começa a rejuvenescer e o filme relata as peripécias, os encontros e os desencontros que trazem esse desenvolvimento inverso. Pode ser visto aqui, mas entretanto deixo este trailer
https://www.youtube.com/watch?v=p8ucIL2tLLo



As equações que descrevem as leis que regem o Universo são reversíveis, ou seja, podem igualmente descrever eventos que se desenrolam  do passado para o futuro ou do futuro para o passado, sem distinção. No entanto, muitos acontecimentos da nossa vida quotidiana são irreversíveis,  só ocorrem num sentido. Se introduzirmos um copo com água quente dentro de um recipiente com água fria, a água do copo irá arrefecer e a do recipiente aquecer até ficarem à mesma temperatura. Neste processo há transferência de energia da água mais quente para a mais fria. Mas porque razão não ocorre transferência de energia da água mais fria para a mais quente ficando esta ainda mais quente a a outra ainda mais fria?. Se filmarmos a queda de um copo até se estilhaçar no chão e se de seguida passarmos o filme para trás, veremos a recomposição do copo o que, na realidade, não acontece. Há algo que nos indica de forma natural se o tempo avança ou retrocede.
O tempo, tal e qual o percebemos, move-se do passado para o futuro e não em sentido contrário. 
Em 1920, o astrónomo Arthur Eddington estabeleceu a designação “seta do tempo” para descrever esta irreversibilidade, que está relacionada com a grandeza física entropia, ligada ao “grau de desorganização” dos sistemas. Na Física há várias leis de conservação (da massa, da energia, do momento linear, do momento angular,….). A entropia não obedece a uma lei de conservação. 
A seta do tempo é consequência imediata da 2ª lei da termodinâmica, segundo a qual a entropia média nunca diminui. pois tende sempre a aumentar

(...)É pois de acordo com esta definição termodinâmica de tempo, que à medida que avançamos, nos vamos olhando ao espelho e vendo que tudo o que começou num estado organizado, se vai decompondo lentamente, até alcançar um estado caracterizado pela maior desorganização de tudo. Dada a tão óbvia e observável evolução humana ao longo da flecha do tempo seria provável alguém pensar sobre uma hipótese que a contrariasse? Não seria provável, mas como tudo no universo acontece porque existem infinitas possibilidades de concretização (de acordo com a Lei de Murphy) isso acabou por acontecer.
(...)O trio de cientistas Julian Barbour de Oxford, Tim Koslowski da Universidade de New Brunswick e Flavio Mercati do Instituto de Física Teórica de Perimeter começaram a estudar uma nova hipótese de flecha do tempo, não baseada na termodinâmica (como aquela que é aceite atualmente) mas baseada na gravidade, sendo que defendem que aquilo que é verdadeiramente indiscutível sobre as leis da física é que elas são exatamente as mesmas independentemente da direção em que o tempo corre.
Ao elaborarem a presente teoria este trio de cientistas conseguiu chegar mais perto da noção de que existem diferentes futuros, passados e presentes, dada a co-existência de universos paralelos, gerados no mesmo momento e da mesma fonte, em que tudo está a acontecer simultaneamente. Todavia, os observadores desses acontecimentos (quem vive nesses universos) percecionam-nos de uma forma única, vivenciando apenas a seta do tempo que é característica desse universo e não sendo possível ter a noção da existência de outras realidades noutros universos paralelos. A teoria dos multiversos – ou universos paralelos – apesar da sua complexidade e exigência constitui-se assim, como uma teoria de esperança, que nos permite pensar que a existência não é apenas o que vemos e o que tocamos, mas sim, paralelamente, algo mais que não se vê, não se toca, mas que está simultaneamente a acontecer.
A curiosidade e necessidade de compreender o mundo que nos rodeia leva-nos a não desistir de tentar cada vez mais, perceber verdadeiramente em que devemos acreditar. Sim, porque todos nós precisamos de acreditar em algo. Seja um Deus criador, seja um universo gerado através do Big Bang, seja a existência de multiversos que permitem que a flecha do tempo não corra só para a frente. Precisamos de acreditar para nos sentirmos parte da criação.

A propósito da teoria dos universos paralelos sugiro este artigo  e este vídeo com comentários de um dos grandes físicos da atualidade, Michiu Kaku



https://www.youtube.com/watch?v=bXWS3Tc9q1w

Poderia argumentar-se que estes conceitos resultam de estudos e simulações meramente no campo teórico, mas surgiriam de imediato contra argumentos fortes. Einstein previu a dilatação do tempo e  a contração do espaço bem como a curvatura da luz pela gravidade, conceitos bizarros para a época, mas que a experiência viria a confirmar. Com os universos paralelos poderá acontecer algo semelhante. O facto de vivermos num mundo a 3 dimensões ( e uma 4ª o tempo) não nos permite percecionar outras dimensões. A animação que segue, ajuda-nos a perceber essa impossibilidade


Mas o  tempo é um enigma não apenas para os físicos...

(...)O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.
(...)Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas(...)
Alberto Caeiro.

Tempo Revisitado
O tempo a que sempre regressamos
e nos visita um instante
O tempo que depois destruímos
construímos e alimentamos se nos
alimenta
O tempo onde a luz buscamos e
a morte sempre
encontramos

Casimiro de Brito


(...)Esta noite voltei à minha infância:
menina rosada de sonhos nos bolsos,
bailarina de corda na caixinha de som.
À infância regressa-se solitariamente,
subindo um rio sem margens,
até ao lugar em que a nascente
se confunde com o tempo
e o tempo se transforma em espanto(...).
Graça Pires
( Só há pouco tempo tomei conhecimento da poesia de Graça Pires, mas poderão encontrá-la aqui


Será que existe algures, ainda que volátil e etérea,
uma memória do tempo antes do tempo?
Será que essa memória se propagou e difratou,
qual onda,
gerando padrões de interferência
num qualquer universo?
Donde vem o tempo que não tem reverso,
e se escoa nos meandros da memória ?
Para onde vai o tempo onde pulsa imerso o passado,
mas também o futuro e presente
que são amalgamados pela história?
Enigma profundo, o tempo.
Será um ser imponderável ou será um não ser,
pura invenção da mente?
Tudo isso, que importa?
Beija-me o sol que entra pela vidraça
porventura alheio ao tempo que passa.
Regina Gouveia (em Entre Margens)



 Inspirada na frase de Hugo von Hofmannsthal termino com música, Roda viva  de Chico Buarque e Poema Sinfónico D. Juan de Richard Strauss, com quem colaborou von Hoffmannsthal


https://www.youtube.com/watch?v=IpAR9DlQV6o
(...)Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu(...)

https://www.youtube.com/watch?v=CcBGsjPky0c


domingo, 17 de janeiro de 2016

O Tempo perguntou ao tempo...

O Tempo perguntou ao tempo  quanto tempo o tempo tem, o Tempo respondeu ao tempo que em 2015 o tempo tem mais um segundo. No dia 30 de junho de 2015, o relógio bateu mais um segundo do que seria normal. Depois das 23 horas, 59 minutos e 59 segundos, vieram as 23 horas, 59 minutos e 60 segundos. Só um segundo depois chegou a meia noite. E assim ganhámos um segundo extra, o chamado "segundo intercalar".
Assim começa no nº 4 da revista Lusíadas (Inverno 2015) um artigo muito interessante da autoria do Professor   Rui Agostinho, Diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, e que tive oportunidade de ler anteontem, enquanto guardava por um consulta no Hospital da Boavista. Tenho o privilégio de conhecer pessoalmente Rui Agostinho, um excelente comunicador que fala com paixão  de tudo aquilo que faz. Deixo um quadro que acompanha o artigo e a indicação do site do observatório (oal.ul.pt) onde, entre outras informações, poderão ter informações sobre o cometa C/2013 US10 (Catalina) que está visível este mês.

Coo referi, fui ao Hospital Lusíadas numa consulta de rotina, Aproveitei para visitar a colega Manuela Mota que ali está internada, na sequência de um atropelamento. Durante vários anos professora no Departamento de Química da Faculdade de Ciências, por vontade própria  deixou o Ensino Superior. Leccionou no então Liceu Carolina Michaëlis (CM). Creio que foi a primeira doutorada que ali leccionou. Terá à volta de 86 anos, mas continua com o dinamismo que sempre lhe conheci, conduz, viaja, etc,etc
Há dias foi visitar um irmão que está internado e ao dirigir-se para o carro que tinha estacionado ali perto, foi atropelada na passadeira. Teve fratura de crânio, está cheia de equimoses pelo corpo e tem uma lesão na cervical. Quando do acidente foi transportada para o Hospital de Santo António. Quando, na 4ª feira  me dirigi ao Hosptial para visitá-la já tinha ido para o Hospital Lusíadas.
Mal entrei no quarto fiquei espantada pois apesar de todos os estragos estava sentada em frente a uma mesa, ao telemóvel com alguém, a tomar notas sobre qualquer coisa, como se nada tivesse.  
Estivemos bastante tempo à conversa pois de cada vez que eu propunha ir-me embora dizia-me com um ar jovial: deixe-se estar, estamos tão bem à conversa... Soube por ela que uma outra colega, mais ou menos da mesma idade, que também foi professora no CM estava na urgência do mesmo hospital, pois tinha caído em casa. Fui vê-la. Um pouco combalida, contrastava com a vivacidade da Manuela.

Lembrei-me que em tempos tinha lido um artigo interessante sobre envelhecimento  e fui procurá-lo. Deixo alguns excertos mas pode ser encontrado aqui

(...)O conhecimento científico só avança quando podemos medir ou contar as coisas de alguma forma. Podemos determinar a idade das árvores contando seus anéis anuais e a idade de alguns peixes contando quantas camadas de escamas possuem, mas não há forma de medição disponível por meio da qual possamos determinar a idade biológica dos seres humanos e da maior parte dos outros animais. No caso dos homens, obviamente, podemos usar a certidão de nascimento, mas, por mais confiável que seja, ela especifica apenas um único ponto no tempo. A idade cronológica mede quanto tempo, quantos anos se passaram a partir daquele ponto. Informa-nos quando devemos comemorar os aniversários e que números devemos escrever no campo idade dos formulários, mas, para os gerontologistas, o envelhecimento é cronológico apenas no sentido legal ou social. O tempo, em si, não produz efeitos biológicos. Os eventos ocorrem no tempo, mas não devido à sua passagem. Os eventos biológicos que se seguem ao nascimento acontecem em momentos diferentes e em ritmos diferentes em cada um de nós.(...)
(...)Em termos de envelhecimento, assemelhamo-nos a uma loja de relógios. Cada um de nossos muitos tecidos ou órgãos comporta-se como um relógio independente, que trabalha em um ritmo diferente dos demais. Por causa disso, uma pessoa com uma determinada idade cronológica poderia ser consideravelmente mais jovem ou mais velha biologicamente, dependendo da velocidade média na qual seus relógios estão trabalhando. Seria muito mais informativo conhecermos nossa idade biológica do que nossa idade cronológica, mas infelizmente não temos como medi-la.(...)
(...)Todos nós somos compostos de bilhões de células individuais e dos produtos gerados pelas células. A maioria das células presentes no nosso organismo hoje não estava presente há cinco ou dez anos. Na verdade, algumas não estavam presentes nem mesmo ontem.(...)
(...)A complicação é que, como resultado dos processos metabólicos normais, as moléculas podem se renovar ou ser substituídas sem que as células individuais nas quais estão contidas sejam substituídas. O que acontece com uma célula velha é análogo ao que poderia acontecer com um carro antigo. Se todas as peças do carro forem substituídas, o carro não será mais o mesmo. Se todas as partes da célula forem substituídas, a célula não será mais a mesma. Os neurônios com os quais você nasceu podem, aparentemente, ser os mesmos hoje, mas na realidade muitas das moléculas que os compunham quando você nasceu (exceto o DNA) podem ter sido substituídas por outras moléculas.(...)
(...) Todas as  moléculas, tenham ou não sido renovadas, são compostas de unidades mais fundamentais chamadas átomos, a maioria dos quais não sofreu mudanças desde a criação do nosso planeta.(...). Quando morremos, nossos átomos dissipam-se no meio ambiente, e alguns talvez venham a fazer parte de outro ser humano, em um padrão contínuo de átomos reciclados. (...). Nossos átomos são imortais, mas nós, como indivíduos, não.
(bilhão/bilião corresponde para nós a mil milhões)

A propósito destas últimas frases do texto lembrei-me de um poema do meu primeiro livro (Reflexões e Interferências)

Sorriso

Junto à campa da minha mãe
nasceram lírios no passado mês.
Alguns dos seus elementos,
o magnésio talvez,
já terão sido, por certo,
pertença da minha mãe.
Há momentos,passava perto
de um lírio que ali cortei
e quando o olhar fixei,
pareceu-me ver alguém
que sorria para mim.
Doce, o sorriso, sem fim.
Por certo era a minha mãe,
só ela sorria assim.

Mas regressando ao tempo, não poderia deixar de me referir a "Uma breve história do tempo" de que deixo um pequeno excerto: 


Resultado de imagem para Uma breve história do tempo

Durante os anos 70 dediquei-me particularmente ao estudo dos buracos negros, mas em 1981 o meu interesse pelas questões da origem e destino do Universo reacendeu-se quando assisti a uma conferência organizada pelos jesuítas no Vaticano. A Igreja Católica tinha cometido um grave erro com Galileu, quando tentou impor a lei numa questão científica, declarando que o Sol girava à volta da Terra. Agora, séculos volvidos, decidira convidar alguns especialistas para a aconselharem sobre cosmologia. No fim da conferência, os participantes foram recebidos em audiência pelo papa que nos disse que estava certo estudar a evolução do Universo desde o *big bang* , mas que não devíamos inquirir acerca do *big bang* em si, porque esse tinha sido o momento da Criação e, portanto, trabalho de Deus. Nessa altura fiquei satisfeito por ele ignorar qual havia sido a minha contribuição para a conferência: a possibilidade de o espaço-tempo ser finito mas sem fronteiras (3), o que significaria que não tinha tido um princípio e que não havia nenhum momento de Criação. Não tinha qualquer desejo de partilhar a sorte de Galileu, com quem me sinto fortemente identificado, em parte devido à coincidência de ter nascido exactamente trezentos anos depois da sua morte! (...

Ontem à noite decidi ver o filme Teoria  de Tudo que tenho gravado mas que pode também ser visto aqui.
De qualquer modo deixo o trailer 
https://www.youtube.com/watch?v=OgVdYzUW0yk



E a propósito de Tempo termino com a Persistência da memória de Salvador Dali

Pintura Abstrata Relógios Tempo Mar Pintor Dali Tela Repro


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Sábado, dia 9, uma página do meu diário...


Esta é mais uma página do meu diário que partilho com quem quiser ler.
Sábado, dia 9,  foi o Concerto de Reis e Ano Novo que referi em  mensagem anterior e cujo programa definitivo incluo a seguir



O coro (Rouxinóis) de que faço parte, abriu o concerto com a canção Ano Novo mas, dada a minha "aselhice",  não sei como colocar a música  que só  tenho em CD.


Após uma breve intervenção do Padre Domingos foi a vez de sete crianças, das mais pequeninas ( quatro e cinco anos), entre elas a minha neta Marta ( a menina mais à direita), tocarem em teclados Jolly Old Saint Nicholas  cuja música deixo num vídeo retirado do youtube







Seguiu-se mais um grupo de  sete crianças um pouco mais crescidas tocando DecK the Hall cuja música podem ouvir aqui 
Seguidamente, um novo grupo de sete crianças,  ainda em teclados,  tocou Little Children
Depois foi a vez dos violinos: cinco jovens tocaram Infant Holy, Infant Lowly.
Deixo uma versão com coro pois não encontrei nenhuma apenas instrumental.Aos violinos seguiram-se guitarras, duas crianças tocaram o conhecidíssimo tema, Jingle Bells.
Seguiu-se-lhes um grupo de nove jovens com ocarinas, teclados, piano, violino que tocaram The first Noel.
Em teclados, um grupo de seis jovens tocou Rudolph the Red -Nosed Reindeer a que se seguiu, também em teclados, M y Favorite Things ( um dos temas de Música no Coração), interpretado por sete jovens.
Mais um grupo de sete intérpretes tocou em teclados,  Christmas Tree
Em piano solo uma jovem tocou um  Alegro a que se seguiu Blue Christmas em teclados, também com sete intérpretes
O coro voltou a atuar com dois  temas: Patas de veludo, Estrelas,  cujas músicas devem corresponder a outros "títulos" pelo que  não as identifiquei na NET. Tenho-as em CD mas a tal "aselhice" não me permite colocá-las aqui. Do mesmo modo não consigo encontrar E agora? o tema que o coro cantou a seguir, após uma interpretação do mesmo em violino.
Novamente o coro, acompanhado por dez intépretes tocando ukulele,  cantou ding dong merrily on high designado no programa,  como   Gloria 
Em teclados (sete intérpretes) seguiu-se Silent Night e em piano solo, duas jovens tocaram Away in a Manger.
Novamente em teclados, sete intérpretes tocaram Rockin´Around the Christmas Tree a que se seguiu, em piano solo e com duas intérpretes, Santa Baby.
Mais um grupo de cinco teclados com White Christmas  seguido de um solo  Joy to the World em guitarra. Mais um solo em piano, Sleigh Ride 
https://www.youtube.com/watch?v=_eMV9O2NQ1o


O coro regressou com  O Inverno vai passar, uma adaptação de  Singin´in the rain com a letra que segue.
A chuva a  cair,
o vento a soprar,
mesmo assim vou sorrir,
mesmo assim vou cantar,
o frio esquecer
o verão, recordar.
O inverno?
O inverno vai passar..
O dia amanheceu,
cinzento, a chorar,
mesmo assim cá estou eu,
mesmo assim a cantar,
pois guardo em mim, o sol e o mar::
O inverno?
O inverno vai passar..

Quase a finalizar o meu neto e eu fizemos parte de um grupo de dez "ukulele", que juntamente com um grupo de seis teclados e acompanhados pelo coro (que desta vez não integrei...) interpretou E se o Natal chegar ao fim ? cuja música deve corresponder a outro "título" pelo que  não a identifiquei na NET.


De seguida regressei ao coro para cantarmos, This Little Light is Mine, acompanhados por  seis guitarras, 
Deixo uma versão que retirei da NET e de que gostei bastante


https://www.youtube.com/watch?v=1yUK0S_cEXY 

O concerto finalizou com uma música muito alegre, uma canção tradicional da Nova Zelândia  Epo i tai tai e, que significa Vou ser feliz


Nesse dia, às 12,30 foi o ensaio final para os mais pequeninos mas quem acompanhou a minha neta, foi a mãe. À tarde  decorreu o ensaio geral, com início às 16 h mas que se prolongou por bastante tempo. Em face disso estava com algum receio que à noite o espetáculo se alongasse muito, até porque levámos connosco uma amiga . Mas fiquei estupefacta porque tudo correu "sobre esferas"
com todas as entradas no tempo previsto, etc, etc, etc.
Eu já admirava a Margarida, responsável pela escola.É quem dirige o coro e é também a professora de piano da minha neta (e de muitas outras crianças, obviamente). Mas ontem, quer eu quer o meu filho e a minha nora ficámos muito bem impressionados com a organização do concerto, em que também colaborou o Nelson, nosso professor de ukulele,  que desde pequeno foi aluno  de piano da Margarida e hoje está mais ligado às cordas.
Nunca tinha visto/ouvido a minha neta a tocar piano mas saiu-se muito bem. O José também teve um bom desempenho mas como tenho aulas conjuntamente com ele, tenho acompanhado o seu progresso.
Todos nós vestimos umas camisolas com referência à escola Teclarte.

   Frente                                                                               Costas
     
Terminado o concerto, tínhamos à nossa espera um "lanche" oferecido pelo Padre Domingos.
Foi uma noite muito agradável.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Vaidade ou talvez não.... eis a questão


Nos comentários à minha anterior mensagem fiquei surpreendida com a referência de forma explícita ou implícita à minha vaidade. Não quer isto dizer que não me considere vaidosa. Sou bastante, mas no que respeita a gostar de “trapos”, sapatos, carteiras e toda uma panóplia de coisas perfeitamente supérfluas.
Nos aspetos que têm a ver com aquilo que consigo ou não consigo fazer, não me considero vaidosa.

Decidi consultar, via NET, o Dicionário Priberam

1.Qualidade do que é vão, inútil, sem solidez nemduração.=VANIDADE
2.Fatuidade, ostentação.

3.Sentimento de grande valorização que alguém tem em relação a si próprio.=VANGLÓRIA

4.Futilidade.
http://www.priberam.pt/dlpo/vaidade [consultado em 12-01-2016].

É certo que ninguém é bom juiz em causa própria mas acho que, sem falsa modéstia, tenho a perfeita noção das minha limitações. Gostaria imenso de saber tocar um instrumento (bem, obviamente) e de ter os conhecimentos de música que outros têm, nomeadamente a minha amiga Virgínia Barros. Gostaria de ter uma boa cultura geral que passasse por áreas como a história, a geografia, a economia (área em que sou completamente analfabeta…), a sociologia, a filosofia, etc, etc
Mesmo na minha área, particularmente na Física de que gosto muito, gostaria de saber muito mais que aquilo que sei na área da mecânica quântica, da nova cosmologia, enfim…
Estou sempre aberta a aprender coisas novas embora cada vez tenha menos capacidades para isso.
Mas regressando à mensagem, na mesma relato uma situação que vivenciei na passada quinta feira, durante a minha manhã de voluntariado e que me fez sentir muito pequenina face “à lição de vida” com que me deparei, e relato ainda um encontro com uma ex-aluna de quem já não me lembrava e que terei marcado muito positivamente.
No livro que publiquei em 2002, Se eu não fosse professora de Física. Alguma reflexões sobre práticas letivas
dou conta de quão fascinante foi para mim a experiência docente. Por isso tenho uma grande satisfação quando sinto que ex-alunos me recordam com carinho. Não considero que seja vaidade, mas sim uma sensação de dever cumprido (embora tenha a consciência que não terei marcado todos os alunos de igual forma)

Um dos livros que me marcou logo que iniciei a carreira docente foi o Diário de Sebastião da Gama. 

Reproduzo de seguida dois trechos do mesmo:

(...)O que era bom era dar sempre aulas como a de hoje! Vir da aula tão feliz que tivesse precisão de gritar ao primeiro desconhecido: - "Sabe? Dei hoje a melhor aula, a aula mais linda da minha vida!" Quis, ao entrar na Sala dos Professores, gritar isto mesmo ao Senhor Director - Mas não fui capaz, talvez por ele estar acompanhado; e foi pena, porque tenho a certeza de que ele compreenderia o meu contentamento, me sorriria com a bondade e delicadeza de alma que lhe são próprias. Assim, vim pelo Alecrim abaixo a contá-lo só a mim: "Que linda aula! Que linda aula! Que linda aula!" E foi no vapor que não pude resistir: - "Sabe? Dei hoje a melhor aula, a mais linda aula da minha vida!" Quase desconhecida, a mimosa menina que me ouviu com simpatia; vira-a apenas uma vez, falara com ela apenas dois minutos; mas ficámos amigos, porque dias como o de hoje são dias grandes.
(…) A aula passada ao papel fica sempre mesquinha. A aula de Português acontece, como atrás ficou dito em letras grandes; mas acontece lá,  acontece na sala 19 e não aqui, neste papel aos rectângulozinhos. Depois, eu não sei inventar nem doirar; e há uns tempos para cá nem sei reproduzir - ando doente da mão. Por tudo isto é que são uma caricatura das aulas as linhas que ficam neste caderno. Não que as aulas sejam excelentes; - apesar da confiança em mim, e até do arzinho de vaidade que às vezes pareço ter e não sei reprimir, sinto que me faltam muitas qualidades; sabe-me a pouco, cá dentro, tudo o que faço, e bem vistas as coisas não tenho vaidade nenhuma. Tenho para mim que o vaidoso só o é verdadeiramente se está convencido de que é um ás naquilo de que é vaidoso; ora eu não estou convencido; aparento por vezes que o estou, levado por um demónio que eu não sou capaz de afogar. Eu só estou convencido de que tenho em mim algumas qualidades, graças às quais não é desonestamente que sou professor; e estou convencido também de que há mil outros que não têm estas qualidades, ao mesmo tempo que há outros ainda que têm, além das minhas, aquelas que me fazem falta. O que me absolve é que tenho o bom propósito de ir melhorando e de chegar um dia (se o espírito se não acovardar com o tempo...) em que serei quase um bom professor; é justamente nesse dia que morrerei: quando for quase um bom professor(... )

Apesar da evolução dos conceitos de ensino aprendizagem desde Sebastião da Gama até hoje, ainda acho estes textos admiráveis, como aliás todo o livro. Nunca “li” neles qualquer vaidade mas sim a necessidade de partilhar com os outros aquilo que o tornava feliz.

Jár aqui referi que este blogue, que não se destina a ninguém em especial e a todos em geral, é essencialmente uma espécie de diário para mim, que doutra forma nunca escreveria. Não tinha ideia de relatar o episódio de 5ª feira mas contei-o em conversa a uma colega de ginásio, uma senhora de uma grande sensibilidade com quem costumo conversar. Partiu dela a ideia de o partilhar no blogue
Esse episódio é tão bonito e comovedor que devia partilhá-lo no seu blogue.
Quando se aproximou de mim a ex-aluna, eu estava precisamente à conversa com essa colega que de seguida comentou.
Também devia referir no blogue este reencontro.

Para mim o blogue é um espaço de partilha e, de preferência, gosto de partilhar aquilo que para mim é/foi agradável ou enriquecedor.

Ainda a propósito do Diário  sugiro esta  leitura


E a propósito da vaidade, deixo Os Sete Pecados Capitais de Hieronymus Bosch com a vaidade em destaque




Em tempos concorri a um concurso em que os poemas  teriam que estar relacionados com os pecados capitais.
Não fui classificada mas deixo o poema

Os sete pecados capitais ( Hieronymus Bosch)

Uma esfera central como se fosse um olho,
o misterioso olho de Deus que tudo vê.
Na pupila, Cristo Redentor
e, dispostos em redor,
os sete pecados capitais.
Nos cantos da tela,
a morte,
a glória,
o juízo final
e o inferno,
cujas chamas bruxuleavam
em macabra dança,
nos meus pesadelos de criança.

A obra pertenceu a um “senhor” do mundo,
Filipe primeiro, rei de Portugal,
também rei de Espanha, Filipe segundo.

E a propósito de Filipe II deixo o poema Fecho éclair de António Gedeão

Filipe II 
tinha um colar de oiro
tinha um colar de oiro
com pedras rubis.
Cingia a cintura
com cinto de coiro,
com fivela de oiro,
olho de perdiz

Comia num prato
de prata lavrada
girafa trufada,
rissóis de serpente.
O copo era um gomo
que em flor desabrocha,
de cristal de rocha
do mais transparente.

Andava nas salas
forradas de Arrás,
com panos por cima,
pela frente e por trás.
Tapetes flamengos,
combates de galos,
alões e podengos,
falcões e cavalos.

Dormia na cama
de prata maciça
com dossel de lhama
de franja roliça.
Na mesa do canto
vermelho damasco
a tíbia de um santo
guardada num frasco.

Foi dono da terra,
foi senhor do mundo,
nada lhe faltava,
Filipe Segundo.
Tinha oiro e prata,
pedras nunca vistas,
safira, topázios,
rubis, ametistas.

Tinha tudo, tudo
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.
O que ele não tinha
era um fecho éclair.

Aqui na voz de Carlos Mendes e José Nisa