Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


domingo, 27 de novembro de 2011

Origamis...

No dia 22  De Rerum Natura colocou a mensagem Origami feito a luz , um origami que é criado quase sozinho, isto é, um origami feito de um material especial que se dobra com a ajuda de luz infravermelha, como pode ver-se aqui.

Origami (do japonês: 折り紙, de oru, "dobrar", e kami, "papel") é a arte tradicional e secular japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou objetos com as dobras geométricas de uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la.

O origami usa apenas um pequeno número de dobras diferentes, que no entanto podem ser combinadas de diversas maneiras, para formar desenhos complexos. Geralmente parte-se de um pedaço de papel quadrado, cujas faces podem ser de cores ou estampas diferentes, prosseguindo-se sem cortar o papel. Ao contrário da crença popular, o origami tradicional japonês, que é praticado desde o Período Edo (1603-1897), frequentemente foi menos rígido com essas convenções, permitindo até mesmo o corte do papel durante a criação do desenho, ou o uso de outras formas de papel que não a quadrada (rectangular, circular, etc.). Não seriam apenas os Japoneses a dobrar o papel, mas também os Mouros, no Norte de África, que trouxeram a dobragem do papel para Espanha na sequência da invasão árabe no século VIII. Os mouros usavam a dobragem de papel para criar figuras geométricas, uma vez que a religião os proibia de criar formas animais. Da Espanha espalhar-se-ia para a América do Sul. Com as rotas comerciais terrestres, o Origami entra na Europa e, mais tarde, nos Estados Unidos.



Existem sites com origamis, alguns espantosos pela sua complexidade. Deixo duas imagens que podem ver aqui



Quando trabalhava com a editora GATAfunho escrevi, para o seu blogue , e “por episódios”, uma pequena história, muito simples. O título é Rafael- um menino de papel, e pretende-se que seja acompanhada com a construção de origamis.


Rafael de Origami
é um menino de Papel,

papel reutilizado
pois já tinha sido usado.






Rafael, o menino de Papel,
de barcos muito gostava
Fez uma frota com cinco
e com eles navegava

Os barcos do Rafael
eram também de Papel,
e para os diferenciar
o Rafael foi usar
as vogais do alfabeto
A,E,I,O,U


Diz agora tu….


Para construires barquinhos de papel procura aqui, aqui e também aqui

Um dia em que navegava,
reparou o Rafael
numa ave que passava.
Era uma linda Gaivota.
Também era de Papel
e ali à volta voava.
Com ela fez amizade.


Para construir uma gaivota de papel procura aqui


No mar, junto dos barquinhos
da frota do Rafael,
nadavam muitos Peixinhos,
todos em Papel usado.
Entre eles estava um
por sinal muito engraçado,
que nadava ligeirito,
sem dos barcos se afastar.
Tornaram-se muito amigos,
o Peixito e o Rafael,
ambos feitos de Papel.
Para construir um peixinho de papel consulta aqui


De noite, a olhar o céu
e sob a Lua a brilhar,
uma Lua de Papel,
o menino Rafael
decidiu–se a viajar,
ir a Lua visitar.


Numa Nave espacial,
e, como era normal,
feita de Papel usado,
foi ele pousar na Lua
Chegou um pouco cansado,
o menino Rafael


Para construir uma nave de papel consulta aqui


Transportava um Telescópio,
também ele de Papel
e, da Lua, o Rafael
viu os seus Barcos no mar.
Ficou cheio de saudades
e decidiu regressar.



Comoveu-se, na chegada,
o menino Rafael.
Estavam todos os amigos.
Com uma festa o receberam,
muito bem organizada.
Até duas flores lhe deram.
Duas Rosas de Papel


Queres construir uma rosa de papel ? Então consulta aqui

Quando a festa decorria
ouviram, com algum espanto,
uma Rã, feita em Papel,
que coaxava num canto
Convidaram-na para a festa
em honra do Rafael
e a Rã, muito contente,
acedeu com alegria


Para construir uma rã de papel consulta aqui

O menino Rafael
tinha já muitos amigos
todos eles de Papel,
todos com letras pintados.
Com vogais, A,E,I,O,U,
distinguiam-se os barquinhos.
Eram poucas as vogais
e o menino Rafael
precisava de mais letras.
Usou então consoantes
para os amigos restantes,
o G, o R, o P, o L, o N e o T,
o M e também o B.


Vitória, Vitória, acabou-se a Estória....

sábado, 26 de novembro de 2011

A magia da infância

Hoje, por mero acaso, fui ter a uma página onde, a propósito do meu livro Ciência para meninos em poemas pequeninos, encontrei um trabalho de meninos de 3º ano, que partilho convosco, juntamente com um poema de Pessoa in Cancioneiro e uma obra  de Picasso

Quando as crianças brincam


E eu as oiço brincar,


Qualquer coisa em minha alma


Começa a se alegrar.


E toda aquela infância


Que não tive me vem,


Numa onda de alegria


Que não foi de ninguém.




Se quem fui é enigma,


E quem serei visão,


Quem sou ao menos sinta


Isto no coração.

Menina com um barco (1938)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

De novo pelas escolas- continuação.

Ontem não houve périplo pelas escolas. Juntamente com o editor e o grupo de teatro 3 Pancadas, estive presente nas comemorações do Dia da Cultura Científica e simultaneamente do 3º Aniversário do CCV Rómulo de Carvalho (comemorações que já tinha anunciado em mensagem anterior), cujo programa aqui deixo.


Regresso então às escolas:

Começo por referir que aqui podem encontrar imagens relativas à visita a Cantanhede, referida na mensagem anterior

No passado dia 22 passei a manhã no Colégio Luso Francês, a convite da Professora Isabel Maia, uma professora muito empenhada . Estive em duas sessões: uma com alunos do 1º ano e outra com alunos do 2º ano. O grupo de teatro 3 Pancadas(editora 7dias6noites) encenou a peça Breve História da Química, mais uma vez com graça. A encenação foi adaptada aos alunos, dado que a peça, no que concerne aos 3º e 4º actos, nem sempre é muito acessível a esta faixa etária.

Antes da peça, após e durante os breves intervalos,  conversei um pouco com os alunos a propósito da peça mas também  de um outro livro, esse perfeitamente adequado a esta faixa etária “Ciência para meninos em poemas pequeninos”. Como é habitual, realizei algumas experiências. As crianças portaram-se de forma exemplar.

Entre uma e outra sessão visitei a feira do livro que ali decorria


À tarde estive em Pedrouços em duas sessões, uma com alunos do 8º e outra com alunos do 9º ano. Entraram de forma um pouco desafiadora mas as sessões, com algumas experiências à mistura, correram muito razoavelmente e no fim vários alunos colocaram questões.

Trouxe como recordação um conjunto e marcadores feitos pelos alunos e espero, proximamente poder colocar algumas fotos que ficaram de me enviar.


No fim fui visitar a feira do livro (21 A 25 DE NOVEMBRO - IV FEIRA DO LIVRO NO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PEDROUÇOS - EXPOSIÇÃO "7 DIAS DE PALAVRAS 6 NOITES DE TRAÇOS”)
Fui saudada de modo agradável por alunos que ali se encontravam e tinham estado presentes nas sessões
Já passava das 18 h  quando cheguei a casa. Estava  cansada mas sentia-me bem.


Hoje, dia 25, regressei ao Colégio Luso Francês.
Estive em duas sessões: A primeira com os alunos de 3º ano mais uma turma de 4º ano e a segunda com os restantes alunos do 4º ano.
O programa foi em tudo idêntico ao da sessão do dia 22. Antes da peça, após e durante os breves intervalos, conversei um pouco com os alunos a propósito da peça mas também de um outro livro, esse perfeitamente adequado a esta faixa etária “Pelo sistema solar vamos todos viajar”. Como é habitual, realizei algumas experiências.
Na primeira sessão, talvez devido ao elevado número de crianças e /ou  a uma menos cuidada vigilância dos professores, houve algum barulho, mas que não perturbou algumas crianças (entre elas a Leonor ) cujas expressões manifestaram, todo o tempo, uma elevada atenção e até um certo deslumbramento.No final fui entrevistada por três crianças, muito amorosas,  do 4º ano.
Na segunda  sessão, com menos alunos e só do 4º ano, as crianças, muito participativas,  portaram- se muito bem.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Em jeito de testemunho...

O dia 24 de Novembro é o Dia Nacional da Cultura Científica, em homenagem a Rómulo de Carvalho
Tal como o homem deixou uma pegada na Lua também Rómulo de Carvalho deixou, indelével, uma pegada cultural multidimensional

Para além de excepcional professor de Física e Química e de divulgador da ciência foi poeta, historiador, construtor de equipamento didáctico que concebeu, fotógrafo, ensaísta, autor de ficção e teatro, formador.
De entre esta multidimensionalidade destaca-se o poeta António Gedeão

Gedeão não teria existido sem Rómulo e este seria com certeza um outro se não existisse Gedeão

Rómulo de Carvalho aprendeu de Gedeão o gosto pelos objectos simples, pela história singelamente contada, pela experiência quotidiana. Quanto a Gedeão, penso nele como companheiro de carteira de Rómulo na aprendizagem interior do espírito da Física, cedo feita de ensinar os outros
Mariano Gago (in prefácio de “A Física no Dia a Dia”de Rómulo de Carvalho

Em 2006, centenário do seu nascimento, tive o privilégio de ser convidada para prestar o meu testemunho sobre Rómulo de Carvalho /António Gedeão, em várias das homenagens que lhe foram prestadas. Já depois e com o mesmo fim, fui solicitada mais algumas vezes

Algum tempo antes, já após o seu falecimento, tinha sido convidada pela Areal Editores para co-dinamizar uma série de actividades em sua homenagem.
Achei estranho o convite mas a pessoa que me convidou justificou-o. Na Areal trabalha um engenheiro que foi seu aluno e ao perceber que pretendíamos homenagear RC/AG referiu que “a professora Regina Gouveia o homenageava muitas vezes, ao começar uma aula com um poema de Gedeão que, de seguida explorava”.

Vou tentar fazer uma síntese daquilo que fui referindo nessas sessões


O meu “contacto” com RC começou no 6º ano do Liceu através do Guia de Trabalhos Práticos de Química, que ainda conservo e de muito me serviu, quando docente. Nada mais sabia de RC.

Em Outubro de 1962 entrei para a Universidade e passado algum tempo vi, na montra de uma livraria, o livro História do Átomo cuja autor me era familiar.

Adquiri-o de imediato tal como viria a adquirir mais tarde outros da mesma colecção Ciência para gente nova ( O Professor Fiolhais diz que era essencialmente Ciência nova para a gente).

Nesse livro pode ler-se

A história do átomo é uma das mais belas vitórias dos homens. Quer-nos até parecer que em todo o desenrolar das actividades humanas nunca a Ciência e a Poesia estiveram ligadas tão intimamente como neste caso. A descoberta do átomo não é apenas bela pelo seu significado prático, por se prestar a melhorar profundamente a vida dos homens. É bela também como conquista do espírito, pelo extraordinário poder de imaginação que revela. (Rómulo de Carvalho)


Não creio que me tenha apercebido que em alguns dos livros da referida colecção( História dos Isótopos e História da energia nuclear) a capa era da autoria de António Gedeão, mas se me apercebi, na altura esse nome não me dizia nada. Eu ainda não conhecia António Gedeão.





Foi por mero acaso que um dia, na Revista “O Tempo e o Modo” li o poema Impressão Digital


Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
nao vêem escolhos nenhuns(...)
in "Movimento Perpétuo", 1956 em "Poesias Completas"


Fiquei fascinada e, desde então até hoje, tenho vindo a adquirir  a obra de António Gedeão.

Em 1964 Jorge de Sena, no prefácio de Poesias Completas, referindo-se a António Gedeão diz:
Ali estava um poeta novo e diferente …..

Eu acrescentaria:  Um poeta novo e diferente fruto da cumplicidade entre Rómulo de Carvalho e António Gedeão

Já leccionava e já sabia quem era Gedeão, já assinava a Gazeta de Física (foi através de alguns artigos da autoria de RC, publicados na Gazeta que aprendi a trabalhar com os primeiros osciloscópios que chegaram às escolas, os dinossauros, como lhe chamávamos), quando numa das minhas habituais passagens pelas livrarias, deparei com o livro , em dois volumes, Física para o Povo.

Talvez por acreditar que o saber é um dos principais caminhos de cidadania e liberdade Rómulo de Carvalho tinha a preocupação de divulgar o conhecimento, particularmente a ciência, e a todos os públicos.

Este livro é para si, meu amigo. Foi escrito a pensar em todas aquelas pessoas que gostariam de estudar e de aprender mas que não tiveram ocasião para isso….
Pus-me assim a pensar sobre várias coisas que o meu amigo poderá ter observado na sua vida diária e que talvez gostasse de saber explicar….
Não mostre este livro a nenhuma pessoa sabedora porque essa encontraria com certeza muitos motivos de censura nas minhas palavras. Acharia que aqui não estava bem explicado, que ali tinha usado palavras impróprias….E tinha razão. Mas não se preocupe com isso. Isto é só para o meu amigo…..Carvalho, R. In Física para o povo

Emociono-me sempre que leio este trecho. Leio no mesmo uma afabilidade e uma generosidade que nem sempre transpareciam no contacto pessoal. Tive o privilégio de conhecer pessoalmente Rómulo de Carvalho, no meu Exame de Estado, pois fazia parte do júri. Dos 26 aos 29 anos, nos primeiros anos em que orientei estágio, estive algumas vezes com RC, que era um dos orientadores itinerantes. Achei –o sempre um pouco distante mas talvez fosse eu que, por me sentir tão pequenina perante ele, vestia a carapaça da minha timidez.
E a propósito da sua vertente de formador é interessante ler o depoimento que segue

…O objectivo prioritário (…) era sensibilizar-nos para os problemas da actividade ensino-aprendizagem, sem nos impor um “modelo” definitivo de professor. Toda a sua actuação tinha por fim incentivar-nos para a descoberta e desenvolvimento de potencialidades que nos permitissem criar o nosso modelo pessoal de professor, adaptável em cada momento à realidade aluno-escola…
(depoimentos de Alcina do Aido e Maria Gertrudes Bastos in Pessoa. C (2001), Pedra Filosofal, Gazeta


Haveria muito mais a dizer destas vertentes de RC bem como de todas as outras mas o texto já vai longo (embora curtíssimo face à dimensão de RC/AG)
Nas palavras prévias com que introduz “O texto poético como documento social” ( FCG, 1995), Rómulo de Carvalho refere:

Pretende o autor, com a presente obra, erguer, aos olhos do leitor, a pessoa do poeta como um ser atento aos acontecimentos que o rodeiam, e envolvem, no ambiente social em que o poeta se movimenta….

Esta preocupação com o ambiente social em cada momento está bem presente na sua poesia. Quem nunca leu o poema para Galileu que aqui deixo na voz de Mário Viegas? Quem nunca ouviu a Pedra Filosofal ou a Lágrima de Preta , na voz de Manuel Freire? E os poemas Dia de Natal, Máquina do Mundo, Calçada de Carriche, Poema da Morte na estrada, Poema do fecho éclair, Poema do Homem Novo……???


Quase a terminar cito RC num texto que começou a escrever para o filho, quando este tinha seis anos

Sabes o que são poetas? São os homens que fazem versos. Quando os versos são bonitos e soam bem aos ouvidos é muito agradável lê-los. Muitas pessoas aborrecidas ficam bem dispostas quando lêem versos. Por isso ser grande poeta é tão útil como ser grande médico ou ser grande engenheiro.

Carvalho, R. In “As origens de Portugal. História contada a uma criança”



Termino de  forma simples mas sentida

Eu queria agradecer-te Rómulo de Carvalho…


Eu queria agradecer-te António Gedeão….

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

De novo pelas escolas


No passado dia 21 passei a manhã em Cantanhede, em três sessões com alunos do 3º ciclo. O grupo de teatro 3 Pancadas encenou a peça, com a graça que lhes é habitual , adpatando a encenação ao nível etário dos alunos. Antes e após a mesma, conversei um pouco com os alunos, que se portaram sempre muito bem. No fim, os habituais autógrafos em livros mas também em cadernos, folhas de papel, etc…Ao fim da manhã, quando saía da escola, muitos alunos cumprimentavam-me de forma efusiva. Olá escritora, gostei muito.
À tarde e tal como já tinha antecipado aqui, estive na Escola João Gonçalves Zarco, em Matosinhos. É uma escola onde já me desloquei várias vezes e que tem uma dinâmica muito especial, plena de iniciativas que podem ver divulgadas no seu site. A minha ida à escola inseriu-se nas comemorações da Semana da ciência e tecnologia


No auditório decorreram duas sessões, a primeira com alunos do 3º ciclo e a segunda com alunos do Curso Complementar. Não decorreu, como chegou a estar prevista, a encenação, por alunos da escola,  de um excerto da peça "Breve História da Química". Com o fim do período à vista, os alunos não dispuseram do tempo minimamente necessário para ensaiar. De qualquer modo as sessões correram bem e, principalmente os mais novos, colocaram inúmeras questões.

Um pequenito, creio que do 7º ano, levava num caderno a lista de questões a colocar e ia anotando as respostas. No fim veio pedir-me licença para colocar tudo no seu blogue…

Esta minha “second life” como lhe chamou o Professor Carlos Fiolhais, tem-me proporcionado tão bons momentos que consegui ultrapassar a tristeza de me sentir quase que forçada a pedir a aposentação aos 60 anos. Felizmente sem penalização, pois tinha 39 anos de serviço e 60 de idade. Na altura  ter 60 anos e  35 de serviço era condição suficiente…

Às 18 h foi inaugurada, no espaço da Biblioteca, a exposição de pintura "Ecos" a que me referi em mensagem anterior.

Ainda a propósito da Escola João Gonçalves Zarco, no passado dia 17 foi inaugurada a exposição À luz do Museu, há luz no Museu , no Museu que a Escola possui, um belíssimo espaço onde, em exposição permanente, se encontram memórias de uma escola, outrora comercial

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dia Nacional da Cultura Científica

O Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho comemora no próximo dia 24 de Novembro de 2011, o seu 3º aniversário. Este dia é o aniversário de nascimento de Rómulo de Carvalho (nascido em 1906), patrono do Dia Nacional da Cultura Científica.
O Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho inclui uma Biblioteca Rómulo de Carvalho, com uma forte componente multimédia em todas as áreas da ciência, e o portal na Internet “Mocho” .

O Centro Rómulo de Carvalho dá apoio, como moderno centro de recursos e numa base essencialmente virtual, à rede de centros Ciência Viva do país, às escolas e ao público em geral, com o objectivo de contribuir para o alargamento da cultura científica e tecnológica nacional, atraindo e mantendo mais jovens para a ciência.

Rua Larga
3004-516 Coimbra
rc@teor.fis.uc.pt

O convite anexo dá conta de actividades incluídas nas comemorações de 2011


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Breve...

No próximo dia 21, a convite da Escola João Gonçalves Zarco, em Matosinhos, vou estar na referida escola. Estão previstas duas sessões com alunos de diferentes níveis. Um  grupo  irá brindar-nos  com a encenação de um excerto da peça "Breve História da Química". Alguns dos alunos do grupo actuaram no Rivoli, em Junho, quando da apresentaçao da peça, encenada pelo Grupo de Teatro do Sol.
A Escola solicitou-me ainda uma exposição de alguns trabalhos que "vou pintando" como aluna da Escola Utopia  onde tenho o privilégio de ser aluna do artista plástico Domingos Loureiro.
A exposição é aberta ao público.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Portugal pouparia com…


Portugal pouparia com pavimentos mais espessos é o titulo de um texto publicado no dia 10/11, em Ciência Hoje onde pode ler-se:

(...(O recurso a pavimentos mais espessos do que os habitualmente usados em Portugal acaba por ser mais económico a longo prazo, defendem investigadores da Universidade de Coimbra, que desenvolveram um sistema de análise económica de estruturas de pavimentos rodoviários.
(...)Uma das conclusões a que se chega a partir da análise económica é que, “embora os custos de construção sejam mais elevados, a utilização de pavimentos de maior capacidade estrutural fica muito mais barata a longo prazo, porque implica menos intervenções de conservação e representa também uma poupança para os utentes”.


Este texto sugeriu-me algumas outras ideias de poupança

Portugal pouparia com:
Melhor educação,

Melhor saúde,

Melhor justiça,

Melhor defesa do ambiente….


Ainda em relação ao referido texto, transcrevo um excerto de um dos comentário:

(...)Metade do problema de Portugal está naqueles que estão no poder e roubam o que não têm direito dos pobres (infelizmente) menos cultos, Mas a outra metade está nas atitudes dos consumidores (TODOS nós)(...).

Daí que eu acrescente

Portugal pouparia com:

Uma drástica redução dos inúmeros administradores que, a ajuizar pelos descalabros que têm ocorrido, e salvaguardadas as possíveis excepções, administram muito bem a seu favor e muito mal a favor do estado português.

Atitudes exemplares, muito em especial por parte dos políticos, nomeadamente no que respeita ao consumo.


E quase a terminar eu diria:

O mundo inteiro pouparia com uma verdadeira solidariedade entre os homens.


Quem sabe, um dia, a humanidade pára para reflectir? Talvez esta utopia se tornasse realidade.



Utopia


Sob uma araucária, uma tarde amena,


uma brisa serena, um odor a terra.


Pousada no solo a telefonia e uma sinfonia


de Mahler, suponho.


No cosmos havia total harmonia,


mas tal utopia só podia ser sonho.


De repente acordo e do que recordo


já não resta nada.


Nem a araucária, nem a tarde amena,


nem a brisa serena,


nem o cheiro a terra, nem a sinfonia.


Real é apenas a telefonia na mesa pousada.


Morte na autoestrada,


a eterna guerra no Médio Oriente,


mais inundações matando mais gente,


crise na Argentina,


América Latina em grande convulsão,


fome no Sudão, algures em África,


uma epidemia,


a economia em grande recessão,


fome, desemprego, violência, medo.


Notícia em destaque: de novo o Iraque.

2006 (não publicado)

E já que o poema  evoca Mahler termino com o Adagietto da 5ª Symphony, trecho que faz parte da banda sonora do filme Morte em Veneza relativamente ao qual deixo "um trailer".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A propósito dos 144 anos de Marie Curie...


Na mensagem de ontem referi a comemoração do aniversário de Marie Curie numa escola em Coimbra.

Hoje chega-nos, também de Coimbra e através do blog De Rerum Natura, um belíssimo texto de António Piedade


Ouso interromper o silêncio do teu íntimo descanso cósmico, convidar a tua memória para celebrar os 144 anos do teu nascimento, a 7 de Novembro de 1867. Quantos núcleos de polónio (Po) e de rádio (Ra), que descobriste grão a grão entre toneladas de minério de urânio, decaem hoje para celebrar o teu aniversário?
Ouso olhar para as imagens das nebulosas, gases e poeiras restantes de supernovas, explosões no longínquo passado de milhares de milhões de anos, e que hoje os telescópios e a informática nos traduzem para um presente de cor, onde antes era só breu, desconhecido. Dessas explosões espalharam-se no espaço sideral alguns dos poucos núcleos de polónio e rádio que tu, na companhia inseparável de teu marido Pierre, e já com a tua primeira filha Irene ao colo, desvendaste do seio de amostras de pechblenda, um minério impuro de uraninita. Imagino a explosão de brilho da descoberta nos teus olhos radiantes ao ver o fulgor azulado no ar envolvente de poucos gramas de polónio, que baptizaste em honra à tua Polónia mátria.


Anunciaste a descoberta do rádio, cerca de um milhão de vezes mais radioactivo do que o urânio, no dia seguinte ao do Natal de 1898. Com ele, tu e Pierre confirmaram a existência dessa radiação provinda do núcleo de alguns elementos, actividade a que tu e Pierre cunharam de radioactividade. Mal sabiam vocês que essa mesma radiação, que vos alegrava pelo prazer da descoberta e do conhecimento, vos trespassava as células, que alterava, curie a curie, inúmeras letras do manual genético que regulava as vossas vidas.


Imagino o olhar terno e filial de Irene perante a alegria do trabalho árduo mas recompensado de sua mãe. Recompensado por ter descoberto, por ter compreendido. Anos mais tarde, Eve, a tua segunda filha, vai escrever a tua mais linda e comovente biografia. Foste uma mãe extremosa a quem o trabalho permanente não foi desculpa para os afectos com que envolveste os outros e disso é testemunho o reconhecimento maior que Eve escreveu sobre a tua sacrificada vida.


Afinal, o que te trouxe a Paris, à Sorbonne, senão a busca incessante pelo conhecimento, por quereres saber sempre mais, por olhares para o alto do que está para fazer, com os pés já em cima do degrau desvendado?


Disseste que “nada na vida deve ser temido, apenas compreendido”. E, de facto, nunca pestanejaste perante o cansaço que te alagava o chão que pisavas com a firmeza da perseverança, de uma vontade, diria hoje, radioactiva por contagiante aos que te rodeavam sem argumentos. E não foram poucos os que te honorificaram com prémios e mais prémios, honras e graus académicos. Muitos foram os que te cobiçaram e que não entenderam que conseguiste o que alcançaste, não porque eras mulher, mas porque nunca viraste a cara ao trabalho persistente, corrosivo, rigoroso pela excelência, iluminado pela verdade. Poucos segundos perdeste a olhar para o que fizeste pois só conhecias a procura do que ainda restava para fazer, para descobrir através do trabalho.


Foste a primeira das primeiras em muitas coisas do género humano. Os prémios? Esses outros os podem ganhar e ultrapassar-te na contabilidade dos orgulhos honoríficos. Mas a tua maior recompensa foi o conhecimento. E a noção de que o conhecimento que alcançavas deveria estar imediatamente ao acesso dos outros para sua utilidade. Cedo insististe no uso de equipamentos móveis de radiografia para tratar os enfermos na 1ª Guerra Mundial. Podes ter morrido de leucemia pela acumulação de erros genéticos provindos da radioactividade que nunca abandonaste. Mas hoje milhões de pessoas com cancro utilizam a radioterapia para escaparem a um destino fatal.


Tuas mãos, corroídas pelas radiações que compreendeste, descansam sobre o teu colo feminino, mas irradiam a humanidade que há nos afectos genuínos.


Obrigado Maria Sklodowska.

António Piedade


Termino com algumas fotos retiradas de um site onde poderão encontrar mais algumas
Pierre e Marie Curie no "hangar" de l'Ecole de Physique et Chimie Industrielles, em Paris. (1898.)


Marie Curie e suas filhas Irène e Eve  ao colo (1905)
 
 

Marie Curie e sua filha Irène no Hospital Hoogstade na Bélgica,  com o equipamento radiográfico (1915).
 
Marie Curie e sua filha Irène no laboratório do Instituto Radium, em Paris. (1921)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Meninos diferentes


Hoje, e mais uma vez a propósito da Breve História da Química, estive em Coimbra, no Agrupamento Alice Gouveia. Uma turma de 7º ano e cerca de uma dezena de alunos com necessidades educativas especiais, meninos diferentes, nalguns casos muito diferentes mesmo, muito ávidos de um carinho, de um abraço.

O grupo 3 Pancadas, grupo de teatro da Editora 7dias6noites, encenou alguns excertos da peça, com a simplicidade e graça que lhes é habitual. Todos os meninos gostaram. Pelo meio houve dois momentos musicais com alguns meninos a tocar flauta, trechos de Bach e Beethoven e eu ia conversando com os alunos, tentando explicar as “magias” exibidas no palco. Havia alunos muito participativos, pelo que a sessão correu muito bem.
A meio, uma menina diferente saltou para o palco; tentaram retirá-la mas reagiu com violência. Acabou por ficar no palco onde passeava e corria dum lado para o outro mas sem causar grande perturbação.

No fim, uma outra menina diferente, com alguma dificuldade em se fazer entender, mostrou interesse em ir ao palco fazer uma experiência. Com a minha “supervisão” “transformou água em vinho” ( leia-se uma solução básica de perborato que corou de carmim o indicador fenolftaleína…).Ficou radiante e mais ainda quando recebeu uma salva de palmas da assistência .

A Escola celebrava o aniversário de Marie Curie, que se vivesse teria completado hoje 144 anos. A professora de Física e Química levou-nos em seguida ao laboratório onde alguns alunos fizeram também algumas magias…

No átrio estava uma exposição sobre a homenageada, com trabalhos feitos pelos alunos.

Por fim fomos cantar os parabéns e apagar as velas num bolo feito, sob a supervisão da professora de apoio, pelos meninos diferentes, que uns melhor, outros pior, nos foram tentando explicar a receita.

Chamo-lhe meninos diferentes porque o são,  como são diferentes todos os meninos.



Menino diferente, tal como os demais,


pois não há no mundo dois meninos iguais


E cada diferença merece atenção


Vem comigo, vem.


Menino diferente, dá-me a tua mão


Juntos, de mão dadas,


sigamos em frente para ir mais além


Em troca, menino diferente,


peço-te um sorriso. Nada mais preciso

Regina Gouveia, não publicado



A terminar, gostaria de exprimir a minha admiração a todos os professores que conseguem fazer tantas coisas bonitas com meninos tão diferentes.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Desta vez… em Aveiro

Hoje estive no Colégio Português, em Aveiro, com alunos de 5º e 6º ano.
Logo de início fui presenteada por duas sessões de “jograis” (uma para cada ano) cujos textos deixo a seguir.




A sessão correu muito bem com os alunos genericamente muito participativos,  já  motivados pela professora de Português. As experiências ajudaram também a cativar  muito a sua atenção,  até ao momento destinado às perguntas.Vários alunos fizeram perguntas muito interessantes mas  genericamente, poucos, para além do interessado, estavam atentos às respostas. Explicaram-me depois que estavam ansiosos pelo evento que se seguia - um encontro com jogadores do Beira Mar.

No final houve uma sessão de autógrafos do livro Breve História da Química.

Durante a conversa com os alunos, uma menina disse-me: Da pesquisa que fiz sobre si, sei que é vinte anos mais velha que a minha mãe.
Pois é,  já sou velhota – respondi.
Ripostou de imediato: Não, isso era se tivesse mais de oitenta anos…

E a propósito deste comentário não posso deixar de colocar aqui um texto que a escritora Deana Barroqueiro colocou no seu blogue
Queridos Amigos:


Tenho 66 anos e, neste conturbado e maravilhoso Século XXI em que adoro viver, conheci hoje a palavra que classifica deliciosamente o grupo etário a que eu e o meu marido pertencemos: Os Sexalescentes(...)
(…)Vem isto a propósito de um texto que me enviaram, cujo autor desconheço(…)
(…)Aqui fica o texto que me enviou de Macau o meu querido amigo sexalescente, escritor e crítico, Eduardo Ribeiro:


Os Sexalescentes


Se estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma nova franja social: a das pessoas que andam à volta dos sessenta anos de idade, os sexalescentes: é a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.


Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.


Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a actividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida. Talvez seja por isso que se sentem realizados...


Alguns nem sonham em reformar-se. E os que já se reformaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na outra.

Disfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos,preocupações, falhanços e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5.º andar...


Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e activas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.


Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou e reflectiu sobre o que na realidade queria.


Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas... Mas cada uma fez o que quis: reconheçamos que não foi fácil, e no entanto continuam a fazê-lo todos os dias.


Algumas coisas podem dar-se por adquiridas. Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências. De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.


Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota, e parte para outra...


Os maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase insolentes de beleza ; mas não se sentem em retirada. Competem de outra forma, cultivam o seu próprio estilo...


Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um fato Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de um modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.


Hoje, as pessoas na década dos sessenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão a estrear uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas. Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios...


Talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60 no século XXI ...