Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


terça-feira, 22 de maio de 2012

Ainda a Breve História da Química



Ontem, dia 21, estive na feira do livro de Famalicão, programa anexo, com alunos de duas turmas, 7º e 9º ano.  Quando constatei que os alunos não sabiam quem eu era nem tão pouco conheciam o livro, receei que a sessão fosse correr mal. Mas não. Estiveram atentos e genericamente mostraram-se bastante interessados durante toda a sessão

Quando estava a conversar com os alunos lembrei-me  que em 1975 /76 fui colocada em Famalicão mas, devido a uma nefrite que me foi diagnosticada em Agosto de 1975, só pude ir trabalhar em Maio de 76 pelo que a minha passagem por Famalicão foi muito breve

Para hoje estava agendada, desde há muito, a última actividade de um conjunto de três, Descobrir a Química, integrada no Porto de Crianças, projecto  a que já me referi em mensagens  anteriores ( a última no passado dia 12 ).
No auditório da Biblioteca Almeida Garrett, o grupo de teatro 3 pancadas, representou a peça  para quatro turmas de crianças do ensino básico (as duas que desde o início estiveram integradas no projecto e mais duas que, tendo feito um trabalho sobre Madame Curie, foram contempladas com a possibilidade de assistir à peça.  Portaram-se muito bem.
Por motivos imprevistos, esteve em causa a ida do grupo de teatro pelo que, quando ontem me informaram da eventual impossibilidade da sua presença, seleccionei uma série de pequenos filmes sobre a história da Química para passar aos alunos. Felizmente não foi necessário usá-los mas deixo aqui os “endereços”. 


No fim da sessão fui visitar, na Galeria do Palácio,  a 3ª edição da Bela - Biennial of European and Latin American Contemporary Art. Gostei muito de algumas obras




domingo, 20 de maio de 2012

Breves


 
1
No passado dia 14, no programa Diário Câmara Clara, o artista plástico Noé Sendas, a quem já me referi por mais que uma vez neste blogue,  falou sobre a sua exposição Desconocidas. No mesmo programa foram dados a conhecer  dois belíssimos edifícios em Sintra, recentemente restaurados: o Palácio De Monserrate e o Chalet da Condessa d´Edla


2
Há dias encontrei na NET a referência a um ilustrador FRED LE CHEVALIER
que se destaca essencialmente pela sua street art

Passear pelas ruas de Paris pode transformar-se numa caça ao tesouro especialmente através das ruas do Marais, onde estão concentradas muitas das grandes forças criativas da capital francesa. Aos poucos, as pessoas habituaram-se aos pequenos doces, às mensagens secretas e românticas do ilustrador Fred le Chevalier, uma espécie de Arsène Lupin (personagem de Maurice Leblanc) dos tempos modernos.

3
 
Há uns tempos, no blog cor em movimento  encontrei uma referência à ópera 
"Einstein on the Beach", obra que não conhecia, escrita pelo compositor  minimalista Philip Glass.

"Einstein on the Beach" concebida como um olhar metafórico em Einstein,cientista, músico, humanista amador e o homem cujas teorias, para melhor e para pior, levou à divisão do átomo não é ópera, no sentido comum. É verdade que há cantores e bailarinos, realizando no palco, e que há também uma "orquestra" (o Ensemble Philip Glass). Mas o trabalho não tem nenhuma ação narrativa, que consiste apenas de "quadros vivos", que no entanto não têm qualquer relação com a vida real de Albert Einstein.

Philip Glass  é também o autor da banda Sonora do belíssimo filme,  As Horas

4
Por último, as maravilhas do grafeno e o rápido crescimento das  árvores plantadas em parques citadinos

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Gaudi, Carreras e LLach



Barcelona é, para  mim, uma cidade fantástica.
Creio ser consensual que falar de Barcelona, implica falar da obra do catalão Antoni Gaudi
nomeadamente na Casa Battló, na Casa Milá, no Parque Güell ou na Sagrada Família,  algumas classificadas Património da Humanidade pela UNESCO.

Deixo algumas imagens dessas obras bem como um "vídeo" com imagens da casa Milá e a música e a voz de outros dois catalães Lluís Llach e José Carreras










quarta-feira, 16 de maio de 2012

Ser professor...

Hoje, enquanto aguardava uma aula de Pilates duas senhoras conversavam a propósito da profissão docente. Uma delas dizia . Eu não sou professora mas nem por cinco mil contos por mês gostaria de o ser. Conheço várias professores, apercebo-me do  quanto se empenham e depois vejo, entre outros,  pais, alunos , comunicação social, falar dos professores com um menosprezo inaceitável.

Lembrei-me então de uma das últimas mensagens publicadas in De Rerum Natura um excerto, em pré-publicação, de um livro que está por estes dias a sair na Gradiva   "A Professora, os Porcos e os Cisnes. O pântano da educação em Portugal" de Manuel Nunes:


(...)— Os professores são as colunas que sustentam o edifício social. Se estas colunas ruírem, todo o edifício se desmoronará irremediavelmente!

(...)É isto mesmo: os professores são as colunas interiores do edifício. Porque são interiores, quase ninguém se dá conta da sua existência. As pessoas olham para as partes exteriores do edifício (Olhem, que linda fachada!... Olhem, que paredes robustas!... Olhem, que belas janelas!... Olhem!...), mas esquecem que toda aquela beleza exterior existe porque há, por dentro e por baixo, colunas e alicerces a servirem-lhe de suporte...

Mas as pessoas não vêem isto. Não vêem nem querem ver. E muitas daquelas que deviam ver e que deviam ajudar as outras a ver estão, infelizmente, na primeira fila da multidão que despreza as colunas do edifício.

Sei que me vou repetir mas,  nas minhas inúmeras passagens pelas escolas, agora na qualidade de autora, apercebo-me da imensa dignidade com que grande parte dos professores leva a cabo a difícil tarefa de ensinar


Termino com um texto, de autora desconhecida  retirado daqui 

Gosto de ser Professora.
Apesar de tudo,
Apesar de todos foi a profissão que escolhi e que me orgulho de ter.
Gosto de ensinar e aprender e
É neste devir constante, nesta relação permanente, que está a magia desta profissão (que tem vindo a ser tão desrespeitada pela sociedade em geral e pelos governos em particular).
E continuo a sorrir, a cada dia que chega, a cada semana que torna a cada ano que (nunca) se repete, apesar do cansaço e do stress que vão ficando acumulados com o tempo que vai passando.
As razões deste Sorrir?
São três.
A Primeira;
A Única;
E Última, são os alunos.
Os meus alunos.
Sois, definitivamente, a razão do meu sorrir!!!

Ser Professor é um desafio.
À vontade e à motivação.

Ser Professor é acreditar.
Na força dos jovens e nas suas capacidades.

Ser Professor é querer.
Ajudar na formação e educação dos jovens de Hoje mas Homens de Amanhã.

Ser Professor é ser amigo.
Que ajuda incondicionalmente mas que critica construtivamente quando há erro.

Ser Professor é ser bombeiro.
Do fogo cruzado dos afectos e das emoções que Todos condiciona sem excepção.

Ser Professor é ouvir.
O silêncio de um olhar,
O barulho de uma lágrima,
A alegria de um sorriso ou
O calor de um abraço.

Ser Professor é observar.
Perscrutar atitudes,
Ler nas entrelinhas,
Olhar e ver para além do que os olhos alcançam.

Ser Professor é estar.
Disponível para um sorriso e
Estendendo a mão e dizer “estou aqui”;

Ser Professor é construir e reconstruir.
Construir alicerces para a vida e reconstruir os caminhos perdidos.

Ser Professor é Ser.
Apenas isso.
É o que tento.
Todos os dias.
Um de cada vez.
Ensinando e aprendendo;
Sorrindo;
Desafiando;
Acreditando;
Querendo;
Dando a mão;
Apagando fogos;
Ouvindo;
Abraçando;
Observando;
Estando;
Construindo e reconstruindo;
Sendo.
Eu própria.

Sempre!!!!


Era uma vez...Ciência e poesia no reino da fantasia!



Por vezes pesquiso na Net  reacções aos meus livros. Felizmente encontro várias e genericamente muito favoráveis.
Não resisto a colocar aqui duas a propósito de Era uma vez...Ciência e poesia no reino da fantasia
     
Uma, em forma de "poema", data já de 2007 


É este o nome do livro que eu li
Todo ele em poesia é
Como o nome indica ali
Muito bonito e inspirador é

Existem cinco lindas histórias

Dentro deste livro encantador
Dele guardo lindas memórias
É tudo embelezador

Começa numa viagem no mar

Inventada por um menino
A sua imaginação começou a voar
Só que nela passou um tempo pequenino

Depois passou para o vento

Suave e forte ao mesmo tempo
Muito faz ele para empurrar
Muitas coisas sem parar

Esta terceira aventura começa

Numa nave espacial
Que vai ter a um planeta
Muito, mas muito especial

Deixo-vos com a ânsia de ler este livro maravilhoso!!!


Lucas

A outra, a propósito de Era uma vez o mar,  encontrei-a há dias…

O livro, que conta com duas edições (2006, 2008) foi editado pela Campo das Letras que entretanto 
"desapareceu". 



Deve sair brevemente  uma reedição pela editora 7dias6noites.





segunda-feira, 14 de maio de 2012

Penalva do Castelo


Hoje, juntamente com a escritora Adelaide Moreira estive em Penalva do Castelo onde decorre uma feira do livro em que participa a “nossa” editora:
Ambas participámos em 3 sessões com alunos. A mim “couberam-me”  214 alunos de 3º ciclo.
Fomos muito bem recebidas pelas professoras bibliotecárias que, dentro do pouco tempo livre de que dispusemos, nos levaram a visitar a casa da Ínsua.


 Esta casa, que data do  século XVIII. situa-se na freguesia de Ínsua, em Penalva  

Conta a história da Casa da Ínsua que tem a sua origem na família Albuquerque que surgiu na idade média, por volta do século XII\XIII. São da mesma descendência e por conseguintes parentes, de Afonso de Albuquerque, que foi vice-rei da Índia, tendo sido este nome o resultado da junção das palavras latinas, albus, que significa branco e quercus, que significa carvalho. A família estalou-se na beira por volta do século XIV/XV, na vila de Sátão, cerca de dez quilómetros a norte de Penalva do Castelo.
 A casa onde vivia situava-se no lugar onde actualmente fica o chamado Soar dos Albuquerques. Os Albuquerques da beira são descendentes de João Afonso de Albuquerque, trineto de D. Dinis. É nesta linhagem que nasce em 1739, na vila do Ládário (a cerca de 10Km de Penalva do Castelo), Luís de Albuquerque de Mello Pereira Alcáceres que foi  Governador do Estado do Mato Grosso, no Brasil, entre 1771 e 1790.
A quinta da casa da Ínsua é difícil dizer onde começa e onde acaba, tendo as ruas, nomes escritos em placas. Os jardins possuem vários tipos e formas de flores, como camélias e roseiras. Mas a flor mais famosa dos jardins, é a flor de lótus, com enormes folhas e que não dura mais de 48 horas, apesar de estar no lago, rodeada de nenúfares. Os eucaliptos fazem sombra ao lago criando uma perfeita atmosfera de romantismo.

Quanto ás sessões , ficámos (Adelaide e eu) um pouco desagradadas com o comportamento  dos alunos.  Embora houvesse alguns interessados e participativos, muitos não manifestavam qualquer interesse. Creio que não conheciam as obras o que,  à partida, parece revelar pouco empenho dos professores na preparação dos encontros entre alunos e escritoras.    Numa das turmas uma aluna entrevistou-me no fim da sessão. Estava acompanhada por uma professora  responsável pelo clube de jornalismo. Curiosamente ou talvez não,  essa turma portou-se nitidamente melhor que as outras.
Deixo aqui  o guião da entrevista



E a terminar…
Penalva do Castelo foi outrora conhecida por Vila Nova de Santo Sepulcro, nome que decorre do facto de nela se ter instalado a Ordem Militar e Canónica de Jerusalém, também chamada de Ordem do Santo Sepulcro. É, no entanto, ponto assente que a antiga vila não se encontrava precisamente no local onde hoje está situada a Vila de Penalva do Castelo ( que até 1957 era designada Castendo ).

domingo, 13 de maio de 2012

Oga Mitá


Ontem, dia 12, estive  no infantário Oga Mitá (significa “Casa da Criança” em tupi guarani), com crianças de várias idades (desde crianças de colo) e respectivos educadores (neste caso educadoras)  e pais. No meio de uma certa confusão criada pela  heterogeneidade do público infantil, reinou sempre aquele entusiasmo  próprio das crianças.
Quando senti que os mais pequeninos estavam a ficar cansados disse que, por essa razão,  iria terminar . Responde-me um pequenito de quatro anos.
Mas eu não estou cansado.
Foi uma manhã de sábado diferente mas valeu a pena…
No fim fui presenteada com um conjunto de trabalhos das crianças, a propósito do poema Bom dia em Ciência para meninos em poemas pequeninos. Deixo aqui alguns desses 
trabalhos




Do que vi in loco  e encontrei na NET  a escola, que pretende alargar as suas actividades ao primeiro ciclo, tem um projecto muito interessante.

sábado, 12 de maio de 2012

Porto de Crianças e a Química



O Porto de Crianças foi instituído pela Câmara Municipal do Porto no sentido de «contribuir para o sucesso escolar e desenvolvimento integral dos alunos/crianças, criando condições de interação máxima entre a escola/jardim e infância e restante comunidade educativa, pela articulação de diferentes contextos de ensino/aprendizagem - sala de aula, espaço escola, cidade/património, expressões artísticas, etc.».
Descobrir a Química foi um entre vários projectos

Descobrir a Química

Breve Descrição A partir da exploração da obra infantojuvenil Breve História da Química, de Regina Gouveia, os alunos descobrem momentos e personalidades chave da história
da química, com observação de alguns livros antigos de química existentes na
Biblioteca Publica Municipal do Porto. Uma visita a um laboratório de química do
Instituto Superior de Engenharia apresenta aos alunos, a vertente prática do que
é a química, a sua influência no nosso quotidiano e as suas potencialidades. No
final, assistem a uma peça de teatro sobre a obra em questão, apresentada pelo
grupo de teatro 3 Pancadas.
Objetivos Estimular o gosto pela química; divulgar a história da química; fomentar o gosto
pela investigação e pelo conhecimento; estimular a criatividade; incentivar
a frequência e o uso da biblioteca; valorizar a biblioteca como um parceiro
importante para as escolas.

Foi no âmbito deste projecto que, tal como referi em mensagem anterior, me desloquei à Biblioteca de S. Lázaro (a convite da mesma), onde estive com duas turmas de crianças.
 Essas mesmas crianças estiveram no ISEP, no passado dia 3

O ISEP acolheu uma visita de jovens estudantes do primeiro ciclo, no âmbito do projeto Porto de Crianças. A visita estendeu-se pelo Departamento de Engenharia Química (DEQ), aguçando o apetite pelo mundo da investigação científica, do conhecimento e criatividade.
Em linha com o espírito de abertura à sociedade do Instituto Superior de Engenharia do Porto, o DEQ promoveu no dia 3 de maio um programa especial para os mais jovens. Sob o tema “Descobrir a Química”, a visita apresentou laboratórios, permitindo alunos observar a vertente prática do que é a engenharia química, a sua influência no nosso quotidiano e as suas potencialidades.

A recepção no ISEP foi organizada pelas investigadoras Cristina Delerue Matos e Fátima Barroso (minha nora).
As crianças, dispondo de um protocolo experimental adaptado à sua faixa etária,  começaram por preparar um indicador de couve roxa e outro de flor de lírio. Com os indicadores previamente preparados identificaram ácidos e bases entre materiais de uso corrente.
No acompanhamento das crianças estiveram ainda envolvidas quatro bolseiros, também do ISEP.
No final, as crianças que manifestaram grande entusiasmo durante a actividade, tiveram direito a algumas lembranças, nomeadamente um diploma de participação.



Serão ainda essas mesmas crianças que assistirão,  no próximo dia 22, à apresentação da peça Breve História da Química, pelo grupo de teatro 3 Pancadas.

Um minuto de silêncio



Morreu Bernardo Sassetti Faço minhas as palavras de Deana Barroqueiro
Que grande perda para este país, onde proliferam os aclamados "famosos", de vidas ocas e sem nenhuma obra feita! 

Em vez de um minuto de silêncio ouçamo-lo em Da Noite - Ao Silêncio



sexta-feira, 11 de maio de 2012

Encontro Lusófono de Literatura Infanto- Juvenil


No passado dia 7 estive na Trofa , a propósito da 8ªedição do Encontro Lusófono de Literatura Infanto- Juvenil

 Numa primeira sessão, acompanhada pelo grupo de teatro 3 Pancadas, estive com alunos de 6º ano, para falar da Breve História da Química.
Na segunda sessão estive com alunos do 1º ciclo, para falar de Ciência para meninos em poemas pequeninos
Fui bem recebida por alunos e  professores e também por organizadores do encontro com quem tive o prazer de almoçar, juntamente com o meu editor.
Este é também o editor de Índio Bolha, o livro que recebeu em 2011 o prémio Matilde Rosa Araújo, instituído pela Câmara Municipal da Trofa em parceria com o Instituto Camões 


Entre os vários eventos dos Encontros decorreu um espetáculo pelos Meninos Cantores do Município da Trofa que interpretaram, através da música, o conto vencedor.

Como recordação do encontro foram-me oferecidas algumas lembranças entre elas um exemplar do livro e um CD dos meninos cantores com a interpretação de Anjos de Pijama de Matilde Rosa Araújo.


Relativamente a este  livro deixo um texto retirado daqui

 

domingo, 6 de maio de 2012

Dia da Mãe


Quando leccionava, entre os diversos convidados que levei às escolas, contaram-se vários professores dos Departamentos de Física e Química da  FCUP, que sempre acederam aos convites com entusiasmo.  Um desses convidados disse-me uma vez, no fim de uma sessão que tinha corrido muito bem. Considero-me um homem feliz em vários aspectos nomeadamente no profissional. Faço o que gosto e ainda me pagam por isso…
Hoje, dentro de um outro contexto, lembrei-me desta frase  e dei comigo a pensar.
Tenho a felicidade de ser mãe e ainda recebo prendas por isso…

Hoje, dia da Mãe, recebi  três prendas que mostram bem quanto os filhos (e obviamente as noras) estão atentos às minhas preferências. Foram elas um CD de música, um livro e uma "écharpe" com um padrão “etno” muito bonito



O disco, que não conhecia, tem textos de Saramago musicados.

 

Deixo dois dos temas, Ouvindo Beethoven  e Fala do Velho do Restelo ao astronauta bem como as letras dos textos, extraídas de Os Poemas Possíveis de José Saramago  

 Do livro, junto a capa e um excerto da entrevista a Hubert Reeves, a primeira que decidi ler.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Guernica


Muito se tem escrito sobre a obra Guernica de Picasso.  Para muitos,  o artista só começou a interessar-se verdadeiramente por política na Guerra Civil Espanhola ao tornar-se vivamente solidário com os republicanos. As fotografias que apareceram na imprensa no início de Maio de 1937, relativas ao bombardeamento de Guernica (antiga capital do País Basco) tê-lo-ão tocado profundamente. Passado pouco mais de um mês e após 45 estudos preliminares, sai do seu atelier de Paris o painel Guernica (3.50x7.82 m) para ser colocado na frontaria do pavilhão espanhol da Exposição de Paris de 1937 dedicada ao progresso e à paz.



A escolha deste tema para a mensagem de hoje surgiu porque recebi um e-mail com a indicação deste sítio onde se faz uma leitura desta obra de Picasso, leitura essa semelhante a muitas outras que tenho lido e que já me levaram a escrever o poema anexo

Guernica
A espada de aço quebrada,
presa a um braço decepado do corpo
a que a cabeça foi ceifada.
Nos braços de uma mãe, um filho exangue.
Nos tons escuros a morte,
ausente a cor do sangue.
Picasso e a memória da dor.
Sob a espada de aço
e a contrastar com o horror,
jaz uma simples flor.


Muitos pesquisadores acreditam que uma das fontes de inspiração de  Picasso, no que respeita a esta obra, terá  sido  uma obra de Goya “Os Fuzilamentos de 3 de maio”, em que Goya retrata também um acontecimento trágico,  o fuzilamento de espanhóis realizado na rua, nos arredores de Madrid pelo exército de Napoleão.


E essa obra de Goya reporta-nos de imediato para o belíssimo poema de Jorge de Sena  CARTA A MEUS FILHOS SOBRE OS FUZILAMENTOS DE GOYA, aqui na voz de Mário Viegas
 
 
Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya
.
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.

É possível, porque tudo é possível, que ele seja

aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,

onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém

de nada haver que não seja simples e natural.

Um mundo em que tudo seja permitido,

conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,

o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.

E é possível que não seja isto, nem sequer isto

o que vos interesse para viver. Tudo é possível,

ainda quando lutemos, como devemos lutar,

por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,

ou mais que qualquer delas uma fiel

dedicação à honra de estar vivo.

Um dia sabereis que mais que a humanidade

não tem conta o número dos que pensaram assim,

amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,

de insólito, de livre, de diferente,

e foram sacrificados, torturados, espancados,

e entregues hipocritamente à secular justiça,

para que os liquidasse com «suma piedade e sem efusão de sangue».

Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,

a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas

à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,

foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,

e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,

ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.

Às vezes, por serem de uma raça, outras

por serem de uma classe, expiaram todos

os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência

de haver cometido. Mas também aconteceu

e acontece que não foram mortos.

Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer

aniquilando mansamente, delicadamente

por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.

Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,

foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha

há mais de um século e que por violenta e injusta

ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,

que tinha um coração muito grande, cheio de fúria

e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.

Apenas um episódio, um episódio breve,

nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)

de ferro e de suor e sangue e algum sémen

a caminho do mundo que vos sonho.

Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém

vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.

É isto o que mais importa – essa alegria.

Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto

não é senão essa alegria que vem

de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez

alguém está menos vivo ou sofre ou morre

para que um só de vós resista um pouco mais

à morte que é de todos e virá.

Que tudo isto sabereis serenamente,

sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,

e sobretudo sem desapego ou indiferença,

ardentemente espero. Tanto sangue,

tanta dor, tanta angústia, um dia

– mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga –

não hão-de ser em vão. Confesso que,

muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos

de opressão e crueldade, hesito por momentos

e uma amargura me submerge inconsolável.

Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,

quem ressuscita esses milhões, quem restitui

não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?

Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes

aquele instante que não viveram, aquele objecto

que não fruíram, aquele gesto

de amor, que fariam «amanhã».

E, por isso, o mesmo mundo que criemos

nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa

que não é só nossa, que nos é cedida

para a guardarmos respeitosamente

em memória do sangue que nos corre nas veias,

da nossa carne que foi outra, do amor que

outros não amaram porque lho roubaram.

Aniki Bobó



 O realizador mais velho do mundo em actividade – o portuense Manoel de Oliveira – vai receber o prémio Open Mind das mãos de Fernanda Matos, a famosa Terezinha, personagem principal da sua primeira longa metragem de ficção «Aniki Bobó» (1942). In Ciência Hoje

Um excerto de Aniki Bóbó pode ser visto aqui

Entre os meus inúmeros projectos para público infanto-juvenil, que aguardam edição, tenho um cujo título é Cinema e fotografia, Universos de magia

Deixo aqui o texto relativo ao cinema, onde presto uma modestíssima  homenagem a Manoel de Oliveira


Era uma vez …o cinema

Cinema é uma palavra com origem na Grécia antiga
e quer dizer movimento.
Desde há muito, muito, tempo, já nos tempo das cavernas,
o Homem tentou gravar, com desenhos e pinturas,
cenas com  movimento como a caça e a dança
e, entre animais,  uma  briga.
Em grutas e outros lugares ficaram para sempre gravuras
que,  pela  arqueologia,  hoje são muito estudadas.
Em Portugal, junto ao Côa existem muitas gravuras,
são diversas as imagens junto ao rio, em suas margens.
Figuras humanas, equestres, e muitas outras que tais
como cervos e bisontes,  que  andavam pelos montes
estão nas pinturas rupestres que são pinturas murais.
Mas há mais….
Com o teatro de sombras, os povos orientais
simulavam movimentos  de coisas e de animais,
um  guerreiro que lutava com  um terrível dragão
e um príncipe que salvava a princesa em aflição.
Também a câmara escura, uma caixinha  fechada
com um pequeno orifício,  divertia muita gente. 
Com uma vela acesa à frente, na face oposta à furada
numa imagem projetada surge,  de pernas para o ar,
uma chama a oscilar
Daqui à fotografia e ao  cinema foi um passo.
Já eram então conhecidos uns jogos bem divertidos,
jogos óticos, chamados.
Objetos desenhados, variando a posição  
mas dentro da mesma ação,
se forem observados a seguir,  rapidamente,
podem  dar  a ilusão  de um movimento aparente.
Se num lado dum cartão figurar uma pereira
e no outro uma pêra,  desenhada e invertida
ao rodarmos o cartão,  vai parecer-nos que a pêra
de uma forma divertida, na árvore está pendurada.
As imagens que nós vemos ficam durante algum tempo
retidas na nossa mente.
Estamos a ver a pereira e a pêra simultaneamente,
Como tal, parece estar  daquela árvore pendente.
Foram dois irmãos franceses, Lumiére de apelido,
que inventaram o cinema usando a fotografia….
Hoje é visto em toda a parte, corre pelo mundo inteiro,
e chamam-lhe a sétima arte.
Assim surgiu uma indústria  que gera muito dinheiro.
Após o cinema nascer e nos primeiros trinta anos
os filmes não tinham som. Dizia-se cinema mudo,
filmes cómicos, geralmente, sempre muito divertidos.
Charlot, um ator inglês um ator surpreendente,
era muito conhecido.
Com um bigode aparado  e uma bengala na mão,
na cabeça  uma cartola, um fraque mal ajeitado,
andando com os pés de lado num papel de trapalhão
fazia de quase tudo, fazia rir e chorar.
Hoje há famosos atores e também realizadores.
Um deles Manoel de Oliveira fica para sempre na história
pois não existe memória de alguém assim,  aos cem anos,
bons filmes realizar
e ter ainda em seus planos, a obra continuar.
A máquina de filmar, primeiro uma raridade,
é hoje banalidade e é sempre divertido
vermos  através dos filmes toda a nossa evolução.
Aquele bebé despido sempre a chapinar na água
era o tio Sebastião que hoje tem bigode e barba.
E aquela pequenita que usava  uma grande trança,
era a madrinha Ana Rita que hoje é a mãe da Constança.
Mas filmar um grande filme, dos que passam em cartaz,
já é bem mais complicado, nem toda a gente é capaz.
Podem ser de animação, históricos, de ficção,
todos eles, sem exceção, implicam dedicação, 
estudo,  imaginação, trabalho e custo elevado.