Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Feliz Natal



A todos um Bom Natal....



Concerto de Natal com os três tenores, em 1999





quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

E porque é Natal...

E porque é Natal, deixo alguns presentes.
O primeiro é um vídeo sobre o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.
Vale a pena uma visita “real” ao Museu. Falo por experiênia própria.


O segundo presente vai também na forma de vídeo



A canção "Oração das Mães", nasceu do resultado de uma aliança entre a cantora-compositora Yael Deckelbaum, e um grupo de mulheres corajosas, liderando o movimento de "Women Wage Peace". O movimento surgiu no verão de 2014 durante a escalada de violência entre Israel e os Palestinos, e a operação militar "Tzuk Eitan". Em 4 de outubro de 2016, mulheres judaicas e árabes começaram com o projeto conjunto "Marcha da Esperança". Milhares de mulheres marcharam do norte de Israel para Jerusalém em um apelo à paz. Uma chamada que atingiu seu pico em 19 de outubro, em uma marcha de pelo menos 4.000 mulheres metade delas palestinas, e metade Israelita, em Qasr el Yahud (no Mar Morto do Norte), em uma oração comum pela paz. Na mesma noite, 15 mil mulheres protestaram na frente da casa do primeiro ministro em Jerusalém. As marchantes juntaram-se com a vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Leymah Gbowee, que levou ao fim a Segunda Guerra Civil Liberiana em 2003, pela força conjunta das mulheres. Na canção, Yael Deckelbaum combinou uma gravação de Leymah, tirada a partir de um vídeo do youtube em que ela tinha enviado suas bênçãos para o movimento.
A luta das liberianas pela paz "não é uma história de guerra tradicional. Trata-se de um exército de mulheres vestidas de branco, que se levantaram quando ninguém queria, sem medo, porque as piores coisas imagináveis já lhes tinham acontecido", escreve Leymah Roberta Gbowee na sua autobiografia.
"Trata-se da forma como encontrámos a força moral, a perseverança e a coragem de levantar as nossas vozes contra a guerra e restabelecer o bom senso no nosso país", adianta.
Leymah Gbowee,  que fundou ou dirige várias organizações de mulheres, participou na Comissão Verdade e Reconciliação.
Não há caminho para a paz, a paz é o caminho. A paz é o acminho

Este vídeo sugeriu-me, de imediato, alguns “pensamentos” célebres
Não existe caminho para a paz. A paz é o caminho
Mahatma Gandhi
A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos.
Com armas pode vencer-se a guerra mas a paz não se conquista.
Albert Einstein
A paz depois da guerra é o silêncio dos mortos e o espanto mudo dos vivos.
Valter da Rosa Borges
A felicidade não é fruto da paz, é a própria paz.
Émile-Auguste Chartier
A Paz obtida com a ponta de uma espada não passa de uma simples trégua.
Pierre-Joseph Proudhon
Quantas guerras terei que vencer por um pouco de paz?
Maria Bethânia
E a este propósito deixo mais um presente, o próximo vídeo.
Eis o penúltimo presente- uma carta de Mia Couto datada de 2003 para o Presidente do Estados Unidos .
Passados catorze anos a essência da mensagem “assenta “ na perfeição ao presidente atual.
in Mia Couto,  Pensatempos ,2005
E agora, o último presente, uma obra de Tapies  artista plástico que, em 1984,  recebeu o Prémio da Paz das Nações Unidas.



Esta e outras obras poderão  ser vistas aqui

domingo, 10 de dezembro de 2017

Nordeste em Dezembro…


Gosto muito de passar uns tempos no Nordeste transmontano, onde cresci. Há já vários anos que ali passo, no Verão, cerca de um mês e meio. Passo também alguns fins de semana ao longo do ano, mas fujo do Inverno.
Este fim de semana tivemos que nos deslocar ali, por causa de umas obras que urge fazer na casa que o meu marido herdou há seis anos, no concelho de Moncorvo.
Fomos 5ª feira de manhã, um pouco apreensivos pois na véspera telefonei para a minha aldeia e disseram-me que as temperaturas rondavam os zero graus. É certo que, até aos meus 16 anos, dias de Inverno com temperaturas abaixo de zero eram frequentes. Em Bragança o Liceu fechou algumas vezes enquanto ali fui aluna. A temperatura mais baixa que ”suportei” foi 15 graus negativos e apenas uma vez. Mas à volta de -8º era frequente. Apesar disso,  nunca consegui acostumar-me ao frio. Por isso, no Inverno só ali vou em condições excecionais.
Por causa da bursite que me surgiu e me tem incomodado bastante, pensei não ir mas na quarta feira senti-me nitidamente melhor e arrisquei. 
Tivemos sorte pois o tempo “amaciou” bastante. Apenas senti muito frio no dia chegada, ao entrar em casa. Casas grandes, fechadas...
A primeira coisa que o meu marido fez, foi acender a lareira, ainda com o casacão vestido e de capuz na cabeça...


Entretanto o tempo foi aquecendo e acabou por ser um fim de semana muito agradável, embora a minha perna se tenha “queixado” um pouco.

Na sexta fomos a Alfândega. No jardim, uma exposição alusiva ao Natal com obras feitas essencialmente por alunos das escolas. Aqui ficam algumas imagens.








Fomos também à minha aldeia buscar alguns produtos da terra, nomeadamente azeite. Mas nem entrei em minha casa. Previa que estivesse muito fria, como o meu marido viria a confirmar. Fui visitar uns compadres (uma senhora que trabalhou em casa dos meus pais e o marido) aos quais me liga uma grande amizade. Fiquei ali à lareira, a conversar todo o tempo. Enquanto ali estava telefonou  uma irmã, também minha comadre, que vive em França. Fez questão de falar comigo. São pessoas extremamente genuínas como eram, naquele tempo,quase todas as pessoas da minha aldeia.

Regressámos hoje, mais uma vez com a Antena 2 por companhia e que me apresentou dois compositores que não conhecia.
Um deles Anton Arensky  (  https://pt.wikipedia.org/wiki/Anton_Arensky)

de que aqui deixo  a Sinfonia No. 2, Op. 22 e  "Russian Concert" concerto em Fá menor. 

de que deixo a composição Barcarolle in E minor, Op. 14









Em 1881, Franz Xaver Scharwenka funda o Conservatório Scharwenka, em Berlim onde viria a ser professor de  Viana da Mota (http://cvc.instituto-camoes.pt/seculo-xx/viana-da-mota.html#.Wi1rSd9l_IU)
De Viana da Mota conheço algumas obras e uma das minha preferidas é também uma Barcarola, a Barcarola nº 1, que aqui  deixo  interpretada por António Rosado








sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A poesia “clara, límpida, diamantina” de Manuel Alegre


"A poesia dele é clara, límpida, diamantina, atravessa todas as camadas sociais, toda a gente a entende perfeitamente", foi assim que Lídia Jorge se referiu à poesia de Manuel Alegre, aquando da atribuição do Prémio Camões, em Junho passado. Afirmou ainda que, ao saber da notícia, pensou que o prémio lhe era atribuído pela segunda vez pois já há muito tempo o deveria ter recebido.
Ora, no passado dia 22, a Universidade de Pádua, atribuiu ao português Manuel Alegre um Doutoramento Honoris Causa. Do seu discurso, aquando da cerimónia, que pode ser lido aqui, transcrevo alguns excertos .
(...)Ninguém está fora do espaço e do tempo. Ninguém está fora da história. A escrita e a vida são inseparáveis. A liberdade, afirmou o mexicano Octávio Paz, “não é uma filosofia e nem sequer uma ideia, é um movimento de consciência que nos leva em certos momentos, a pronunciar dois monossílabos: Sim e Não.” A minha circunstância levou-me a dizer não, e a dizê-lo em verso, segundo um certo ritmo, uma certa toada, uma certa correspondência de sons e imagens. Não por qualquer intenção programática, mas por um impulso, uma energia, uma irresistível confiança na força da palavra poética. Apesar da idade e dos desenganos, mantenho, hoje como sempre, a mesma confiança na força libertadora da palavra. Concordo com Octávio Paz: “A actividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método da libertação interior.”  
Creio que o ritmo da escrita é inseparável do ritmo da terra e das marés. Está antes da palavra e a a palavra cantada ou dançada está antes da palavra escrita. Como o poeta português Teixeira de Pascoaes, eu creio que “a poesia nasceu da dança e que o ritmo é a substância das coisas.” Como ele estou convencido que “a palavra liberta e cria: é a própria terra do Outro Mundo.”
(...)Segundo Nadejda Mandelstam, viúva do grande poeta russo, “em certas épocas, só a palavra poética, pela sua natureza cósmica, é capaz de apreender a realidade.” Por seu lado, para Rainer Maria Rilke “os versos não são feitos com sentimentos” e “…para escrever um só verso é preciso ter visto muitas cidades, muitos homens e muitas coisas. É preciso lembrar caminhos em regiões desconhecidas, encontros inesperados e despedidas há muito previstas.” Tudo isso é vida e de tudo se faz o poema. 

(...)Tenho por vezes a sensação de ter vivido várias vidas numa só vida e de ter sido várias pessoas na mesma pessoa. Conheci os momentos extremos: guerra, prisão política, exílio. Mas também tive o privilégio de alegrias incomparáveis, como a vitória da revolução dos cravos e a reconquista da liberdade. Costumo dizer que a minha vida foi intensa, densa e tensa. Talvez por isso os meus romances tenham um cunho autobiográfico. Não posso dizer que tenha sido injustiçado. Recebi os principais prémios literários da língua portuguesa. A República concedeu-me as mais altas condecorações. Mas de todos os prémios o mais importante foi o reconhecimento e carinho dos meus leitores. 

Comecei por conhecer a sua obra através das vozes de Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, Luís Cília…



Depois comecei a adquirir os seus livros. Primeiro Praça da Canção e O canto e as armas, depois vários outros,  à medida que foram saindo. Muitos deles estão autografados pelo autor mas embora goste da sua narrativa, aprecio mais a sua obra poética, de que gosto imenso. E nela incluo um livro que acho fabuloso- A terceira Rosa- que para mim é prosa poética.. "Olá, disseste. E a terra tremeu" “A paixão passa e não passa”

Aqui uma entrevista onde o autor nos fala desse livro 

Termino com alguns poemas do autor.

Sei que outros ventos outro mar
a teoria das brumas e o teorema
daquela ilha sempre por achar.
Seu nome é Pico. E fica no poema
In Escrito no mar (2007)

Na velha casa passou um rio
passou a cheia o tempo um arrepio.
Quem eu chamo já não vem.
Tanto quarto vazio
tanta sala sem ninguém.
E frio.
In Doze naus (2007)
I
Coimbra era um puro acontecer
uma vivência de dentro um exercício
um jogo de metáforas e sintaxes
ó corpos cintilantes diante dos espelhos
cabelos loiros sobre os ombros: cidade
por nossas mãos perdida e reinventada.
Por fim era um rumor de poesia
uma frase uma prosódia uma palavra.
E dessa redacção é que nascia
in Combra nunca vista (2003)

Uma árvore floriu por detrás da casa
Uma árvore dentro de Março
Contra a rotina
E contra o espaço
Ela só capaz de flor
E golpe de asa
Deixai-me a árvore
Por detrás da casa
In chegar aqui (1984)
In Livro do português errante (2001)

Gosto muito deste poema e lembrei-me muito dele nos últimos dias. Tenho estado com uma bursite trocantéria que me tem limitado bastante. Ontem fiz uma infiltração e melhorei um pouco  mas...

continuo com dificuldade em caminhar
As rimas em ar estão porventura a acabar...


Parabéns  Manuel Alegre pelo reconhecimento mais que merecido e obrigada pela sua poesia que, tantas vezes, me tem servido de alento ….

domingo, 26 de novembro de 2017

Dia Nacional da Cultura Científica



A Semana da Ciência e da Tecnologia, em curso desde 1997, é uma iniciativa da “ Ciência Viva” - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica. Inclui sempre o dia 24 de Novembro- Dia Nacional da Cultura Científica

O Dia Nacional da Cultura Científica foi instituído em 1996 pelo então Ministro da Ciência e Tecnologia, José Mariano Gago, em homenagem a Rómulo de Carvalho/António Gedeão, professor, divulgador de ciência e poeta., nascido a 24 de Novembro de 1906.

Infelizmente já nenhum deles está fisicamente entre nós, mas ambos marcaram de forma indelével o panorama cultural português.

A ambos, o meu MUITO OBRIGADA.

Em 2012 foi atribuído pela 1ª vez o Grande Prémio Ciência Viva, prémio que distingue uma intervenção de mérito na divulgação científica e tecnológica em Portugal.

Em 2013 foram instituídos mais dois prémios:
Prémio Ciência Viva Montepio Educação- Distingue um projecto de educação científica e promoção da cultura científica e tecnológica realizado em escolas portuguesas.
Prémio Ciência Viva Montepio Media-Distingue um trabalho de mérito excepcional na divulgação da ciência e da tecnologia num órgão de comunicação social português.

Todos estes prémios têm o apoio do Montepio Geral e pretendem contribuir para o reconhecimento e estímulo do esforço individual e coletivo na promoção da cultura científica e tecnológica.

Neste ano, a entrega dos prémio teve lugar no Porto, na galeria da Biodiversidade. 
Os premiados foram:
Carlos Fiolhais-Grande Prémio Ciência Viva Montepio
Isabel P. Martins
- Prémio Ciência Viva Montepio Educação
Filomena Naves e Teresa Firmino- Prémio Ciência Viva Montepio Media


A entrega de cada prémio foi precedida de brevíssimas intervenções ( no máximo 3 min) sobre os premiados.
Começaram por ser entregues os prémios às jornalistas Filomena Naves e Teresa Firmino. Desta última leio, com alguma frequência,  os seus artigos no Públic . O último que li tem por título Um extraterrestre visitou o nosso quintal e pode ser lido aqui

As duas kornalistas têm publicado alguns livros em conjunto, um deles “Portugal a Quente e Frio” sobre o efeito das alterações climáticas, nomeadamente em Portugal
Há peixes tropicais a surgir na costa portuguesa. Há aves que deixaram de migrar para África e passam cá o Inverno. As amendoeiras estão a florir quase um mês mais cedo do que há 30 anos. Nas montanhas, as árvores estão a trepar para fugir ao calor. Na ilha da Madeira, os mosquitos que transmitem a dengue e a febre amarela chegaram, em 2004, e instalaram-se. Só não transmitem as doenças porque não estão infectados com os vírus. Há muitas incógnitas sobre o rumo que o clima do planeta tomará. Não se sabe onde está o ponto de ruptura do equilíbrio climático. Em parte, vai depender de nós e da maior ou menor quantidade de gases com efeito de estufa que atirarmos lá para cima nas próximas décadas. A Europa será dos continentes mais afectados e Portugal terá de enfrentar uma das maiores subidas regionais da temperatura. Há quem diga que Lisboa pode vir a ter a temperatura média actual de Rabat.


Na entrega dos prémios seguiu-se Isabel Martins. Conheci Isabel Martins como colega na orientação de estágios. Posteriormente e, como pode ser lido aqui numa brevíssima resenha curricular, passa a dedicar-se, na Universidade de Aveiro, à investigação  em educação, particularmente à educação em química. Foi em Aveiro  que voltei a encontrá-la, agora como professora, quando ali fiz Mestrado.

Por fim, foi a entrega do prémio ao Professor Fiolhais, desta vez pelo Ministro da Ciência.

Como referi anteriormente, a entrega de cada prémio foi precedida de brevíssimas intervenções sobre os premiados. A propósito da atribuição Grande Prémio Ciência Viva Montepio ao Prof. Fiolhais, pediram-me para fazer uma dessas intervenções, focando o seu papel de divulgador junto dos alunos nas escolas.
Tenho o privilégio de conhecer o Professor há já vários anos pelo que não me seria difícil falar desse seu papel, mas em tão pouco tempo,  ficou quase tudo por dizer...
O seu poder de comunicação é notório pois vai, desde crianças do pré-primário até alunos adultos.
É possível encontrar na Internet algumas dessas suas comunicações em escolas como por exemplo aqui e aqui.

O seu discurso, após a receção do prémio,  pode ser lido aqui
No mesmo  refere que ciência é liberdade, tal como poesia é liberdade. E cita Gedeão em  “Poema do Alquimista e Sophia ( Liberdade) associando o nome da escritora ao belíssimo edifício onde a cerimónia decorreu

Eu não sou o alquimista de Duesseldorf!
Eu não quero tudo.
Eu quero apenas,
Apenas transmutar esta chatice em flores.”
António Gedeão

Liberdade”:

O poema é
A liberdade

[Um poema não se programa
Porém a disciplina
Sílaba por sílaba —
O acompanha

Sílaba por sílaba
O poema emerge
Como se os deuses o dessem
O fazemos.”]



Ainda a propósito da Semana da Ciência e da Tecnologia,, no dia 22 estive na escola Irene Lisboa com alunos de 8º ano, distribuídos por duas sessões. A propósito do meu livro Breve História da Química, conversámos e fiz algumas atividades experimentais. Foi muito gratificante pois os alunos mantiveram-se interessados durante todo o tempo.

Termino esta mensagem com poemas de Gedeão e Sophia
Poema das coisas









domingo, 5 de novembro de 2017

Tesouros escondidos

Uma amiga enviou-me um mail com imagens de uma mina abandonada,  200 metros abaixo da superfície da cidade de Yekaterinburg, na Rússia.

Mikhail Mishainik, fotógrafo russo, ouviu falar da mina e,  quando viu, “não queria acreditar nos seus olhos”.As cavernas estendem-se por centenas de quilómetros abaixo da superfície. 

Mikhail e os amigos passaram a noite nas minas e estão muito longe de a terem explorado na íntegra.

As imagens que captaram podem vir a estar em museus de arte moderna.Deixo duas retiradas daqui  onde podem encontrar mais



Qumicamente a carnalina é um cloreto de potássio e magnésio hidratado´.
Fórmula Química - KMgCl3.6(H2O) Composição - 14.07 % K, 8.75 % Mg, 4.35 % H, 38.28 % Cl, 34.55 % O Cristalografia - Ortorrômbico Classe - Bipiramidal ... 

Por associação, lembrei-me das Montanhas coloridas do Parque Geológico Zhangye Danxia na China, que não conheço, mas das quais se podem ver, na NET, imagens maravilhosas



Essas imagens já me inspiraram um pequeno poema que consta no meu livro Quando o mel escorre nas searas…

Em Danxia, na China,
a natureza derramou nos montes
uma miríade de cores.
Por entre céu e terra,
tropeça o olhar
embriagado.



sábado, 28 de outubro de 2017

Com Atlântico e Douro por companhia…


Há já alguns meses que a minha dentista me tratou um dente que, em certas circunstâncias, continua a doer-me. Como não conseguia detetar o problema sugeriu-me que fosse a um dentista em Espinho, por este possuir aparelhagem muito avançada. Fui lá hoje e de fato detetou algo. Já tenho um CD com o exame que levarei à dentista na próxima consulta. 
Isto para referir que hoje fui a Espinho. O meu transporte favorito é o comboio e como cada vez gosto menos de conduzir, levantei-me cedo e apanhei o autocarro 206 (que passe perto de minha casa) e vai para Campanhã. Ali apanhei um comboio para Espinho. Sentei-me do lado da costa pelo que pude ir contemplando primeiro o rio e depois o mar. Cheguei a Espinho ainda não eram 9h. A consulta era às 10 pelo que fui caminhando lentamente, cerca de 800m, da estação até ao consultório, cuja localização tinha identificado no Google Maps.
No caminho fotografei o Centro Multimeios de Espinho



Chegada ao consultório, tive sorte. Estava aberto. Habitualmente só abre às 10h. Enquanto aguardava a consulta, na parede em frente estava projetado um arco-íris belíssimo.


Após a consulta e, quando retomei o caminho de regresso, o mar ali tão perto tentou-me e, em vez de ir diretamente para a estação, fui até à beira-mar. Vi várias pessoas caminhando, correndo, e perguntei se havia algum passadiço que me levasse até à Praia da Granja. Disseram-me que sim mas que eram cerca de 4 km pelo que nunca demoraria menos de 1h.
Como adoro caminhar, não hesitei. Demorei 45 min mas valeu a pena….
Deixo algumas fotos que tirei durante a caminhada





Ao chegar, dirigi-me para a estação, bastante abandonada, embora na foto não se note muito.

Enquanto aguardava o comboio, lembrei-me de Sophia que, na Granja, escreveu alguns dos seus poemas, nomeadamente um em que evoca a casa onde passava férias

Casa branca em frente ao mar enorme,
Com o teu jardim de areia e flores marinhas
E o teu silêncio intacto em que dorme
O milagre das coisas que eram minhas.
A ti eu voltarei após o incerto
Calor de tantos gestos recebidos
Passados os tumultos e o deserto
Beijados os fantasmas, percorridos
Os murmúrios da terra indefinida.
Em ti renascerei num mundo meu
E a redenção virá nas tuas linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram minhas.

A casa pode ser vista num breve documentário  aqui
http://portocanal.sapo.pt/noticia/30717/

Com os olhos ainda "inundados" de mar, entrei no comboio apinhado de gente, na sua maioria jovens. Entre tantos, apenas um (neste caso,uma) me ofereceu o lugar. Agradeci e elogiei o seu gesto mas não aceitei porque não precisava. Provavelmente não seria esse o caso de muitos outros idosos que ali viajavam de pé.
Na minha mente começou a emergir um "soneto", glosando o grande Camilo no seu belíssimo poema "Os amigos" que tantas vezes ouvi dizer ao meu pai.

Granja. No ar, o cheiro a maresia
O comboio repleto. Jovens sentados,
(nem um só lugar vago existia),
nada mais viam, ao celular ligados.

Não sentiam o cheiro a maresia.
Não olhavam o mar ali ao lado.
No seu mundo virtual não existiam
vários idosos, em pé com ar cansado.

Só uma, entre tantos reparou
e o lugar de imediato ofereceu,
gesto hoje raro, excecional.

Impávidos, os demais continuaram
sem olharem mar , dunas ou céu,
concentrados apenas no mundo virtual.


E agora o belíssimo poema de Camilo. Estou em crer que me  desculparia  pela glosa...

OS AMIGOS

Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!

Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente. Ceguei.
Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quasi rotos.

Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.
- Que cento e nove impávidos marotos!


Regresso à glosa...Há algo que falha na educação da nossa juventude. De “quem” é a responsabilidade? Da família? Da escola? Da sociedade em geral?
E lembrei-me da comunicação de Nuccio Ordine sobre esta sociedade em que importa o ter e não o ser. E a propósito dessa comunicação, para além de poder ser lida on-line como já referi em mensagem anterior, também pode agora ser ouvida aqui     https://ffms.pt/conferencias/detalhe/2324/a-utilidade-dos-saberes-inuteis


Retomo  a viagem. Só em General Torres ficou vago um lugar perto de mim. Sentei-me e ainda tirei mais algumas fotos de dentro do comboio.





Saí em S. Bento, por volta do meio dia. Aproveitei para ir à FNAC em Sta Catarina, porque a prenda de aniversário do meu filho mais novo (e família) foi um voucher para uma “Fugas a dois”.
Achei a ideia muito gira mas o meu marido está cada vez com menos vontade de viajar no país. Excetuam-se as viagens ao Nordeste ( e até mesmo essas já são muito menos frequentes). Acabei por ir trocar o voucher. Ia trocar por livros mas, imagine-se, troquei por uma carteira. Já há muito que andava para comprar uma em tom cinza esverdeado pois a que tenho, e de que gosto muito, já está a precisar de substituição. Não fazia a mínima ideia de que na FNAC se vendiam carteiras, mas ao vê-la não hesitei. E o mais interessante é que o seu preço foi precisamente o do voucher... ...

Regressei a casa a pé. 
Depois de almoço chegaram os meus netos. Hoje, greve nas escolas, valeu-nos a empregada que vai à sexta-feira, pois causar-me-ia muito transtorno ter que adiar a consulta. Até isso correu bem.
Soube-me bem o dia...

E porque falei de mar e rio cito Heitor Villa Lobos

Sim sou brasileiro e bem brasileiro. Na minha música deixo cantar os rios e os mares deste grande Brasil.(...)Dele a Canção das água claras que podem ouvir aqui    https://www.youtube.com/watch?v=GzQ4VlPib0k



Deixo também a canção O Mar de Dorival Caymni          https://www.youtube.com/watch?v=WdrytEpMnw8


Além de músico Dorival Caymni   também  pintava. Deixo um quadro sobre o mar




E porque também tive por companhia o Douro, deixo um quadro de Abreu Pessegueitro, pintor de que gosto muito