Na sua última “mensagem “
colocou o poema "Naquela aldeia havia uma
ribeira" de que gostei muito
Naquela aldeia havia uma ribeira
onde vinham beber os homens e os lobos.
O menino ficava por perto
à espera que eles
– os homens e os lobos –
viessem beber nas suas mãos.
Em seu olhar cristalino
há ainda um brilho feroz
que desperta no seu peito
as aves da montanha.
Graça Pires
DeA solidão é como o
vento, 2020, p. 43
A leitura transportou-me
de imediato para um poema meu , Xisto,
publicado em “Todo o tempo agora é contra
o tempo…”
Xisto
Muros de xisto, tal como outrora
cobertos
de silvas, ostentando amoras.
Caminhos.
Este
já foi ribeiro, o ribeiro dos linhos.
Já não
existe ribeiro, tão pouco o linho.
O pó
esvoaça lento por sobre o chão incerto e poeirento.
Caminho com dificuldade, o sol poente
ofusca-me a visão.
Percorro
outro caminho, o da memória
que,
como o xisto, se esboroa com o tempo.
Firme,
a mão do meu pai segura a minha mão.
Este meu livro é uma reedição de dois livros
anteriormente publicados e o título fui busca-lo a um poema de Manuel Alegre, Canção do tempo que passa
de que também gosto muito. O poema, publicado em Livro do português errante (publicações
D. Quixote, 2001) nas páginas 48 e 49, pode
ser lido aqui https://www.unicepe.pt/associados/texto_49.html
Termino com uma imagem da obra “Persistência
da memória” de Salvador Dali,
retirada de
E já que estamos a
falar de extraterrestres e ambiente, vou colocar mais um texto do meu livro “Era uma vez,,Ciência e
Poesia no Reino da Fantasia (2006,2008, 2013), já referido na mensagem
anterior
Era
uma vez ….um planeta
Era
uma vez uma nave espacial, era branca e tinha riscas
pretas,
viajava
pelo espaço sideral, entre estrelas, planetas e cometas.
Era
uma vez um extraterrestre, vindo do espaço celeste
e
que, há muito, na nave viajava. Tinha um ar estranho, bizarro,
pequeno
era o seu tamanho e todo ele gingava.
Tinha
umas grossas melenas e usava duas antenasque ao vento
estremeciam.
Os
olhos mais pareciam os faróis de um autocarro.
Aterrara num
lugar, junto a um imenso mar. Era uma praia dourada,
banhada
por um mar manso sempre em recuo e avanço.
De
início não viu mais nada. Foi então que, de repente,
surgiu
bem à sua frente um menino sorridente com uns olhos cor do céu
que,
segundo a mãe dizia, constantemente vivia no reino da fantasia.
Ao
ver o extraterrestre todo ele estremeceu.
Mas
o extraterrestre, que vinha do espaço sideral,
explicou
ao menino que não lhe queria fazer mal.
Contou-lhe
então o que vira na sua longa viagem.
Já
tinha visto cometas e estrelas aos milhões,
bem cintilantes.
Uma
era o Sol à volta do qual giravam,
alguns
perto, outros distantes, oito distintos planetas.
Um
deles, azul safira, era tão lindo de ver
que
logo o extraterrestre decidiu ali descer.
Fez
então uma aterragem e assim pousou na Terra cujo nome não sabia.
Foi
o menino quem o esclareceu, o tal menino de olhos cor do céu
e
que, segundo a mãe dizia, constantemente vivia no
reino da fantasia.
Fizeram
boa amizade e, em pouco mais de um segundo,
o
menino embarcou na sua nave. Lá foram o menino e o extraterrestre
que
tinha grossas melenas e usava duas antenas.
Foram
dar a volta ao mundo.
Viram
uma montanha coberta de neve e, com cuidado, pousaram ao de leve.
Dos
ramos das árvores a neve pendia e a paisagem, tão bela, até entontecia.
Tudo
era sereno, tudo era tranquilo, apenas avistaram
um
gamo e um esquiloque na neve brincavam.
Na
dita montanha, já quase no cimo,
nascia
um fio de água que era muito fino.
Enquanto
descia, engrossava o fio até se tornar num imenso rio.
Salgueiros
nas margens davam sombra calma
e peixes
de prata que na água saltavam, eram, do rio, a alma.
Era
um belo rio muito cristalino que corria ,
corria
para o seu destino lá longe no mar.
E
a nave sempre, sempre, a vaguear
levando
o menino e o extraterrestre de aspecto bizarro
cujos
olhos lembravam faróis de autocarro.
Passaram
por florestas densas e por planícies extensas,
por
cidades com largas avenidase por aldeias, em
montanhas perdidas.
Viram
navios no mar e aviões pelo ar.
Viram
o deserto, de dunas coberto, era muito belo mas com pouca vida.
Só
viram camelos numa caravana bastante comprida.
Viram
na savana tigres, elefantes, pacatas girafas de pescoços gigantes
e
também um leão. Aves aos milhares cruzavam os ares,
cobras
e lagartos, rastejavam no chão.
Passaram
por prados cobertos de florese de borboletas
de múltiplas cores.
Num
imenso charco as rãs coaxavame flores de nenúfar,
por
cima boiavam. O céu era sempre um céu diferente
mas
de rara beleza, ora azul safira, ora azul turquesa,
ora
muito escuro,ora acinzentado, isento de nuvens ou muito nublado.
Por
vezes cortava-o um arco de cor, era o arco - íris com o seu esplendor.
E
a nave lá ia, nos céus vagueava levando o menino
e
o extraterrestre que ao andar gingava.
Viram
o sol nascente, viram o sol poente, uma maravilha sempre diferente.
Viram, estremunhada, a
lua acordar e vaidosa a mirar-se num lago espelhada.
Mas
o extraterrestre tinha que voltar, a hora da partida já estava a chegar.
O
extraterrestre de tamanho pequeno, num voo sereno rumou ao destino
levando
na nave o dito menino.
Regressaram
à praia de onde haviam partido
e
já com saudades do que haviam vivido. Era a despedida.
Dos
olhos do menino que eram cor do céu,
uma
lágrima tímida pelo rosto escorreu
e
no extraterrestre tremiam, tremiam,
as
grossas melenas e as duas antenas.
Muito
emocionado, pegou numa delas, deu-a ao menino.
Quando
ouvires um hino que vem das estrelas, sabes que sou eu.
Comunica
comigo.
Então
o menino foi à beira mar, encontrou uma alga da cor do luar,
deu-a
ao amigo.
Mesmo
à despedida , o extraterrestre disse para o menino:
Na
minha vida fiz muitas viagens e nunca tinha visto tão belas
paisagens.Este é o planeta mais belo que eu vi e sabes
porquê?
Tem
água, tem ar, que permitem a vida.
Se
estragam a água, se estragam o arum dia o planeta
vai-se
transformar na terra do nada, uma terra perdida onde nada
se vê.
Tu
que és um menino e que vais crescer
cuida
do planeta, antes que comece a desfalecer.
Deram
um abraço, muito apertadinho e o extraterrestre lá partiu sozinho
O plástico não tem de ser um Fado, algo que
se usa sempre e sempre origina problemas quando o deitamos fora. Ontem foi o
Dia Internacional Sem Plástico e esta data faz-nos recordar que podemos
reutilizar pelo menos alguns dos sacos que vamos comprando ou que nos vão
dando, que os podemos colocar no ecoponto da reciclagem do plástico e que
podemos mesmo evitar a sua utilização, por exemplo utilizando sacos de pano
para o pão. E quem sabe reutilizar os sacos de plástico para fazer algo que
surja na nossa imaginação?.....
Já há muito que trago sempre, dentro da
carteira, um saco de pano onde coloco as compras, prescindindo dos sacos
plásticos em lojas e supermercados. Mas nestes, continuam a embalar em plástico
a carne, os vegetais, o peixe. Em casa
separamos o lixo. Temos a sorte de ter
uma casa grande, pelo que vamos
guardando o lixo em sacos grandes(um para plásticos e metal, outro para
vidro, outro para papel) e, até há cerca
de 4 ou 5 meses, quando os sacos ficavam
cheios ligávamos para o serviço de recolha porta a porta e o lixo era levado.
Como o meu filho mais velho mora ao nosso lado, para reduzir o número de
deslocações da equipa porta a porta (menos tempo e combustível gastos),
genericamente levavam o lixo das duas casas.
Infelizmente esse serviço acabou, pelo menos na
cidade do Porto. Porquê?
Tentando encontrar resposta, fui ter ao
site imagem
Só encontrei vantagens. Haverá
desvantagens que superem as vantagens?
Pensava eu que os partidos ambientalistas se pronunciariam sobre esta situação. Se o fizerem, não dei por isso. Infelizmente, as pessoas, muito em
particular os políticos, nem sempre distinguem o essencial do acessório. E não
me refiro a compras supérfluas ( também aqui se poderia reduzir muito o lixo
que produzimos), refiro-mea desperdício
de tempo em discutir o “sexo dos anjos”, muitas vezes apenas por razões
partidárias que nada têm a ver com o real interesse dos cidadãos e do país,em vez de discutir problemas importantes.
E já que falei em compras
supérfluas, poderia escrever várias mensagens sobre as prendas que se oferecem
a crianças, muitas delas sem qualquer valor educativo, seja do ponto de vista
cognitivo, afectivo, relacional ou mesmo lúdico.
Grande parte desses brinquedos, que
o marketing mete pelos olhos dentro das crianças, dos pais e educadores
incautos, passado pouco tempo vai parar ao lixo.
As fotos, que coloco a seguir, datam
de há dias. O meu filho mais velho brinca com o filho. Algumas peças do LEGO já eram do pai. Até a minha neta mais velha que há pouco fez 18 anos, brinca também...
Na foto abaixo estão algumas das
inúmeras construções feitas pelos 4 netos... Algumasdas peças Lego tê mais de 40 anos.
E porque se fala de reciclar, reduzir, reutilizar, deixo um texto do meu
livro “Era uma vez,,Ciência e Poesia no Reino da Fantasia (2006,2008,
2013)
Era uma vez …um ecoponto
Esta é a
história de um ecoponto ali na esquina
da rua que com o largo confina.
Ao sol, à
chuva, às geadas, respirando ar poluído,
fustigado pelo
vento, lá vai passando o seu tempo.
À noite, mais
sossegado, gosta de olhar a lua e o céu todo
estrelado.
É um ecoponto engraçado, direi mesmo
divertido.
Ao todo três contentores mais um outro
pequenito, conjunto de quatro cores.
O pequeno é
vermelhito, há quem lhe chame encarnado, e é para pilhas estragadas.
O verde é
o vidrão, o azul é o papelão
e falta o amarelado para plástico, metal,
mas não todo,
por sinal. Convém ler as instruções para não haver confusões.
Numa certa
sexta-feira uma gaivota pousou no referido
ecoponto.
Disse-lhe este num lamento:
Ecoponto
Estou muito
preocupado, muito triste, descontente
com a falta de
cuidado que se tem com o ambiente.
São escapes de
automóveis a lançar poluição,
são óleos, são
detergentes, são indústrias poluentes,
é lixo
amontoado, ou espalhado no chão.
Pois não queres
tu lá saber… Imagina só gaivota
que, na passada terça feira, um senhor todo
janota quis fazer do
chão lixeira.
Lixo todo
misturado, pelo chão ficou espalhado
e aqui mesmo ao
meu lado. Mas que falta
de cuidado…
Levantou-se um
vento forte e vê tu a minha sorte,
fustigado pelo
vento e com o lixo à mistura. Valeu-me
ter pele dura….
Gaivota
Oh que grande
novidade, bem se vê que estás parado
não conheces a
cidade. Eu que estou sempre a voar
posso bem
avaliar. Há lixo por todo o lado:
são pausinhos
de gelados, plásticos amarfanhados
quanta boneca
sem braços, quanta vassoura em pedaços,
quanta garrafa
partida, quanta embalagem perdida, pilhas já danificadas…
Ecoponto
Mas isso é um
grande perigo…
Gaivota
Pois é, eu sei
meu amigo mas que se há-de fazer?
Ecoponto
Isso assim não
pode ser. Acabo de ter uma ideia
que penso ser
genial. Os meninos, em geral,
salvo uma ou
outra excepção gostam de mim, por sinal.
Vamos ter
que lhes pedir uma colaboração.
Pedem ao pai e
à mãe que tenham mais atenção.
Gaivota
E podem fazer
uns cartazes para toda a população.
Lixo nos
contentores, sim e fora dos contentores, não….
Com o lixo
separado, muito será reciclado…
Proteger o ambiente é bom para toda a gente…
Ecoponto
Que boa ideia
menina, mas deixa vir ao de cima toda a sua
inspiração.
Tu não sabes
que os meninos têm muita imaginação?
Gaivota
É verdade, tens
razão.
Ecoponto
Que mais
podemos fazer?
Gaivota
Tu vais ter que
te arranjar com um ar muito cuidado.
Assim qualquer
um que passe fica bem impressionado
talvez deite em
ti o lixo, em vez de o deixar ao lado.
Ecoponto
E tu não vais
fazer nada?
Gaivota
Acabo de ter
uma ideia, uma grande solução.
Quando alguém
mais descuidado deitar o lixo no chão
ou o trouxer
misturado, sem qualquer separação,
leva logo uma
bicada para ter mais atenção.
Ecoponto
Que boa ideia
gaivota! Olha ali vem o janota…
Gaivota
Não queres ver
o figurão… Deitou o lixo no chão
mas levou uma
bicada, não vai esquecer a lição.
Ecoponto
Lá vêm muitos meninos, é a saída da
escola,
trazem papel
reciclado dentro da sua sacola.
Gaivota
Repara neste,
que amor…. A lata de
coca-cola deitou-a no contentor.
Fê- lo com todo
o cuidado, usou o amarelado.
E o pedaço de
papel que segurava na mão, deitou-o no
papelão.
Ecoponto
Vê tu aquela
menina…Ainda tão pequenina,
viu a garrafa
no chão e foi pô-la no vidrão.
Gaivota
Repara, que maravilha….Aquele, mais crescidito,
tirou do bolso
uma pilha, deitou-a no vermelhito
Ecoponto
Sabes, já estou
mais contente
só de ver tanto
menino que respeita o ambiente.
Gaivota
Eu até estou
comovida… Bem, tenho que ir à minha vida.
Ecoponto
Vejo que estás
de partida. Já vais embora gaivota?
Gaivota
Estou mesmo na
despedida mas amanhã estou de volta.
Até 10 de Janeiro de 2010 esteve patente na Casa da Cultura Manuel Lueiro, em O Grove, Galiza, uma exposição de trabalhos de alunos da galeria Utopia .
Participei com os dois trabalhos anexos; no dia da inauguração tive a agradável surpresa de ver que o cartaz (1mx2m) que anuncia a exposição foi construído com a imagem do 2º quadro.
Quadros na exposição em Grove
Imagem que figura no cartaz
cartaz da exposição em Grove
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Há ciência e poesia nas coisas do dia a dia
Tamanho XXS
Quando o mistério se dilui na penumbra
Para mais tarde recordar
Requiem pelo planeta azul
quando o mel escorre nas searas
revista Philos 2017
revista Philos 2014
O bosão do João
Sete Luas
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Terras de cieiro
Entre margens
Pelo sistema solar vamos todos viajar..
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Breve história da Química
Era uma vez...
Magnetismo...
Reflexões...
Estórias....
Se eu não fosse....
Um poema para Fiama
Os dias do Amor
Uma viagem para Pasárgada
Cancioneiro Infanto- Juvenil...
Fiat Lux
O amor em visita
A Terra de Duas Línguas II.Antologia de Autores Transmontanos
Por longos dias, longos anos, fui silêncio
antologia
Entre o sono e o sonho
Textos on-line
Estão disponíveis on-line: -Magnetismo Terrestre (livro de poesia) -Reflexões e Interferências (livro de poesia) -Estórias com sabor a nordeste (livro de ficção) -Einstein (poema) -Se eu não fosse professora de Física. Algumas reflexões sobre práticas lectivas(didáctica) -Vou-me embora para Pasárgada (conto)
Como todos nós, feita de pó de estrelas, estou apenas de passagem nesta fantástica viagem desde um passado remoto até um futuro ignoto.
(Para saber mais consultar a página CV)