Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


segunda-feira, 30 de abril de 2012

SOS


Amazônia pede socorro é o título da mensagem colocada em De Rerum Natura


E este apelo lembra-me um poema já publicado em 2002

Amazónia

A floresta Amazónica é o pulmão do mundo
e, segundo a segundo, está a desaparecer,
porque homens, sem qualquer ideal,
para além do vil metal,
a mandam abater.
Rancorosos,  brutais,
mandaram abater o Chico Mendes e outros mais,
só porque eles não queriam ver
a Amazónia desaparecer.
A Amazónia é o pulmão do mundo,
a Amazónia não pode morrer.
A Amazónia é o pulmão do mundo,
a Amazónia não pode morrer.
A Amazónia é o pulmão do mundo,
a Amazónia não pode morrer.

In Reflexões  e Interferências


A pintura que segue de Calvo de Araújo é  uma, de entre outras, que pode encontrar na mensagem Pinturas amazónicas podem inspirar conservação da biodiversidade

Termino com Tributo a Chico Mendes 

domingo, 29 de abril de 2012

Emerveillez-vous


Maravilhem-se com este vídeo

e com a música Sonho impossível,  na voz de Maria Bethânia


A terminar, O sonho de Henri Rousseau 


De Chaplin a Spielberg


22 de Abril.
Viagem Porto - Alfândega da Fé. A antena 2 deu temporariamente lugar  à antena 1. Machado Vaz no programa Amor é… Um conversa extraordinariamente interessante centrada em Charles Chaplin e que, partindo  do Grande Ditador, evoluiu para uma conversa sobre discriminação, eugenia, nazismo. É óbvio que em tal conversa  o nome Hitler tinha que figurar.
Como teria sido o século XX se  Adolfo Hitler tivesse conseguido entrar em arquitectura, algo que ele ambicionava mas não conseguiu ?
Também não poderiam ter deixado de estar presentes na conversa,  McCarthy  e a caça às bruxas, caça às bruxas que atingiu também o mundo do cinema, não só Chaplin mas muitos mais, desde realizadores a actores passando por argumentistas e outros.
Em Chaplin foi ressaltado o  génio, que não se limitou à arte de representar. Em  luzes de Ribalta a música é de sua autoria.
Após o programa, regresso à antena 2. E, como que dando sequência ao programa de Machado Vaz, a música e o cinema evocando particularmente a dupla John Williams e Steven Spielberg. ..

Termino com duas fotos de Chaplin ao lado de duas figuras que muito admiro, Gandhi e Einstein


sábado, 28 de abril de 2012

Abraço



Já várias vezes me referi ao gosto pela leitura que me foi incutido na infância pelos meus progenitores, muito em especial o pai. A melhor prenda que lhe poderiam oferecer era um livro e comigo passa-se o mesmo. 

Sobre os livros, diz de José Luís Peixoto na sua última obra, Abraço:



O primeiro livro que li deste  autor foi Morreste-me, um belíssimo livro de poesia apesar de escrito em prosa. Tal foi o impacto que teve em mim, que qualquer um dos que se lhe seguiram me marcou  muito menos. 

Abraço é um conjunto de textos publicado de 2001 a 2011, essencialmente no Jornal de Letras e na Visão.
Alguns  falam através de imagens muito poéticas. Mas também o  humor, à mistura com  uma ironia fina, estão presentes.
Em suma, é  um livro que se lê com muito agrado.

Consciente de que entre o escritor José Luís Peixoto e a escritora (amadora) Regina Gouveia há uma enorme distância, não pude deixar de sorrir perante algumas coincidências “de percurso”.

 Ao que parece, ambos  temos um  heterónimo que desconhecemos,  José Luís Pacheco e Regina Duarte respectivamente. No caso de José Luís Peixoto, várias vezes o seu nome tem sido trocado (pag  413,415 e 417). 




No meu caso a troca com Regina Duarte também acontece com uma certa frequência.
Quando no início dos programas FOCO era formadora no departamento de Química da FCUP, num painel em que constavam os nossos contactos,  lá estava o meu associado a Regina Duarte.
No meu livro Magnetismo Terrestre, se na capa foi usado o meu nome, já o mesmo não aconteceu na ficha técnica..




E tal como José Luís Peixoto (pag 419), já tenho ouvido o “comentário“ uma escritora sem caneta….”


Também como JLP considero que em nenhum lugar as horas são tão lentas como no aeroporto de Frankfurt (pag 438)

Das 655 páginas do livro ainda tenho 160 para ler. Não sei se encontrarei outras coincidências.

Mas longe de mim querer com isto comparar-me ao autor.  Sei que há léguas a nos separar (como diria Chico Buarque). 
Daí que eu saiba quem é JLP e, com 99,999% de certeza, JLP não imagina sequer que eu existo.

Isso não impede que eu termine assim:
Gosto muito da sua escrita, José Luís Pacheco.
Um abraço
Regina Duarte

Ou, agora falando sério (de novo Chico Buarque):

Gosto muito da sua escrita, José Luís Peixoto
Um abraço
Regina Gouveia



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Couto Mineiro do Pejão


Hoje estive na escola de Couto Mineiro do Pejão, onde tem estado a decorrer uma feira do livro.

Foram duas sessões com o auditório cheio. Na primeira sessão fui “brindada” por uma representação do 1º ato de Breve História da Química, por jovens de 8ºano. Ensaiados por uma professora que dinamiza o teatro na escola e que também interveio durante a apresentação, os alunos estiveram muito bem apesar do pouco tempo que tiveram para ensaiar. Ainda nesta sessão um jovem que protagonizou a figura de Lavoisier foi entrevistado de forma “muito profissional” por uma colega. Na segunda sessão já não existiram estes momentos, por incompatibilidade de horários de professores e alunos. Em ambas as sessões fui descrevendo sucintamente a obra ao mesmo tempo que fazia algumas experiências. Apesar de estarem presentes várias turmas por sessão,  as sessões não correram mal. Dispersos pelas paredes do auditório estavam textos construídos pelos alunos tendo por base dois poemas meus que aqui deixo, bem como uma pequena amostra dos trabalhos dos alunos.

Certeza

Falavam-nos de heróis e de vilões,
e  eram sempre os outros os vilões.
Contavam-nos batalhas  e traições,
falavam de epopeias, de façanhas,
de guerras desiguais, mesmo assim ganhas.
A meio da lição,
já eu montava no meu alazão
e uma vezes era D. João,
outras vezes  D. Sebastião
ou D. Fernando, morto em Fez,
ou então, D Filipa, a linda  Inês,
o Decepado, sempre com a bandeira,
ou ainda Brites, a famosa padeira.
Cresci e desde então não mais sonhei
usar a espada,  guerrear, ser realeza.
Passei a confrontar-me com a certeza
que um belo dia nada mais serei
que molécula,  átomo ou ião, 
mistura   de cinza com poeira
provavelmente  pisada no chão.
In Reflexões e Interferências

Teia

Com as recordações da minha infância
fui tecendo, dia a dia, enredada teia.
O cheiro do azeite no lagar 
e no Outono a fermentar o mosto,
o céu estrelado, o luar de Agosto,
as cores da Primavera e as do Outono,
o vermelho das papoilas, dos medronhos,
o branco das flores de amendoeira,
o sabor das amoras de silva ou de amoreira,
as histórias contadas à lareira,
o som da chuva, da neve,  do granizo,
na escacha da amêndoa, o som do riso,
o rumorejar do rio no fundo da ladeira,
o piar da coruja, o bramir do vento,
são imagens que preenchem os meus sonhos
e assim invadem o meu pensamento,
enredando-o na emaranhada  teia
que até hoje a minha vida prende
por um fio, que tanto se contrai como distende.

In Magnetismo Terrestre

 




 

Findas as apresentações almocei na escola. O almoço foi preparado e servido por alunos do Curso Profissional de restauração. Um bom almoço pelo qual felicitei os jovens  que,  ao longo de toda a refeição, se mostraram muito envolvidos no seu trabalho e preocupados em mostrar o seu  profissionalismo.

Regressei a casa feliz com mais este encontro com professores e alunos.

Na Net fui pesquisar algo sobre as minas do Pejão de que ouvi falar quando estudante e a  que me referi várias vezes como professora, nomeadamente nas várias visitas que fiz com alunos à central térmica da Tapada do Outeiro. Como recordação dessas minas e em homenagem a tantos mineiros que ali trabalharam deixo vídeos sobre as minas do Pejão: vídeo 1 e vídeo 2.

 Deixo também uma imagem que a propósito do trabalho mineiro encontrei na NET e de que não consegui identificar o autor

 

Compromissos



 No dia 16 , a convite da Biblioteca de S. Lázaro fui fazer duas sessões com alunos do 1º ciclo, dentro de um projecto que se chama À descoberta da Química. Se não tivesse assumido o compromisso anteriormente, possivelmente não teria ido pois tenho estado com um edema da laringe e o médico prescreveu muito repouso de voz..
Esta minha intervenção insere-se num conjunto de três actividades: 
-a exploração do meu livro Breve História da Química, investindo em pequenas actividades experimentais e adaptando o texto ao nível etário em causa, 
-uma visita a um Laboratório de Química do ISEP e 
-apresentação da peça pelo grupo de teatro 3Pancadas.
As sessões acima referidas inserem-se na primeira actividade
No início de cada sessão (uma turma por sessão) referi a minha dificuldade em elevar a voz. Os miúdos da primeira sessão foram fantásticos. Entenderam e por parte deles não se ouvia qualquer som excepto quando queriam fazer alguma intervenção. Neste particular houve uma grande diferença entre as duas sessões. Na segunda, embora também estivessem interessados, intervieram anarquicamente. Estas diferenças de comportamento genericamente têm muito a ver com os professores. Não sei se foi o caso mas enquanto que na primeira sessão a professora e auxiliar se sentaram junto dos miúdos e revelaram muito interesse, na segunda sentaram-se fora do núcleo das crianças e conversaram todo o tempo. Admito que pudesse ser sobre problemas da escola, mas não deixa de ser um mau exemplo.

No dia 17 e também na sequência de um compromisso anteriormente assumido, estive na Biblioteca da Maia com alunos de 9º ano. Também aqui os alunos respeitaram a minha dificuldade em elevar a voz. No fim colocaram várias questões mas só depois de muito estimulados..



No dia 23 , a convite das Bibliotecas Escolares de Macedo de Cavaleiros  e a propósito da Breve História da Química,   estive na V Feira do Livro de Macedo de Cavaleiros que decorria na parque de exposições de S. Pedro. Houve  duas sessões, cada uma com 4 turmas.
Também aqui, não quis deixar de honrar o compromisso …
O grupo de teatro deveria ter-me acompanhado mas não foi possível, por razões de saúde de um dos elementos,
Não posso dizer que os alunos tenham estado mal mas sentia-se que alguns estavam pouco interessados. Salientou-se uma aluna porque tinha uns conhecimentos muito razoáveis sobre química e não só.
É um facto que o espaço não era o mais adequado para as sessões. Muito grande, com péssimas condições acústicas…
Ali estavam várias bancas com livros e uma “réplica” de uma casa rural de outros tempos com peças essencialmente cedidas pelo Museu Rural de Salselas,.
Os professores com quem estive foram extremamente afáveis e mais uma vez senti o desencanto face à profissão pela forma como continuam a ser “desrespeitados”, pela burocracia sem sentido, etc
Sensibilizou - me um gesto de solidariedade para com um colega a quefoi detectada uma doença rara. Em Portugal não encontraram solução para o seu caso. Esperava-o a morte. Soube que na Alemanha poderia ser tratado mas a ADSE não comparticiparia e os custos rondam os 100.000 euros. Desenvolveu-se uma grande campanha de solidariedade na escola e já foram conseguidos 30.000 euros.

Essa solidariedade lembrou-me os ideais de um outro abril, cujos cravos já murcharam há muito…
Já murcharam tua festa pá...



sábado, 21 de abril de 2012

Klimt e Beethoven

 Em 1902 Gustav Klint executa o Friso de Beethoven, uma grande pintura mural para um edifício projetado por Olbrich, . Este friso foi, tal como a 9.ª Sinfonia de Beethoven, realizado em três fases, dividindo-se em "Aspiração à Felicidade", "As Forças Inimigas" e "Hino à Alegria".






Primera pared larga, frente a la entrada: 
El anhelo de felicidad (las figuras suspendidas: n. del a.). Los sufrimientos de la débil Humanidad (la niña de pie y la pareja arrodillada). Las súplicas de la Humanidad al fuerte y bien armado (el caballero), la compasión y la ambición como fuerzas internas de los impulsos (las figuras femeninas detrás de él), que le mueven a luchar por conseguir la felicidad.

Pared estrecha: Las fuerzas enemigas. El gigante Tifeo, contra el que incluso los dioses lucharon en vano (el monstruo que se asemeja a un simio); sus hijas, las tres Gorgonas (a su izquierda). La Enfermedad, la locura, la Muerte (las cabezas como de muñecos y la anciana tras ellas). La Lujuria, la Impudicia, la Desmesura (las tres figuras femeninas de la derecha junto al monstruo). La pena aguda (la que se encuentra en cuclillas). Las ansias y los deseos de los hombres, que se alejan volando por encima.

Segunda pared larga: El anhelo de felicidad encuentra reposo en la poesía (las figuras suspendidas se encuentran con una mujer que toca la cítara). Las artes (las cinco figuras de mujeres dispuestas una sobre otra, algunas de las cuales señalan al coro de ángeles que canta y toca) nos conducen al reino ideal, el único en el que podemos encontrar alegría pura, felicidad pura, amor puro. Coro de los ángeles del Paraíso. ‘Alegría, hermosa chispa de los dioses’. ‘Este beso para el mundo entero’.”
(Del catálogo de la XIV Exposición Beethoven, en la  Secession, 1902)

Alguns pormenores

 Força inimigas

Coro de anjos no paraíso


"O  Hino à Alegria " faz parte do 4º andamento da  9ª Sinfonia de Ludwig Van Beethoven (1823) .Foi inspirado num Poema de Schiller de 1785 em que se compartilha o Ideal Humanitário de irmandade e amor ao próximo, elevando assim o Homem à uma esfera superior.
Em 1985 foi adotado como hino oficial da União Europeia

Ouçamo-lo a 1000 vozes, na China

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Crise e corrupção…


Os vídeos que anexo “falam”, implícita ou explicitamente, de crise e /ou  de corrupção.

A verdade acerca da economia

Intervenção de Godfrey Bloom

Porque motivo a crise financeira não atingiu a indústria do armamento? (um texto maravilhoso de Mia Couto)

Um Dia Isto Tinha Que Acontecer,  Mia Couto

Duas intervenções de Cidinha Campos


Termino esta mensagem com  pintura,  Portinari (Retirantes) e música:  José Afonso  (Os Vampiros)  e Zélia Barbosa (Pau de arara) 



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Breves


 Breve e  “triste”

Já por várias vezes me referi aos enormes danos que a Ministra Lurdes Rodrigues, ainda hoje “endeusada” por alguns, causou à educação. Em minha modesta opinião foi a pior Ministra da educação que eu conheci desde 1967, ano em que comecei a leccionar.

E a propósito das políticas de MLR, leiam “Uma festa de arromba” um texto do Professor  Carlos Fiolhais

Festa é excesso. Eu já suspeitava que o dinheiro nos cofres públicos tinha acabado não só devido à crise internacional mas também devido à incapacidade governativa de gestão racional dos recursos existentes. Suspeitava que havia gastos excessivos. Foi por isso que acreditei na confirmação que veio da ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, quando afirmou na Comissão Parlamentar de Educação: “O programa da Parque Escolar foi uma festa para as escolas, para os alunos, para a arquitectura, para a engenharia, para o emprego e para a economia”.

A derrapagem bateu todos os recordes: em 2007, José Sócrates, acolitado pela ministra, anunciou que 332 escolas iam ser requalificadas, com um custo médio de 2,8 milhões de euros por escola. Passados três anos, no Relatório de Contas da empresa Parque Escolar, o custo médio por escola tinha aumentado para 15,5 milhões, isto é, mais de 440 por cento (acresce que muito menos escolas foram intervencionadas). A extraordinária derrapagem da Casa da Música no Porto e de outras obras públicas mais antigas não consegue competir com a sua rechonchuda “irmã” mais nova. Desmentindo o óbvio, sem dar suficiente atenção a números, a ex-ministra lá foi fazendo o elogio do fausto (“o que é barato, às vezes, sai caro") e criticando essa formalidade, para ela aparentemente inútil, de ter de haver concursos públicos e vistos do Tribunal de Contas antes de qualquer empreitada paga com o nosso dinheiro (“nem sempre a transparência é convergente com o interesse público”). Ela própria tinha achado o preço certo e tinha dado o visto. Sócrates estava dentro dos planos da festa, tendo-os abençoado, mas a nós, cidadãos contribuintes, pedia-se e pede-se apenas que aplaudamos o grande arraial e o lauto fogo de artifício.

Se eu tenho alguma coisa contra festas? Em princípio nada, até gosto de som e luz. E gosto, claro, de escolas bonitas e confortáveis. Acontece simplesmente que, neste caso, sinto que fui eu quem pagou a festa, que outros encomendaram, escolhendo a seu bel-prazer os pirotécnicos, o foguetório e os lugares da rebentação. Fomos todos nós, hoje espoliados dos subsídios de férias e de Natal e confusos quanto à possibilidade de reforma atempada, que pagámos.

No rescaldo da festa, Nuno Crato, o actual ministro da Educação e Ciência, tem uma herança de dívida. Como encontrou os cofres ministeriais arrombados, tem de ver com muito rigor as contas para rendibilizar o escasso orçamento. Se alguma experiência lhe pode valer é a de vir de uma missão de reparação de cofres arrombados à frente do Tagus Park, em Oeiras. Na altura, quem podia festejava. Convenhamos que, com ou sem experiência, não é fácil gerir um ministério que foi financeiramente implodido pela Parque Escolar e pelo Plano Tecnológico (outra festa!).

O ministro vai decerto poupar nos candeeiros de design e nos Magalhães. Mas há coisas em que decididamente não pode poupar. Não pode poupar no alento a transmitir às escolas, em especial na confiança nos professores e no encorajamento aos alunos. Não pode poupar na mensagem a todos os cidadãos de que é possível subir os níveis da nossa tão depauperada educação. Afinal, a educação é muito mais do que edifícios dispendiosos e computadores de último grito e, nas escolas, há coisas que não custam um cêntimo, mas sim vontade e esforço. Eu sei que os tempos não estão para muitos ânimos. Os nossos bolsos estão vazios como os cofres do Estado e não antevemos quando uns e outros vão começar a encher. Mas o pior de tudo seria se os tempos fossem de completo desânimo. Há razões para ter alguma esperança na recuperação do défice educativo. A recente reforma curricular oferece a professores e alunos a possibilidade de se concentrarem no essencial, que é ensinar e aprender, e serem avaliados e por isso. O recente anúncio de que as escolas terão liberdade não só de escolher os horários e algumas disciplinas, mas também de constituir as turmas da maneira que acharem mais adequada, cria fundadas expectativas de que muita coisa poderá ser alterada nas salas de aula com resultados que interessa apurar. Espera-se que o desmesurado monolitismo do Ministério dê lugar a autonomia e responsabilização das escolas. A mudança pode não ser fácil, mas o nosso sistema de ensino, centralizado e uniforme, tem, de facto, agravado as desigualdades, condenando os mais desfavorecidos à sua sorte. É hora de mudar.

O ministro não pode poupar na democracia. Num país democrático, as questões do ensino e da aprendizagem não podem ser propriedade exclusiva de um ministério, onde alguém decide fazer uma grande festa sem prestar contas a ninguém, são também e sobretudo dos professores e dos alunos e dependem do seu trabalho no dia-a-dia. E são das famílias. São afinal de todos nós.

 

Breve e  “animadora ”

Glaciares de cordilheira asiática estão a ganhar massa

 

Quando em 2010 estive na Noruega vistei o Briksdal  


  
Poderão ver mais imagens aqui


Mas segundo pessoas mais viajadas, o Perito Moreno na Argentina é muito superior




Poderão ver mais imagens aqui

terça-feira, 17 de abril de 2012

Imaginem...


Imaginem… o que nos pode esperar  para além do acordo ortográfico…
 A jornalista Pilar del Rio costuma explicar, com um ar de catedrática no
assunto, que dantes não havia mulheres presidentes e por isso é que não
existia a palavra presidenta... Daí que ela diga insistentemente que é
Presidenta da Fundação José Saramago e se refira a Assunção Esteves como
Presidenta da Assembleia da República.


A propósito deste texto  recebi um outro que reencaminho:

Uma belíssima aula de português.

Foi elaborada para acabar de uma vez por todas com toda e qualquer dúvida
se temos presidente ou presidenta.

A presidenta foi estudanta?


Existe a palavra: PRESIDENTA?

Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?

No português existem os particípios activos como derivativos verbais. Por
exemplo: o particípio activo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte,
o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é
mendicante... Qual é o particípio activo do verbo ser? O particípio activo
do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação
que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante,
ente ou inte.
Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta",
independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela
"ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não
"adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".

Um bom exemplo do erro grosseiro seria:

"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta
que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta.
Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta
dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não
tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".

Por favor, pelo amor à língua portuguesa, repasse essa informação...
Tudo isto vem a propósito de Pilar do Rio se assumir como  Presidenta da Fundação José Saramago.  É  mulher, logo é Presidenta

E agora imaginem que...  

todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados........


Termino com 

O jardim das delícias de Bosch, pintor do século XVI , para alguns um dos pintores mais imaginativos  de todos os tempos que  terá sido uma fonte de inspiração para os surrealistas 

e com a canção  Imagine 


E também há os que não têm casa...


Em mensagem anterior falei de casas subterrâneas. Comecei com um belíssimo poema de Eugénio de Andrade

Na sequência do mesmo, escrevi:

Há arquiteturas escavadas,
casas no solo enterradas
onde apetece morar...


A minha amiga Graciete comentou:

(...) E também há os que não têm casa.

Acrescento

E há quem viva em palácios
com tal  luxo e ostentação
que geram grande  revolta
e muita  indignação
pois  há quem não tenha casa
e nem sequer tenha pão
e existem bairros de lata,
favelas e bidonville,
seja cidade bidão…
E há muitos sem abrigo
que têm o céu por telhado
e para sobrado, o chão.
Alguns vão sobrevivendo
com muita imaginação
É assim neste planeta,
generoso até mais não,
onde grassam a ganância
e muita corrupção...


Os vídeos que seguem  mostram  o uso de plástico reciclado, na construção



 Termino com belíssimo poema  Operário Em Construção (Vinícius de Morais)  aqui na voz de  Mário Viegas 

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:

Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.

 E Jesus, respondendo, disse-lhe:

- Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.


Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.




domingo, 15 de abril de 2012

Ecletismo cultural - casas subterâneas


Há casas
cuja beleza começa no projecto;
outras, e são talvez as mais belas,
existem só na cabeça do arquitecto.
.

Há casas feitas à medida do homem,
outras há para andar de bicicleta;
há casas sobre cascatas
onde ao sortilégio da água
se junta a música de Bach.
.

Há casas tão ajustadas
como fato por medida
ou um verso de Cesário,
outras de tão confusas
não viram régua nem esquadro.
.

Há casas de papel, casas de madeira,
casas de palha e de barro;
casas que trepam pelo céu,
casas que cheiram a jasmim do Cabo;
há casas só para dormir
parecidas com um sudário.
.

Há casas onde
habitar é o começar da morte;
há casas de pátios caiados
com varandas para o mar;
casas onde apetece estar sentado
com um gato nos joelhos
e o coração apaziguado.
.

Há casas com recantos para amar,
há outras onde o amor
se faz em cinco minutos
e às vezes já é demais;
há casas como um dedal
e geometria de abelhas,
casas de perfil atento
ao rumor das nascentes e das estrelas.
.

Há casas como um cristal,
casas de luz circular,
casas onde não é possível
ouvir correr o silêncio; há casas
que de casas só têm o nome;
há casas que nem para cães.
.

Há casas tão inteligentes
que não consentem qualquer margem
para luxos e arrebiques,
casas onde a alegria se instala
sem tempo nenhum para a mágoa.
.

Há casas onde o pão é triste
e a roupa mal lavada;
há casas que são um rio, há casas
que são um barco;
outras têm pomares
onde os diospiros ardem;
há casas com terras de vinha e trigo
e muros a toda roda.
.

Há casas que são um poema
para dar a um amigo.
.
Eugénio de Andrade

Este poema que foca Relações de casas boas e más para juízo dos arquitectos Carlos Loureiro e Pádua Ramos, pode ser encontrado no catálogo da exposição   40 Anos de Arquitectura 1950/1990: Um Gabinete do Porto: J. Carlos Loureiro, L. Pádua Ramos, J. Manuel Loureiro. Porto, Cooperativa Árvore, 1992.

Na sequência do belíssimo poema de Eugénio de Andrade apetece-me acrescentar:

Há arquiteturas escavadas,
casas no solo enterradas
onde apetece morar...


São assim as  Vivendas de Matmâta um dos locais onde terão sido feitas filmagens para “Guerra das estrelas”.

A arquitetura subterrânea é uma  arquitetura solar  que aproveita os recursos naturais para a construção: A inércia térmica do solo permite obter um grande conforto térmico (o contributo da física sempre presente…). Este tipo de construção no passado era essencialmente auto-construção Para além da Tunísia, existem outros países com arquitectura subterrânea, como por exemplo Espanha, especialmente na Andaluzia e nas Canárias, França e China

Esta arquitectura inspirou uma arquitetura subterrânea contemporânea   de que a imagem anexa é um exemplo


E conforme a sugestão do poema terminemos com música de Bach

sábado, 14 de abril de 2012

Ecletismo Cultural


Durante seis anos frequentei aulas de yoga na Academia Vydia, que recomendo. 
Como necessitava de praticar natação, este ano, pelo mesmo custo inscrevi-me no Holmes Place, numa modalidade criada recentemente, que permite o acesso a várias das ofertas do Clube, nomeadamente Tai Chi, prática oriental  muitas vezes ao ar livre , muito interessante pois os exercícios mais parecem uma dança

A propósito da cultura oriental deixo um vídeo que me foi enviado, acompanhado do texto anexo.
 "Quando um velho monge eremita tem seu dia interrompido por um hóspede não convidado, ele é levado involuntariamente em uma jornada para descobrir o verdadeiro significado de companheirismo."


 Para o ocidente a cultura oriental, nomeadamente a chinesa, é muitas vezes traduzida por aforismos, nomeadamente “só a paciência de um chinês”
O quadro chinês anexo, pintado entre 1085 e 1145, considerado como um dos maiores tesouros da China, é revelador dessa paciência.
Mede 5,28 metros de comprimento e tem 24,8 cm de altura.


Se a arte chinesa antiga  nos é  de certo modo familiar, creio que  o mesmo não acontece com a arte chinesa contemporânea Deixo aqui algumas obras de Wu Guanzhong
Wu Guanzhong nasceu em 1919, em Yixing, na província de Jiangsu, na China. É um dos principais pintores que mais contribuiu para o desenvolvimento da pintura chinesa no século XX e que grangeou enorme prestígio dentro e fora do seu país. As suas pinturas caracterizam-se pela mistura das técnicas chinesas e ocidentais, estabelecendo uma síntese que resulta em obras de uma beleza notável. Em 1992 os seus quadros foram exibidos no Museu Britânico, a primeira vez que um artista chinês vivo recebeu essa honra.

Waterway (1991)


Spring in the City (2000)


 Termino com música: música  chinesa e  Un bel di vedremo de  Madame Butterfly na voz de Maria Callas, uma das árias de ópera de que mais gosto  e que a minha mãe cantava divinamente.  Não se tratando de música oriental, conta uma história baseada  na vida real da japonesa Cio-Cio-San (Butterfly)


Estar vivo...




Diz Pablo Neruda que  estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.

> Morre lentamente quem não viaja,
> Quem não lê,
> Quem não ouve música,
> Quem destrói o seu amor-próprio,
> Quem não se deixa ajudar.
>
> Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
> Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
> Quem não muda as marcas no supermercado,
> não arrisca vestir uma cor nova,
> não conversa com quem não conhece.
>
> Morre lentamente quem evita uma paixão,
> Quem prefere O "preto no branco"
> E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
> Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
> Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
>
> Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
> Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
> Quem não se permite,
> Uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
>
> Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da Chuva
> incessante,
> Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
> não perguntando sobre um assunto que desconhece
> E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
>
> Evitemos a morte em doses suaves,
> Recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o
> Simples acto de respirar.
> Estejamos vivos, então!»

>
> Pablo Neruda
       
Ouçamos o poema em castelhano,  língua do autor


E a propósito deste poema reflitamos sobre a “filosofia” de George Carlin aos 102 anos



Por fim, a obra Senecio de paul Klee, um dos pintores de que mais gosto

"Senecio" (Homem velho) – 1922 é uma das obras mais famosas do pintor suíço Paul Klee. Nela, o rosto humano surge esquematizado, dividido em retângulos pelo uso da cor. Por outro lado, vários quadrados estão contidos num círculo representando a face com máscara e mostrando a face multicolorida de um arlequim.
O retrato do artista Senecio pode ser considerado um símbolo da mudança da relação entre a arte, ilusão e o mundo do drama. "Levar uma linha a passear" era como Klee descrevia seu estilo único, inspirado por uma paixão pela música e um interesse pelos sonhos e as incongruências do subconsciente, combinando inocência com sofisticação.
A obra integra o acervo do Museu de Arte de Basiléia.



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Only nature can- continuação



As imagens que seguem não são telas expostas numa galeria. Referem-se a cristais  de ácido ascórbico (vulgo vitamina C). 







In fact all photomicrographs of Crystals are abstracts by nature, but the pictures in the next galleries do have a decorative quality that reminds one of abstract paintings.
Sometimes the touch of brush or pencil even seems visible.
But you're not looking at art in the usual way. Although some recognize the hand of certain artists, it's all no bigger than a millimeter. A whole museum on your fingernail.
No miniaturist in history ever accomplished that!
Only nature can.


 
Não são imagens tratadas digitalmente; as cores  e as formas são exactamente as vistas através de um microscópio de polarização.

O que são microscópios de polarização?  São microscópios que utilizam a luz polarizada para estudar os objectos observados

Em que consiste a polarização a luz ? 
Os vídeos anexos 1  e  2 bem como  os textos anexos 1 e 2 poderão ajudar a perceber

Para saber mais poderão ler aqui 

E por falar em coisas belas deixo o   Poema das coisas belas de António Gedeão e o Samba da bênção de Vinicius de Morais

As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivos serão belas?
E belas, para quê?
Põe-se o Sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?

in Poesia Completa Antonio Gedeão, Edições João Sá da Costa, Lisboa