Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


terça-feira, 30 de setembro de 2014

Falando de educação e responsabilidade.....


Já há algum tempo que comecei a escrever esta mensagem mas  a reportagem sobre a viagem à China 
acabou por ser mais longa do que eu previa.
No passado dia 19 Maria Helena Damião colocou no de Rerum Natura uma mensagem muito interessante 
"Não estão nisto por gostarem dos miúdos ou por estarem interessados na educação",que transcrevo 
a seguir.


Nós, portugueses, que tão impelidos somos a seguir modelos pedagógicos inovadores, a citar autores que não lemos, a dissertar sobre teorias exóticas, em vez de seguirmos critérios filosóficos racionais e conhecimentos científicos confiáveis, deveríamos pensar duas vezes antes de adoptarmos e insistirmos em medidas educativas que não oferecem garantia, por referência ao que é certo e justo. Estas características mas não exclusivamente nossas, bem sei, mas são muito nossas.


Uma das recentes modas que seguimos, muito acriticamente, é a de confiar a educação pública a empresas privadas e só encontrar nisso vantagens, desde as mais elevadas, como o direito de escolha da escola dos filhos e a melhoria da aprendizagem, até às mais pragmáticas, como as de uma gestão financeira mais benéfica e transparente (os exemplos não terão sido os melhores porque, bem vistas as coisas, ambos caem por terra).

Estados Unidos da América e Suécia adoptaram, em grande escala, o discurso e a estratégia da empresarialização da educação formal. Mas, ambos os países têm analisados resultados académicos e feito contas. Não, não resulta! E estão a voltar à ideia de que ao Estado cabe proporcionar uma escola para todos.

Mas não são apenas os resultados e as contas que, nesta questão, têm sido destacadas pelos analistas. Assinalam um outro factor que faz toda a diferença: as empresas “não estão nisto por gostarem dos miúdos ou por estarem interessados na educação. Estão nisto porque querem fazer dinheiro rapidamente”.

Quem está na educação por outra razão que não seja a educação, não pode ser consentido na educação.

Sobre esta questão poderá ler-se o recente artigo Suecos decepcionados com o sistema de educação, da autoria de Helen Warrell (Financial Times) e traduzido para português por Ana Pina.

Dois dias antes (17/9) a mesma autora havia colocado uma outra mensagem,  Escolas-2

Na sequência da publicação do meu texto Escolas-1, dedicado ao livro O Berço da desigualdade, da autoria de Sebastião Salgado (fotografias) e Cristovam Buarque (textos), o leitor Manuel Silva deixou uma pergunta: "tem esse livro fotografias de África, países pobres, zonas rurais...?"




Sim, tem. E belíssimas. Duas das minhas preferidas são as que abaixo reproduzo: uma tirada no Quénia e outra no Brasil.

Quénia: Escola para jovens refugiados do sul do Sudão, Sebastião Salgado,1993
Brasil: Escola itinerante do Movimento dos Sem Terra, 1996, Sebastião Salgado






























A recordação do leitor traduz o que nelas é essencial:

"Vi em tempos algumas fotos de uma escola numa zona dessas, com os alunos sentados no chão, o professor de pé, um pedaço de ardósia velha e partida pendurada por um fio na «parede». Nada mais. Mas olhares vivos, cheios de curiosidade, interessados, alegres, havia-os em todos os alunos, que seriam uns 15 ou 20."
E acrescenta:
"A escola, para além de nos por a todos num patamar mais elevado de conhecimento, tem ajudado a igualar muita gente muito desigual à partida."
É essa, aliás, a função da escola. Tendo interesse por esta ideia, poderá ler um extracto do livro Escola, igualdade e diferença, da autoria de Joaquim Valentim (aqui) ou ler o livro integralmente. 



A leitura das mensagens acima referidas serviu de mote para esta minha mensagem.



Há quatro anos o meu marido foi numa missão humanitária à Guiné Bissau onde, como alferes miliciano, cumpriu cerca de 2 anos de serviço militar. Levaram várias coisas, nomeadamente livros que foram entregar a diversas escolas. Algumas ao ar livre, sem carteiras (as crianças sentavam-se no chão ou em banquinhos improvisados).












Outras, já algo apetrechadas... 




Em todas elas o que mais os impressionou  foram a ânsia de aprender revelada pelas crianças e o respeito pelo professor.

Desde há muito que em Portugal os sucessivos ministérios da educação se esqueceram que a principal função seria precisamente educar, com tudo o que isso comporta, instruir, desenvolver competências e atitudes, nomeadamente sentido de responsabilidade. Ora vejamos:

  • Há uns anos (creio que há mais de cinco) uma medida para conseguir o "sucesso" dos alunos dos cursos profissionais era fazer testes até que o aluno tivesse um  resultado satisfatório (creio que a medida se mantém mas não estou certa). E esta medida tinha que ser posta em prática mesmo que o aluno faltasse sistematicamente, não  mostrasse o mínimo interesse nas aulas, perturbasse... 

Em vez de se responsabilizarem alunos e famílias, penaliza-se  o professor que terá que fazer um teste, outro e mais outro e ainda mais outro, até que o aluno tenha um mínimo de sucesso (obviamente aparente)
  • Duas das práticas agora adotadas para diminuir o insucesso são a supervisão de uns professores por outros e a criação de coadjuvações. Neste último caso, dois professores (titular e coadjuvante) estão ao mesmo tempo  na mesma sala de aula. Quando tentei saber a razão de tais práticas foi-me dito que são medidas para substituir as aulas de apoio.Ingenuamente perguntei qual a razão da substituição e fiquei atónita quando ouvi:  como as aulas de apoio não eram obrigatórias, muitos  alunos não apareciam.
Novamente, em vez de se responsabilizarem alunos e famílias pelo desinteresse manifestado, arranja-se uma qualquer outra solução.

Mas voltemos à coadjuvação
Em algumas escolas, não sei se em todas, na disciplina  de Física e Química (e provavelmente nas outras) na maior parte das vezes essa presença terá que ocorrer em aulas de apresentação da matéria. Que sentido pode fazer estarem dois professores numa mesma sala a apresentarem a mesma matéria? A coadjuvação, a meu ver, só fará sentido e poderá  ser extremamente útil nas aulas  de aplicação dos conhecimentos, através de exercícios,  problemas etc,  e nas de actividade experimental. 
A sensação com que se fica é que tudo é feito em cima dos joelhos e  ninguém é responsabilizado...
Não me admiro se já estiver na forja um qualquer outro improviso para "diminuir" o insucesso. 
Há pouco chegaram  às escolas novas diretivas sobre as  provas intermédias.  No documento pode ler-se:
(...)Em relação aos testes aplicados no 3.º ciclo do ensino básico e no ensino secundário, 
considerando as evidências que os relatórios de anos anteriores têm revelado, 
nomeadamente o facto de ser residual, ou mesmo impercetível, o seu impacto na melhoria do desempenho dos alunos, entende-se, passados quase 10 anos desde o início do projeto, já não se justificar a sua continuidade nos moldes vigentes(...).

A falta de responsabilização de quem (des)governa o ME vem de há muito. 

Provavelmente já pouca gente se lembra do experimentalismo de Roberto Carneiro com as PGA, nomeadamente a primeira, “introduzida” a meio do ano letivo e que levou a situações gritantes. Alunos (de escolas de referência), com médias de 18 e 19 valores ficaram de fora, enquanto outros com notas muito inferiores entraram no Ensino Superior.
E a criação dos famigerados professores titulares, improviso de  Maria de Lurdes Rodrigues?
E o que aconteceu e ainda está a acontecer com a colocação dos professores em 2014/2015?

O problema é que, por estes e muitos outros erros educacionais, nenhum ministro foi alguma vez responsabilizado...
O exemplo devia vir de cima, mas infelizmente não vem.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Por terras do Oriente -11

O último dia da viagem foi destinado ao Dubai, um dos sete emiratos que compõem os Emiratos  Árabes Unidos (EAU). Os outros são Abu Dhabi, Sharjah, Ajman,Umm al-Qaiwain, Ra’s al-Khaimah, Fujeirah
Em árabe” emirato” e "emir" significam respetivamente principado e  príncipe. 

Este pequeno território (EUA) está situado na Península Arábica, faz fronteira com a Arábia Saudita e Oman e é banhado  pelo Golfos Pérsico e de Oman.



O país, cuja capital é Abu Dhabi. é uma federação que foi constituída em 02 de dezembro de 1971 sob o comando do falecido líder político Sheikh Zayed Al Nahyan.
A presidência do país pertence sempre ao soberano do Abu Dhabi e a vice-presidência ao soberano do Dubai.
A língua oficial é o árabe  mas no dia-a-dia e nos negócios o inglês é que predomina.

Antes de falar da visita sugiro que vejam este vídeo em inglês ou este outro em "português do Brasil"

Passemos então à visita.
No aeroporto aguardava-nos um autocarro que nos levou para o centro da cidade onde almoçámos (desta feita comida árabe de que também gosto e que estava muito bem confecionada).O guia era egípcio e falava espanhol. 
Depois de almoço fizemos uma visita à cidade, a maior parte da visita em autocarro, parando apenas para tirar fotos. A única exceção foi a visita ao centro comercial Dubai Mall inaugurado em  novembro de 2008 e que dizem ser  o maior e o mais visitado do mundo. Com  111 hectares  conta com mais de 1.200 lojas e 14.000 lugares de estacionamento. Esse centro comercial é referido nos vídeos. O que achei muito interessante foi o aquário enorme que os vídeos também mostram

                                       

Para além do Dubai Moll, apercebemo-nos  de outras  "obras", as mais....do mundo...



O hotel mais caro do mundo (em forma de vela)

A torre Burj Khalifa, atualmente a mais alta do mundo , no terreno e em maquete



                                        


De autocarro andámos pela ilha artificial Palmeira mas, de modo algum, nos apercebemos da forma da ilha. Para isso teríamos que sobrevoar o Dubai
O vídeo anexo  mostra o projeto da ilha bem como o da torre Burj Khalifa
Quando saímos do Dubai, do avião pudemos ver a " palmeira"

                                            

Mas há um outro Dubai que podemos ver aqui  e  aqui

A propósito deste segundo vídeo, retomo a reportagem...

Ao fim da tarde fomos conduzidos ao Hotel Holiday Inn Downtown, supostamente de 4 estrelas.
Todos os hotéis em que estivéramos anteriormente, em Hong Kong, Macau e nas várias cidades da China onde pernoitámos, eram de 4 ou cinco estrelas mas foram sempre excelentes, mesmo os de 4 estrelas. Sendo o Dubai uma cidade de construções modernas e espetaculares imaginei um hotel com essa caraterísticas. Com bom aspeto exterior, depressa nos apercebemos que o interior era muito diferente...
A par da recepção pouco acolhedora, os quartos estavam sujos (lixo nos móveis, debaixo da cama, etc) e degradados (armários danificados, portas sem puxadores, etc). Como se tratava apenas de uma noite não protestámos.

Quando fomos jantar ficámos perplexos pois, mesmo ao lado do restaurante, no último piso,  uma sala servia de "salão de cabeleireiro". A  porta estava aberta e as clientes tinham
um aspecto "estranho". O restaurante não tinha a mínima qualidade nem nas instalações, nem nas refeições. Após o  jantar fomos para os quartos e um funcionário dirigiu-se a vários quartos, abriu as portas (exceto as que tinham sido trancadas por dentro) e perguntou se tudo estava “O.K”.

No dia seguinte de madrugada, quando aguardávamos o transporte para o aeroporto, várias “meninas” de aspecto duvidoso passeavam pela recepção e olhavam provocantemente para o grupo, enviavam beijinhos, etc .
Foi nessa altura que um dos companheiros de viagem referiu que, antes de partir, consultando a NET para obter informações dos hotéis, sobre o hotel em causa tinha lido comentários preocupantes. Avisou por e-mail a Abreu que nada fez.


(anexo alguns comentários relativos ao Hotel no Dubai, retirados da NET tal como ali se apresentam traduzidos e escritos)

Fui pela primeira vez a dubai, para meu azar, em lua de mel e tinha muita expectativa que o hotel seria maravilhoso por estar numa cidade moderna como dubai..porem, tive uma grande desilusao, o hotel de bom so tem a localizacao proximo a estacao dd metro e o pequeno almoco, do resto e horrivel, quartos equipados com mobilias do seculo passado e wc em pessimas condicoes, ambiente nao propicio a casais pois notou se um ambiente de sem vergonhice publica na recepcao e passando pelos corredores notava se um ambiente muito desagradavel (...)

(...)Fiquei totalmente decepcionado do hotel ,O meu marido tinha reservado apenas para uma noite no nosso caminho de volta da Ilha Maurícia .foi a pior idéia para acabar as nossas férias(....) Ok, a preço muito baixo(...) o quarto era pequeno e com um cheiro de cigarro, sem varanda, sem chinelos para o tapete sujo, banheiro muito antiga, ok estávamos cansados e foi apenas uma noite(...)

(...)O quarto em si tinha tapetes manchados. O chão estava sujo e a cama não parecia muito limpo. Eu não dormir nesta cama (....)A casa de banho também teve inúmeras manchas (...)

É sabido que em todas as partes do mundo, muitos hotéis,independentemente do número de estrelas, têm esta componente mas é discreta e por isso nunca antes me chamara a atenção, nos vários países que já visitei.

Num país onde as mulheres não estrangeiras usam véu e andam com o corpo tapado com vestes negras, apesar das temperaturas que ali se atingem, tudo isto é estranho e revela uma hipocrisia incrível.

Gostei desta passagem pelo Dubai até para confirmar aquilo que já imaginava. Não é o tipo de destino turístico que eu procure. Suponho que nos demais emiratos não será muito diferente. 
Quando viajo interessam-me muito a cultura, as tradições, a história. Não penso voltar ao Dubai mas não me importaria de voltar à China  se "para tanto mundo não fosse tão curta a vida"...
No dia 30 de Agosto "desembarcámos" em Lisboa, donde seguimos de comboio para o Porto.
Fim de reportagem....



As fotos  desta mensagem  são da autoria de Fernando Gouveia, arquiteto

domingo, 28 de setembro de 2014

Por terras do Oriente-10


Na madrugada do  dia 29 de Agosto saímos do Hotel em direção ao Aeroporto donde partimos  para o Dubai, última etapa da viagem.
Antes de falar dessa etapa, gostaria  de "partilhar"  algumas curiosidades sobre a China, bem como uma espécie de síntese (para todas as idades...)  
De forma muito  ligeira e superficial deixo algumas "curiosidades" sobre vários temas  

Filosofia e religião

As religiões mais praticadas são  o budismo com origem na Índia e o taoísmo religioso (esta com menor expressão). Há outros tipos de religiões na China, mas muito minoritárias como o Islamismo e o Cristianismo  (Catolicismo e Protestantismo)
A par do taoísmo religioso existe o  taoísmo filosófico "criado" por  Lao Tsé 
Confúcio, eventual discípulo de Lao Tsé, viria a difundir o Confucionismo,  corrente essencialmente filosófica.
Aqui podem ver um brevíssimo  excerto do filme   "A Batalha Pelo  Império" (título em português do filme Confucius)

Símbolos e gestos

Sobre símbolos já me referi em mensagem anterior aos sinogramas que facilitam a comunicação entre os próprios chineses pois, para uma mesma palavra/ideia,  a fonética pode ser muito diferente de região para região. Nesses casos comunicam pela linguagem escrita.

Os chineses usam também   gestos para comunicar, nomeadamente os números.Com a mão conseguem representar os número de 1 a 99 .


O número nove é considerado o nº da sorte na China por ser o maior algarismo possível. Cien tem 9 colinas em volta dum lago com 36 pontes (3+6 = 9) e a 
cidade proibida teria tido 999 construções.
Surge também associado  ao dragão. A "Parede dos Nove Dragões" é uma parede com imagens de nove dragões diferentes,  encontrada em palácios e em jardins imperiais.  Os imperadores tinham nove dragões em suas vestes. Há vários  lugares na China chamados  "nove dragões", sendo o mais famoso Kowloon (em cantonês) que deu o nome a Hong kong onde, curiosamente,  o nº 4 é um número indesejável.No Hotel onde ficámos não havia quartos com os números 4,14,24, etc

O símbolo anexo traduz os conceitos de ying e yang  associados à filosofia chinesa 



Zodíaco chinês

O dragão é um dos 12 animais no  calendário chinês.
Na astrologia chinesa, os doze animais que formam os signos do zodíaco representam um reflexo do próprio Universo.
Os animais do signo chinês são:  Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão,Serpente, Cavalo, Carneiro, Macaco, Galo, Cão e Porco.

Os signos ocidentais são divididos por meses, enquanto que os signos chineses são definidos por ano. Cada ano representa um animal específico do horoscópo chinês.

Flores de Lótus
Em todos os lagos dos parques e palácios que visitámos a flor de Lótus marca presença. É uma flor sagrada associada à figura de Buda e aos seus ensinamentos.  Significa"  pureza do corpo e da mente.
Um poema do começo da dinastia Song, exalta as beldades dos pés enfaixados, mas reconhece a sua dor.

"Ungida com fragrância, ela tem passos de lótus;
Ainda sempre triste, caminha com rápida leveza.
Ela dança como o vento, sem deixar vestígios
Outra furtiva, mas alegre, veste-se ao estilo do palácio,
Mas sente tal sofrimento no andar!"
 (Poema de Su Shi, que viveu de 1036 a 1101)

No passado os chineses consideravam feio  o tamanho dos  pés das mulheres. A beleza e virtude da mulher chinesa estavam vinculadas ao tamanho dos seus pés, que tinham que se assemelhar ao tamanho de uma pequena “flor de lotus”.

A "beleza" dos pés enfaixados que tanta dor causou às mulheres chinesas como Pearl Buck  denunciou em alguns dos seus livros

A planta de Lótus é cultivada como planta ornamental em tanques e  lagos. Para além disso toda a planta é comestível, da  raiz às sementes

Na imagem pode ver-se a flor e também o fruto com as sementes


O fruto estava à venda nos mercados de rua. 

                                                  As duas imagens foram retiradas daqui 

Transportes e Poluição


Estatísticas sobre transporte na China, com dados relativos a 2007

Estradas
O segundo maior sistema do mundo, com 3, 58 milhões de quilómetros, dos quais 53,9 mil são de alta velocidade. 
Vias férreas
Comprimento total  de 78 mil quilómetros sendo 24,4  eletrificados.
Metro: 
Seis cidades (Beijing, Shanghai, Guangzhou, Hong Kong, Taipei e Nanjing) têm metro e estão a ser construídos mais oito  em outras cidades.
O número de passageiros do metro de Pequim excedeu 613 milhões.
Portos: 
Treze portos, cada um com capacidade anual de mais de 100 milhões de toneladas. 
Linhas aéreas
A China tem 1.506 rotas, 1.216 domésticas e 290 internacionais, que ligam 91 cidades. Há 152 aeroportos com capacidade de 185,8 milhões de passageiros e 4,02 milhões de toneladas de cargas.



O transporte fluvial  tem também uma grande importância na China que possui uma rota de de mais de 130 mil quilómetros  um terço dos quais é conseguido no Rio das pérolas, no Huaihe e no Yangtzé que é navegável em 3000 dos seus 5500 km

A par dos meios de transporte coletivos há o transporte individual.
Tal como aconteceu na ex-União Soviética a China "importou" muitos dos aspetos negativos do Ocidente nomeadamente o culto do automóvel. Vêem-se na China inúmeros  automóveis, muitos deles "topo de gama", circulando com apenas um passageiro. As consequência são tremendas quer ao nível do trânsito quer ao nível ambiental.
Vêem-se ainda muitas  bicicletas, a maior parte elétricas, logo menos poluentes.Como são muito silenciosas têm o inconveniente de causar mais acidentes. 

Uma grande fonte de poluição na China é o uso de combustíveis fósseis, especialmente carvão para produção de energia elétrica. Desde 1980, a produção de energia da China tem crescido dramaticamente, já que o consumo doméstico também aumentou drasticamente com o rápido crescimento económico chinês. Cerca de 80% da eletricidade gerada no país vem de recursos fósseis, nas centrais termoelétricas, e 17% vem de hidroeléricas . No Yangtzé foi construída a maior central hidroeléctrica do mundo, a Barragem das Três Gargantas  

Apenas  2% da produção de eletricidade na China vêm de centrais nucleares 



Educação e saúde

O sistema de ensino chinês é muito competitivo e existem numerosos testes ao longo das diversas etapas do sistema. Apesar disso, os níveis de fracasso escolar são muito baixos e a taxa de alfabetização ultrapassa os 94%, segundo dados do Banco Mundial(...)
Pretende-se o acesso generalizado ao ensino superior. Neste sentido, nos últimos anos implementaram-se planos específicos, orientados para pessoas com dificuldades económicas. Estes planos incluem bolsas, isenções ou reduções de matrículas, trabalhos em part-time ou empréstimos estatais.

Dirk Pilat, Chefe da Divisão de Política Científica e Tecnológica da OCDE, citado em comunicado da organização, refere ser espectacular a «rápida progressão da China em termos de volume de despesa em I&D e emprego de investigadores» e acrescenta ainda que, «para não se deixarem distanciar, os países da OCDE devem reforçar a eficiência dos seus sistemas de investigação e de inovação e encontrar novos meios para estimular a inovação num contexto mundial, marcado pela intensificação da concorrência».

Há na China Hospitais altamente especializados e dotados de alta tecnologia mas  o sistema básico de saúde ainda não atinge 100% da população .
O Governo chinês pretende que o sistema básico de saúde chegue a toda a população, que resida em zonas urbanas ou rurais, no ano 2020. De acordo com o livro branco "Serviços médicos e de saúde na China" em finais de 2011, 95% dos cidadãos (cerca de 1.300 milhões) já estavam registados em algum dos três programas básicos de seguros médicos promovidos pelo Estado.
Nível de vida

Os níveis salariais na China têm aumentado constantemente nas últimas duas décadas. No entanto, as disparidades entre regiões geográficas, setores industriais e entre os altos executivos e os trabalhadores também aumentaram de maneira significativa. Por outro lado, os aumentos salariais para os trabalhadores pior pagos foram corroídos, com frequência, pelo aumento do custo de vida.

Etnias

Há na China, para além da maioria  Han (91% da população), 55 minorias étnicas  espalhadas por toda a China. A província Yunnan, no sul, é a província onde moram mais tipos de etnias,  Han e mais de 20 minorias étnicas. 

Existem cerca de 80 tipos de línguas faladas na China. À exceção das  minorias étnicas Hui e Man, que usam a língua chinesa, as outras 53 minorias  têm as suas próprias línguas.
Daí que os chineses muitas vezes só consigam comunicar através de sinogramas. 



Planeamento familiar na China 

A chamada  "política do filho único", foi adotada há cerca de três décadas para travar o crescimento demográfico no país mais populoso do mundo.Essa política previa exceções, nomeadamente  para as minorias étnicas e para os casais rurais que tivessem  primeiro uma filha. Assim o índice de fecundação no país (1,5 filhos por mulher) tornou-se muito inferior ao nível que garantiria  a renovação geracional.  Para além disso, nas comunidades rurais muitas vezes as mulheres,ao saberem que iam ter uma filha, provocavam abortos. Os  filhos eram mais "úteis" para ajudar nos trabalhos do campo.

Consequentemente a população chinesa é uma população envelhecida e há uma grande carência de mulheres.

Hoje a  lei recomenda que as autoridades provinciais, tendo em conta a avaliação da situação demográfica local,  tomem  decisões específicas no sentido de alterar  as suas regras de controle de nascimentos.

Comida chinesa

A culinária é uma parte importante da cultura chinesa e os chineses apreciam a boa comida. Acreditam que uma refeição deliciosa gera felicidade, harmonia e bem-estar físico e mental. Durante as "eras douradas" da China, nas épocas de prosperidade, os chineses desenvolveram  a cultura por meio da arte, da ciência e da culinária.
Também a fome e a miséria desempenharam papel importante no desenvolvimento da cozinha, pois os chineses tiveram de usar tudo o que fosse comestível para se alimentar.
o que é traduzido no dito popular referente à comida cantonesa "os cantoneses comem tudo o que está no ar, menos avião; tudo o que está na terra, menos carro  e tudo que está na água, menos barco". 
 A escassez de alimentos ensinou o povo chinês a não desperdiçar, de modo que as cascas de numerosas frutas e vegetais e as barbatanas de tubarão, são consideradas iguarias na China.

Pessoalmente deliciei-me com a comida chinesa pois durante toda a viagem fui experimentando várias das muitas iguarias disponíveis, genericamente com um aspeto muito apetecível.

Compras


Regatear na  China é  algo cultural. Com exceção de centros comerciais e grandes supermercados a arte do regateio é importante  quando se vai fazer qualquer compra
Os  comerciantes pedem  valores muito inflacionados pelos produtos, especialmente quando os clientes são estrangeiros e não estão familiarizados com  essa "arte" .

Na muralha da China tinha comprado dois livros com fotos sobre a mesma, um deles para mim.Cada um tinha custado 25 yuan (1 yuan corresponde a cerca de 8 euros). 

Fiz pouquíssimas compras na China (o que para mim é normal ). No último dia em Pequim, como ainda tinha algum dinheiro chinês, decidi gastá-lo pois não me serviria para nada. Perto do Hotel havia um" centro comercial" se é que assim lhe podemos chamar, com lojas de toda a espécie onde tudo tinha que ser negociado.
Decidi comprar mais dois dos referidos livros pois seriam uma lembrança  interessante para dar a amigos.
Começaram por pedir 185 yuan por cada um. Ao fim de muito regatear ( eu não tenho jeito mas o nosso amigo Pimentel é "mestre" nessa"arte") comprei os dois por 50 yuan (25 por cada, o valor que dera pelos que já comprara). Ou seja, comprei por um valor mais de sete vezes inferior ao indicado inicialmente...
Divirtam-se com o filme que segue 

O Circo na China

Pode-se dizer que as artes circenses surgiram na China, onde foram descobertas pinturas de quase 5.000 anos em que aparecem acrobatas, contorcionistas e equilibristas. A acrobacia era uma forma de treinamento para os guerreiros de quem se exigia agilidade, flexibilidade e força. Com o tempo, a essas qualidades se somou a graça, a beleza e a harmonia que podemos ver aqui 



Termino com um  balanço final desta visita à China: Valeu a pena .  Gostei muito e aprendi alguma coisa.

Na próxima mensagem, a última desta série, falarei do Dubai

sábado, 27 de setembro de 2014

Por terras do Oriente-9


Em torno dos fossos da cidade proibida estão os  bairros da" velha" cidade, que  no ultimo dia em Pequim fomos visitar. Ali pudemos passear pelos "Hutongs",  ruelas tradicionais, espalhadas por alguns bairros mais antigos de Pequim. De origem mongol a palavra "Hutong" designa precisamente um conjunto de becos e ruas.
O percurso foi feito de riquexó. 








Os  "Hutongs" de Pequim, são ladeados por casas de paredes e telhados de cor cinzenta (só os telhados dos palácios dos imperadores podiam ter telhados amarelados, os outros tinham que ser cinzentos), com portas de madeira, na sua maioria pintadas de vermelho (quanto maior o tamanho da porta, maior a importância das pessoas que vivem na casa). As casas, de planta quadrangular, situam--se dentro dum pátio onde outras construções vão sendo feitas, formando um complexo em redor do referido pátio.
Os pátios variam de tamanho e design de acordo com o estatuto social dos moradores.
A maior parte dos Hutongs foram construídos no século XIII. Alguns persistem, remodelados, e são atração turística. Inclusivamente é  habitual visitar-se o interior de uma casa e conversar com alguém da mesma (através de intérprete, o guia).
A casa que visitámos era a "casa mãe"(ao fundo) onde vive um casal de idosos reformados. Em torno do pátio, podem ver-se mais duas casas, uma de cada filho.


Esta situação é frequente. Os idosos levam os seus netos à escola, cuidam das plantas, passeiam os seus pássaros em gaiolas e  vão mantendo outros passatempos, como ouvir ópera chinesa, ir aos parques onde cantam, dançam, jogam, etc
Respira-se serenidade no bairro embora já se vejam muitas grades nas janelas e nos  aparelhos de ar condicionado.
A dona da casa que visitámos era uma senhora, aparentemente muito serena e com um sorriso muito doce



Sobre os" Hutongs" podem encontrar mais pormenores aqui  onde também encontram referência a duas construções que fomos visitar: a Torre do Tambor e a Torre do Sino

Estas duas torres serviam antigamente para "dar  horas". Há um ditado chinês que diz: sinos de manhã e tambores à noite, ou seja, de manhã replicavam os sinos e à noite batiam-se os tambores. 
Também as visitámos mas só as vimos por fora, pois o espaço envolvente estava todo em obras.

 Torre do sino

Torre do Tambor

Ainda antes da visita às referidas torres fomos visitar a Mansão do Príncipe Gong. É com essa visita que termino a "reportagem" sobre  Pequim


Maquete da Mansão do Príncipe Gong 







Já tive oportunidade de referir que a nossa viagem foi acompanhada por António Graça de Abreu
É de sua autoria um texto sobre a Mansão do Príncipe Gong, cuja leitura aconselho. O texto foi-nos lido pelo autor durante um dos percursos de autocarro.

Como era o último dia em Pequim  fomos,  de acordo com o programa (que incluiu sempre as refeições), jantar "Pato à Pequim",
No dia seguinte de madrugada partiríamos para o Dubai, última escala da visita


As fotos  e o filme desta mensagem  são da autoria de Fernando Gouveia, arquiteto