domingo, 24 de março de 2019
Júlio Resende. A palavra e a mão.
Em conversa com uma das
“colegas” que frequenta comigo o Holmes, descobrimos que o filho foi meu aluno
e tem de mim uma grata recordação. É sempre
muito gratificante para um professor ouvir isto. Este simples facto aproximou-nos um pouco pelo que, aliado a
que moramos muito perto uma da
outra, tem levado a um relacionamento mais forte do que aquele superficial, que
mantenho com a maior parte dos demais “colegas” . Descobrimos
alguns interesses em comum, nomeadamente
o gosto por cantar e a dificuldade de entender a língua inglesa. Na passada sexta feira fomos aos
Fenianos, de que o meu marido é sócio,
inscrever-nos no grupo coral. Na próxima sexta feira começamos com os ensaios
(nesse dia não estou cá mas vai a minha colega). Também fomos a uma escola de
línguas que há aqui perto de casa e vamos começar com aulas de conversação numa
classe destinada só a nós duas.
Terminadas estas diligências comentei que ao fim da
tarde iria ao Museu Soares dos Reis , à inauguração da exposição Júlio Resende. A palavra e a mão. Foi também
Dos Fenianos dirigimo-nos
para os Leões e daí fomos à Galeria
Municipal, no Palácio, onde estão duas exposições “ Uma Visão Retrospectiva da
Arte no Porto-Anuário 18”
e Astray, de Caroline
Mesquita.
Relativamente a cada um delas deixo “palavras” dos curadores.
Nenhuma das exposições me
“disse muito” mas gostei de ver.
Após esta visita dirigimo-nos para o Museu
Soares dos Reis, onde teve lugar a inauguração da exposição do Mestre Resende
Júlio
Resende nasceu em 23 de outubro de 1917 no Porto, onde frequentou a Academia
Silva Porto e a Escola de Belas-Artes, sendo discípulo de Dórdio Gomes, e
terminando o curso em 1945, com a pintura “Os Fantoches”, como recorda a
biografia disponibilizada pelo Lugar do Desenho.
“Por
dificuldades financeiras decorrentes da má situação económica da loja paterna,
viu-se obrigado a suportar sozinho as despesas do curso, através da venda de
trabalhos gráficos, como desenhos publicitários, banda desenhada e ilustrações.
Desta faceta menos conhecida da sua obra, que se prolongou temporalmente dos
anos 1930 aos anos 1970, podem destacar-se as histórias de Matulinho e
Matulão, publicadas n’O Primeiro de Janeiro, entre 1942 e 1952, e as
colaborações nas Revistas Infantis O Papagaio e Tic-Tac”, recorda a biografia
publicada pela Universidade do Porto, em memória de antigos alunos ilustres.
Professor
do ensino secundário, esteve na criação do Grupo dos Independentes, com Júlio
Pomar, Nadir Afonso e Fernando Lanhas, entre outros, e veio a diplomar-se
também em Ciências Pedagógicas pela Universidade de Coimbra, em 1956.
Autor de
múltiplas obras no espaço público, desde o fresco da escola Gomes Teixeira, no
Porto, a painéis de azulejo para a estação de comboios de Vilar Formoso,
passando por vários trabalhos nos palácios da Justiça de Lisboa e Porto, tem
entre as suas criações mais conhecidas o painel “Ribeira Negra”.
Júlio Resende morreu em 21 de setembro
de 2011, aos 93 anos, em Valbom, Gondomar.
A
exposição, que tem como fio condutor a
relação do pintor com escritores como Vergílio Ferreira, Eugénio de Andrade,
Mário Cláudio, Vasco Graça Moura, Fernando Namora ou Viale Moutinho, inclui várias obras bem como "ilustrações literárias, banda desenhada, desenho humorístico, figurinos e cenários para textos dramáticos
Ao longo dos anos tenho visto inúmeras
exposições do Mestre até porque um dos sobrinhos é colega e grande amigo do meu
marido . Apesar disso fico sempre espantada com a vastidão e a qualidade da
obra que produziu . Na sexta feira comentava
isso com o referido sobrinho que, para além de arquitecto é músico, filho
do maestro Resende Dias (irmão do Mestre).
Sabia já que a mãe de ambos, Emília Resende da
Silva Dias foi professora de Música no Conservatório do Porto e que todos os irmãos foram habituados a viver num ambiente artístico, dotado de
forte cultura musical. Talvez Júlio Resende tivesse seguido a carreira musical, como o irmão se,
por acidente, não tivesse lesionado duas
falanges da mão direita
Tomei conhecimento deste pormenor à conversa com o sobrinho, na
sexta feira.
Talvez se tenha perdido um grande músico mas ganhou-se um
artista plástico excepcional.
Exposição a não perder….
Termino com ilustrações do Mestre em dois livros para crianças: Noite de Natal de Sophia e Aquela
nuvem e outras de Eugénio de Andrade.
quinta-feira, 21 de março de 2019
De regresso ao blogue...
Já há mês e meio que não escrevo
no blogue. Após mais de um ano com problemas de saúde, fui retomando,
lentamente, algumas atividades, na escrita, na pintura e na produção de
adereços.
Um dos poemas que escrevi foi publicado no blog “Contos das Esrelas” (https://contosdasestrelas.blogs.sapo.pt/poema-va-pensiero-por-regina-50169)
Outrora, cruzavam os mares barcos
negreiros apinhados de gente
espoliada de tudo- dignidade, crença,
família, nome, terra.
Na bagagem levavam apenas revolta e
saudade.
Oh mia patria, sì bella e perduta!....
Não imaginavam para onde iam, não sabiam
por que razão partiam.
Esperavam-nos o tronco, as minas, os
engenhos, a violência,
a discriminação, a mais desumana
crueldade.
Di Sionne le torri atterrate …
Hoje, outro mar, outros barcos,
igualmente apinhados de gente.
Fogem da violência, do terror, do medo,
da fome, da guerra,
Levam na bagagem a esperança de uma vida
decente.
O simile di Solima ai fati, traggi un
suono di crudo lamento…
Por vezes cúmplices, tempestades, ventos
indómitos,
mar revolto e sobranceiro, ondas
altivas, poderosas,
tragam, vorazes, barcos e vidas, num
repente.
Arpa d'or dei fatidici vati, perché muta
dal salice pendi?
Hoje, como outrora, Neptuno, Poseidon,
Éolo e outros deuses mais,
não importa a heteronímia, assistem
impassíveis a toda a ignomínia.
Hoje, como outrora, indiferentes à
brutalidade e ao horror,
homens oprimem outros homens sem o
mínimo pudor.
Efémero poder…. Extinguir-se-á na
inevitável hora da partida.
Va pensiero sull'ale dorate.…
Qual bálsamo, a música de Verdi
permanecerá dulcificando a vida.
Na pintura, fiz algumas “experiências”.
Numa mensagem que postei em 11 de novembro, fiz referência
a uma pintora que não conhecia, Zaia Oliveira. “Inspirada”em alguns trabalhos seus, fiz uma séria
de trabalhos, aproveitando caixas de ovos.
No "tríptico" as molduras são caixas de cartão
No que se refere aos adereços, fiz alguns colares, inspirada nuns que vi
na Loja da Universidade do Porto (Alumni), na "Praça dos Leões"e que achei muito giros.
Como agora saio menos, os dias são mais rotineiros. Quase todos os dias estou com netos que por vezes almoçam, lancham...e estou a retomar o "ritual" de almoçarmos todos juntos ao domingo.Três vezes por semana vou ao ginásio, onde faço aulas de reabilitação física e postural, nado e faço hidroterapia (a única terapia que tem resultado no tratamento do meu problema da anca).
Tenho lido, visto alguns filmes no canal Hollywood e ouvido música. Por vezes tenho tocado no meu ukulele ...
No passado fim de semana fui a Trás-os_montes onde já não ia há bastante tempo.
Deixo duas fotos, uma na minha aldeia e outra no quintal da casa do meu marido que está a ser cultivado por um senhor lá da aldeia.
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