Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


quarta-feira, 27 de abril de 2016

Entre duas interrupções


Já há quase um mês que" aqui". não venho. Da última vez referi que tinha o tempo um pouco limitado pois os netos continuavam em férias. As férias terminaram mas o" tempo não se deve ter apercebido" pelo que continuou escasso.
No dia 2 foi o casamento do filho mais novo da minha comadre a quem já me referi várias vezes. Nascida no mesmo dia e ano que eu, colega de curso, deixou-nos já há sete anos. Tive o imenso privilégio da sua amizade.
No casamento, o noivo entrou dando o braço da irmã que recorda imenso a mãe quando da mesma idade.
Mas a par destes momentos de tristeza e saudade,  a alegria do casamento. Encontrei vários amigos de longa data, nomeadamente colegas de curso e  familiares do noivo


Uns tempos antes, quando pensei no que iria vestir, tive a ideia de levar algo pintado por mim. Adquiri tintas para tecidos e comecei a fazer experiências. A primeira foi uma túnica que eu mesma fiz e de que deixo a foto bem com um destaque da pintura (as fotos foram tiradas com o telemóvel pelo que estão muito fracas)


As minha noras gostaram muito e decidi comprar e pintar uma t-shirt de algodão para cada uma. Ficaram muito giras.
Animada por estes "sucessos" pintei um conjunto túnica e "écharpe"  que usei dia 2, no referido casamento.
No dia 3 a minha neta Rita fez 14 anos e no dia 4 começaram as aulas. Mas devido a  uma série de imprevistos o tempo voou....
Na segunda semana de aulas, o meu neto Bernardo esteve toda a semana de cama com uma amigdalite mas esse foi apenas um pequeno contratempo.
Como já referi mais que uma vez, tenho, pelo lado do meu pai, dois irmãos brasileiros mais velhos que eu 10 e 14 anos. Damo-nos muito bem pelo que, ao longo dos tempos, tenho recebido visitas de irmãos, sobrinhos, sobrinhos netos, bem como já fui por duas vezes  visitá-los ao Brasil. Para além disso, comunicamos com relativa frequência por skipe,  telefone, mail,etc. Contava ir visitá-los novamente no verão mas, quando na Páscoa os contatei, soube que a saúde do meu irmão, que já há algum tempo se vinha agravando, piorara bastante. Decidi ir já pelo que parto no próximo dia 3 e regresso dia 11. A partir do momento em que decidi ir tem sido uma correria, não só para deixar aqui a vida organizada (refeições congeladas, etc, etc) como para  arranjar pequenas lembranças para os vários membros da família que inclui não só os familiares do lado do meu pai como a família da minha mãe( prevejo encontrar no mínimo 30 pessoas). Teriam que ser coisas leves por causa do peso A partir de vários trabalhos que fiz quando ainda frequentava o atelier de pintura, criei uma série de pequenos quadros que irei levar, a par de exemplares do meu último livro, postais, brinquedos para os mais pequenos, etc.





A propósito de brinquedos fiz,  para levar, um "espetroscópio" ( permite ver o espetro da luz a qualquer hora do dia e da noite).
Sempre que vou a escolas levo uma série destes "dispositivos" e os alunos ficam deliciados.
Todos  nos lembramos, por certo, que o  principezinho ficava muito triste por não poder ver o pôr do sol sempre que lhe apetecesse, como acontecia no seu planeta. Se com um espetroscópio  não podemos ver o pôr do Sol sempre que quisermos, podemos ver o "arco-íris" sempre que nos apetecer...
E por falar em escolas nas duas últimas semanas andei por várias. De todas saí sempre com a mente rejuvenescida.
Deixo fotos de flores e alguns trabalhinhos que me foram oferecidos, nomeadamente  pelas crianças,








 Podem encontrar mais pormenores das visitas aqui, e  aqui

No dia 22, último dia pelas escolas, ao fim da tarde encontrei-me com a minha ex -aluna Raquel,  atualmente médica em Bragança, que veio fazer as últimas provas para a especialidade. Os resultados foram excelentes como  era de  esperar. No encontro esteve  presente a colega Maria do Céu Vieira que foi também professora da Raquel. Foi um fim de tarde extremamente agradável
depois  de "tanta corrida".
Termino com dois poemas, um meu e outro  de Manuel Alegre e  de que gosto muito

Procuro o tempo

Procuro o tempo por detrás do tempo.
Procuro um tempo, linha aberta,
não sei se parábola, se reta,
fluindo em direção ao infinito.
Procuro o tempo por detrás do tempo
mas o que encontro é já um tempo elíptico,
linha fechada, quase circular, veloz,
a convergir para o centro
onde não há tempo por detrás do tempo
e já não faz sentido procurar
Gouveia, R




CANÇÃO DO TEMPO QUE PASSA

Não tenho muito tempo para o mar
para nadar no mar para pescar
para nadar e amar não tenho tempo
para outras coisas em ar: o frio aperta
os ossos doem o coração palpita.
Vou pela praia contra o vento mas
sei que tudo agora é sempre assim
contra a corrente o tempo o próprio pensamento
na areia mole os pés vão-se enterrando
já não batem crawl como batiam
já não logram correr como corriam
e no entanto o tempo agora é de corrida
contra o tempo se corre contra o tempo
contra o tempo se corre e assim se morre
em frente ao mar olhando a desmedida
distância entre a tão curta vida e o amor dela
sobretudo ao crepúsculo quando o mar
nos interpela e nos apela a caravela
do coração se põe de novo a navegar
mesmo sabendo que já não há partida
e que as rimas em ar estão a acabar
e todo o tempo agora é contra o tempo
e mesmo sem correr so há corrida.
Alegre, M

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Falando de arte, poesia, música e não só...


Já há algum tempo que não colocava nenhuma mensagem no blogue. Com os quatro netos em férias, o tempo disponível reduz-se ainda mais.
Na primeira semana fomos com dois deles para a minha aldeia. Estava bastante frio, muito em particular à noite mas esteve-se bem.
Regressámos sábado após o almoço para celebrarmos em conjunto o Domingo de Páscoa. No sábado de manhã ainda fomos colher espargos selvagens, que são um "manjar dos deuses"

Gosto deles em migas, em omelete, em "risoto", mas acima de tudo gosto de colhê-los o que não é tarefa muito fácil pois escondem-se  por entre a vegetação


No domingo de Páscoa, contrariamente ao que é habitual, juntámo-nos ao jantar pois o pai da minha nora Teresa saíra dois dias antes do Hospital onde esteve internado alguns dias. Assim não puderam passar a Páscoa connosco. Filho, nora e netos foram almoçar em cada dos outros avós. Assim sendo, optámos por nos juntarmos ao jantar. Foi diferente mas muito bom, de qualquer modo.
Nesta semana continuei com netos mas apenas na segunda feira estive com todos pois os dois mais velhinhos tiveram atividades (surf, a Rita e diversas, o José). Ontem tivemos aula de música ( como já referi eu e o José temos aula de ukulele enquanto a Marte tem aula de piano).
Antes da aula ainda consegui dar "um saltinho"  à exposição  "Portugal Cem Ruínas", na 
Fundação Manuel António da Mota (patente ao público desde 14 de janeiro e até ao próximo dia 14) 


Achei muito interessante. Logo que cheguei a casa fui pesquisar o blogue ruin´arte que vi referido num dos textos da exposição
Dali retirei as duas fotos anexas, duas das muitas expostas na Fundação


De pesquisa em pesquisa, cheguei a um texto de Domingos Amaral publicado a 7/4/2014 e aos videos que anexo
Em Portugal, há milhares de edifícios abandonados, prédios a cair de podre, monumentos ao passado que se degradam aos nossos olhos.
Esquecemo-nos deles, ignoramo-los ou fazemos de conta que eles não estão lá.
Mas estão, e são parte de nós, da nossa memória, do nosso passado.
Gastão de Brito e Silva é um fotógrafo que passou os últimos anos da sua vida a captar as imagens desse Portugal em ruínas.
Ruin´arte é o blog onde mostra o seu trabalho, onde expõe centenas ou milhares de imagens desse Portugal abandonado.
É impressionante, olharmos para os lindíssimos edifícios das nossas cidades, ou campos, e vermos como foi possível aquilo chegar àquele estado.
Que desleixo, que incúria foi a nossa, como povo, para deixarmos o nosso Portugal assim?
Devia ser um projecto nacional de um governo, recuperar este Portugal perdido, este Portugal em ruínas.
Somos um país de deslumbrados com o que é novo, de novos ricos e parolos que só constroem coisas horríveis, enquanto em frente dos nossos olhos estão pérolas perdidas, sujas, destruídas em parte pelo tempo, e o que lhe fazemos?
Vale a pena olhar para o blog do Gastão de Brito e Silva, é Portugal no seu melhor e no seu pior. 





"                                                  

Hoje apenas estive com o Bernardo que acabou de ir para casa. Aproveitando este resto de tarde livre, decidi escrever esta mensagem, que segue com poesia...
Há tempos enviei um poema para  Revista  Philos de Literatura que foi aceite( sem qualquer custo da minha parte) e acaba de ser publicado 
Todos os poemas são ilustrados o que torna a revista muito bonita. Para além disso gosto da capa.
Deixo o  meu poema que pode ser visto aqui.


Numa esquina do tempo

Luxuriosas,
as estrelas crepitam no céu negro.
Voluptuosos,
os ramos das árvores afagam a escuridão.
Quais garças,
miríades de sonhos esvoaçam ledos.
Titubeante,
o amor deambula por entre apaixonados.
Helena ama Demétrio,
que ama Hérnia, que ama Lisandro.
Errante a paixão,
Titânia ama um ser com cabeça de animal.
Duendes e fadas
volteiam por entre a bruma esquiva.
Gorjeia a poesia.
No ar, o róseo perfume a madressilva.
A noite estremece.
De flautas e oboés refulgem os trinados.
Amores reencontrados,
flutuam acordes da marcha nupcial
Cúmplice, a magia,
florescem os sonhos na noite de Verão.
Numa esquina do tempo,
Shakespeare, Mendelson e Chagall.
Subtil, a aurora desliza noite adentro.
Vénus regressa.
Ao amanhecer esvai-se a fantasia.
Balbuciante, o dia,
rumoreja o bosque despertando, lento.

Sonho de uma noite de verão de Shakespeare- versão PDF


Sonho de uma noite de verão Mendelson






Sonho de uma noite de verão, Chagall