Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Finalmente...parte 3

Tal como prometido na mensagem anterior, hoje vou falar essencialmente do meu sobrinho bisneto. Chama-se Dylan  e é filho do Conrad, único neto da minha irmã, filho da minha sobrinha Sílvia. Em baixo, as quatro gerações. É uma criança doce, encantadora, que faz as delícias de todos, muito em particular da bisavó


Em baixo com o pai, Conrad, os avós Sílvia e Sérgio,  a avó, a tia avó  Sarita, e a bisa, os tios avós Sarita e Paulo, todos espelhando a alegria  contagiante deste  menino



Aqui com a bisa 1 e a bisa 2 (é assim que ele se refere à tia bisavó...)
Abaixo, alguma fotos: sozinho em casa da bisa ou em casa dos avós







Nas três últimas fotos brinca com duas das prendinhas que lhe levei. Uma delas tem feito as delícias das crianças a quem tenho oferecido pois é um livrinho com desenhos a preto e branco que, ao serem pintados com água, ficam coloridos e quando secam volta a perder a cor. Quando pretendo oferecer presentes a crianças, vou geralmente  a uma das lojas EDICARE. No vídeo a seguir (não é da EDiDICARE)  podem ver o funcionamento dos tais livrinhos  https://www.youtube.com/watch?v=MkvDDVi8htU
O Dylan ficou fascinado e logo que recebeu o presente em casa da bisa 1, pintou e repintou...No dia seguinte, em casa dos avós, saiu vitorioso da casa de banho, com o livro  a pingar, dizendo Assim é mais rápido. Tinha acabado de pôr o livro por baixo da torneira...Um outro presentinho, comprado na loja da Universidade do Porto, aos Leões, consistia num cavalinho e vários apetrechos que se podiam  associar ao cavalinho. Montou o presente em casa da bisa e levou para casa dos avós. No dia seguinte chegou, com a avó,  tentando encontrar algumas pecinhas do brinquedo.  Como eram peças pequenas, não conseguimos encontrá-las. Talvez inadvertidamente tivessem ido para o lixo. Ficou triste de imediato mas, logo a seguir, disse-me: Logo, logo quando voltares trazes mais peças...

O pai do Dylan, formado em Educação Física, tem uma escola de remo/ canoagem- Canoa Caiçara. Numa das manhãs fomos visitar os espaços-aquele de que dispõe junto ao mar e onde estão algumas canoas e  um outro, relativamente perto, que é um espaço polifuncional. Tal como o tio,  arquiteto, e o meu filho Nuno, também arquiteto e primo direito da mãe, o Conrad é extremamente habilidoso.  Nesse espaço polifuncional tem uma oficina e além de cuidar das canoas, faz várias peças, nomeadamente luminárias em bambu, como a que se pode ver numa das fotos abaixo.






Para da oficina  existe um bar e um salão para reuniões, pequenos  espetáculos de música, etc

Todos o espaço é simples mas bem decorado, de  uma forma muito simples




Nesse dia fomos jantar fora



No penúltimo dia  fomos jantar em casa da SÍlvia, um andar belíssimo, em frente ao mar, com umas vistas soberbas . 
Tenho dois vídeos fantásticos da tirados da varanda da casa mas não sei postá- los aqui. 

Mas antes de colocar imagens desse jantar faço um parêntesis. Esta paixão do Conrad pelo remo, que é comum à mãe que pratica remo como hobby, foi também dos meus irmãos. A minha irmã chegou a ser campeã de remo, em Santos.
Por sua vez, o meu pai, enquanto viveu no Brasil, praticou remo. Foi sócio do clube de Regatas Santista, enquanto viveu em Santos, e do Clube de Regatas Tietê, quando viveu em S. Paulo (sei que tenho cartões comprovativos mas só consegui encontrar o do clube Tietê)

Jantar na casa da Sílvia
 
Na  próxima foto,  tirada precisamente na varanda acima referida podemos ver mais à frente o Conrad, o Dylan e a Sílvia. Na "fila" de trás o padrinho do Dylan, a minha irmã, eu, a minha sobrinha Sarita e o Paulo e atrás um primo do Sérgio e o próprio Sérgio


Avizinhava-se a minha partida. Também a Sarita e o Paulo iriam regressar a Sorocaba, a cidade onde vivem, relativamente perto de S. Paulo. 
Não esquecerei o calor humano com que, mais uma vez, fui recebida por todos, quer em Santos quer em S. Paulo. Obrigada.
Sentia-me triste por ter que regressar mas sabia que outro calor humano me esperava em Portugal. Por outro lado partia mais tranquila. Continuo convicta que o problema da minha irmã é essencialmente ansiedade e stress, que serão muito reduzidos se mãe e filho viverem em espaços separados, como parece que irá acontecer em breve. Será melhor para ambos. Mesmo que eventualmente se esqueça de tomar algum medicamento (o que não me parece vá ocorrer com frequência) não será preferível que viva eventualmente menos tempo, mas  com qualidade de vida,  do que mais tempo  num  estado de tensão como aquele em que a encontrei.?
A todos, sobrinhos e respetivos cônjuges/companheiros(a), irmã, cunhada, primos, amigos em Santos e em S. Paulo, o meu abraço apertado e até breve. Cá  os espero. BEM HAJAM


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Finalmente ...(parte 2)



Após a visita ao Ceasa de S. Paulo, dirigimo-nos para Santos, onde chegámos por volta das 9,30. O meu primo regressou de imediato a S. Paulo pois o filho , que estava de férias, tinha sido internado de urgência com uma diverticulite , de que felizmente recuperou depressa.

O porteiro do prédio deu-me as chaves e eu subi pelo elevador de serviço, pensando fazer uma surpresa. Mas a minha irmã não me deixou entrar: Por favor, vem pelo elevador principal. Obedeci.Ao chegar  percebi a razão por que não deveria entrar pela porta de serviço. Na porta principal tinha escrito Regina nós te amamos 


A razão que me levou ao Brasil foi a saúde da minha irmã. Tem 84 anos  e em Novembro foi internada várias vezes. Os filhos, muito em particular o filho que vive com ela, diziam-me que estava a ficar demente. Eu ligo-lhe com muita frequência, há semanas em que ligo diariamente ou quase, e nunca me dei conta de qualquer sintoma de demência (infelizmente tenho alguma experiência  sobre demência senil- tive a minha mãe com Alzheimer desde os seus 58 anos até aos 71, e em 1999 ficou com Alzheimer uma tia do meu marido, que veio a falecer em 2005).

Não me pareceu que a receção que me fez evidenciasse demência, mas ainda era cedo para tirara conclusões. Nesse dia saímos fomos fazer compras e regressámos um pouco antes da hora de almoço. Almoçámos em casa e à tarde fomos visitar a Pinacoteca Benedito Calixto  
https://www.turismosantos.com.br/?q=pt-br/node/1443
muito perto da cada da minha irmã. Já conhecia o espaço pois, numa ida anterior a Santos, o meu sobrinho tinha-me levado lá. Ali têm lugar concertos, exposições, etc. Desta vez comprei ali um livro que conta a história do "casarão".
A casa, na primeira linha da praia, tal como a casa da minha irmã,  é lindíssima, Art Deco. Começou por pertencer a um alemão,que a mandou construir no princípio do século xx, mas passado pouco tempo foi vendida  a uma família Pires, descendente de portugueses, que estava ligado a uma firma de café. Por problemas económicas teve que vender o casarão mas recomprou-o  e restaurou-o em 1921. Em 1935, com a situação do comércio cafeeiro muito em baixo, o casarão foi vendido e, durante dois anos,  funcionou como pensão.
Deixo fotos do exterior, do interior e do Café Bistrô, que existe no espaço exterior



                                                                                  



Como atrás foi referido, a partir de 1937, o casarão funcionou algum tempo como pensão. Foi nessa pensão que o nosso pai viveu algum tempo, após a separação da mãe dos meus irmãos.
Quando fui ao Brasil em 1996, a minha  irmã convidou para almoçar vários familiares e amigos que tinham conhecido o nosso pai. Entre eles uma senhora, a que os meus irmãos sempre chamaram tia Nair, que com o marido, foi hóspede da pensão, ao mesmo tempo que o meu pai. Esta uma das razões porque gostamos de visitar o casarão...
À saída da visita à Pinacoteca comprei o livro Memórias do Casarão Branco. Deixo imagens e um excerto da página 83

 


Regressámos a casa, jantámos e quando o meu sobrinho entrou  mostrou desagrado por causa da porta estar pintada. Quando estava a sós com ele manifestei estranheza pelo seu comportamento, até porque a a casa é da mãe. Comigo ele sempre foi gentil mas foi insistindo na demência da mãe.
No dia seguinte, quando acordei, já a minha irmã tinha regressado das compras, pão, fruta, etc .Fomos tomar juntas o  "café da manhã "e vi a preocupação dela em tomar os comprimidos (que o meu sobrinho lhe deixa organizados em caixas, uma por cada dia da semana), em medir a glicose e  a tensão...
Após o pequeno almoço sugeri à minha irmã irmos limpar a porta mas ela não aceitou: A casa é minha ; aquilo sai quando eu quiser. Calei-me
À hora de almoço uma nova surpresa me esperava
Tinha convidado para almoçar uma série de amigas, que eu já conhecia de visitas anteriores  e não só. Com toda a emoção, ninguém se lembrou de tirar fotos deste almoço. A cozinheira tinha preparado o almoço sob a sua supervisão. A dada altura o meu sobrinho entra na sala e mostra que a mãe não tinha tomado os medicamentos do almoço. Curiosamente eu também não..
À tarde fui dar uma volta para tentar comprar umas pequenas lembranças 

(Santos é uma cidade em que qualquer pessoa se orienta facilmente; eu já quase não preciso de mapa...)e ao chegar vi que ela  estava muito stressada. O filho tinha estado a  limpar a porta e voltaram a implicar)
Se a  tivéssemos limpo de manhã tínhamos evitado o problema ....Mas um teimoso nunca teima sozinho...

Comecei então a desconfiar que o problema da minha irmã é essencialmente um problema de ansiedade e stress. O filho, arquiteto, continua a viver no apartamento da  mãe, mesmo quando  tem namorada (como tem agora). A relação entre mãe e filho é tudo menos  pacífica. Ambos são  mandões e teimosos e a minha irmã é tremendamente independente...
No dia seguinte muito se repetiu, nomeadamente o seu cuidado em tomar os medicamentos, em medir a tensão, etc
Novamente um almoço surpresa, mais uma vez sob a sua supervisão. Desta vez não conhecia as amigas. Eram amigas do tempo da escola primária..
A minha irmã estava feliz.
.


No dia seguinte fomos visitar uma dessas amigas que tem uma filha acamada, sem falar, já há alguns anos. Fizemos um pouco de companhia à senhora

 Decidi que a partir daquele momento  iria tentar que ela relaxasse o máximo. iríamos almoçar fora, por sistema, passear ... 
Um dos locais onde fomos almoçar foi o Bistrô Calixto, precisamente num dia em que ela estava muito em baixo, mas fomos também a outros locais onde a minha irmã também costuma ir no dia a dia ´


Num dos dias fomos almoçar com uma das grandes amigas dela, que esteve presente no almoço em que não tirei fotos. Já a conheço há muito  e já esteve aqui em minha casa há uns anos. Foi muito agradável.


Quanto a passeios, fiquei muito espantada pois a minha irmã andava sempre de carro para todo o lado. Soube que trocara o carro por um mais desportivo que é usado agora pelo filho e que, de há uns tempos a esta parte, passara a andar sempre a pé ou de ónibus. Sabe qual e onde o ónibus a tomar, onde deve sair, qual o que deve tomar de seguida... Exceto uma vez que fomos de Uber  visitar uma prima que mora em S. Vicente, prima essa que, em vida do marido, veio aqui por mais que uma vez,  sempre nos deslocámos a pé, se era perto, ou de ónibus  Tal comportamento não é, a meu ver, compatível com qualquer quadro de demência. Voltando à visita à nossa  prima, com o entusiasmo do encontro, todas nos esquecemos de tirar pelo menos uma foto. Não sei se nesse mesmo dia se em um outro, fomos a uma feira de artesanato num jardinzinho no bairro da Aparecida. Comprei algumas lembrancinhas para dar no Natal
Num determinado dia fomos andar no bondinho, percurso que ela há muito andava para fazer e nunca fizera.

Entrámos junto à Estação de Valongo, que os meus irmãos usavam quando, de trem,  iam visitar o pai a S. Paulo,  ou esperá-lo se ele os fosse  buscar .
 


  
Junto da estação é o Museu Pelé que visitámos. A minha irmã é adepta fervorosa do Santos....
Chovia de tal modo que não consegui tirar fotos do exterior  e no interior esqueci-me...
Como chovia muito e, para proteger a minha irmã, fiz-lhe um capuz com um saco plástico e tirei-lhe uma foto tendo por fundo uma parede com grafittis...
No dia seguinte, com a minha sobrinha Sílvia, vi alguns espaços novos,nomeadamente a Catedral, e revi outros


Museu dos Correios, Prefeitura,  Teatro Coliseu e Catedral
 




Também aproveitámos por vezes para ficar em casa, vendo o mar, o pôr o sol...Como o tempo esteve genericamente muito chuvoso, não consegui um pôr do sol  melhor que o da foto em baixo


 

Uma das situações que mais a relaxa a é a presença do bisneto de 5 anos, (filho do único neto, Conrad, filho da Sílvia), um menino muito amoroso. Mas reservo a próxima mensagem, que será também a última,  para falar desse tema...