sábado, 26 de outubro de 2013
Entre margens - apresentação
Tal como tinha aqui anunciado, hoje pelas 16 h, teve lugar no
Vivacidade, a apresentação do meu livro Entre
margens cuja génese e estrutura descrevo a seguir.
Em 2012 fui contemplada com o 1º prémio no XVII concurso Poesia em ti, promovido
pela APPACDM de Setúbal. Do prémio fazia parte a edição, pela Editora Lua de Marfim,
de um livro de poesia. Assim surge este livro.
Porquê Entre margens?
Entre margens, os rios, entre margens os textos nas
páginas. Uns e outros galgam-nas por vezes. Os textos desta coletânea, agora
entre margens, já as galgaram ao longo das suas vidas, por vezes com alguns
anos. Aqui se incluem não só textos atuais mas também outros que não foram
incluídos nos livros anteriormente publicados. Todos foram sendo organizados em
projetos, entre eles Poemas no
espaço-tempo e Entre margens. O
primeiro chegou a ter edição agendada pela editora Campo das Letras, que
infelizmente já não existe. Em 2007 foi prefaciado pelo escritor Carlos Vaz , mas de então para cá foi engrossado com
mais poemas, nomeadamente o que foi premiado no concurso de poesia que deu
lugar à edição desta obra que contém um conjunto de poemas selecionados a
partir dos projetos acima mencionados.
Os poemas contidos em Entre margens foram motivados pela tristeza que me causa a construção barragem do Baixo Sabor. Todos eles são inspirados em excertos de poemas de grandes poetas
Deixo algumas imagens, alguns poemas e o meu agradecimento à Adelaide, à Paula
Miguel pela apresentação tão cuidada, ao José António pelos momentos musicais
extremamente agradáveis, ao Fernando pelas fotos e ao público presente que, num sábado
primaveril, arranjou disponibilidade para ali se deslocar.
Bem hajam
Esquina do tempo
Eis que tropeço
numa esquina do tempo.
Quem habitará agora
a casa das memórias?
Entro.
Pousado na cadeira,
o vestido branco bordado
tal como a bolsinha e o toucado.
Muitas horas de amor
em pontos de sombra
e pé de flor.
As luvinhas em renda ao lado,
brancas como o vestido
comprido a roçar o chão.
Eis o que resta
da minha comunhão,
dita solene.
Apenas uma lembrança
ténue mas perene
Umas luvas em fio rendado,
um vestido,
uma bolsinha e um toucado,
tudo bordado
em pontos de sombra
e pé de flor.
Regina Gouveia in Poemas no espaço-tempo
A minha mãe e eu, lendo um poema escrito pelo meu pai, no dia da minha comunhão solene
(…) Ó banzas dos rios , gemendo descantes (…) António Nobre
Jovial, fagueiro,
por vezes arrebatado, violento,
assim corria o rio, outrora,
em sobressalto ou lento.
Barítono, tenor, baixo,
soprano, contralto,
cantava árias de amor
e de paixão.
Aprisionaram-no. Tentou lutar.
Foi impotente perante
a muralha de betão.
Parado, triste,
agora já não canta.
Tem um nó na garganta.
Regina Gouveia in “Entre Margens”
Vista do Rio Sabor e da construção da barragem
(…)Já os rios cheios, com bramidos fundos, num dilúvio d´água vão de mar a monte! (…)Guerra Junqueiro
Aos montes que os céus rasgam,
vales profundos os fendem.
São leitos de rios escavados, fundos,
águas que bramam demandando o mar.
Nas margens, líquenes, nas fragas,
escondem bisontes
que foram esculpidos em tempos perdidos.
Bebiam das águas, galgavam os montes.
Regina Gouveia iin “Entre Margens”
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Parabéns Regina. Cada vez mais me convenço que a apreciação que faço de si não é generosa, não.Se pecar é por defeito.
ResponderEliminarGostei muito do bocadinho passado hoje no "Vivacidade".
Um grande abraço.
Obrigada Graciete pela sua presença e pela mensagem,Creia que peca por excesso...
ResponderEliminarUm grande bj
Regina