Ah! as coisas incríveis que eu te contava
assim misturadas com luas e estrelas
e a voz vagarosa como o andar da noite!
As coisas incríveis que eu te contava
e me deixavam hirto de surpresa
na solidão da vila quieta!…
Que eu vinha alta noite
como quem vem de longe
e sabe o segredo dos grandes silêncios
- os meus braços no jeito de pedir
e os meus olhos pedindo
o corpo que tu mal debruçavas da varanda!…
(As coisas incríveis eu só as contava
depois de as ouvir do teu corpo, da noite
e da estrela, por cima dos teus cabelos.
Aquela estrela que parecia de propósito pra enfeitar os teus cabelos
quando eu ia namorar-te...)
Mas tudo isso, que era tudo para nós,
não era nada da vida!…
Da vida é isto que a vida faz.
Ah! sim, isto que a vida faz!…
- Isto de tu seres a esposa séria e triste
de um terceiro oficial de finanças da Câmara Municipal!…
SOL DO MENDIGO
Olhai o vagabundo que nada tem
e leva o Sol na algibeira!
Quando a noite vem
pendura o Sol na beira dum valado
e dorme toda a noite à soalheira...
Pela manhã acorda tonto de luz.
Vai ao povoado
e grita:
- Quem me roubou o Sol que vai tão alto?
E uns senhores muito sérios
rosnam:
- Que grande bebedeira!
E só à noite se cala o pobre.
Atira-se para o lado,
dorme, dorme...
Excelente post desde a música, à poesia, à pintura.
ResponderEliminarE tudo alentejano.
Um beijo,Regina
Muito bonito.
ResponderEliminarTambém gosto muito da paisagem alentejana, planície sem fim que contrasta tanto com a da Trás os Montes e Minho.
Os cantares são lindos fazem lembrar as dos Barqueiros do Volga, que tínhamos em casa. Só homens!
A pintura é fantástica, gosto muito!
bjo
Obrigada às duas
ResponderEliminarAb
Regina