quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Votos de um Feliz 2011..
O meu marido tinha duas tias solteiras de quem gostava muito, sentimentos que eu partilhava pois eram umas senhoras encantadoras. A mais velha era muito baixinha daí que o meu marido lhe chamasse carinhosamente tia pequenina. Lia muito, mas quase exclusivamente livros religiosos e místicos.
Ao aproximar-se mais um final de ano, recordo sempre as sua profecias sobre o fim do mundo no ano 2000, profecias essas em que cruzava, entre outras, as de Nostradamus e de S. João de Patmos
Cada vez estou mais certa das profecias de Nostradamus. Este mundo depravado tem que estar a chegar ao fim. Já a minha avó dizia: “A mil chegarás mas de dois mil não passarás”. Os que cá estiverem verão. O Sol vai ficar preto e a Lua vermelha como o sangue. As estrelas vão cair sobre a Terra como caem os figos da figueira e o céu desaparecerá. O terceiro segredo de Fátima, para mim, não pode ser outra coisa senão o anunciar do fim do mundo.
Para a tia pequenina o fim do mundo chegou antes. Morreu subitamente no dia 6 de Abril de 1999.
na verdade este nosso pequeno mundo irá acabar um dia, mas ainda falata muito tempo....
Um dia
Um dia o sol há-de deixar de brilhar
E a terra – os continentes e os oceanos…
Mas não há razão para te preocupares
Ainda faltam milhões de anos
Jorge Sousa Braga in Pó de Estrelas
….Presos sem grades somos
E assim presos
vogamos pelo espaço à mercê de um braseiro,
roendo as unhas limpas, sem ferrugem.
Ontem eras tu frio; hoje são outros;
amanhã outros outros;
e assim pelo tempo fora
até que,
também ele, o tal dragão magnífico,
o indispensável centro
do carrocel celeste em que penamos,
como tu, como eu, como um qualquer de nós,
acabará em frio….
O que aquece, arrefece.
O inexorável tempo que é cego, surdo e mudo pulverizá-lo-á num formidável estrondo
sem ruído.
Entretanto, enquanto isso não vem
(nem é comigo)
enfio as mãos nos bolsos e aconchego-as
Gedeão, A. in Poema das mãos frias in Novos poemas Póstumos
….Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrereiele deixará a tabuleta, eu deixarei versos .
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta gigante em que tudo isto se deu….
Álvaro de Campos, Tabacaria
Sinfonia dissonante
Ei-lo, uma esfera de gás incandescente
plasma de matéria quente, ionizada.
Ei-lo, o astro rei de morte anunciada.
A luz que hoje nos chega,
após oito minutos de viagem,
deixou retida, na voragem
de um silêncio denso e frio,
uma sinfonia dissonante
que eclodiu e ficou refém,
no mesmo instante,
da imensidão de um cosmos feito de vazio.
Regina Gouveia
Apesar do futuro não se mostrar muito risonho, desejo a todos um Bom 2011
Ao aproximar-se mais um final de ano, recordo sempre as sua profecias sobre o fim do mundo no ano 2000, profecias essas em que cruzava, entre outras, as de Nostradamus e de S. João de Patmos
Cada vez estou mais certa das profecias de Nostradamus. Este mundo depravado tem que estar a chegar ao fim. Já a minha avó dizia: “A mil chegarás mas de dois mil não passarás”. Os que cá estiverem verão. O Sol vai ficar preto e a Lua vermelha como o sangue. As estrelas vão cair sobre a Terra como caem os figos da figueira e o céu desaparecerá. O terceiro segredo de Fátima, para mim, não pode ser outra coisa senão o anunciar do fim do mundo.
Para a tia pequenina o fim do mundo chegou antes. Morreu subitamente no dia 6 de Abril de 1999.
na verdade este nosso pequeno mundo irá acabar um dia, mas ainda falata muito tempo....
Um dia
Um dia o sol há-de deixar de brilhar
E a terra – os continentes e os oceanos…
Mas não há razão para te preocupares
Ainda faltam milhões de anos
Jorge Sousa Braga in Pó de Estrelas
….Presos sem grades somos
E assim presos
vogamos pelo espaço à mercê de um braseiro,
roendo as unhas limpas, sem ferrugem.
Ontem eras tu frio; hoje são outros;
amanhã outros outros;
e assim pelo tempo fora
até que,
também ele, o tal dragão magnífico,
o indispensável centro
do carrocel celeste em que penamos,
como tu, como eu, como um qualquer de nós,
acabará em frio….
O que aquece, arrefece.
O inexorável tempo que é cego, surdo e mudo pulverizá-lo-á num formidável estrondo
sem ruído.
Entretanto, enquanto isso não vem
(nem é comigo)
enfio as mãos nos bolsos e aconchego-as
Gedeão, A. in Poema das mãos frias in Novos poemas Póstumos
….Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrereiele deixará a tabuleta, eu deixarei versos .
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta gigante em que tudo isto se deu….
Álvaro de Campos, Tabacaria
Sinfonia dissonante
Ei-lo, uma esfera de gás incandescente
plasma de matéria quente, ionizada.
Ei-lo, o astro rei de morte anunciada.
A luz que hoje nos chega,
após oito minutos de viagem,
deixou retida, na voragem
de um silêncio denso e frio,
uma sinfonia dissonante
que eclodiu e ficou refém,
no mesmo instante,
da imensidão de um cosmos feito de vazio.
Regina Gouveia
Apesar do futuro não se mostrar muito risonho, desejo a todos um Bom 2011
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Olá Regina
ResponderEliminarMais um ano que passa,mais o fim que se aproxima. Mas enquanto não chega, para mim por exemplo, e não para o Planeta, é imprescindível que tentemos melhorar este Mumdo para deixarmos mais felicidade e igualdade a todos os que vierem depois de nós. Desculpe este desabafo, mas eu sinto que se avizinhaam muito maus tempos.
Poemas muito bem escolhidos incluindo o seu, claro.
Um beijo e votos de muita felicidade não só para o Mundo, mas especialmente para si e sua família.
Obrigada Graciete
ResponderEliminarTambém partilho do seu pessimismo. Vivemos num mundo demasiado fútil e pouco solidário mas ainda acredito que o Homem(ser pensante) caia em si.
Um grande beijinho
Regina