sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Os telómeros e a medição do tempo
"Vamos tentar enganar os telómeros para pensarem que ainda são novos" eis o título de um texto muito interessante publicado em Ciência Hoje e de que deixo um pequeno excerto aconselhando a leitura do texto integral
Investigador do IGC vence Prémio Simbiontes com trabalho em oncobiologia
(…)na ponta dos nossos cromossomas existem umas estruturas protectoras, os telómeros, que se vão desgastando à medida que envelhecemos e que constituem um relógio molecular que indica a idade das nossas células (…)
A partir deste texto muito interessante, surgiu-me a ideia de falar sobre A medição do tempo através dos tempos
A cronologia dos homens primitivo tinha como referência o dia e a noite, os movimentos do sol, da lua e das marés.
Foram os egípcios e parte dos povos da Ásia ocidental os primeiros a dividir o dia em 24 horas. O mais antigo instrumento de marcar as horas foi o "relógio do sol" usando a sombra de uma haste vertical no centro de uma superfície circular . Crê-se que já seria usado no Egipto, 1500 anos A.C. O mais antigo relógio de sol que se conhece está exposto no Museu de Berlim. Acredita-se que terá pertencido ao faraó Tutmés III do Egito (1504-1450 A.C.).
Mas só século XVI, combinando conhecimentos de geografia, astronomia, matemática e mecânica é que este instrumento pôde ser calibrado para marcar as horas.
Entretanto foram sendo usados outros “marcadores do tempo”.
Nos castelos e palácios da Europa antiga, usou-se o "relógio de fogo", que consistia em uma corda com nós que ardiam a intervalos regulares.
A nobreza europeia usava também um sistema de seis velas de 15 cm, com espessura idêntica, divididas com uma escala e que, no seu conjunto, demoravam 24 horas a arder
Outro sistema consistia em marcar as horas usando um recipiente regular de cristal ou vidro, com azeite (e uma mecha), cujo nível ia descendo à medida que o azeite ardia.
Nos conventos, era habitual medir o tempo através da récita de orações. Um "monge-relógio", recitava orações a que correspondiam certos intervalos de tempo
Foi também no Egiptoque surgiu a clepsidra (relógio de água), que consistia em um recipiente cheio de água com as paredes graduadas e um pequeno orifício para a água sair. Cada descida correspondia a um determinado intervalo de tempo. A clepsidra difundiu-se por toda a Europa e Ásia e, até ao século XVI, era o mais exacto medidor das horas em dias sem sol. Um dos exemplares mais antigos, construído em 1357, encontra-se em Marrocos, na cidade de Fez.
Outro tipo de “relógio” muito utilizado foi o de areia, ou ampulheta. Inventado também pelos egípcios, o seu funcionamento é simples.Dois reci+ientes de vidro estão ligados por um pequeno orifício que regula a passagem de areia colocada em uma das partes, para a outra. Ao esgotamento da areia corresponde um certo intervalo de tempo. Depois é só virar o instrumento e repetir o processo.
Nos meus tempo de liceu e durante as provas orais, o tempo de prova (creio que 15 min) era medido com uma ampulheta idêntica à da figura.
Alguns jogos para crianças ainda trazem uma pequena ampulheta para medição do tempo
Nas ordens religiosas havia a necessidade de regular os tempos de oração e de culto. Surgiram então uns relógios mecânicos que usavam o som para dar indicações sobre a passagem do tempo. No início eram máquinas movidas por pesos, que faziam soar uma campainha a intervalos regulares. Estes relógios de câmara, situavam-se na cela de um monge, o "guardião do relógio". O monge chamava os outros para as orações tocando o sino da torre. Mais tarde montou-se, na torre, uma máquina que fazia soar o sino sem necessidade do monge guardião, e anunciava as horas canónicas, uniformizadas por São Benedito no século VI, em sete tempos:
1) as "Matinas" (aurora / 4 badaladas); 2) a "Hora Prima" (nascer do sol / 3 badaladas; 3) a "Hora Tertia" (meio da manhã / 2 badaladas); 4) a "Hora Sexta" ou "Meridies" (meio dia / 1 badalada); 5) a "Hora Nona" (meio da tarde / 2 badaladas); 6) as "Vésperas" (pôr do sol / 3 badaladas) e 7) as "Completas" (anoitecer / 4 badaladas). Estes relógios eram sujeitos a calibragem para acompanharem a variação dos dias ao longo do ano, e as diferentes horas do nascer e do pôr do sol. A palavra inglesa "clock" (relógio não portátil), deriva do holandês "clojk" que quer dizer sino, que por sua vez em alemão se denomina "glocke".
A história refere que o califa árabe Harun Al Rashid teria presenteado Carlos Magno com um relógio de bronze que batia as horas. Mas foi na Europa que o relógio mecânico se desenvolveu.
O primeiro relógio mecânico conhecido (que marcava o tempo), encontra-se no Museu de Ciência, em Londres e teria sido encomendado , em 1386, pelo rei da França ao fabricante Henry de Vicky. Entretanto, foi instalado na Catedral de Salisbury, na Inglaterra. Era formado por duas engrenagens movidas por cordas e pesava cerca de 200 quilos.
A partir dos grandes relógios mecânicos foram criados os menores para uso doméstico. As torres e vigias das igrejas tornaram-se torres de relógio, de onde soavam horas iguais para os serviços religiosos. . O relógio foi um serviço público anterior ao abastecimento de água..
Em 1582Galileu (1564-1642), ao observar a oscilação de um candeeiro na Catedral de Pisa, apercebeu-se do isocronismo das oscilações pendulares O holandês Christian Huygens utilizou esse conhecimento na consttrução do primeiro relógio de pêndulo.
O relógio de pêndulo que herdei dos meus avós paternos
A substituição do pêndulo por uma peça oscilante, o volante, permitiu a redução do tamanho até ao relógio de bolso que surgiur em 1504. O relógio de pulso só foi criado e patenteado no século XX. O inglês John Harwood registou a invenção em 1924, e logo o novo modelo superou o relógio de bolso.
Entre as marcas mais famosas de relógios encontra-se a Patek Philippe
Primeiro relógio de pulso e um relógio de bolso da referida marca
Entretanto, em finais do século XIX foi descoberta a piezoelectricidade. Em certos cristais, quando submetidos a deformações, cria-se uma diferença de potencial, necessariamente um campo eléctrico. Pierre Curie (marido da Madame Curie) e um seu irmão verificaram ainda que, submetidos a uma diferença de potencial, esses cristais se contraíam ou se expandiam, conforme o campo eléctrico aplicado
Em 1920, esta propriedade começou a ser utilizada na fabricação de relógios, os famosos relógios de quartzo, usando a ressonância entre a frequência do campo eléctrico aplicado ao cristal e sua frequência própria
Se cada um dos avanços anteriormente referido veio permitir um rigor cada vez maior na medição do tempo, o maior avanço foi conseguido com os relógios atómicos
O princípio de funcionamento dos relógios é sempre o mesmo. É necessário um oscilador que vibre regularmente: mecânico como num pêndulo, electromecânico, como um cristal de quartzo.
Os relógios atómicos não são excepção ; possuem um oscilador que vibra regularmente e um contador que converte o número de oscilações em segundos.
Como um pêndulo de relógio, o átomo pode ser estimulado externamente (no caso por ondas electromagnéticas) para que sua energia oscile de forma regula. Por exemplo, a cada 9.192.631.770 oscilações do átomo de césio-133 o relógio entende que se passou um segundo.
O tempo foi tido como absoluto até à teoria da relatividade.
Hoje sabemos que o tempo pode decorrer de forma distinta para dois observadores em referenciais diferentes.
E essa nova noção de tempo que nos deu Einstein, pode ser verificada não só nos aceleradores de partículas, como o foi numa experiência muito mais simples, realizada por dois cientistas
Em 1971, os físicos Joe Hafele e Richard Keating colocaram relógios atómicos precisos em aviões, viajaram com eles em volta do mundo e compararam as suas indicações com as de relógios idênticos deixados em terra. Os resultados foram conclusivos: o tempo passava mais devagar no avião do que no laboratório e, assim, quando terminou a experiência, os relógios voadores estavam 59 nanossegundos atrasados relativamente aos que tinham ficado em terra — exactamente o valor previsto pela teoria de Einstein
O tempo emerge em alguns dos meus poemas. Deixo alguns , para diversas idades...
Era uma vez…o tempo
O João é um petiz que ontem tinha 5 anos
Tem um irmão, o Luís, já mais velho, com sete anos.
Hoje o João fez seis anos Disse feliz para a mamã :
Para o ano apanho o Luís..
A mamã esclareceu: em breve o Luís faz anos;
estará quase a fazer nove quando tu fizeres sete anos.
Sempre a mesma diferença.
Quando para ti passa um ano, passa para o mano igualmente
O tempo sempre a correr, corre igual para toda a gente.
O que é o tempo mamã?
Eu vou falar-te do tempo,
vou contar-te a sua história.
O tempo é muito velhinho já tem idade avançada
sobre a qual diz quase nada.
Desde o nascer ao sol pôr e deste ao sol nascer
está sempre, sempre a correr em segundos, em minutos,
em horas, dias e anos, em séculos e milénios,
em milhares de milhões de anos.
E os relógios a marcar o tempo sempre a passar.
Podem ser eles solares, pela sombra dão a hora,
não funcionam de noite, quando o sol já foi embora.
Há os de areia (ampulhetas são chamados)
Têm dois bolbos ligados entre os quais a areia escorre.
Há os de água, atómicos, há os de quartzo, de mola
e também os pendulares, como muitos de parede.
O físico Galileu, homem de muito talento,
quando numa catedral viu os lustres oscilar de uma forma regular
(para cada oscilação sempre a mesma duração)
concluiu que com um pêndulo, podia medir o tempo.
O tempo corre veloz, nunca interrompe a viagem.
Parece um rio a correr da nascente até à foz,
sempre, sempre ,sem paragem. Mas é um pouco matreiro…
Por vezes parece lento e outras vezes ligeiro,
São coisas da nossa mente.
Quando estás entusiasmado com uma coisa interessante
passa o tempo num instante
Mas se a tarefa é enfadonha, monótona, sem qualquer graça,
parece que o tempo não passa.
No entanto, realmente, e comprova-o a ciência,
o tempo pode correr mais depressa ou devagar,
sem se tratar de ilusão.
É notória a diferença a grande velocidade, parecida com a da luz.
Para tu teres uma ideia de como a luz é veloz eu vou exemplificar:
A luz que a lua difunde, ou seja a luz do luar leva cerca de 1s até à terra chegar
e percorre nesse tempo quatrocentos mil quilómetros.
Mas que grande correria…
O mais veloz foguetão comparado com a luz é um grande molengão.
Para ir da terra à lua não leva menos de um dia.
Se depressa como a luz conseguíssemos viajar
o tempo iria passar por certo mais devagar.
Foi um físico genial quem tudo isto explicou.
O seu nome era Einstein e muito famoso ficou(...).
Tempo
Para os físicos, o tempo é uma grandeza,
não por ser grande, com toda a certeza.
É grandeza porque é mensurável
e é esta ideia que eu acho contestável.
Usando raciocínios, em geral profundos,
os físicos, a contratempo,
em horas, minutos e segundos, tentam dividir o tempo.
E ainda usam múltiplos, outras vezes submúltiplos,
como nano, pico, fento.
Ora há minutos que duram como vidas
e há vidas que nem segundos duram,
como há imagens que ficam esquecidas
enquanto outras para sempre perduram.
O tempo do calendário e da agenda
é simplesmente um tempo por encomenda.
Que saudades eu tenho do tempo de criança,
tempo da ilusão, do sonho, da esperança, tempo de quimera,
em que o tempo não era tempo,
porque o tempo, simplesmente não era.
Mas voa o meu pensamento para as crianças da rua,
que embaladas pelo vento,, tendo a velá-las a lua,
dormem no chão ao relento,enquanto passa, alheio, o tempo.
Enigma
Donde vem o tempo que não tem reverso,
e se escoa nos meandros da memória ?
Para onde vai o tempo onde pulsa imerso
o passado, mas também o futuro e presente
que são amalgamados pela história?
Enigma profundo, o tempo.
Será um ser imponderável ou será um não ser,
pura invenção da mente?
Tudo isso, que importa?
Beija-me o sol que entra pela vidraça,
com certeza alheio ao tempo que passa.
Fresta
Qual rio, desliza o tempo. Avança a contratempo
até desaguar num ignoto vazio onde nada mais resta
senão, impassível, álgido, o frio.
Assim a luz, quase imperceptível entra pela fresta,
e agoniza quando o dia se finar.
Desintegração da persistência da memória - Salvador Dali
Para Dalí, esta imagem foi simbólica da nova física quântica, o mundo que existe como partículas e ondas . A imagem original da Persistência da Memória " pode ser lido como uma representação da Teoria da Relatividade de Einstein, simbolizando a curvatura do espaço-tempo pela gravidade
Investigador do IGC vence Prémio Simbiontes com trabalho em oncobiologia
(…)na ponta dos nossos cromossomas existem umas estruturas protectoras, os telómeros, que se vão desgastando à medida que envelhecemos e que constituem um relógio molecular que indica a idade das nossas células (…)
A partir deste texto muito interessante, surgiu-me a ideia de falar sobre A medição do tempo através dos tempos
A cronologia dos homens primitivo tinha como referência o dia e a noite, os movimentos do sol, da lua e das marés.
Foram os egípcios e parte dos povos da Ásia ocidental os primeiros a dividir o dia em 24 horas. O mais antigo instrumento de marcar as horas foi o "relógio do sol" usando a sombra de uma haste vertical no centro de uma superfície circular . Crê-se que já seria usado no Egipto, 1500 anos A.C. O mais antigo relógio de sol que se conhece está exposto no Museu de Berlim. Acredita-se que terá pertencido ao faraó Tutmés III do Egito (1504-1450 A.C.).
Mas só século XVI, combinando conhecimentos de geografia, astronomia, matemática e mecânica é que este instrumento pôde ser calibrado para marcar as horas.
Entretanto foram sendo usados outros “marcadores do tempo”.
Nos castelos e palácios da Europa antiga, usou-se o "relógio de fogo", que consistia em uma corda com nós que ardiam a intervalos regulares.
A nobreza europeia usava também um sistema de seis velas de 15 cm, com espessura idêntica, divididas com uma escala e que, no seu conjunto, demoravam 24 horas a arder
Outro sistema consistia em marcar as horas usando um recipiente regular de cristal ou vidro, com azeite (e uma mecha), cujo nível ia descendo à medida que o azeite ardia.
Nos conventos, era habitual medir o tempo através da récita de orações. Um "monge-relógio", recitava orações a que correspondiam certos intervalos de tempo
Foi também no Egiptoque surgiu a clepsidra (relógio de água), que consistia em um recipiente cheio de água com as paredes graduadas e um pequeno orifício para a água sair. Cada descida correspondia a um determinado intervalo de tempo. A clepsidra difundiu-se por toda a Europa e Ásia e, até ao século XVI, era o mais exacto medidor das horas em dias sem sol. Um dos exemplares mais antigos, construído em 1357, encontra-se em Marrocos, na cidade de Fez.
Outro tipo de “relógio” muito utilizado foi o de areia, ou ampulheta. Inventado também pelos egípcios, o seu funcionamento é simples.Dois reci+ientes de vidro estão ligados por um pequeno orifício que regula a passagem de areia colocada em uma das partes, para a outra. Ao esgotamento da areia corresponde um certo intervalo de tempo. Depois é só virar o instrumento e repetir o processo.
Nos meus tempo de liceu e durante as provas orais, o tempo de prova (creio que 15 min) era medido com uma ampulheta idêntica à da figura.
Alguns jogos para crianças ainda trazem uma pequena ampulheta para medição do tempo
Nas ordens religiosas havia a necessidade de regular os tempos de oração e de culto. Surgiram então uns relógios mecânicos que usavam o som para dar indicações sobre a passagem do tempo. No início eram máquinas movidas por pesos, que faziam soar uma campainha a intervalos regulares. Estes relógios de câmara, situavam-se na cela de um monge, o "guardião do relógio". O monge chamava os outros para as orações tocando o sino da torre. Mais tarde montou-se, na torre, uma máquina que fazia soar o sino sem necessidade do monge guardião, e anunciava as horas canónicas, uniformizadas por São Benedito no século VI, em sete tempos:
1) as "Matinas" (aurora / 4 badaladas); 2) a "Hora Prima" (nascer do sol / 3 badaladas; 3) a "Hora Tertia" (meio da manhã / 2 badaladas); 4) a "Hora Sexta" ou "Meridies" (meio dia / 1 badalada); 5) a "Hora Nona" (meio da tarde / 2 badaladas); 6) as "Vésperas" (pôr do sol / 3 badaladas) e 7) as "Completas" (anoitecer / 4 badaladas). Estes relógios eram sujeitos a calibragem para acompanharem a variação dos dias ao longo do ano, e as diferentes horas do nascer e do pôr do sol. A palavra inglesa "clock" (relógio não portátil), deriva do holandês "clojk" que quer dizer sino, que por sua vez em alemão se denomina "glocke".
A história refere que o califa árabe Harun Al Rashid teria presenteado Carlos Magno com um relógio de bronze que batia as horas. Mas foi na Europa que o relógio mecânico se desenvolveu.
O primeiro relógio mecânico conhecido (que marcava o tempo), encontra-se no Museu de Ciência, em Londres e teria sido encomendado , em 1386, pelo rei da França ao fabricante Henry de Vicky. Entretanto, foi instalado na Catedral de Salisbury, na Inglaterra. Era formado por duas engrenagens movidas por cordas e pesava cerca de 200 quilos.
A partir dos grandes relógios mecânicos foram criados os menores para uso doméstico. As torres e vigias das igrejas tornaram-se torres de relógio, de onde soavam horas iguais para os serviços religiosos. . O relógio foi um serviço público anterior ao abastecimento de água..
Em 1582Galileu (1564-1642), ao observar a oscilação de um candeeiro na Catedral de Pisa, apercebeu-se do isocronismo das oscilações pendulares O holandês Christian Huygens utilizou esse conhecimento na consttrução do primeiro relógio de pêndulo.
O relógio de pêndulo que herdei dos meus avós paternos
A substituição do pêndulo por uma peça oscilante, o volante, permitiu a redução do tamanho até ao relógio de bolso que surgiur em 1504. O relógio de pulso só foi criado e patenteado no século XX. O inglês John Harwood registou a invenção em 1924, e logo o novo modelo superou o relógio de bolso.
Entre as marcas mais famosas de relógios encontra-se a Patek Philippe
Primeiro relógio de pulso e um relógio de bolso da referida marca
Entretanto, em finais do século XIX foi descoberta a piezoelectricidade. Em certos cristais, quando submetidos a deformações, cria-se uma diferença de potencial, necessariamente um campo eléctrico. Pierre Curie (marido da Madame Curie) e um seu irmão verificaram ainda que, submetidos a uma diferença de potencial, esses cristais se contraíam ou se expandiam, conforme o campo eléctrico aplicado
Em 1920, esta propriedade começou a ser utilizada na fabricação de relógios, os famosos relógios de quartzo, usando a ressonância entre a frequência do campo eléctrico aplicado ao cristal e sua frequência própria
Se cada um dos avanços anteriormente referido veio permitir um rigor cada vez maior na medição do tempo, o maior avanço foi conseguido com os relógios atómicos
O princípio de funcionamento dos relógios é sempre o mesmo. É necessário um oscilador que vibre regularmente: mecânico como num pêndulo, electromecânico, como um cristal de quartzo.
Os relógios atómicos não são excepção ; possuem um oscilador que vibra regularmente e um contador que converte o número de oscilações em segundos.
Como um pêndulo de relógio, o átomo pode ser estimulado externamente (no caso por ondas electromagnéticas) para que sua energia oscile de forma regula. Por exemplo, a cada 9.192.631.770 oscilações do átomo de césio-133 o relógio entende que se passou um segundo.
O tempo foi tido como absoluto até à teoria da relatividade.
Hoje sabemos que o tempo pode decorrer de forma distinta para dois observadores em referenciais diferentes.
E essa nova noção de tempo que nos deu Einstein, pode ser verificada não só nos aceleradores de partículas, como o foi numa experiência muito mais simples, realizada por dois cientistas
Em 1971, os físicos Joe Hafele e Richard Keating colocaram relógios atómicos precisos em aviões, viajaram com eles em volta do mundo e compararam as suas indicações com as de relógios idênticos deixados em terra. Os resultados foram conclusivos: o tempo passava mais devagar no avião do que no laboratório e, assim, quando terminou a experiência, os relógios voadores estavam 59 nanossegundos atrasados relativamente aos que tinham ficado em terra — exactamente o valor previsto pela teoria de Einstein
O tempo emerge em alguns dos meus poemas. Deixo alguns , para diversas idades...
Era uma vez…o tempo
O João é um petiz que ontem tinha 5 anos
Tem um irmão, o Luís, já mais velho, com sete anos.
Hoje o João fez seis anos Disse feliz para a mamã :
Para o ano apanho o Luís..
A mamã esclareceu: em breve o Luís faz anos;
estará quase a fazer nove quando tu fizeres sete anos.
Sempre a mesma diferença.
Quando para ti passa um ano, passa para o mano igualmente
O tempo sempre a correr, corre igual para toda a gente.
O que é o tempo mamã?
Eu vou falar-te do tempo,
vou contar-te a sua história.
O tempo é muito velhinho já tem idade avançada
sobre a qual diz quase nada.
Desde o nascer ao sol pôr e deste ao sol nascer
está sempre, sempre a correr em segundos, em minutos,
em horas, dias e anos, em séculos e milénios,
em milhares de milhões de anos.
E os relógios a marcar o tempo sempre a passar.
Podem ser eles solares, pela sombra dão a hora,
não funcionam de noite, quando o sol já foi embora.
Há os de areia (ampulhetas são chamados)
Têm dois bolbos ligados entre os quais a areia escorre.
Há os de água, atómicos, há os de quartzo, de mola
e também os pendulares, como muitos de parede.
O físico Galileu, homem de muito talento,
quando numa catedral viu os lustres oscilar de uma forma regular
(para cada oscilação sempre a mesma duração)
concluiu que com um pêndulo, podia medir o tempo.
O tempo corre veloz, nunca interrompe a viagem.
Parece um rio a correr da nascente até à foz,
sempre, sempre ,sem paragem. Mas é um pouco matreiro…
Por vezes parece lento e outras vezes ligeiro,
São coisas da nossa mente.
Quando estás entusiasmado com uma coisa interessante
passa o tempo num instante
Mas se a tarefa é enfadonha, monótona, sem qualquer graça,
parece que o tempo não passa.
No entanto, realmente, e comprova-o a ciência,
o tempo pode correr mais depressa ou devagar,
sem se tratar de ilusão.
É notória a diferença a grande velocidade, parecida com a da luz.
Para tu teres uma ideia de como a luz é veloz eu vou exemplificar:
A luz que a lua difunde, ou seja a luz do luar leva cerca de 1s até à terra chegar
e percorre nesse tempo quatrocentos mil quilómetros.
Mas que grande correria…
O mais veloz foguetão comparado com a luz é um grande molengão.
Para ir da terra à lua não leva menos de um dia.
Se depressa como a luz conseguíssemos viajar
o tempo iria passar por certo mais devagar.
Foi um físico genial quem tudo isto explicou.
O seu nome era Einstein e muito famoso ficou(...).
Tempo
Para os físicos, o tempo é uma grandeza,
não por ser grande, com toda a certeza.
É grandeza porque é mensurável
e é esta ideia que eu acho contestável.
Usando raciocínios, em geral profundos,
os físicos, a contratempo,
em horas, minutos e segundos, tentam dividir o tempo.
E ainda usam múltiplos, outras vezes submúltiplos,
como nano, pico, fento.
Ora há minutos que duram como vidas
e há vidas que nem segundos duram,
como há imagens que ficam esquecidas
enquanto outras para sempre perduram.
O tempo do calendário e da agenda
é simplesmente um tempo por encomenda.
Que saudades eu tenho do tempo de criança,
tempo da ilusão, do sonho, da esperança, tempo de quimera,
em que o tempo não era tempo,
porque o tempo, simplesmente não era.
Mas voa o meu pensamento para as crianças da rua,
que embaladas pelo vento,, tendo a velá-las a lua,
dormem no chão ao relento,enquanto passa, alheio, o tempo.
Enigma
Donde vem o tempo que não tem reverso,
e se escoa nos meandros da memória ?
Para onde vai o tempo onde pulsa imerso
o passado, mas também o futuro e presente
que são amalgamados pela história?
Enigma profundo, o tempo.
Será um ser imponderável ou será um não ser,
pura invenção da mente?
Tudo isso, que importa?
Beija-me o sol que entra pela vidraça,
com certeza alheio ao tempo que passa.
Fresta
Qual rio, desliza o tempo. Avança a contratempo
até desaguar num ignoto vazio onde nada mais resta
senão, impassível, álgido, o frio.
Assim a luz, quase imperceptível entra pela fresta,
e agoniza quando o dia se finar.
Desintegração da persistência da memória - Salvador Dali
Para Dalí, esta imagem foi simbólica da nova física quântica, o mundo que existe como partículas e ondas . A imagem original da Persistência da Memória " pode ser lido como uma representação da Teoria da Relatividade de Einstein, simbolizando a curvatura do espaço-tempo pela gravidade
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Olá Regina. Belo post cheio de História, Ciência, Física e Poesia.
ResponderEliminarTambém li o artigo sobre os telómeros e fiquei impressionada.
O tempo é mesmo esquisito.Os dias passam tão lentos e a vida passa tão depressa!!!!!Claro que isto não tem nada a ver com Física. Depende do nosso estado emocional. Ou terá?
Mas quero falar-lhe de outra coisa. O seu poema que eu li na Festinha da UPP foi tão apreciado que algumas colegas mo pediram para ler aos netos agora no Natal. É interessante como na UPP, pelo menos, as maentalidades se abrem mais. Mas isto é apenas uma opinião que deve resultar das pessoas com quem mais convivo.
Um grande beijo.
Obrigada pelo comentário e desculpe por nem sempre responder mas ultimamente tenho tido uma vida bastante ocupada
ResponderEliminarFico satisfeita em saber que gostaram do poema. Seria importante que a mensagem que quero passar fosse interiorizada pelas crianças de hoje a fim de poderem construir um mundo mais justo amanhã
Bjs
Regina
Já não tenho tempo ara ler este post, mas prometo que o farei quando regressar....amanha parto as 8, tenho mesmo de ir dormir.....
ResponderEliminarBjo