terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Boas Festas
Foi no dia 23 de Dezembro de 2009 que coloquei a primeira mensagem neste blogue. Anteriormente e, durante alguns dias, tive um outro blogue. Foi através dele que desejei um Bom Natal, com vários poemas de Natal -de Gedeão , de Vinicius de Moraes ,de David Mourão Ferreira, de Miguel Torga, de Fernando Pessoa
Este ano, e neste blogue, resolvi colocar o conteúdo do postal de Boas Festas que enviei aos amigos, com texto e pintura de minha autoria
Na fruteira, romãs entreabertas
como na natureza morta de Matisse, exibem rubros bagos.
Ao lado o prato de arroz doce
e um odor a canela a flutuar no ar, adocicado e lento.
Na terrina de faiança, sabores que evocam a infância
e que a memória retém ciosamente guardados
Abriu-se a porta do tempo. Arrumada a um canto,
a mesa de nogueira onde tudo está pousado.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2010)
Creio que já uma vez referi que, embora escrevendo poesia desde que me lembro de escrever, só em 2002 dei a conhecer poemas meus. A primeira pessoa a conhecê-los foi Drª Maria do Carmo Cruz que me incentivou muito a publicá-los.
A partir daí, os postais de Natal passaram a incluir um poema meu e uma foto. Mais tarde, quando em 2006 comecei a pintar (se é que posso ter tal pretensão), passaram a incluir uma pintura em vez da foto
Aí estão todos
A neve é um cristal com padrão hexagonal.
De origem molecular, tem átomos de hidrogénio
ligados a oxigénio de uma forma regular.
Em flocos, lembrando enxames, e com o vento a ajudar,
volteia com ademanes antes de no chão pousar.
Transforma-se em branco manto, e é motivo de espanto,
de êxtase, contemplação. É fonte de inspiração
para poetas, pintores, para amantes sonhadores.
Ela é todas as cores em uma só reunidas,
mas também é mãos doridas em gentes desprotegidas
do frio cruel, cortante, que enregela num instante.
Cobrem-se com velhos trapos, com jornais e com farrapos,
e nós fechamos os olhos a todos estes escolhos.
É cómodo ignorar. É bem mais fácil pensar
nos cristais hexagonais e na neve dos postais.
(in Reflexões e Interferências)
Votos de um Feliz Natal (2003)
Nos enredos da memória, por entre o silêncio branco,
vão desfilando sombras de mil vozes e penumbras de mil cores,
as palavras não ditas e as reditas,
a luz que o orvalho dispersou, os murmúrios do mar,
e os sussurros do vento, o reverso do tempo
que eu tento aprisionar no búzio que a maré ali deixou
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2004)
Natal
O menino sorri sobre as palhinhas,
e cintilam as luzes do pinheiro,
a mesa está repleta de iguarias
e à sua volta há muito comensal,
muitos adultos, algumas criancinhas.
Por entre a excitação o sono espreita
mas a hora de deitar não se respeita, é preciso receber o Pai Natal,
com todos os presentes.
Atravessa o ar, em galopada, um tropel de palavras fugidias
Uma boneca, um avião, uma consola, uma casinha, um helicóptero, uma bola,
um robot, um mecano, uma pistola um triciclo, uma prancha, uma viola….
Isolo-me de tanta confusão e penso com saudade nos ausentes
cuja imagem é cada vez mais desbotada.
Levanto-me num gesto sorrateiro, vou à janela e ninguém dá por nada.
É Natal.
No passeio em frente, deitado no chão, dorme um mendigo, coberto com um jornal.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2005)
Natal
Inexorável o tempo avança como um rio que flui
em direcção ao mar das memórias que sedimenta ou dilui.
Mas eis que, de novo, se repete a magia
de voltar a ser criança por um dia.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2006)
Não sabemos se a estrela de Belém
era estrela, supernova ou cometa.
Diz-se que brilhava intensamente
anunciando o nascimento dum Messias.
Que brilhe novamente este Natal,
que volte a ressurgir em nossos dias
que venha anunciar a profecia
de paz e harmonia no planeta.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2007)
É Natal
Um enxame de luzes adeja na cidade
As ruas crepitam de música e de gente
que, apressadamente,
embrulha em consumismo o normal egoísmo,
transformado em amor e em fraternidade.
Mas logo o Natal cessa e então tudo regressa
à habitual normalidade.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2008)
Pai Natal, acabo de perceber que não és imparcial
A alguns meninos deste tudo e a outros não deste nada.
Será que perdeste a morada, não estava a tundra gelada,
ou estava a rena cansada ?
No Natal que logo vem, pensa bem pois não pode ser assim.
Ou dás presentes a todos ou não os dás a ninguém.
Nem a mim.
(In Ciência para meninos em poemas pequeninos)
Votos de um Feliz Natal (2009)
Este ano, e neste blogue, resolvi colocar o conteúdo do postal de Boas Festas que enviei aos amigos, com texto e pintura de minha autoria
Na fruteira, romãs entreabertas
como na natureza morta de Matisse, exibem rubros bagos.
Ao lado o prato de arroz doce
e um odor a canela a flutuar no ar, adocicado e lento.
Na terrina de faiança, sabores que evocam a infância
e que a memória retém ciosamente guardados
Abriu-se a porta do tempo. Arrumada a um canto,
a mesa de nogueira onde tudo está pousado.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2010)
Creio que já uma vez referi que, embora escrevendo poesia desde que me lembro de escrever, só em 2002 dei a conhecer poemas meus. A primeira pessoa a conhecê-los foi Drª Maria do Carmo Cruz que me incentivou muito a publicá-los.
A partir daí, os postais de Natal passaram a incluir um poema meu e uma foto. Mais tarde, quando em 2006 comecei a pintar (se é que posso ter tal pretensão), passaram a incluir uma pintura em vez da foto
Aí estão todos
A neve é um cristal com padrão hexagonal.
De origem molecular, tem átomos de hidrogénio
ligados a oxigénio de uma forma regular.
Em flocos, lembrando enxames, e com o vento a ajudar,
volteia com ademanes antes de no chão pousar.
Transforma-se em branco manto, e é motivo de espanto,
de êxtase, contemplação. É fonte de inspiração
para poetas, pintores, para amantes sonhadores.
Ela é todas as cores em uma só reunidas,
mas também é mãos doridas em gentes desprotegidas
do frio cruel, cortante, que enregela num instante.
Cobrem-se com velhos trapos, com jornais e com farrapos,
e nós fechamos os olhos a todos estes escolhos.
É cómodo ignorar. É bem mais fácil pensar
nos cristais hexagonais e na neve dos postais.
(in Reflexões e Interferências)
Votos de um Feliz Natal (2003)
Nos enredos da memória, por entre o silêncio branco,
vão desfilando sombras de mil vozes e penumbras de mil cores,
as palavras não ditas e as reditas,
a luz que o orvalho dispersou, os murmúrios do mar,
e os sussurros do vento, o reverso do tempo
que eu tento aprisionar no búzio que a maré ali deixou
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2004)
Natal
O menino sorri sobre as palhinhas,
e cintilam as luzes do pinheiro,
a mesa está repleta de iguarias
e à sua volta há muito comensal,
muitos adultos, algumas criancinhas.
Por entre a excitação o sono espreita
mas a hora de deitar não se respeita, é preciso receber o Pai Natal,
com todos os presentes.
Atravessa o ar, em galopada, um tropel de palavras fugidias
Uma boneca, um avião, uma consola, uma casinha, um helicóptero, uma bola,
um robot, um mecano, uma pistola um triciclo, uma prancha, uma viola….
Isolo-me de tanta confusão e penso com saudade nos ausentes
cuja imagem é cada vez mais desbotada.
Levanto-me num gesto sorrateiro, vou à janela e ninguém dá por nada.
É Natal.
No passeio em frente, deitado no chão, dorme um mendigo, coberto com um jornal.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2005)
Natal
Inexorável o tempo avança como um rio que flui
em direcção ao mar das memórias que sedimenta ou dilui.
Mas eis que, de novo, se repete a magia
de voltar a ser criança por um dia.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2006)
Não sabemos se a estrela de Belém
era estrela, supernova ou cometa.
Diz-se que brilhava intensamente
anunciando o nascimento dum Messias.
Que brilhe novamente este Natal,
que volte a ressurgir em nossos dias
que venha anunciar a profecia
de paz e harmonia no planeta.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2007)
É Natal
Um enxame de luzes adeja na cidade
As ruas crepitam de música e de gente
que, apressadamente,
embrulha em consumismo o normal egoísmo,
transformado em amor e em fraternidade.
Mas logo o Natal cessa e então tudo regressa
à habitual normalidade.
(não publicado)
Votos de um Feliz Natal (2008)
Pai Natal, acabo de perceber que não és imparcial
A alguns meninos deste tudo e a outros não deste nada.
Será que perdeste a morada, não estava a tundra gelada,
ou estava a rena cansada ?
No Natal que logo vem, pensa bem pois não pode ser assim.
Ou dás presentes a todos ou não os dás a ninguém.
Nem a mim.
(In Ciência para meninos em poemas pequeninos)
Votos de um Feliz Natal (2009)
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Regina, mais uma vez parabéns pela sua excelente poesia e pintura . Mas queria dizer-lhe que, para além do último poema, a minha predilecção vai para o destinado ao Natal de 2004.
ResponderEliminarPara si e toda a família desejo toda a felicidade possível e que os mais pequeninos encontrem um mundo melhor.
Um grande beijo.
Obrigada Graciete
ResponderEliminarUm Bom Natal também para si
Um grande beijinho
Regina