segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Ainda o principezinho
As pessoas grandes adoram números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: Qual é o som de sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele colecciona borboletas? Mas perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos tem ele? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai? Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: Vi uma bela casa de tijolos cor de rosa, gerânios na janela, pombas no telhado...elas não conseguem, de modo algum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: vi uma casa de seiscentos contos. Então elas exclamam: Que beleza!" (in o Principezinho)
No passado sábado fui, a convite de uma associação relacionada com determinadas crianças, fazer para as mesmas, e durante 2 h e 30 min, uma sessão de ciência e poesia.
Quando me contactaram explicando-me o que pretendiam, perguntaram quais seriam os honorários, mas como eu percebi que a referida associação vivia muito de boas- vontades, decidi que o faria graciosamente, como habitualmente faço.
Como sempre, preparei as actividades tendo em conta o público a que se destinavam e sábado, levantei-me às 8 h e 30 min, saí de casa com um frio glacial e, às 9 h e 45 min, estava eu de “trouxas e bagagens” (levei vário equipamento para fazer algumas experiências simples) em frente à porta que me haviam indicado. Trata-se de uma universidade privada com vários departamentos e ninguém me sabia informar onde me deveria dirigir. Subi e voltei a subir escadas, desci e voltei a descer escadas até que um funcionário, não muito simpático, me disse. Só se for naquela sala. Fui para a porta da sala que me foi indicada e esperei. Às 10 h e 10 min ainda não tinha aparecido ninguém. Tinha-me esquecido de pedir o contacto ao senhor que me contactou em nome da referida associação (e ele tinha-se esquecido de que era importante eu tê-lo), pelo que não sabia o que fazer. Vi então subir para o andar imediatamente acima daquele onde me encontrava, uma jovem com duas crianças. Fui ter com ela e percebi que vinha acompanhar as crianças para a dita sessão. Também não sabia onde era, tentou contactar o senhor mas estava incomunicável. Decidimos então dirigir-nos para a sala que me havia sido indicada pelo referido funcionário e admiti que fosse ali a sessão dado que estava lá um retroprojector que eu tinha pedido (para explorar algumas experiências). Faltavam no entanto o computador e o vídeo que me tinham garantido.
Passado algum tempo apareceu um senhor muito prestável, com um computador, mas sem vídeo. Disse-me vir da parte da pessoa que me contactara. Foi tentar então arranjar um vídeo na referida universidade. Entretanto já passava das 10 h e30 min. Conseguido o vídeo, não conseguiu fazer a comunicação com o PC. Apareceu um outro senhor e, por mais que se empenhassem, não resolviam o problema. Pedi-lhes por favor que desistissem pois as crianças já estavam muito inquietas, o que era absolutamente normal. Comecei a sessão depois destas contrariedades todas. Estavam as crianças e duas pessoas adultas, creio que ambas pertencendo à Associação. Embora participando de uma forma um pouco anárquica, querendo todas falar ao mesmo tempo, genericamente as crianças eram muito interessadas. Apenas duas ou três mostravam um ar de tédio, que era evidente não só nas crianças. A dada altura uma criança perguntou-me quando iriam fazer os origamis. Quando lhe respondi que aquele sessão era sobre ciência e por isso estávamos a fazer algumas experiências, a criança respondeu-me que estava convencida que a sessão era sobre origamis.
Talvezpor volta das 11 h,30 min disseram-me que deveria interromper para as crianças irem comer qualquer coisa. Alguns pais entraram e eu perguntei por que razão os pais não estavam a assistir. Seria provavelmente mais agradável do que estarem fora à espera, além de que podiam ver as actividades e ajudar posteriormente as crianças a realizá-las, se quisessem.
A sugestão não colheu adeptos…
Saíram todos e eu decidi ir tomar qualquer coisa quente pois estava com muito frio. Lá tive que andar pelo edifício, à procura de um bar.
Quando regressei já estavam na sala, incansáveis, os dois senhores com o computador e o vídeo, tentando de novo a comunicação, que decididamente não conseguiram.
Prossegui com a sessão até ao fim. Quando a mesma acabou, às 12h e 30 min, comecei a arrumar as coisas. Precisava de deitar fora água que tinha usado para uma actividade ( e que uma mãe muito gentilmente me tinha arranjado logo no início da sessão). Uma das pessoas que tinham acompanhado a sessão respondeu-me que no corredor havia um caixote do lixo. Aí, já um pouco incomodada, disse : mas eu não vou deitar água num caixote do lixo. Levou a garrafa com água que posteriormente me entregou vazia. Nessa altura despediu-se de forma breve, dizendo obrigada.
A que propósito refiro isto após um excerto do Principezinho? Porque dei comigo a pensar. Neste últimos anos tenho feito muitas dezenas de sessões em escolas, bibliotecas, centros de ciência, centros culturais e sempre fui acolhida com uma afabilidade extrema, que neste caso não existiu.
Quando ao almoço comentava isto, alguém disse. Acredita que se tivesses cobrado honorários, terias tido um acolhimento diferente e tanto melhor quanto mais elevados os honorários fossem.
Não quero acreditar que assim seja. Provavelmente tudo teve a ver com o frio e os percalços iniciais..Ou então sou eu que estou a ficar susceptível…
No passado sábado fui, a convite de uma associação relacionada com determinadas crianças, fazer para as mesmas, e durante 2 h e 30 min, uma sessão de ciência e poesia.
Quando me contactaram explicando-me o que pretendiam, perguntaram quais seriam os honorários, mas como eu percebi que a referida associação vivia muito de boas- vontades, decidi que o faria graciosamente, como habitualmente faço.
Como sempre, preparei as actividades tendo em conta o público a que se destinavam e sábado, levantei-me às 8 h e 30 min, saí de casa com um frio glacial e, às 9 h e 45 min, estava eu de “trouxas e bagagens” (levei vário equipamento para fazer algumas experiências simples) em frente à porta que me haviam indicado. Trata-se de uma universidade privada com vários departamentos e ninguém me sabia informar onde me deveria dirigir. Subi e voltei a subir escadas, desci e voltei a descer escadas até que um funcionário, não muito simpático, me disse. Só se for naquela sala. Fui para a porta da sala que me foi indicada e esperei. Às 10 h e 10 min ainda não tinha aparecido ninguém. Tinha-me esquecido de pedir o contacto ao senhor que me contactou em nome da referida associação (e ele tinha-se esquecido de que era importante eu tê-lo), pelo que não sabia o que fazer. Vi então subir para o andar imediatamente acima daquele onde me encontrava, uma jovem com duas crianças. Fui ter com ela e percebi que vinha acompanhar as crianças para a dita sessão. Também não sabia onde era, tentou contactar o senhor mas estava incomunicável. Decidimos então dirigir-nos para a sala que me havia sido indicada pelo referido funcionário e admiti que fosse ali a sessão dado que estava lá um retroprojector que eu tinha pedido (para explorar algumas experiências). Faltavam no entanto o computador e o vídeo que me tinham garantido.
Passado algum tempo apareceu um senhor muito prestável, com um computador, mas sem vídeo. Disse-me vir da parte da pessoa que me contactara. Foi tentar então arranjar um vídeo na referida universidade. Entretanto já passava das 10 h e30 min. Conseguido o vídeo, não conseguiu fazer a comunicação com o PC. Apareceu um outro senhor e, por mais que se empenhassem, não resolviam o problema. Pedi-lhes por favor que desistissem pois as crianças já estavam muito inquietas, o que era absolutamente normal. Comecei a sessão depois destas contrariedades todas. Estavam as crianças e duas pessoas adultas, creio que ambas pertencendo à Associação. Embora participando de uma forma um pouco anárquica, querendo todas falar ao mesmo tempo, genericamente as crianças eram muito interessadas. Apenas duas ou três mostravam um ar de tédio, que era evidente não só nas crianças. A dada altura uma criança perguntou-me quando iriam fazer os origamis. Quando lhe respondi que aquele sessão era sobre ciência e por isso estávamos a fazer algumas experiências, a criança respondeu-me que estava convencida que a sessão era sobre origamis.
Talvezpor volta das 11 h,30 min disseram-me que deveria interromper para as crianças irem comer qualquer coisa. Alguns pais entraram e eu perguntei por que razão os pais não estavam a assistir. Seria provavelmente mais agradável do que estarem fora à espera, além de que podiam ver as actividades e ajudar posteriormente as crianças a realizá-las, se quisessem.
A sugestão não colheu adeptos…
Saíram todos e eu decidi ir tomar qualquer coisa quente pois estava com muito frio. Lá tive que andar pelo edifício, à procura de um bar.
Quando regressei já estavam na sala, incansáveis, os dois senhores com o computador e o vídeo, tentando de novo a comunicação, que decididamente não conseguiram.
Prossegui com a sessão até ao fim. Quando a mesma acabou, às 12h e 30 min, comecei a arrumar as coisas. Precisava de deitar fora água que tinha usado para uma actividade ( e que uma mãe muito gentilmente me tinha arranjado logo no início da sessão). Uma das pessoas que tinham acompanhado a sessão respondeu-me que no corredor havia um caixote do lixo. Aí, já um pouco incomodada, disse : mas eu não vou deitar água num caixote do lixo. Levou a garrafa com água que posteriormente me entregou vazia. Nessa altura despediu-se de forma breve, dizendo obrigada.
A que propósito refiro isto após um excerto do Principezinho? Porque dei comigo a pensar. Neste últimos anos tenho feito muitas dezenas de sessões em escolas, bibliotecas, centros de ciência, centros culturais e sempre fui acolhida com uma afabilidade extrema, que neste caso não existiu.
Quando ao almoço comentava isto, alguém disse. Acredita que se tivesses cobrado honorários, terias tido um acolhimento diferente e tanto melhor quanto mais elevados os honorários fossem.
Não quero acreditar que assim seja. Provavelmente tudo teve a ver com o frio e os percalços iniciais..Ou então sou eu que estou a ficar susceptível…
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Provavelmente quem organizou a sessão, vai tirar dividendos dela...pôr no curriculo da associção que ela se realizou com grande êxito e sem custos...:))
ResponderEliminarSinceramente, Regina, apetece-me dizer a tal frase : P....a p.....!
Sei que estás sempre disposta a tudo, mas acho que é pura exploração.
Bem que St Exupery via mais alem.
O que vale é que já fizeste centenas de sessões bem sucedidas, de modo que esta foi só uma gota de água no oceano.
Bjo
É um pouco um sinal do tempo, mas nem sempre há-de ser assim. As pessoas virão a pensar de modo diferente e a dar à vida o seu verdadeiro valor.
ResponderEliminarPara si, Regina,sempre disponível, sempre competente, um grande beijo.
Penso e tenho a certeza que não tem nada a ver com honorários! Tem a ver com o nosso jeito muito português de fazer tudo "em cima do joelho"! O que interessa é fazer "fogo de vista", ser notado pelas acções que realizam, nem que seja à custa dos outros... Passa pela cabeça de alguém levar crianças para uma acção qualquer, sem as preparar previamente sobre aquilo a que vão assistir e participar?
ResponderEliminarBjs da M. Eugénia
Olá boas amigas
ResponderEliminarPermitam-me uma saudação especial de boas vindas à Eugénia
Um beijinho para todas
Regina