sexta-feira, 20 de março de 2015
O eclipse
Platero e Eu é um magnífico livro de prosa
poética, escrito por Juan Ramón Jiménez (Prémio Nobel de Literatura, em 1956).
É um livro de afetos, nomeadamente o que une o autor ao seu burrinho Platero. Recebi-o quando tinha
12 anos e já o reli não sei quantas vezes.
Um dos textos relata consequências de um
eclipse total do sol a que o autor, quando jovem, assistiu na sua aldeia andaluza
METEMOS
as mãos nos bolsos, sem querer, e sentimos na fronte o fino palpitar da sombra
fresca, como quando se entra num espesso pinhal. As galinhas recolheram ao
poleiro, uma a uma. Em redor, o campo enlutou o seu verde, como se o véu roxo
do altar-mor o cobiçasse. Viu-se, branco, o mar longínquo; e algumas estrelas
brilharam, pálidas. Como iam trocando brancura por brancura, os terraços! Nós,
que lá estávamos, gritávamos, uns para os outros, ditos mais ou menos engraçados,
pequenos e escuros naquele silêncio reduzido do eclipse.
Olhávamos
o sol com tudo: com os binóculos de teatro, com o óculo de grande alcance, com
uma garrafa, com um vidro fumado. E de toda a parte: da varanda, da escada da
cerca, da janela do celeiro, da porta do pátio, pelos seus vidros escarlates e
azuis...
Ao
ocultar-se o sol (que, um momento antes, tornava tudo duas, três, cem vezes
maior e melhor com as suas complicações de luz e ouro), tudo, sem a longa
transição do crepúsculo, ficava só e pobre, como se se tivesse trocado ouro primeiro,
e depois prata, por cobre. A aldeia parecia uma pequena moeda ferrugenta e sem
valor. Que tristes e pequenas as ruas, as praças, a torre, os caminhos dos
montes!
Platero
além, na cerca, parecia um burro menos verdadeiro, diferente e recortado; outro
burro...
A minha neta Marta (4 anos) que ontem jantou em minha casa, logo que chegou começou a falar-me do eclipse e fiquei espantada como a miúda o explicava. Com as mãozitas figurava a terra e a lua. O candeeiro era o sol. Dobrando uma mãozita e mantendo a outra aberta.mostrava a sombra da primeira sobre a segunda. E a propósito disso começou a falar de planetas, de estrelas...Comentei: Tenho uma neta fantástica. Ela retorqui: Eu tenha uma avó fantástica. E logo de imediato completou. Eu tenho duas avós fantásticas. São as melhores do mundo. Nâo, são as melhores da galáxia.
Contrariamente ao irmão que, no infantário, teve uma educadora muito fraquinha, a Marta tem uma educadora muito boa, que os estimula muito e que ela adora.
A terminar coloco um excerto do meu livro "Pelo sistema solar vamos todos viajar" e que se refere aos eclipses.
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O meu neto Daniel fez há 2 anos, um desenho para o dia dos meus anos, em que me punha num pódio em 1º lugar. Na altura disse-lhe: sabes a avó Amélia fica triste se vê este desenho aqui no frigorífico ( mas ainda lá está!!!).
ResponderEliminarEste ano voltou a fazer um desenho e escreveru Para a Avó Gineca a melhor avó do mundo ( ex-aequo) ! :)
O melhor do mundo são as crianças, como diz o POETA
ResponderEliminarAb
Regina
Olá Nana! Sou a Educadora da Marta e fiquei muito comovida com o que escreveu. Muito obrigada. Aproveito para a convidar a vir a nossa sala, contar a sua história "Pelo sistema solar vamos todos viajar". Bjs Maria João Silva
ResponderEliminarOlá Maria João.
EliminarO seu comentário foi uma surpresa muito agradável. Nunca imaginei que tivesse conhecimento do meu blogue.
Aproveito para felicitá-la pela forma como faz chegar a ciência a crianças tão pequeninas.
Irei com o maio prazer à vossa sala.
Deixo o meu e-mail para podermos contactar mais facilmente rasg1410@gmail.com
Ab
Regina Gouveia