O título desta mensagem fui buscá- lo a
Tristeza não tem fim, felicidade sim ..(Vinícius de Moraes com música de Tom
Jobim)
Andava um pouco deprimida com a avalanche de escândalos neste país cujos governantes, pouco escrupulosos, pensam apenas em
governar-se e não em governar, mas na sexta feira passada uma série de felizes acontecimentos bastaram para me levantar o ânimo.
Durante anos, o meu marido sentia sempre uns zumbidos e, de vez em quando, tinha umas crises terríveis com vertigens, vómitos,etc. Foi-lhe diagnosticado síndrome de Meniére e prescrita medicação, que cumpria escrupulosamente. Isso não impediu que na China tivesse ocorrido mais uma crise.Já por várias vezes lhe tinha sugerido ir a um especialista nessa área, o médico "otorrino" que me tem seguido nos meus problemas de garganta,Três pessoas que eu conheço sofriam há anos do problema e o referido médico resolveu-o com uma simples rotação brusca da cabeça que visa repor na posição correta uns cristais dentro do ouvido que, ao atingir uma
determinada zona, provocam um desequilíbrio de posição. No passado, esta doença era
confundida frequentemente com patologias da cervical e com síndrome de Meniére. Na quinta feira passada o meu marido foi a uma consulta e a dada altura lá surgiu a rotação brusca da cabeça. Sentiu-se terrivelmente mal ( tal como me tinham relatado as três pessoas que acima referi). Esteve um pouco tonto todo o dia. Na sexta feira quando acordou, ficou eufórico. Não tinha zumbidos, não tinha tonturas. Há mais de vinte anos que não me sentia tão bem, disse-me .
À tarde foi a minha vez de ir ao médico. Era visita que fazia muito raramente mas, a partir da minha pneumonia em julho, têm-me sido aconselhados exames a tudo e mais alguma coisa....
Na sexta feira fui fazer um ecocardiograma e uma prova de esforço. Os resultados não poderiam ser melhores. Comportei-me como se tivesse trinta anos...
Mas as boas novas não iriam ficar por aqui..
Quando fui buscar o meu neto à escola, a professora de inglês disse-me : Já não parece o mesmo, consegue concentrar-se e está muito motivado e participativo.
Entretanto ele chegou e disse-me, muito satisfeito. A professora (não a professora de inglês mas a professora do 4º ano) hoje elogiou-me por causa do meu cálculo mental muito rápido.
A mudança de escola começa a dar frutos. Está muito mais concentrado e calmo.
À noite, para terminar bem o dia, fui à Casa da Música- " Maravilhas Sinfónicas"com a Orquestra Sinfónica do Porto, Michael Sanderling na direcção musical e Pedro Gomes no piano. Do programa constavam o Concerto para piano e orquestra nº 9, KV 271, "Jeunehomme" de
Mozart e a Sinfonia nº 11 em Sol menor, op.103, "O Ano de 1905" de
Chostakovitch
Relativamente ao Concerto de Mozart, que já conhecia, pode ler-se no programa “Uma das maravilhas do mundo.” Desta forma
se referiu ao Concerto Jeunehomme, de Mozart, o pianista Alfred Brendel. Com
rasgos de originalidade constantes, desde a entrada inesperada do piano antes
da orquestra até aos diálogos permanentes entre as duas forças concertantes,
este concerto para piano mantém-se como um dos favoritos dos melómanos
Quanto à Sinfonia
nº 11, que eu não conhecia mas de que gostei imenso, foi escrita para assinalar os 40 anos da Revolução de Outubro e relata, ao longo dos seus quatro andamentos, os episódios duma tentativa de revolução em 1905 (daí o título da obra),
Após toda esta sucessão de acontecimentos felizes, a notícia de mais um escândalo a ser investigado...
Lembrei-me então de dois textos que. em tempos, li
aqui, um de Lobo Antunes e o outro de Saramago
(...)Quem nos dá este solzinho, quem é? E de
graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal
agradecidos, protestamos.
(...)Deixam de ser ministros e a sua vida um
horror, suportado em estoico silêncio.
(...)Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.( ...)
(...)Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o
senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não
esteja na franja da miséria. Um único.
(...)Tenham o sentido da realidade, portugueses,
sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns
Cristos, que pecado feio, a ingratidão.
(...)Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço,
no lugar de D. José que, aliás, era um
pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal,
esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as
manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.(....)
(...)O resto são coisas insignificantes:
desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia,
ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem?
Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de,
fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e
beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa
obrigação, felizes.
Portugal visto por António Lobo Antunes
Ainda bem que no campo da saúde tudo corre melhor. E felicidades para o Zézito, pelos vistos está a gostar da ESCM!!
ResponderEliminarQuanto ao resto, sãouns atrás de outros. Ainda bem que o meu filho está em Melgaço, apesar do trabalho e da distância....tudo isto é uma miséria....
Bjo
Este egocentrismo, esta falta de ética,de pudor, etc, tudo isto é deprimente...
ResponderEliminarAb
Regina
Hoje dois dos meus filhos comentavam: fomos governados por um psicopata....um estava na América, o outro aqui no Porto....
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