A experiência da dupla fenda
de Young (...)mostrou que o
comportamento da luz é ondulatório e não corpuscular, como Newton supunha. Hoje
sabemos que a luz é uma onda electromagnética, a oscilação de campos eléctrico
e magnético que se propaga num meio, ainda que não material.
O triunfo da teoria
ondulatória da luz foi-se acentuando ao longo do século XIX. No entanto, no
início do século XX. verificou-se noutro tipo de experiências que a luz era
emitida e absorvida em pequenas quantidades (quanta, plural de quantum),
nas experiências do corpo negro, e que essas pequenas quantidades se portavam
como partículas em colisões com electrões, na experiência do efeito
fotoeléctrico. Foram, respectivamente, Planck e Einstein que, ao introduzir a
teoria quântica, ressuscitaram a teoria corpuscular da luz.
Passou-se então a
falar de dualidade onda-corpúsculo para a luz. Em certas experiências a luz
comportava-se como onda e noutras como uma partícula. Claro que existe aqui um
problema conceptual pois uma onda clássica se estende no espaço e uma partícula
clássica está concentrada num sítio. De facto, a luz não é uma onda nem uma
partícula, é onda em certas experiências e partícula noutras. Em geral,
encontra-se a luz como uma onda e noutras vezes encontra-se como partícula. Os
dois aspectos não aparecem na mesma experiência: aparece um ou outro, conforme
as condições da experiência. Bohr chamou "complementaridade" a este
comportamento da Natureza.
Percebeu-se também a certa altura que as partículas elementares de
electricidade, os electrões, que tinham sido identificados como semelhantes a
partículas clássicas, se portavam em certas experiências como ondas. Por
exemplo, eram difractadas num cristal de um modo semelhante ao dos raios X, que
são uma forma de luz. (excertos de um texto colocado em De Rerum Natura
Os vídeos
anexos ajudam a perceber o que acima ficou referido
E termino
com poesia...
Poema de ser ou não ser
São ondas ou corpúsculos?
Sim ou não?
São uma ou outra coisa, ou
serão ambas?
São “ou” ou serão “e”?
Ou um tudo se passa como se?
Percorrem velozmente órbitas
certas
as quais existem só quando
percorrem.
Velozmente. Será?
Ou talvez não se movam, o que
depende
do estado em que se encontre
quem observa.
Assim prosseguem rotineira
marcha
na paz podre do tempo.
Oh! O tempo!
Até que, de repente,
por exigências igualmente
certas,
num sobressalto histérico,
saltam de certa órbita
e vão fazer o mesmo noutra
certa
tão certa como a outra.
E assim prosseguem
na paz podre do tempo.
Eis senão quando,
como pedra num charco ou
estrela que deflagra,
irrompem no vazio,
e o vazio perturbado afunda-se
e alteia-se,
e em esferas sucessivas,
pressurosas,
vão alagando o espaço,
primeiro o espaço próximo,
depois o mais distante,
e seguem sempre, sempre,
avante, sempre avante,
em quantas direcções se lhe
apresentam.
Sim, ou não?
Estou à janela
e
vejo muito longe a linha do horizonte.
Gedeão,
A in Novos poemas póstumos
Bohr
Os corpúsculos e
as ondas
são a mesma
realidade
Assim sendo, tu
já sondas
o começo de uma
idade.
(Perscrutar
certos segredos
que a natureza
escondera
é fundamento dos
medos
do frio que nos espera)..
Lisboa, E. In O Ilimitável oceano
/
Uma onda de desassossego
varreu a mente de Peter Higgs
quando, placidamente, caminhava nas “Highlands”…
Placidamente, sim ou não?
E a onda (ou seria o bosão?)
continuou em progressão no
espaço-tempo..
A partícula de Deus, peça
fundamental
que ao modelo padrão convém,
existirá ou não?
Subtil, da mente humana
parece não querer ficar refém.
Embora pesada, à nossa escala é
leve
e o seu tempo, esse é muito breve.
E o desassossego?
Esse, nem leve, nem breve…
São outros os cavaleiros, outro o
Santo Graal.
Porventura igual, o desassossego
da mente.
Assim a condição humana.
Gouveia, R. In Entre margens
Este post completa muito bem a sua palestra, tão interessante e bem elaborada, no Vivacidade.
ResponderEliminarUm beijo. Regina.