Lá vêm muitos meninos, é a saída da escola,
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Era uma vez...um ecoponto
Foi por mero acaso, mas com muito agrado, que vi
anunciado, no site da Biblioteca Raul Brandão
em Guimarães, a apresentação de Era uma
vez ...um ecoponto, pelo teatro de fantoches. O texto, um dos que integram
“Era
uma vez...ciência e poesia no reino da fantasia” (agora em 3ª edição como
referi em mensagem recente),
tem sido representado em vários locais do país. Tenho assistido a algumas das representações, uma delas no Faial .
Deixo aqui o texto com algumas ilustrações ( do meu filho Nuno, obviamente...)
Era
uma vez …um ecoponto
Esta é a história de um ecoponto
ali na esquina da rua que com o largo confina.
Ao sol, à chuva, às geadas, respirando ar
poluído,
fustigado pelo vento, lá vai passando o
seu tempo.
À noite, mais sossegado, gosta de olhar a
lua
e o céu todo estrelado.
É um ecoponto
engraçado,
direi mesmo divertido. Ao todo três
contentores
mais um outro pequenito, conjunto de quatro cores.
O pequeno é vermelhito, há quem lhe
chame encarnado,
e é para
pilhas estragadas. O verde é o vidrão,
o azul
é o papelão e falta o amarelado
para plástico, metal,
mas não todo, por sinal. Convém ler as
instruções
para não haver confusões.
Numa certa sexta-feira uma gaivota pousou
no referido ecoponto. Disse-lhe este num lamento:
Ecoponto
Estou muito preocupado, muito triste,
descontente
com a falta de cuidado que se tem com o
ambiente.
São escapes de automóveis a lançar
poluição,
são óleos, são detergentes, são indústrias poluentes,
é lixo amontoado, ou espalhado no chão.
Pois não queres tu lá saber… Imagina só
gaivota
que,
na passada terça feira, um senhor todo janota
quis fazer do chão lixeira.
Lixo todo misturado, pelo chão ficou
espalhado
e aqui mesmo ao meu lado.
Mas que falta de cuidado…
Levantou-se um vento forte e vê tu a
minha sorte,
fustigado pelo vento e com o lixo à
mistura.
Valeu-me ter pele dura….
Gaivota
Oh que grande novidade, bem se vê que
estás parado
não conheces a cidade. Eu que estou
sempre a voar
posso bem avaliar. Há lixo por todo o
lado:
são pausinhos de gelados, plásticos amarfanhados
quanta boneca sem braços, quanta
vassoura em pedaços,
quanta garrafa partida, quanta embalagem
perdida,
pilhas
já danificadas…
Ecoponto
Mas isso é um grande perigo…
Gaivota
Pois é, eu sei meu amigo mas que se há-de
fazer?
Ecoponto
Isso assim não pode ser. Acabo de ter uma
ideia
que penso ser genial. Os meninos, em
geral,
salvo uma ou outra excepção gostam de
mim, por sinal.
Vamos ter que lhes pedir uma colaboração.
Pedem ao pai e à mãe que tenham mais
atenção.
Gaivota
E podem fazer uns cartazes para toda a
população.
Lixo nos
contentores, sim e fora dos contentores, não….
Com o lixo
separado, muito será reciclado…
Proteger o ambiente é bom para toda a gente…
Ecoponto
Que boa ideia menina, mas deixa vir ao de cima
toda a sua inspiração.
Tu não sabes que os meninos têm muita
imaginação?
Gaivota
É verdade, tens razão.
Ecoponto
Que mais podemos fazer?
Gaivota
Tu vais ter que te arranjar com um ar
muito cuidado.
Assim qualquer um que passe fica bem
impressionado
talvez deite em ti o lixo, em vez de o
deixar ao lado.
Ecoponto
E tu não vais fazer nada?
Gaivota
Acabo de ter uma ideia, uma grande
solução.
Quando alguém mais descuidado deitar o lixo no chão
ou o trouxer misturado, sem qualquer separação,
leva logo uma bicada para ter mais atenção.
Ecoponto
Que boa ideia gaivota! Olha ali vem o
janota…
Gaivota
Não queres ver o figurão… Deitou o lixo
no chão
mas levou uma bicada, não vai esquecer a lição.
Ecoponto
Lá vêm muitos meninos, é a saída da escola,
Lá vêm muitos meninos, é a saída da escola,
trazem papel reciclado dentro da sua
sacola.
Gaivota
Repara neste, que amor….
A lata de coca-cola deitou-a no contentor.
Fê- lo com todo o cuidado, usou o
amarelado.
E o pedaço de papel que segurava na mão,
deitou-o no papelão.
Ecoponto
Vê tu aquela menina…Ainda tão pequenina,
viu a garrafa no chão e foi pô-la no
vidrão.
Gaivota
Repara,
que maravilha….Aquele, mais crescidito,
tirou do bolso uma pilha, deitou-a no
vermelhito
Ecoponto
Sabes, já estou mais contente
só de ver tanto menino que respeita o
ambiente.
Gaivota
Eu até estou comovida… Bem, tenho que ir
à minha vida.
Ecoponto
Vejo que estás de partida. Já vais embora
gaivota?
Gaivota
Estou mesmo na despedida mas amanhã estou
de volta.
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Que bela peça de teatro deve ter dado este bonito poema, escrito em diálogo. Gostava mesmo de a ter visto.
ResponderEliminarUm abraço.
Parabéns!
ResponderEliminarHoje escrevi sobre ti - pouquinho - no meu blogue.
Um beijinho
Procurei o teu livro na Leitura, mas ainda não receberam,prometeram mandar vir brevemente!!
ResponderEliminarBjo
Acabo de chegar do nordeste para onde fui sexta feira a fim de apresentar o livro e montar uma exposição.
ResponderEliminarObrigada às duas
Bjs
Regina