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Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Era uma vez...um ecoponto


Foi  por mero acaso, mas com muito agrado, que vi anunciado, no site da  Biblioteca Raul Brandão em Guimarães, a apresentação de Era uma vez ...um ecoponto, pelo teatro de fantoches. O texto, um dos que integram   “Era uma vez...ciência e poesia no reino da fantasia” (agora em 3ª edição como referi em mensagem recente),
tem sido representado em vários locais do país. Tenho assistido a algumas das representações, uma delas no Faial .


 

Deixo aqui o texto com algumas ilustrações ( do meu filho Nuno, obviamente...)

Era uma vez …um ecoponto

Esta é a história de  um ecoponto

ali na esquina da  rua que com o largo confina.

Ao sol, à chuva, às geadas, respirando ar poluído,

fustigado pelo vento, lá vai passando o seu tempo.

À noite, mais sossegado, gosta de olhar a lua

e o céu todo estrelado.
 
 
 
 É um ecoponto engraçado,

direi mesmo divertido. Ao todo três contentores

mais um outro pequenito, conjunto de  quatro cores.

O pequeno é vermelhito, há quem lhe chame  encarnado,

e é para  pilhas estragadas. O  verde é  o vidrão,

o azul  é o papelão  e falta o amarelado para plástico, metal,

mas não todo, por sinal. Convém ler as instruções

para não haver confusões. 

Numa certa sexta-feira uma gaivota pousou

no referido ecoponto. Disse-lhe este  num lamento:

Ecoponto

Estou muito preocupado, muito triste, descontente

com a falta de cuidado que se tem com o ambiente.

São escapes de automóveis a lançar poluição,

são óleos, são detergentes,  são indústrias poluentes,

é lixo amontoado, ou espalhado no chão.

Pois não queres tu lá saber… Imagina só gaivota

que,  na passada terça feira, um senhor todo janota 

quis fazer do chão lixeira.

Lixo todo misturado, pelo chão ficou espalhado

e aqui mesmo ao meu  lado.

Mas que falta de cuidado…

Levantou-se um vento forte e vê tu a minha sorte,

fustigado pelo vento e com o lixo à mistura.

Valeu-me ter  pele dura….
 
 

Gaivota

Oh que grande novidade, bem se vê que estás parado

não conheces a cidade. Eu que estou sempre a voar

posso bem avaliar. Há lixo por todo o lado:

são pausinhos de gelados,  plásticos amarfanhados

quanta boneca sem braços, quanta vassoura  em pedaços,

quanta garrafa partida, quanta embalagem perdida, 

pilhas  já danificadas…

Ecoponto

Mas isso é um grande perigo…

Gaivota

Pois é, eu sei meu amigo mas que se há-de fazer?

Ecoponto

Isso assim não pode ser. Acabo de ter uma ideia

que penso ser genial. Os meninos, em geral,

salvo uma ou outra excepção gostam de mim, por sinal.

Vamos ter que  lhes pedir uma colaboração.

Pedem ao pai e à mãe que tenham mais atenção.

Gaivota

E podem fazer uns cartazes para toda a população.

Lixo nos contentores, sim e fora dos contentores, não….

Com o lixo separado, muito será reciclado…

Proteger  o ambiente  é bom para toda a gente…

Ecoponto

Que boa ideia menina,  mas deixa vir ao de cima

toda a sua inspiração.

Tu não sabes que os meninos têm muita imaginação?

Gaivota

É verdade, tens razão.

Ecoponto

Que mais podemos fazer?

Gaivota

Tu vais ter que te arranjar com um ar muito cuidado.

Assim qualquer um que passe fica bem impressionado

talvez deite em ti o lixo, em vez de o deixar ao lado.

Ecoponto

E tu não vais fazer nada?

Gaivota

Acabo de ter uma ideia, uma grande solução.

Quando alguém mais descuidado  deitar o lixo no chão

ou o trouxer misturado,  sem qualquer separação,

leva logo uma bicada  para ter mais atenção.

Ecoponto

Que boa ideia gaivota! Olha ali vem o janota…

Gaivota

Não queres ver o figurão… Deitou o lixo no chão

mas levou uma bicada,  não vai esquecer a lição.
 

Ecoponto
Lá vêm  muitos meninos, é a saída da escola,

trazem papel reciclado dentro da sua sacola.

Gaivota

Repara neste, que amor….

A lata de coca-cola  deitou-a no contentor.

Fê- lo com todo o cuidado, usou o amarelado.

E o pedaço de papel que segurava na mão,

deitou-o no papelão.

Ecoponto

Vê tu aquela menina…Ainda tão pequenina,

viu a garrafa no chão e foi pô-la no vidrão.

Gaivota

Repara,  que maravilha….Aquele, mais crescidito,

tirou do bolso uma pilha, deitou-a no vermelhito

Ecoponto

Sabes, já estou mais contente

só de ver tanto menino que respeita o ambiente.

Gaivota

Eu até estou comovida… Bem, tenho que ir à minha vida.

Ecoponto

Vejo que estás de partida. Já vais embora gaivota?

Gaivota

Estou mesmo na despedida mas amanhã estou de volta.

4 comentários:

  1. Que bela peça de teatro deve ter dado este bonito poema, escrito em diálogo. Gostava mesmo de a ter visto.

    Um abraço.

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  2. Parabéns!

    Hoje escrevi sobre ti - pouquinho - no meu blogue.

    Um beijinho

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  3. Procurei o teu livro na Leitura, mas ainda não receberam,prometeram mandar vir brevemente!!

    Bjo

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  4. Acabo de chegar do nordeste para onde fui sexta feira a fim de apresentar o livro e montar uma exposição.
    Obrigada às duas
    Bjs
    Regina

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