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Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


domingo, 24 de fevereiro de 2013

Favoritos...

Tenho sempre alguma dificuldade em responder quando a questão se prende com o meu favoritismo relativamante a um escritor/compositor/pintor, etc. Ocorrem-me sempre vários...
Hoje escolhi alguns de entre esses "vários": o poeta Mário Quintana, o pintor Paul Klee, o compositor Brahms.
Poema
Oh ! aquele menininho que dizia
"Fessora, eu posso ir lá fora?"
mas apenas ficava um momento
bebendo o vento azul ...
Agora não preciso pedir licença
a ninguém.
Mesmo porque não existe paisagem
lá fora: somente cimento.
O vento não mais me fareja a face
como um cão amigo ...
Mas o azul irreversível persiste em meus olhos.


Poema da gare de Astapovo
 
O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ...e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Gloria,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E entao a Morte,
Ao vê-lo tao sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se ate não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!


Bem-Aventurados
Bem-aventurados os pintores escorrendo luz
Que se expressam em verde
Azul
Ocre
Cinza
Zarcão!

Bem-aventurados os músicos...
E os bailarinos
E os mímicos
E os matemáticos...
Cada qual na sua expressão!

Só o poeta é que tem de lidar com a ingrata linguagem alheia..
A impura linguagem dos homens



A seguir a dança húngara nº 5 de Brahms  e "As portas de Kairouan" de Paul Klee



 

5 comentários:

  1. O quadro é extraordinário.

    Toquei a dança húngara nº 5 de Brahms, simplificada, quando tinha uns oito anitos. Nunca mais me esqueci dela, embora goste muito da nº 6 também.

    Quanto aos poemas, gosto deles mais simples, mas a poesia tem dias:))

    Bjo

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  2. Eu gosto muito de Mário Quintana. Aí vai um poema seu, mais simples
    Hoje é Outro Dia
    Quando abro cada manhã a janela do meu quarto
    É como se abrisse o mesmo livro
    Numa página nova…
    Bjs
    Regina

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  3. E os poemas da Regina?

    Quando é lançado o seu novo livro de poemas?

    Estou ansiosa que o livro saia.

    Também gosto de Mário Quintana, Regina.

    Um abraço,
    Adelaide

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