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Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


sábado, 15 de junho de 2013

Natureza dual da luz e da matéria


A experiência da dupla fenda  de Young  (...)mostrou que o comportamento da luz é ondulatório e não corpuscular, como Newton supunha. Hoje sabemos que a luz é uma onda electromagnética, a oscilação de campos eléctrico e magnético que se propaga num meio, ainda que não material.

O triunfo da teoria ondulatória da luz foi-se acentuando ao longo do século XIX. No entanto, no início do século XX. verificou-se noutro tipo de experiências que a luz era emitida e absorvida em pequenas quantidades (quanta, plural de quantum), nas experiências do corpo negro, e que essas pequenas quantidades se portavam como partículas em colisões com electrões, na experiência do efeito fotoeléctrico. Foram, respectivamente, Planck e Einstein que, ao introduzir a teoria quântica, ressuscitaram a teoria corpuscular da luz.

Passou-se então a falar de dualidade onda-corpúsculo para a luz. Em certas experiências a luz comportava-se como onda e noutras como uma partícula. Claro que existe aqui um problema conceptual pois uma onda clássica se estende no espaço e uma partícula clássica está concentrada num sítio. De facto, a luz não é uma onda nem uma partícula, é onda em certas experiências e partícula noutras. Em geral, encontra-se a luz como uma onda e noutras vezes encontra-se como partícula. Os dois aspectos não aparecem na mesma experiência: aparece um ou outro, conforme as condições da experiência. Bohr chamou "complementaridade" a este comportamento da Natureza.

Percebeu-se também a certa altura que as partículas elementares de electricidade, os electrões, que tinham sido identificados como semelhantes a partículas clássicas, se portavam em certas experiências como ondas. Por exemplo, eram difractadas num cristal de um modo semelhante ao dos raios X, que são uma forma de luz.
(excertos de um texto colocado em De Rerum Natura

Os vídeos anexos ajudam a perceber o que acima ficou referido

 
E termino com poesia...

 

Poema de ser ou não ser

 
São ondas ou corpúsculos?

Sim ou não?

São uma ou outra coisa, ou serão ambas?

São “ou” ou serão “e”?

Ou um tudo se passa como se?

Percorrem velozmente órbitas certas

as quais existem só quando percorrem.

Velozmente. Será?

Ou talvez não se movam, o que depende

do estado em que se encontre quem observa.

Assim prosseguem rotineira marcha

na paz podre do tempo.

Oh! O tempo!

Até que, de repente,

por exigências igualmente certas,

num sobressalto histérico,

saltam de certa órbita

e vão fazer o mesmo noutra certa

tão certa como a outra.

E assim prosseguem

na paz podre do tempo.

Eis senão quando,

como pedra num charco ou estrela que deflagra,

irrompem no vazio,

e o vazio perturbado afunda-se e alteia-se,

e em esferas sucessivas, pressurosas,

vão alagando o espaço,

primeiro o espaço próximo,

depois o mais distante,

e seguem sempre, sempre, avante, sempre avante,

em quantas direcções se lhe apresentam.

Sim, ou não?

Estou à janela

e vejo muito longe a linha do horizonte.

 
Gedeão, A in Novos poemas póstumos

 

Bohr

 
Os corpúsculos e as ondas

são a mesma realidade

Assim sendo, tu já sondas

o começo de uma idade.

(Perscrutar certos segredos

que a natureza escondera

é fundamento dos medos

do frio que nos espera)..

 
Lisboa, E. In O Ilimitável oceano

 

Um novo Graal


 /
Uma onda de desassossego 

varreu a mente de Peter Higgs

quando, placidamente,  caminhava nas “Highlands”…

Placidamente, sim ou não?

E a onda (ou seria o bosão?)

continuou em progressão no espaço-tempo..

A partícula de Deus, peça fundamental

que ao modelo padrão convém, existirá ou não?

Subtil, da mente humana 

parece não querer ficar refém.

Embora pesada, à nossa escala é leve

e o seu tempo, esse  é muito breve.

E o desassossego?

Esse, nem leve, nem breve…

São outros os cavaleiros, outro o Santo Graal.

Porventura igual, o desassossego da mente.

Assim a condição humana.

 
Gouveia, R. In Entre margens

 

1 comentário:

  1. Este post completa muito bem a sua palestra, tão interessante e bem elaborada, no Vivacidade.

    Um beijo. Regina.

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