Após a visita ao Ceasa de S. Paulo, dirigimo-nos
para Santos, onde chegámos por volta das 9,30. O meu primo regressou de imediato
a S. Paulo pois o filho , que estava de férias, tinha sido internado de
urgência com uma diverticulite , de que felizmente recuperou depressa.
O porteiro do prédio deu-me as chaves e eu subi pelo
elevador de serviço, pensando fazer uma surpresa. Mas a minha irmã não me
deixou entrar: Por favor, vem pelo elevador principal. Obedeci.Ao chegar
percebi a razão por que não deveria entrar pela porta de serviço. Na porta
principal tinha escrito Regina nós te amamos
A razão que me levou ao Brasil foi a saúde da minha
irmã. Tem 84 anos e em Novembro foi internada várias vezes. Os filhos,
muito em particular o filho que vive com ela, diziam-me que estava a ficar
demente. Eu ligo-lhe com muita frequência, há semanas em que ligo diariamente
ou quase, e nunca me dei conta de qualquer sintoma de demência (infelizmente
tenho alguma experiência sobre demência senil- tive a minha mãe com
Alzheimer desde os seus 58 anos até aos 71, e em 1999 ficou com Alzheimer uma
tia do meu marido, que veio a falecer em 2005).
Não me pareceu que a receção que me fez
evidenciasse demência, mas ainda era cedo para tirara conclusões. Nesse dia
saímos fomos fazer compras e regressámos um pouco antes da hora de almoço.
Almoçámos em casa e à tarde fomos visitar a Pinacoteca Benedito Calixto
https://www.turismosantos.com.br/?q=pt-br/node/1443
muito perto da cada da minha irmã. Já conhecia o espaço pois, numa ida anterior
a Santos, o meu sobrinho tinha-me levado lá. Ali têm lugar concertos,
exposições, etc. Desta vez comprei ali um livro que conta a história do
"casarão".
A casa, na primeira linha da praia, tal como a casa
da minha irmã, é lindíssima, Art Deco. Começou por pertencer a um
alemão,que a mandou construir no princípio do século xx, mas passado pouco
tempo foi vendida a uma família Pires, descendente de portugueses, que estava
ligado a uma firma de café. Por problemas económicas teve que vender o
casarão mas recomprou-o e restaurou-o em 1921. Em 1935, com a situação do
comércio cafeeiro muito em baixo, o casarão foi vendido e, durante dois
anos, funcionou como pensão.
Deixo fotos do exterior, do interior e do Café
Bistrô, que existe no espaço exterior
Como atrás foi referido, a partir de 1937, o
casarão funcionou algum tempo como pensão. Foi nessa pensão que o nosso pai
viveu algum tempo, após a separação da mãe dos meus irmãos.
Quando fui ao Brasil em 1996, a minha irmã convidou para almoçar vários familiares e amigos que tinham conhecido o nosso
pai. Entre eles uma senhora, a que os meus irmãos sempre chamaram tia Nair, que
com o marido, foi hóspede da pensão, ao mesmo tempo que o meu pai. Esta uma das
razões porque gostamos de visitar o casarão...
À saída da visita à
Pinacoteca comprei o livro Memórias do Casarão Branco. Deixo imagens e um
excerto da página 83
Regressámos a casa, jantámos e quando o meu
sobrinho entrou mostrou desagrado por causa da porta estar pintada.
Quando estava a sós com ele manifestei estranheza pelo seu comportamento,
até porque a a casa é da mãe. Comigo ele sempre foi gentil mas foi insistindo
na demência da mãe.
No dia seguinte, quando acordei, já a minha irmã tinha regressado das compras,
pão, fruta, etc .Fomos tomar juntas o "café da manhã "e vi a
preocupação dela em tomar os comprimidos (que o meu sobrinho lhe deixa organizados
em caixas, uma por cada dia da semana), em medir a glicose e a tensão...
Após o pequeno almoço sugeri à minha irmã irmos limpar a porta mas ela não
aceitou: A casa é minha ; aquilo sai quando eu quiser. Calei-me
À hora de almoço uma nova surpresa me esperava
Tinha convidado para almoçar uma série de amigas, que eu já conhecia de
visitas anteriores e não só. Com toda a emoção, ninguém se lembrou de
tirar fotos deste almoço. A cozinheira tinha preparado o almoço sob a sua
supervisão. A dada altura o meu sobrinho entra na sala e mostra que a mãe não
tinha tomado os medicamentos do almoço. Curiosamente eu também não..
À tarde fui dar uma volta para tentar comprar umas pequenas lembranças
(Santos é uma cidade em que qualquer pessoa se orienta facilmente; eu já quase
não preciso de mapa...)e ao chegar vi que ela estava muito stressada. O
filho tinha estado a limpar a porta e voltaram a implicar)
Se a tivéssemos limpo de manhã tínhamos evitado o problema ....Mas um
teimoso nunca teima sozinho...
Comecei então a desconfiar que o problema da minha
irmã é essencialmente um problema de ansiedade e stress. O filho, arquiteto,
continua a viver no apartamento da mãe, mesmo quando tem namorada
(como tem agora). A relação entre mãe e filho é tudo menos pacífica.
Ambos são mandões e teimosos e a minha irmã é tremendamente
independente...
No dia seguinte muito se repetiu, nomeadamente o seu cuidado em tomar os
medicamentos, em medir a tensão, etc
Novamente um almoço surpresa, mais uma vez sob a sua supervisão. Desta vez não
conhecia as amigas. Eram amigas do tempo da escola primária..A minha irmã estava feliz.
.
No
dia seguinte fomos visitar uma dessas amigas que tem uma filha acamada, sem
falar, já há alguns anos. Fizemos um pouco de companhia à senhora
Decidi que a partir daquele momento iria
tentar que ela relaxasse o máximo. iríamos almoçar fora, por sistema, passear
...
Um dos locais onde fomos almoçar foi o Bistrô Calixto,
precisamente num dia em que ela estava muito em baixo, mas fomos também a
outros locais onde a minha irmã também costuma ir no dia a dia ´
Num dos dias fomos almoçar com uma das grandes
amigas dela, que esteve presente no almoço em que não tirei fotos. Já a conheço
há muito e já esteve aqui em minha casa há uns anos. Foi muito agradável.
Quanto a passeios, fiquei muito espantada pois a
minha irmã andava sempre de carro para todo o lado. Soube que trocara o carro
por um mais desportivo que é usado agora pelo filho e que, de há uns tempos a
esta parte, passara a andar sempre a pé ou de ónibus. Sabe qual e onde o ónibus a tomar,
onde deve sair, qual o que deve tomar de seguida... Exceto uma vez que fomos
de Uber visitar uma prima que mora em S. Vicente, prima essa que, em vida
do marido, veio aqui por mais que uma vez, sempre nos deslocámos a pé, se
era perto, ou de ónibus Tal comportamento não é, a meu ver, compatível
com qualquer quadro de demência. Voltando à visita à nossa prima, com o
entusiasmo do encontro, todas nos esquecemos de tirar pelo menos uma foto. Não
sei se nesse mesmo dia se em um outro, fomos a uma feira de artesanato num
jardinzinho no bairro da Aparecida. Comprei algumas lembrancinhas para dar no
Natal
Num determinado dia fomos andar no bondinho,
percurso que ela há muito andava para fazer e nunca fizera.
Entrámos junto à Estação de Valongo, que os meus
irmãos usavam quando, de trem, iam visitar o pai a S. Paulo, ou
esperá-lo se ele os fosse buscar .
Junto da estação é o Museu Pelé que visitámos. A
minha irmã é adepta fervorosa do Santos....
Chovia de tal modo que não consegui tirar fotos do
exterior e no interior esqueci-me...
Como chovia muito e, para proteger a minha irmã,
fiz-lhe um capuz com um saco plástico e tirei-lhe uma foto tendo por fundo uma
parede com grafittis...
No dia seguinte, com a minha sobrinha Sílvia, vi alguns espaços
novos,nomeadamente a Catedral, e revi outros
Museu dos Correios, Prefeitura, Teatro Coliseu e Catedral
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