Sob o título “Um futuro preocupante” pode ler-se in "De
Rerum Natura" o texto que segue, da autoria do Professor Galopim de Carvalho.
No meio de uma
campanha eleitoral antecipada e sem qualidade, mais se afirma a preocupação que
não podemos deixar de ter sobre o futuro da humanidade.
É nas pedras, ou nas rochas, como se quiser
dizer, que se encontra registada a longa e complexa história da Terra e da
Vida. E nós estamos a escrever, note-se bem, o último capítulo.
Segundo o relatório da ONG Oxfam internacional,
agora publicado, 26 bilionários têm mais dinheiro de metade do mundo e essa
metade são os 3800 milhões de pessoas mais pobres do mundo. Insaciáveis pelo
dinheiro, estes “donos disto tudo”, à escala do planeta, dominam a economia, a
políticas e a justiça (nunca foi tão visível a diferença entre a justiça dos
ricos e a dos pobres) e estão a poluí-lo material e moralmente.
O mar, os solos, os rios, os aquíferos e o ar,
estão cada vez mais contaminados e são hoje evidentes os sinais de destruição e
esgotamento deste nossa “casa”.
A imensa, desmedida, desgovernada e impune
agressão de determinadas indústrias privatizam os lucros e socializam a
poluição que geram. A par desta situação, que os cientistas não se cansam de
denunciar, assiste-se ao aumento da desigualdade entre pobres e ricos, “o que
alimenta a raiva no mundo", afirmou Winnie Byanyima, diretora executiva da
Oxfam.
Escrevi há dias que num brilhante e arrasador
ataque ao neoliberalismo, o plutocrata bilionário americano Nick Hanauer,
avisou que “as forquilhas usadas pelo povo na Revolução Francesa, estão de novo
prestes a chegar”, forma bem expressiva de dizer que a desigualdade crescente
entre pobres e ricos “está prestes a empurrar as nossas sociedades para um
estado parecido com a França pré-Revolução”, em finais do século XVIII.
A leitura deste texto tão lúcido, "levou-me" a recordar dois poemas que escrevi, não sei bem em que datas, mas foi há vários anos.
Grito mudo
O homem, face ao cosmos, é apenas fumo, cinza.
É poeira que dura um só instante,
um surdo calafrio, um grito mudo, o nada
Gigantes
Na berma da estrada,a criança acariciou a flor singela.
Mas veio o gigante e, num instante,
com a bota enorme e pesada,
pisou a flor, fê-la em nada.
A criança sentiu uma tal dor
como se a esmagada fora ela.
Mas que importa a dor, que importa aquela flor,
se o gigante pode ter ali, no mesmo instante,
um jardim suspenso, se o quiser?
Importa é o poder.
Que importa usar centenas de pessoas
como misseis para matar vários milhares?
Que importa que vá tudo pelos ares?
Que importam as pessoas?
Que importa se centenas de milhões
passam fome e tantas privações?
Que importa se a droga destruir ilusões
de jovens, também eles aos milhões?
Que importa se a guerra destruir várias nações?
Que importam o buraco do ozono, a poluição?
O que importa é ter dinheiro, armas e poder.
Recentemente publiquei o livro "Requiem pelo planeta azul", ao qual fui
"buscar"os poemas que seguem
Navio
azul
Terra, navio
azul no oceano cósmico infinito.
Fingimos não
escutar o teu apelo aflito,
esquecendo
que contigo
iremos naufragar.
Como cantar-te
terra?
Uma ode?
Uma tocata?
Ou uma elegia,
em sintonia com
a tua dor?
Crescem crateras
no pulmão do mundo.
Para alguns a riqueza desmedida,
para muitos a
fome imerecida.
Voltei aqui....há muito que não andava pelos blogues e resolvi visitar o meu que terminei há um ano. Este teu post é muito real e assusta qualquer um. Se não fosse ter o problema da minha filha sempre presente - depois doutra crise que durou três meses - preocupava-me com o estado do mundo. Assim, relativizo as coisas e vivo um dia de cada vez. É-me difícil preocupar-me com o estado das coisas quando tenho de verificar a toma de medicação duma filha de 39 anos todos os dias...Abraço amigo.
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