Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...
terça-feira, 12 de janeiro de 2016
Vaidade ou talvez não.... eis a questão
Nos
comentários à minha anterior mensagem fiquei surpreendida com a
referência de forma explícita ou implícita à minha vaidade. Não
quer isto dizer que não me considere vaidosa. Sou bastante, mas no
que respeita a gostar de “trapos”, sapatos, carteiras e toda uma
panóplia de coisas perfeitamente supérfluas.
Nos
aspetos que têm a ver com aquilo que consigo ou não consigo fazer,
não me considero vaidosa.
Decidi
consultar, via NET, o Dicionário Priberam
1.Qualidade
do que é vão, inútil, sem solidez nemduração.=VANIDADE
2.Fatuidade,
ostentação.
3.Sentimento
de grande valorização que alguém tem em relação a si
próprio.=VANGLÓRIA
É
certo que ninguém é bom juiz em causa própria mas acho que, sem
falsa modéstia, tenho a perfeita noção das minha limitações.
Gostaria imenso de saber tocar um instrumento (bem, obviamente) e de
ter os conhecimentos de música que outros têm, nomeadamente a minha
amiga Virgínia Barros. Gostaria de ter uma boa cultura geral que
passasse por áreas como a história, a geografia, a economia (área
em que sou completamente analfabeta…), a sociologia, a filosofia,
etc, etc
Mesmo
na minha área, particularmente na Física de que gosto muito,
gostaria de saber muito mais que aquilo que sei na área da mecânica
quântica, da nova cosmologia, enfim…
Estou
sempre aberta a aprender coisas novas embora cada vez tenha menos
capacidades para isso.
Mas
regressando à mensagem, na mesma relato uma situação que vivenciei
na passada quinta feira, durante a minha manhã de voluntariado e que
me fez sentir muito pequenina face “à lição de vida” com que
me deparei, e relato ainda um encontro com uma ex-aluna de quem já
não me lembrava e que terei marcado muito positivamente.
No
livro que publiquei em 2002, Se eu não fosse professora de
Física. Alguma reflexões sobre práticas letivas,
dou conta de quão fascinante foi para mim a experiência docente.
Por isso tenho uma grande satisfação quando sinto que ex-alunos me
recordam com carinho. Não considero que seja vaidade, mas sim uma
sensação de dever cumprido (embora tenha a consciência que não
terei marcado todos os alunos de igual forma)
Um
dos livros que me marcou logo que iniciei a carreira docente foi o
Diário de Sebastião da Gama.
Reproduzo de seguida dois
trechos do mesmo:
(...)O
que era bom era dar sempre aulas como a de hoje! Vir da aula tão
feliz que tivesse precisão de gritar ao primeiro desconhecido: -
"Sabe? Dei hoje a melhor aula, a aula mais linda da minha vida!"
Quis, ao entrar na Sala dos Professores, gritar isto mesmo ao Senhor
Director - Mas não fui capaz, talvez por ele estar acompanhado; e
foi pena, porque tenho a certeza de que ele compreenderia o meu
contentamento, me sorriria com a bondade e delicadeza de alma que lhe
são próprias. Assim, vim pelo Alecrim abaixo a contá-lo só a mim:
"Que linda aula! Que linda aula! Que linda aula!" E foi no
vapor que não pude resistir: - "Sabe? Dei hoje a melhor aula, a
mais linda aula da minha vida!" Quase desconhecida, a mimosa
menina que me ouviu com simpatia; vira-a apenas uma vez, falara com
ela apenas dois minutos; mas ficámos amigos, porque dias como o de
hoje são dias grandes.
(…)
A
aula passada ao papel fica sempre mesquinha. A aula de Português
acontece, como atrás ficou dito em letras grandes; mas acontece lá,
acontece na sala 19 e não aqui, neste papel aos rectângulozinhos.
Depois, eu não sei inventar nem doirar; e há uns tempos para cá
nem sei reproduzir - ando doente da mão. Por tudo isto é que são
uma caricatura das aulas as linhas que ficam neste caderno. Não que
as aulas sejam excelentes; - apesar da confiança em mim, e até do
arzinho de vaidade que às vezes pareço ter e não sei reprimir,
sinto que me faltam muitas qualidades; sabe-me a pouco, cá dentro,
tudo o que faço, e bem vistas as coisas não tenho vaidade nenhuma.
Tenho para mim que o vaidoso só o é verdadeiramente se está
convencido de que é um ás naquilo de que é vaidoso; ora eu não
estou convencido; aparento por vezes que o estou, levado por um
demónio que eu não sou capaz de afogar. Eu só estou convencido de
que tenho em mim algumas qualidades, graças às quais não é
desonestamente que sou professor; e estou convencido também de que
há mil outros que não têm estas qualidades, ao mesmo tempo que há
outros ainda que têm, além das minhas, aquelas que me fazem falta.
O que me absolve é que tenho o bom propósito de ir melhorando e de
chegar um dia (se o espírito se não acovardar com o tempo...) em
que serei quase um bom professor; é justamente nesse dia que
morrerei: quando for quase um bom professor(...
)
Apesar
da evolução dos conceitos de ensino aprendizagem desde Sebastião
da Gama até hoje, ainda
acho estes textos admiráveis, como aliás todo o livro. Nunca “li”
neles qualquer vaidade mas sim a necessidade de partilhar com os
outros aquilo que o tornava feliz.
Jár
aqui
referi
que este blogue, que não se destina a ninguém em especial e a todos
em geral, é essencialmente uma espécie de diário para mim, que
doutra forma nunca escreveria. Não tinha ideia de relatar o
episódio de 5ª feira mas contei-o em conversa a uma colega de
ginásio, uma senhora de uma grande sensibilidade com quem costumo
conversar. Partiu dela a ideia de o partilhar no blogue
Esse
episódio é tão bonito e comovedor que devia partilhá-lo no seu
blogue.
Quando
se aproximou de mim a ex-aluna, eu estava precisamente à conversa
com essa colega que de seguida comentou.
Também
devia referir no blogue este reencontro.
Para
mim o blogue é um espaço de partilha e, de preferência, gosto de
partilhar aquilo que para mim é/foi agradável ou enriquecedor.
E a propósito da vaidade, deixo Os Sete Pecados Capitais de Hieronymus Bosch com a vaidade em destaque
Em tempos concorri a um concurso em que os poemas teriam que estar relacionados com os pecados capitais.
Não fui classificada mas deixo o poema
Os
sete pecados capitais ( Hieronymus Bosch)
Uma
esfera central como se fosse um olho,
o
misterioso olho de Deus que tudo vê.
Na
pupila, Cristo Redentor
e,
dispostos em redor,
os
sete pecados capitais.
Nos
cantos da tela,
a
morte,
a
glória,
o
juízo final
e
o inferno,
cujas
chamas bruxuleavam
em
macabra dança,
nos
meus pesadelos de criança.
A
obra pertenceu a um “senhor” do mundo,
Filipe
primeiro, rei de Portugal,
também
rei de Espanha, Filipe segundo.
E a propósito de Filipe II deixo o poema Fecho éclair de António Gedeão
Filipe II
tinha um colar de oiro
tinha um colar de oiro
com pedras rubis.
Cingia a cintura
com cinto de coiro,
com fivela de oiro,
olho de perdiz
Comia num prato
de prata lavrada
girafa trufada,
rissóis de serpente.
O copo era um gomo
que em flor desabrocha,
de cristal de rocha
do mais transparente.
Andava nas salas
forradas de Arrás,
com panos por cima,
pela frente e por trás.
Tapetes flamengos,
combates de galos,
alões e podengos,
falcões e cavalos.
Dormia na cama
de prata maciça
com dossel de lhama
de franja roliça.
Na mesa do canto
vermelho damasco
a tíbia de um santo
guardada num frasco.
Foi dono da terra,
foi senhor do mundo,
nada lhe faltava,
Filipe Segundo.
Tinha oiro e prata,
pedras nunca vistas,
safira, topázios,
rubis, ametistas.
Tinha tudo, tudo
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.
O que ele não tinha
era um fecho éclair.
Não considero que auto-elogiar-se seja vaidade, mas talvez egocentrismo ou um pouco de "exibicionismo", que são muito diferentes. De qualquer modo, já me retratei do comentário que fiz e até disse que o apagasses. O que mais detesto nos blogues é a necessidade que os bloguistas têm ser aceites, de receber comentários positivos e rejeitar qualquer censura. Já te elogiei mais de vinte vezes... neste blogue, se não todas as vezes que escrevi. Desculpa se desta vez interpretei mal as tuas intenções. Não voltarei a escrever... Bjo
Desta vez foste tu que me interpretaste mal.Eu não fiquei aborrecida nem rejeitei a censura. Apenas tentei justificar o meu ponto de vista. Não deixes de comentar seja positiva ou negativamente pois és sempre bem vina a este blogue Ab Regina
Parece que ficaste magoada mas não tive a menor intenção de o fazer. Aliás, a palavra vaidade nem foste tu que a usaste. Peço desculpa se te ofendi porque a minha intenção com esta mensagem foi apenas expor o meu ponto de vista Ab Regina
Realmente seria preciso aprofundar os conceitos que a Virgínia refere "egocentrismo", "exibicionismo" e "vaidade" e verificar se no fundo do ser humano não explicitarão a mesma coisa! Mas a falta de humildade impossibilita qualquer reconhecimento do menos bom que nos é apontado. Deixemo-nos de afirmar que mesmo as críticas más são bem vindas!
p.s. Este comentário foi publicado no post anterior por engano. E vem na sequência do comentário da Virgínia,..
Se tu lês vaidade em mensagens minhas eu leio alguma arrogância, alguma agressividade e algum moralismo em comentários teus. A título de exmplo: http://docaosaocosmos.blogspot.pt/2015/11/outono.html#comment-form http://docaosaocosmos.blogspot.pt/2015/10/de-olimpia-delfos.html http://docaosaocosmos.blogspot.pt/2014/12/e-mais-um-natal-se-passou.html Estamos a ficar velhas e talvez estejamos ambas a ficar azedas.
E com isto dou por encerrada esta polémica Ab Regina Gouveia
Desculpa voltar à vaca fria, Regina, mas fui ver os comentários a que te referes acima e não acho nenhum deles arrogante, nem sequer paternalista. Não elogiam, mas também não acusam. Não vejo onde está o azedume ou a velhice de qualquer das duas. :)
Até 10 de Janeiro de 2010 esteve patente na Casa da Cultura Manuel Lueiro, em O Grove, Galiza, uma exposição de trabalhos de alunos da galeria Utopia .
Participei com os dois trabalhos anexos; no dia da inauguração tive a agradável surpresa de ver que o cartaz (1mx2m) que anuncia a exposição foi construído com a imagem do 2º quadro.
Quadros na exposição em Grove
Imagem que figura no cartaz
cartaz da exposição em Grove
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Há ciência e poesia nas coisas do dia a dia
Tamanho XXS
Quando o mistério se dilui na penumbra
Para mais tarde recordar
Requiem pelo planeta azul
quando o mel escorre nas searas
revista Philos 2017
revista Philos 2014
O bosão do João
Sete Luas
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Terras de cieiro
Entre margens
Pelo sistema solar vamos todos viajar..
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Breve história da Química
Era uma vez...
Magnetismo...
Reflexões...
Estórias....
Se eu não fosse....
Um poema para Fiama
Os dias do Amor
Uma viagem para Pasárgada
Cancioneiro Infanto- Juvenil...
Fiat Lux
O amor em visita
A Terra de Duas Línguas II.Antologia de Autores Transmontanos
Por longos dias, longos anos, fui silêncio
antologia
Entre o sono e o sonho
Textos on-line
Estão disponíveis on-line: -Magnetismo Terrestre (livro de poesia) -Reflexões e Interferências (livro de poesia) -Estórias com sabor a nordeste (livro de ficção) -Einstein (poema) -Se eu não fosse professora de Física. Algumas reflexões sobre práticas lectivas(didáctica) -Vou-me embora para Pasárgada (conto)
Como todos nós, feita de pó de estrelas, estou apenas de passagem nesta fantástica viagem desde um passado remoto até um futuro ignoto.
(Para saber mais consultar a página CV)
Não considero que auto-elogiar-se seja vaidade, mas talvez egocentrismo ou um pouco de "exibicionismo", que são muito diferentes. De qualquer modo, já me retratei do comentário que fiz e até disse que o apagasses. O que mais detesto nos blogues é a necessidade que os bloguistas têm ser aceites, de receber comentários positivos e rejeitar qualquer censura. Já te elogiei mais de vinte vezes... neste blogue, se não todas as vezes que escrevi. Desculpa se desta vez interpretei mal as tuas intenções. Não voltarei a escrever...
ResponderEliminarBjo
Desta vez foste tu que me interpretaste mal.Eu não fiquei aborrecida nem rejeitei a censura. Apenas tentei justificar o meu ponto de vista.
ResponderEliminarNão deixes de comentar seja positiva ou negativamente pois és sempre bem vina a este blogue
Ab
Regina
Não era necessário escreveres um post tão rebuscado para rejeitares a minha apreciação do teu post. Bastava a definição do dicionário. :)
ResponderEliminarParece que ficaste magoada mas não tive a menor intenção de o fazer. Aliás, a palavra vaidade nem foste tu que a usaste. Peço desculpa se te ofendi porque a minha intenção com esta mensagem foi apenas expor o meu ponto de vista
EliminarAb
Regina
Realmente seria preciso aprofundar os conceitos que a Virgínia refere "egocentrismo", "exibicionismo" e "vaidade" e verificar se no fundo do ser humano não explicitarão a mesma coisa!
ResponderEliminarMas a falta de humildade impossibilita qualquer reconhecimento do menos bom que nos é apontado. Deixemo-nos de afirmar que mesmo as críticas más são bem vindas!
p.s. Este comentário foi publicado no post anterior por engano. E vem na sequência do comentário da Virgínia,..
Se tu lês vaidade em mensagens minhas eu leio alguma arrogância, alguma agressividade e algum moralismo em comentários teus. A título de exmplo:
ResponderEliminarhttp://docaosaocosmos.blogspot.pt/2015/11/outono.html#comment-form
http://docaosaocosmos.blogspot.pt/2015/10/de-olimpia-delfos.html
http://docaosaocosmos.blogspot.pt/2014/12/e-mais-um-natal-se-passou.html
Estamos a ficar velhas e talvez estejamos ambas a ficar azedas.
E com isto dou por encerrada esta polémica
Ab
Regina Gouveia
Desculpa voltar à vaca fria, Regina, mas fui ver os comentários a que te referes acima e não acho nenhum deles arrogante, nem sequer paternalista. Não elogiam, mas também não acusam. Não vejo onde está o azedume ou a velhice de qualquer das duas. :)
EliminarNão estamos a ficar velhas, já somos velhas! Quanto ao azedume este só vem da infelicidade... mas eu sou feliz, plenamente feliz!
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