Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...
quinta-feira, 21 de janeiro de 2016
A seta do tempo
Provavelmente muitos viram O Estranho Caso de Benjamin Button, filme realizado por David Fincher, em 2008. baseado no conto homónimo escrito por F. Scott Fitzgerald, na década de 20 do século passado. Conta a história de Benjamin Button, nascido em 1918, após o final da 2.ª Guerra Mundial. A sua mãe morre no parto e o pai vê-se sozinho com um bebé invulgar, com o aspeto e com as doenças de um velho de 80 anos. Incapaz de lidar com a situação, abandona-o às portas de um orfanato onde lhe dão o nome de Benjamin. À medida que o tempo avança Benjamin começa a rejuvenescer e o filme relata as peripécias, os encontros e os desencontros que trazem esse desenvolvimento inverso. Pode ser visto aqui, mas entretanto deixo este trailer
https://www.youtube.com/watch?v=p8ucIL2tLLo
As
equações que descrevem as leis que regem o Universo são
reversíveis, ou seja, podem igualmente descrever eventos que se
desenrolam do passado para o futuro ou do futuro para
o passado, sem distinção. No entanto, muitos acontecimentos da nossa vida quotidiana são irreversíveis, só ocorrem num
sentido. Se introduzirmos um copo com água quente dentro de um
recipiente com água fria, a água do copo irá arrefecer e a do
recipiente aquecer até ficarem à mesma temperatura. Neste processo
há transferência de energia da água mais quente para a mais fria.
Mas porque razão não ocorre transferência de energia da água mais
fria para a mais quente ficando esta ainda mais quente a a outra
ainda mais fria?. Se filmarmos a queda de um copo até se
estilhaçar no chão e se de seguida passarmos o filme para trás,
veremos a recomposição do copo o que, na realidade, não acontece. Há
algo que nos indica de forma natural se o tempo avança ou retrocede.
O tempo, tal e qual o percebemos, move-se do passado para o futuro e
não em sentido contrário.
Em 1920, o astrónomo Arthur Eddington
estabeleceu a designação “seta do tempo” para descrever esta
irreversibilidade, que está relacionada com a grandeza física
entropia, ligada ao “grau de desorganização” dos sistemas. Na
Física há várias leis de conservação (da massa, da energia, do
momento linear, do momento angular,….). A entropia não obedece a
uma lei de conservação.
A seta do tempo é consequência imediata
da 2ª lei da termodinâmica, segundo a qual a entropia média nunca
diminui. pois tende sempre a aumentar
(...)É
pois de acordo com esta definição termodinâmica de tempo, que à
medida que avançamos, nos vamos olhando ao espelho e vendo que tudo
o que começou num estado organizado, se vai decompondo lentamente,
até alcançar um estado caracterizado pela maior desorganização de
tudo. Dada a tão óbvia e observável evolução humana ao longo da
flecha do tempo seria provável alguém pensar sobre uma hipótese
que a contrariasse? Não seria provável, mas como tudo no universo
acontece porque existem infinitas possibilidades de concretização
(de acordo com a Lei de Murphy) isso acabou por acontecer.
(...)O
trio de cientistas Julian Barbour de Oxford, Tim Koslowski da
Universidade de New Brunswick e Flavio Mercati do Instituto de Física
Teórica de Perimeter começaram a estudar uma nova hipótese de
flecha do tempo, não baseada na termodinâmica (como aquela que é
aceite atualmente) mas baseada na gravidade, sendo que defendem que
aquilo que é verdadeiramente indiscutível sobre as leis da física
é que elas são exatamente as mesmas independentemente da direção
em que o tempo corre.
Ao
elaborarem a presente teoria este trio de cientistas conseguiu chegar
mais perto da noção de que existem diferentes futuros, passados e
presentes, dada a co-existência de universos
paralelos,
gerados no mesmo momento e da mesma fonte, em que tudo está a
acontecer simultaneamente. Todavia, os observadores desses
acontecimentos (quem vive nesses universos) percecionam-nos de uma
forma única, vivenciando apenas a seta
do tempo que é característica desse universo e não sendo possível
ter a noção da existência de outras realidades noutros universos
paralelos. A
teoria dos multiversos – ou universos paralelos – apesar da sua
complexidade e exigência constitui-se assim, como uma teoria de
esperança, que nos permite pensar que a existência não é apenas o
que vemos e o que tocamos, mas sim, paralelamente, algo mais que não
se vê, não se toca, mas que está simultaneamente a acontecer.
A
curiosidade e necessidade de compreender o mundo que nos rodeia
leva-nos a não desistir de tentar cada vez mais, perceber
verdadeiramente em que devemos acreditar. Sim, porque todos nós
precisamos de acreditar em algo. Seja um Deus criador, seja um
universo gerado através do Big Bang, seja a existência de
multiversos que permitem que a flecha do tempo não corra só para a
frente. Precisamos de acreditar para nos sentirmos parte da criação.
A
propósito da teoria dos universos paralelos sugiro este artigo
e este vídeo com comentários de um dos grandes físicos da atualidade, Michiu Kaku
https://www.youtube.com/watch?v=bXWS3Tc9q1w
Poderia
argumentar-se que estes conceitos resultam de estudos e simulações
meramente no campo teórico, mas surgiriam de imediato contra
argumentos fortes. Einstein previu a dilatação do tempo e a
contração do espaço bem como a curvatura da luz pela gravidade,
conceitos bizarros para a época, mas que a experiência viria a
confirmar. Com os universos paralelos poderá acontecer algo
semelhante. O facto de vivermos num mundo a 3
dimensões ( e uma 4ª o tempo) não nos
permite percecionar outras dimensões. A
animação que segue, ajuda-nos a perceber essa impossibilidade
Mas o tempo é um enigma não apenas para os físicos...
(...)O que é o presente? É uma cousa relativa ao passado e ao futuro. É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem. Eu quero só a realidade, as cousas sem presente. (...)Não quero incluir o tempo no meu esquema. Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas(...)
Alberto Caeiro.
Tempo Revisitado
O tempo a que sempre regressamos e nos visita um instante O tempo que depois destruímos construímos e alimentamos se nos alimenta O tempo onde a luz buscamos e a morte sempre encontramos Casimiro de Brito
(...)Esta noite voltei à minha infância: menina rosada de sonhos nos bolsos, bailarina de corda na caixinha de som. À infância regressa-se solitariamente, subindo um rio sem margens, até ao lugar em que a nascente se confunde com o tempo e o tempo se transforma em espanto(...).
Graça Pires
( Só há pouco tempo tomei conhecimento da poesia de Graça Pires, mas poderão encontrá-la aqui
Será
que existe algures, ainda que volátil e etérea,
uma
memória do tempo antes do tempo?
Será
que essa memória se propagou e difratou,
qual
onda,
gerando
padrões de interferência
num
qualquer universo?
Donde
vem o tempo que não tem reverso,
e
se escoa nos meandros da memória ?
Para
onde vai o tempo onde pulsa imerso o passado,
mas
também o futuro e presente
que
são amalgamados pela história?
Enigma
profundo, o tempo.
Será
um ser imponderável ou será um não ser,
pura
invenção da mente?
Tudo
isso, que importa?
Beija-me
o sol que entra pela vidraça
porventura
alheio ao tempo que passa.
Regina Gouveia (em Entre Margens)
Inspirada na frase de Hugo von Hofmannsthal termino com música, Roda viva de Chico Buarque e Poema Sinfónico D. Juan de Richard Strauss, com quem colaborou von Hoffmannsthal
https://www.youtube.com/watch?v=IpAR9DlQV6o
(...)Tem
dias que a gente se sente
Como
quem partiu ou morreu
A
gente estancou de repente
Ou
foi o mundo então que cresceu(...)
Não posso deixar de transcrever aqui um texto muito giro do Woody Allen, que prova a sua inteligência e sentido de humor: “In my next life I want to live my life backwards. You start out dead and get that out of the way. Then you wake up in an old people's home feeling better every day. You get kicked out for being too healthy, go collect your pension, and then when you start work, you get a gold watch and a party on your first day. You work for 40 years until you're young enough to enjoy your retirement. You party, drink alcohol, and are generally promiscuous, then you are ready for high school. You then go to primary school, you become a kid, you play. You have no responsibilities, you become a baby until you are born. And then you spend your last 9 months floating in luxurious spa-like conditions with central heating and room service on tap, larger quarters every day and then Voila! You finish off as an orgasm!”
Desculpa ser em versão inglesa, mas penso que compreenderás... Bjo
Já tinha lido algures uma referência a este texto de Woody Allen, que consegui ler facilmente. Ler eu leio com alguma facilidade porque ao longo da formação sempre tive que consultar livros em inglês. A minha dificuldade é falar e, acima de tudo, entender. Nas aulas de inglês que tive, do então 3º ao 5º ano, a oralidade era quase nula. Mais uma vez os meus votos de que tudo corra muito bem amanhã. Bjs Regina
Uma postagem muito interessante. Não vi o filme, mas li tudo o que escreveu aqui com toda a atenção. E fiquei surpreendida por me encontrar também... Obrigada. Um beijo.
Até 10 de Janeiro de 2010 esteve patente na Casa da Cultura Manuel Lueiro, em O Grove, Galiza, uma exposição de trabalhos de alunos da galeria Utopia .
Participei com os dois trabalhos anexos; no dia da inauguração tive a agradável surpresa de ver que o cartaz (1mx2m) que anuncia a exposição foi construído com a imagem do 2º quadro.
Quadros na exposição em Grove
Imagem que figura no cartaz
cartaz da exposição em Grove
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Há ciência e poesia nas coisas do dia a dia
Tamanho XXS
Quando o mistério se dilui na penumbra
Para mais tarde recordar
Requiem pelo planeta azul
quando o mel escorre nas searas
revista Philos 2017
revista Philos 2014
O bosão do João
Sete Luas
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Terras de cieiro
Entre margens
Pelo sistema solar vamos todos viajar..
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Breve história da Química
Era uma vez...
Magnetismo...
Reflexões...
Estórias....
Se eu não fosse....
Um poema para Fiama
Os dias do Amor
Uma viagem para Pasárgada
Cancioneiro Infanto- Juvenil...
Fiat Lux
O amor em visita
A Terra de Duas Línguas II.Antologia de Autores Transmontanos
Por longos dias, longos anos, fui silêncio
antologia
Entre o sono e o sonho
Textos on-line
Estão disponíveis on-line: -Magnetismo Terrestre (livro de poesia) -Reflexões e Interferências (livro de poesia) -Estórias com sabor a nordeste (livro de ficção) -Einstein (poema) -Se eu não fosse professora de Física. Algumas reflexões sobre práticas lectivas(didáctica) -Vou-me embora para Pasárgada (conto)
Como todos nós, feita de pó de estrelas, estou apenas de passagem nesta fantástica viagem desde um passado remoto até um futuro ignoto.
(Para saber mais consultar a página CV)
Não posso deixar de transcrever aqui um texto muito giro do Woody Allen, que prova a sua inteligência e sentido de humor:
ResponderEliminar“In my next life I want to live my life backwards. You start out dead and get that out of the way. Then you wake up in an old people's home feeling better every day. You get kicked out for being too healthy, go collect your pension, and then when you start work, you get a gold watch and a party on your first day. You work for 40 years until you're young enough to enjoy your retirement. You party, drink alcohol, and are generally promiscuous, then you are ready for high school. You then go to primary school, you become a kid, you play. You have no responsibilities, you become a baby until you are born. And then you spend your last 9 months floating in luxurious spa-like conditions with central heating and room service on tap, larger quarters every day and then Voila! You finish off as an orgasm!”
Desculpa ser em versão inglesa, mas penso que compreenderás...
Bjo
Já tinha lido algures uma referência a este texto de Woody Allen, que consegui ler facilmente. Ler eu leio com alguma facilidade porque ao longo da formação sempre tive que consultar livros em inglês. A minha dificuldade é falar e, acima de tudo, entender. Nas aulas de inglês que tive, do então 3º ao 5º ano, a oralidade era quase nula.
ResponderEliminarMais uma vez os meus votos de que tudo corra muito bem amanhã.
Bjs
Regina
Uma postagem muito interessante. Não vi o filme, mas li tudo o que escreveu aqui com toda a atenção. E fiquei surpreendida por me encontrar também... Obrigada. Um beijo.
ResponderEliminarCuriosamente acabei agora mesmo de colocar uma postagem em que a refiro.
EliminarGosto da sua poesia
Ab
Regina