A
Semana da Ciência e da Tecnologia, iniciativa
que tem lugar em vários países do mundo é, em Portugal, uma
iniciativa da Ciência Viva(Agência Nacional para a Cultura
Científica e Tecnológica, que tem como associados instituições
públicas e laboratórios de investigação) a que ficará sempre
associado o nome de Mariano Gago. Em
curso desde 1997, inclui
sempre o dia 24 de Novembro, Dia Nacional da Cultura Científica, e
que comemora o nascimento de Rómulo de
Carvalho.
Nessa
semana sou geralmente bastante solicitada pelas escolas e o presente
ano não foi exceção. Como sempre, exploro alguns textos dos livros e faço algumas atividades muito simples que permitem explorar conceitos científicos ali implícitos.
Na
segunda feira estive no Externato Paraíso dos
Pequeninos em quatro sessões com as crianças do 1º
ciclo, um dia cheio de surpresas que culminou com uma entrevista
conduzida por alguns alunos e que podem “ver” aqui.
A
caixa que se vê no vídeo, foi um trabalho
das crianças do 4º ano. Dentro continha um conjunto de trabalhos
em tamanho A3, feitos pelas crianças do referido ano e um CD (capa em baixo) com
poemas do livro Ciência para meninos em Poemas Pequeninos,
lidos por alunos do 1º e do 2º ano
Do
3º ano recebi dois livrinhos. De cada um deixo a capa e um dos
textos “em representação” de todos. Recebi ainda um marcador
feito por um menino
Na terça feira com o livro Breve História da Química, estive no Agrupamento de Escolas Vallis Longus, onde já é costume ir.
Foram três sessões para alunos o 3º ciclo, cada sessão com duas turmas.
Os alunos estiveram bem muito em especial numa das turmas em que vários alunos ficaram no fim a colocar questões.
No fim, os colegas que são sempre extremamente gentis, ofereceram-me um conjunto de postais e marcadores alusivos à região de Valongo. O próprio envelope que continha o postais é decorado com motivos alusivos .
Na escola há uma núcleo de fotografia dirigido pelo fotógrafo José Manuel Soares
Ofereceram-me ainda uns pequenos sabonetes artesanais, feitos na escola, com a forma de trilobites.
Na quarta feira, 25 de Novembro, logo pela manhã fui à Biblioteca da Escola Carolina
Michaëlis para onde já há algum tempo estavam agendadas duas
sessões.
A primeira para uma turma de 6º ano com o livro Pelo
Sistema Solar vamos todos viajar e a segunda para os alunos do 1º
ciclo, com o livro Era uma vez….ciência e poesia no reino da
fantasia. Logo na primeira sessão tive uma surpresa quando, a par da
turma de 6º ano, vi os alunos de 5º A, turma do meu neto. A
professora de Português, que eu não conhecia, resolveu levar também
os alunos. Foi uma boa surpresa. Após as duas sessões, visitei uma
exposição dinamizada pelo grupo de Biologia/Geologia essencialmente
constituída por minerais e peças à base dos mesmos, para venda.
Esta exposição/ venda teve lugar também em Novembro de 2014 e,
eventualmente, em anos anteriores mas só me apercebi a partir do
momento em que o meu neto passou a frequentar a escola e,
consequentemente, eu passei a ir lá com alguma frequência
À
tarde fui à Escola Básica da Constituição que também pertence ao
Agrupamento de Escolas Carolina Michaelis. Ali, os alunos de 2º ano
“brindaram-me” com a representação do texto “Era uma vez ....um
ecoponto” do livro Era uma vez….ciência e poesia no reino da fantasia.
Ontem,
26, continuando em Escolas do referido Agrupamento, pela manhã
estive na Escola Básica do Bom Pastor, em duas sessões.
Na
primeira sessão estiveram alunos de duas turmas que tinham
trabalhado textos distintos, textos do livro Ciência para Meninos em Poemas Pequeninos e Era uma vez... um ecoponto. Relativamente a este texto fizeram uma série de desenhos que me entregaram, encadernados.
Na
impossibilidade de colocar todos os desenhos escolhi um que melhor
ilustra um excerto do poema de que transcrevo a seguir alguns versos
Esta
é a história de um ecoponto
ali
na esquina da rua que com o largo confina.
Ao
sol, à chuva, às geadas, respirando ar poluído,
fustigado
pelo vento, lá vai passando o seu tempo(...)
(...)Numa
certa sexta-feira uma gaivota pousou
no
referido ecoponto. Disse-lhe este num lamento:
Ecoponto
Estou
muito preocupado, muito triste, descontente
com
a falta de cuidado que se tem com o ambiente(...)
(...)Imagina
só gaivota
que,
na passada terça feira, um senhor todo janota
quis
fazer do chão lixeira.
Lixo
todo misturado, pelo chão ficou espalhado
e
aqui mesmo ao meu lado(...)
(...)Levantou-se
um vento forte e vê tu a minha sorte,
fustigado
pelo vento e com o lixo à mistura.
Valeu-me
ter pele dura….
..….….….….….….….….….…..
Gaivota
Acabo
de ter uma ideia, uma grande solução.
Quando
alguém mais descuidado deitar o lixo no chão
ou
o trouxer misturado, sem qualquer separação,
leva
logo uma bicada para ter mais atenção.
Ecoponto
Que
boa ideia gaivota! Olha ali vem o janota…
Gaivota
Não
queres ver o figurão… Deitou o lixo no chão
mas
levou uma bicada, não vai esquecer a lição(...)
Na
segunda sessão estavam alunos que tinham trabalhado Era uma
vez ....um planeta Era uma vez….ciência e poesia no reino da fantasia e tinham elaborado o cartaz anexo.
À
tarde fui à escola Irene Lisboa, a propósito da Breve História da
Química. Eram bastantes alunos, não sei ao certo quantas turmas,
mas correu bem e no fim muitos alunos quiseram ver pormenores das
experiências que realizei, colocaram várias questões..
No
fim da sessão fui buscar o José à escola, depois fomos buscar
a irmã ao infantário e seguimos todos para as aulas de música, eu
e José tocamos ukulele e a Marta, piano
São
dias muito “cheios”, um pouco cansativos, mas que me dão sempre
um imenso prazer.
E
ainda a propósito da semana da Ciência, no blogue de Rerum Natura,
Carlos Fiolhais colocou ontem o texto com que termino a mensagem
O
MITO DE EINSTEIN
Um
dos pontos altos deste Ano Internacional da Luz é a celebração
precisamente hoje, dia 25 de Novembro, do centenário da obra maior
de Albert Einstein, a teoria da relatividade geral, que descreve a
força da gravidade, ultrapassando Newton. Foi um dos maiores
empreendimentos do espírito humano: percebeu-se que conceitos
aparentemente tão díspares como o espaço, o tempo, a matéria e a
energia estavam ligados por uma equação matemática que culminava
longos esforços em demanda de uma descrição unificada do Universo.
Ainda hoje essa equação se mantém de pé, apesar de todas as
investidas teóricas e experimentais para a derrubar. De facto, a
Natureza nada revelou até agora que nos faça duvidar da solidez da
descrição einsteiniana.
Para
mim como para tantos outros que escolherem a Física como profissão,
Einstein foi um herói da juventude. Não me sentia tanto seduzido
pelo lado icónico, seguramente o mais visível: o sábio de ar
bondoso, farta cabeleira, camisola de lã e sandálias. Tratava-se
antes da atracção pelo invisível, que a sua figura personificava
melhor do que qualquer outra. Ele encarna a ideia de que o mundo é
compreensível. Não sabemos porquê, mas é. O físico Einstein foi
um pouco filósofo ao declarar: “O que há de mais
incompreensível no mundo é o facto de ele ser compreensível.” Pode
ser difícil, mas é possível decifrar os mistérios do mundo. O
sábio suíço, nascido na Alemanha, também disse um dia que: “Deus
é subtil, mas não é malicioso”. Não sendo ele uma
pessoa religiosa no sentido comum, queria ele dizer que o Universo é
intrincado, mas os seus mecanismos são acessíveis à mente humana.
O trabalho continuado dos físicos e dos outros cientistas tem
confirmado essa afirmação.
Incompreensível
é também o facto de o mundo se revelar compreensível através
de equações. O cérebro de Einstein produziu há cem anos uma
equação, cuja beleza espantou o próprio autor (“A teoria é
de uma beleza incomparável”, comentou), que permitiu
previsões que se haveriam de revelar certeiras a respeito do mundo:
um minúsculo desvio da órbita de Mercúrio em relação ao previsto
usando as leis de Newton; uma pequena deflexão pelo Sol da luz
proveniente de estrelas por detrás dele; buracos negros, abismos
cósmicos que são fins locais do espaço-tempo; e o Big
Bang, que é o início global do espaço-tempo a partir de
uma prodigiosa concentração de energia. Galileu tinha dito
que “o Livro da Natureza está escrito em caracteres
matemáticos”. E Newton tinha escrito os Princípios
Matemáticos de Filosofia Natural, contendo a sua lei da
gravitação universal. Mas Einstein veio acrescentar, numa base
matemática, que a geometria do espaço-tempo (espaço e tempo tinham
sido ligados em 1905 na sua teoria da relatividade restrita) é
comandada pela matéria-energia (os dois também ligados na mesma
altura). A força da gravidade mais não é do que o encurvamento do
espaço-tempo, às ordens da matéria-energia. Para usar uma metáfora
visual, um astro como o Sol está no espaço-tempo como uma bola em
cima de um lençol esticado. Se colocarmos um berlinde, que será a
Terra, com velocidade adequada ele rodará em torno da bola central.
Roland
Barthes, o semiólogo e filósofo francês que tal, como a teoria
maior de Einstein, nasceu há cem anos (designadanente a 12 de
Novembro de 1915), escreveu nas suas Mitologias (Edições
70, 1978): “(...) o produto da sua invenção assumia uma condição
mágica, reincarnava a velha imagem esotérica e uma ciência
inteiramente encerrada nalgumas letras. Há um único segredo do
mundo e esse segredo condensa-se numa palavra, o Universo é um
cofre-forte de que a humanidade procura a cifra: Einstein chegou
quase a encontrá-la, é esse o mito de Einstein; aí se nos deparam
de novo todos os temas gnósticos: a unidade da Natureza, a
possibilidade irreal de uma redução fundamental do mundo, o poder
de abertura da palavra, a luta ancestral entre um segredo e uma
linguagem, a ideia de que o saber total não pode descobrir-se senão
de um só golpe, como uma fechadura que cede bruscamente depois de
mil tacteamentos infrutuosos.”
O
prolongado confronto do cérebro humano com o Universo (um confronto
natural pois o nosso cérebro é a única parte do Universo que o
consegue compreender) vai tendo resultados felizes, como a epifania
de Einstein há cem anos. A história da ciência ensina-nos que cada
revelação não é o fim de nada, mas um novo princípio. Einstein
não foi o fim de Newton, cuja teoria da gravitação universal
continua a ser válida em certas condições. Foi o início de
uma cosmovisão bem mais fantástica do que a de Newton, pois o mundo
do sábio inglês não podia albergar buracos negros nem provir de
uma explosão inicial. Escreveu o Padre Teilhard de Chardin,
paleontólogo e teólogo francês contemporâneo de Einstein: “à
escala do cósmico só o fantástico pode ser verdadeiro.”
Não consegui ler tudo, mas dou-te os parabéns pelas actividades que desenvolves , sempre com dinamismo e empenho.
ResponderEliminarA propósito, o meu filhoJoãoesteve ontem com o novo Ministro da Cultura e Ensino Superior que o convidou para Presidente da Fundação para a Ciência e Cultura. Ele recusou, pois não pode neste momento deixar a Veniam da qual é CEO, mas ficou muito sensibilizado pois sempre teve uma relação fantástica com Mariano Gago.
Bom fim de semana!
Ciência e Tecnologia, desculpa!
ResponderEliminarObrigada pelo comentário e um abraço de parabéns para ti e para o João.Não tenho dúvidas quanto ao bom desempenho que teria se tivesse podido aceitar o convite.
ResponderEliminarEsperemos que o novo Ministro se porte à altura. Tenho algum receio relativamente ao da Educação, não por duvidar da sua competência, mas por nunca ter passado pelo ensino o que acho condição quase necessária (mas não suficiente) para entender os problemas da educação.
Bjs
Concordo que é um dos ministérios mais difíceis de lidar. Infelizmente os profs formam um lobby tb dificil de roer e enquanto o foco for os profs e não os alunos, ou os dois em harmonia, torna-se dificil legislar....
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