Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


sábado, 20 de setembro de 2014

Por terras do Oriente -5

“No céu está o Paraíso e na terra Hangzou “- Provérbio chinês

"Hangzhou, la ciudad que maravilló a Marco Polo en el siglo XIII, es hoy una gran urbe de más de seis millones de habitantes. La descripción que éste hace de Hangzhou en su libro de viajes es la más larga y quizás la más famosa, comparándola a una ciudad celestial, la más bella del mundo conocido(...) Si el veneciano levantara la cabeza me pregunto si la reconocería, probablemente sí. A pesar de los altos rascacielos, de los coches de lujo que circulan por sus calles o de la frenética actividad consecuencia de su próspera industria, cuando se acercara a orillas del Lago Oeste sabría inequívocamente que se encuentra en Hangzhou, o mejor en Kinsai tal como él  la llamó, cuyo significado en chino significa capital”

O lago oeste foi projetado e construído durante a dinastia Song,  há cerca de mil anos  

Muita gente, até demais, julga que o planeamento paisagístico se limita à conservação da natureza e ao recreio, mas o Lago Oeste de Hangzhou confirma que o planeamento paisagístico incluí acção, visão e previsão. Esta paisagem foi criada por três razões: defesa, armazenamento de água e agricultura. Desde logo se tornou um lugar de grande beleza cenética e importância cultural. A paisagem notável do Lago Oeste de Hangzhou tornou-se num núcleo de arte e poesia, passado a ser tão útil quanto espiritual, demonstrando assim a “execução” de uma paisagem com uma função proveitosa é possível bem antes do início da maquinaria pesada e que uma paisagem bem projectada pode ser apreciada como um recurso natural e cultural.
Excerto do Artigo “ Mais de trinta ideias influentes em planeamento da paisagem”, da autoria de Carl Steinnitz e Cristina Castel-Branco; Publicação 

Passeámos a pé ao longo das margens lago e  de barco, no mesmo. Contrastando com o bulício da cidade (com cerca de 7 milhões de habitantes) o ambiente à volta do lago é tranquilo. Podem ouvir-se  o som das águas, o canto de aves...


Algo que gostei muito de ver na China foi a ligação à natureza. De manhã, antes das 8 h, e ao fim da tarde os parques, nomeadamente o que circunda o lago oeste, ficam cheios de chineses a caminhar, a cantar, a dançar, a praticar tai-chi, Kung Fu, a jogar jogos do tipo damas ou simplesmente sentados à beira dos lagos existentes nos parques.
À noite há espetáculos à volta do lago. Não fomos ver  mas deixo um vídeo que encontrei na NET.

 No dia 22 de agosto acordámos cedo e decidimos ir ao lago, eu e o meu marido que  geralmente tem um ótimo sentido de orientação pelo que , quando vou com ele, não costumo preocupar-me.  Quando regressávamos do lago comecei a achar que estávamos a caminhar demais numa dada direção mas ele achava que não.  A dada altura disse-lhe que não podíamos estar certos. E efetivamente não estávamos. Comunicar na China é difícil porque poucos falam alguma língua para além do “chinês” ( e mesmo assim por vezes só conseguem comunicar através de sinogramas como referi em mensagem anterior) e poucos sabem ler um mapa. Por outro lado a cidade é muito grande pelo que os poucos que encontrámos a falar inglês (língua que eu também não falo bem) não faziam ideia onde ficava a rua do hotel .Tentámos um taxi mas já nos tinham dito que se o percurso for pequeno eles recusam.  A dada altura encontrámos um jovem que falava inglês e embora não conhecendo bem a cidade deu-nos algumas dicas úteis.
Eu tinha ligado para a acompanhante da Abreu pedindo-lhe que partissem sem nós caso não estivéssemos no hotel à hora marcada. 
Conseguimos chegar a tempo de acompanhar a visita cujo primeiro lugar foi o Templo Budista de Lyngyn

"Ling-yin" significa em chinês "Retiro da Alma". O Templo foi construído em 328 dC e no seu auge sob o Reinado de Wuyue (907-978), o templo possuía nove edifícios de vários andares, 18 pavilhões, 72 salas, mais de 1300 dormitórios, e era habitado por mais de 3000 monges. É um dos maiores e mais ricos templos budistas na China, contendo numerosos pagodes, grutas e gravuras. A entrada para o mosteiro Lingyin está alinhada com centenas de grutas rochosas que contêm detalhadas gravuras rupestres religiosas  como a do "Laughing Buddha."


No recinto do templo existem,  ao longo das ribeiras e encostas das colinas, várias cavernas com Budas esculpidos nas paredes de pedra, desde o século X ao século XIV. A mais referenciada é o Buda Sorridente que, inclusivamente,  figura no bilhete de ingresso



Tal como em todos os lugares que visitámos há imensos turistas, quase todos chineses.




Quanto ao templo propriamente dito, atualmente,  apesar de ser muito grande  com várias salas,   pouco ou nada tem a ver com o original, pois foi  reconstruído varias vezes .
Essencialmente as salas mais importantes são a do Buda Feliz, a do Buda Sakyamuni ( Buda histórico, o  príncipe Sidharta em quem se inspirou  Herman Hess para escrever o belíssimo livro Sidhart) e uma terceira, a do Buda da Medicina. O guia local disse que uma das  salas representava o presente, outra o passado e ainda uma outra o futuro mas não encontrei tais designações na NET.

 (...)El más conocido de todos ellos es el gordinflón y sonriente Buda Maitreya con su prominente barriga que han frotado miles de fieles con la esperanza de conseguir buena suerte y un futuro próspero. Al Buda Maitreya están dedicados estas palabras: "En su barriga cabe todo aquello intolerable en el mundo. Su boca siempre está dispuesta a reírese de todos los arrogantes bajo el ciel e van encontrando diferentes pabellones y templos, todos ellos con sus correspondientes salas de meditación, estatuas de Buda de diferentes estilos y tamaños y los grandes incensarios donde los fieles queman las barritas de incienso y los papeles doblados donde han escrito sus deseos Se pueden visitar las diferentes salas, la primera de las cuales es la Sala del Rey Celestial que alberga una estatua de Maitreya, el buda sonriente y barrigón. La siguiente sala es la del Gran Héroe, considerada la principal del Templo y que contiene en el centro una magnífica estatua de 20 metros de Sakyamuni, el histórico Buda sentado sobre una flor de loto. Un cartel informativo explica que fue tallada en 1956 en madera de alcanfor y recubierta con 60 láminas de oro. Otras salas son la del Buda de la Medicina o la de Avatamsaka 





Numa outra sala vimos 500 budas que, supostamente, representariam discípulos do Buda histórico


 Lo que sí llama la atención son las 500 estatuas que se encuentran en la Sala de los quinientos Arhats. Se trata de una gran sala con forma de cruz esvástica y a lo largo de sus cuatro brazos se disponen los 500 arhats, que en el budismo significa todo aq uél que ha alcanzado el nirvana y por tanto no volverá a reencarnarse. Son estatuas de bronce todas ellas distintas, algunas de ellas tan divertidas como extrañas. En el centro de la cruz gamada se encuentran cuatro bodhisattvas que representan los cuatro puntos cardinales(...).

Um outro local de visita foi o Pagode Liuhe ou  Pagode das Seis Harmonias.
Com 60 metros em altura, está localizado junto ao rio Qiantang.  Foi construído entre  1156 e 1165 e o nome, de acordo com a  filosofia budista, refere-se às harmonias da terra, do céu e dos quatro pontos cardeais.


  (...)uma peculiar construção, tipicamente chinesa, o pagode. A sua origem encontra-se na stupa indiana, monumento, símbolo do budismo, que servia para albergar as relíquias de Buda. No entanto,(...)   povo chinês transformou a tipologia original numa obra muito singular consistente numa torre de planta quadrada ou poligonal, cujas dimensões diminuíram em altura, constituída por uma base, vários andares, sempre em número ímpar, cada um com o respectivo teto e uma coroação de alto mastro com venezianas sobrepostas. Construída como edifício independente, ou integrada num mosteiro-templo budista, os materiais utilizados para a sua construção eram vários: pedra, madeira e ladrilho. Esta tipologia foi transmitida à Coréia e ao Japão. 

O Grande Canal da China, conhecido também como Grande Canal Jing-Han é o canal artificial mais antigo do mundo e liga Pequim a Hangzhou num percurso com cerca de 1800 Km. Iniciado por volta do ano 600 da nossa era, a sua conclusão deu-se durante a dinastia Yuan(1206-1368), quando a capital passou do centro do país para Pequim, no Norte da China.
  


Os enormes rios que atravessam a China de Oeste para Leste devem ter despertado na imaginação dos seus habitantes a vontade de tirar proveito deste enorme recurso. E é pelo grande historiador chinês Sima Qian (145 a.C.-87 a.C.), no livro Shi Ji, escrito durante a dinastia Han do Oeste (206 a.C.-25 a.C) , em que, no capítulo sobre rios e canais, se lê estar a haver uma intensa construção em torno dos rios Yangtzé, Huaihe e Huanghe (rio Amarelo). O Estado Chu abriu (nos finais do século VII a.C.) um canal situado entre os rios Yangtzé e Huai e o reino Wu construiu um outro canal entre os mesmos rios (...)Os canais serviam para regularizar os leitos do rio, ao desviar a água das inundações periódicas, para onde e quando ela era mais necessária. Por vezes, os barcos só conseguiam navegar com a ajuda de cavalos e homens, que puxavam as embarcações ao longo das margens, método que deixou se ser necessário à medida que foram sendo construídas comportas. O sistema de canais permitiu na dinastia Song o controlo das inundações, o que trouxe um desenvolvimento extraordinário a uma China agrícola. Durante as dinastias Yuan, Ming (1368-1644), e Qing (1644-1911), o Grande Canal foi a artéria principal entre as províncias do Norte e as do Sul. Era essencial para o abastecimento de cereais para Pequim. Mas porém, contrariando sua principal finalidade, transporte de alimentos, foi também usada para vários outros fins como o transporte de militares, além de facilitar muito o intercambio cultural entre o norte e o sul da China.
Em meados do século XIX, com o desenvolvimento do transporte marítimo e as aberturas das vias ferro-carril reduziram gradativamente o papel do canal como principal meio de transporte Chinês. Na implantação da Republica Popular da China em 1949, foram realizados importantes trabalhos para tentar a reabilitação do Grande Canal como o principal meio transporte Chinês, tentando que recobrasse a sua importância económica.

Em Hangzhou pudemos aperceber.nos um pouco desta obra monumental, a meu ver tão importante (se não mais) que a muralha da China.
Eis algumas fotos do canal e da zona circundante



Um troço do canal
 Numa das casinhas que se vêem ao longo da margem e que são belíssimas, há um bar muito interessante que é simultaneamente uma livraria.Fica ao fundo das escadas que surgem a seguir.




Aqui aconteceu algo que me surpreendeu. Vários dos muitos turistas chineses que passavam por nós olhavam e, sorrindo, comentavam qualquer coisa uns com os outros, As crianças, menos discretas, apontavam para os seus olhos querendo mostrar que os nossos eram diferentes. Alguns quiseram ser fotografados ao  lado de elementos do nosso grupo. Pelo seu aspeto creio que seriam chineses do interior mais profundo e que nunca teriam visto um ocidental

Quando regressámos à cidade ainda passeámos numa rua com tendinhas onde imensos artesãos faziam as coisas mais diversas.
Comprámos algumas lembranças, nomeadamente uns "Transformers" em madeira para as crianças.






Aqui faziam, com caramelo, figuras interessantes (borboletas, budas, etc) que colavam numa haste de madeira. Viam-se inúmeras pessoas a chupar esta guloseima.

Por fim regressámos ao hotel onde jantámos.

No dia seguinte partiríamos de autocarro em direção a Xangai


As fotos desta mensagem são todas da autoria de Fernando Gouveia, arquiteto





2 comentários:

  1. Olá Regina
    Que belas reportagens. Melhores que a dum jornalista até formado.. Gostei de tudo. o que descreveu e da maneira como o fez ,o que transcreveu e também das fotografias. O que viu da China mostra-nos um país lindíssimo que conserva a sua parte histórica. Foi também muito interessante conhecer o significado da cruz suástica que tão más recordações no traz.
    Obrigada Regina por tanta informação e parabéns pela maneira como viu e descreveu tantas maravilhas
    Parabéns também ao fotógrafo.
    Um grande abraço.

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  2. Obrigada. (o meu marido agradece também). Esta viagem foi de facto muito enriquecedora (aliás acho que todas o são embora umas mais que outras).
    Ab
    Regina

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