Sim, tem. E belíssimas. Duas das minhas preferidas são as que abaixo reproduzo: uma tirada no Quénia e outra no Brasil.
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Quénia: Escola para jovens refugiados do sul do Sudão, Sebastião Salgado,1993
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Brasil: Escola itinerante do Movimento dos Sem Terra, 1996, Sebastião Salgado |
A recordação do leitor traduz o que nelas é essencial:
"Vi em tempos algumas fotos de uma escola numa zona dessas, com os alunos sentados no chão, o professor de pé, um pedaço de ardósia velha e partida pendurada por um fio na «parede». Nada mais. Mas olhares vivos, cheios de curiosidade, interessados, alegres, havia-os em todos os alunos, que seriam uns 15 ou 20."
E acrescenta:
"A escola, para além de nos por a todos num patamar mais elevado de conhecimento, tem ajudado a igualar muita gente muito desigual à partida."
É essa, aliás, a função da escola. Tendo interesse por esta ideia, poderá ler um extracto do livro Escola, igualdade e diferença, da autoria de Joaquim Valentim (aqui) ou ler o livro integralmente.
A leitura das mensagens acima referidas serviu de mote para esta minha mensagem.
Há quatro anos o meu marido foi numa missão humanitária à Guiné Bissau onde, como alferes miliciano, cumpriu cerca de 2 anos de serviço militar. Levaram várias coisas, nomeadamente livros que foram entregar a diversas escolas. Algumas ao ar livre, sem carteiras (as crianças sentavam-se no chão ou em banquinhos improvisados).
Outras, já algo apetrechadas...
Em todas elas o que mais os impressionou foram a ânsia de aprender revelada pelas crianças e o respeito pelo professor.
Desde há muito que em
Portugal os sucessivos ministérios da educação se esqueceram que a principal
função seria precisamente educar, com tudo o que isso comporta, instruir,
desenvolver competências e atitudes, nomeadamente sentido de responsabilidade.
Ora vejamos:
- Há uns anos (creio que há mais de cinco) uma medida para
conseguir o "sucesso" dos alunos dos cursos profissionais era
fazer testes até que o aluno tivesse um resultado
satisfatório (creio que a medida se mantém mas não estou certa). E
esta medida tinha que ser posta em prática mesmo que o aluno
faltasse sistematicamente, não mostrasse o mínimo interesse nas
aulas, perturbasse...
Em vez de se
responsabilizarem alunos e famílias, penaliza-se o professor que terá que
fazer um teste, outro e mais outro e ainda mais outro, até que o aluno
tenha um mínimo de sucesso (obviamente aparente)
- Duas das práticas agora adotadas para diminuir o insucesso são a
supervisão de uns professores por outros e a criação de coadjuvações.
Neste último caso, dois professores (titular e coadjuvante) estão ao
mesmo tempo na mesma sala de aula. Quando tentei saber a razão
de tais práticas foi-me dito que são medidas para substituir as aulas de apoio.Ingenuamente
perguntei qual a razão da substituição e fiquei atónita quando ouvi:
como as aulas de apoio não eram obrigatórias, muitos alunos não apareciam.
Novamente, em vez de
se responsabilizarem alunos e famílias pelo desinteresse manifestado, arranja-se
uma qualquer outra solução.
Mas voltemos à
coadjuvação
Em algumas escolas,
não sei se em todas, na disciplina de Física e Química (e provavelmente
nas outras) na maior parte das vezes essa presença terá que ocorrer em aulas de
apresentação da matéria. Que sentido pode fazer estarem dois professores numa
mesma sala a apresentarem a mesma matéria? A coadjuvação, a meu ver, só
fará sentido e poderá ser extremamente útil nas aulas de aplicação
dos conhecimentos, através de exercícios, problemas etc, e nas de
actividade experimental.
A sensação com que se
fica é que tudo é feito em cima dos joelhos e ninguém é
responsabilizado...
Não me admiro se já
estiver na forja um qualquer outro improviso para "diminuir" o
insucesso.
Há pouco chegaram
às escolas novas diretivas sobre as provas intermédias.
No documento pode ler-se:
(...)Em relação aos
testes aplicados no 3.º ciclo do ensino básico e no ensino secundário,
considerando as
evidências que os relatórios de anos anteriores têm revelado,
nomeadamente o facto
de ser residual, ou mesmo impercetível, o seu impacto na melhoria do
desempenho dos alunos, entende-se, passados quase 10 anos desde o início do
projeto, já não se justificar a sua continuidade nos moldes vigentes(...).
A falta de
responsabilização de quem (des)governa o ME vem de há muito.
Provavelmente já
pouca gente se lembra do experimentalismo de Roberto Carneiro com as PGA,
nomeadamente a primeira, “introduzida” a meio do ano letivo e que levou a
situações gritantes. Alunos (de escolas de referência), com médias de 18 e 19
valores ficaram de fora, enquanto outros com notas muito inferiores entraram no
Ensino Superior.
E a criação dos
famigerados professores titulares, improviso de Maria de Lurdes
Rodrigues?
E o que aconteceu e
ainda está a acontecer com a colocação dos professores em 2014/2015?
O problema é que, por
estes e muitos outros erros educacionais, nenhum ministro foi alguma vez
responsabilizado...
O exemplo devia vir
de cima, mas infelizmente não vem.
Regina, li a tua mensagem no blog da Virgínia e para saberes a resposta á pergunta "onde andas?" é ires aqui:
ResponderEliminarhttp://noareeiroeporai.blogs.sapo.pt
Se quiseres saber em mais pormenor do que se passou nestes mais de 50 anos(!!)
é só mandares-me o teu email...
Um abraço e foi bom saber notícias tuas e do Fernando
Foi um prazer ter notícias tuas
EliminarO meu e-mail é rasg1410@gmail.com
Logo que possa já vou ao teu blogue
Ab
Regina