Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


sexta-feira, 15 de março de 2013

Ó Portugal, se fosses só três sílabas...

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,

linda vista para o mar,

Minho verde, Algarve de cal,

jerico rapando o espinhaço da terra,

surdo e miudinho,

moinho a braços com um vento

testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,

se fosses só o sal, o sol, o sul,

o ladino pardal,

o manso boi coloquial,

a rechinante sardinha,

a desancada varina,

o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,

a muda queixa amendoada

duns olhos pestanítidos,

se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,

o ferrugento cão asmático das praias,

o grilo engaiolado, a grila no lábio,

o calendário na parede, o emblema na lapela,

ó Portugal, se fosses só três sílabas

de plástico, que era mais barato!

 
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,

rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,

não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,

galo que cante a cores na minha prateleira,

alvura arrendada para ó meu devaneio,

bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.

 
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,

golpe até ao osso, fome sem entretém,

perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,

rocim engraxado,

feira cabisbaixa,

meu remorso,

meu remorso de todos nós...

 
Hoje limito-me a deixar para reflexão este poema de ALEXANDRE O'NEILL que complemento com o vídeo anexo e com dois textos de opinião

 

5 comentários:

  1. Gosto muito do O'Neil, o meu ex-tinha os livros todos dele e tb escrevia poemas parecidos, que nunca publicou.

    Extremamente sarcástico, deprimente, mesmo, mas tão sincero....

    Não creio que o nosso Portugal se reveja neste poema...há mais qq coisa, ainda que não se veja...

    Vejo-me grega é para copiar as letras e os numeros que este blogue obriga...desespero quase...

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  2. Essa história das letras e dos números também me irrita mas não sei como eliminar aqui esses "preceitos"
    Ab
    Regina

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  3. Conheci bem o Alexandre O'Neill e acho que o poema o retrata bem. Portugal não pode continuar a ser apenas um "jardim à beira mar plantado". Tem que ser uma NAÇÃO cujos filhos sintam orgulho da sua nacionalidade.E para isso teremos todos de contribuir, cada qual à sua maneira, claro.
    Quanto ao video da Joana Manuel, que já conhecia, apenas uma palavra. Extraordinário.

    Um beijo,Regina

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  4. Tens de ir à segurança ou security do blogger e lá tem as várias facetas. Tens de apagar esta. Não é difícil.

    Bjo

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