Aldebaran: a Estrela que deu nome à Serra é o título de um artigo publicado em Ciência Hoje
(...) o investigador português Fábio Silva apresenta uma teoria sobre a
origem do nome da Serra da Estrela. O artigo publicado no «Papers from
the Institute of Archaeology» sugere que a
estrela que dá nome à serra seria a Aldebaran, a mais brilhante da constelação
de Touro.
“Quando comecei este trabalho, não estava a pensar encontrar nenhuma
relação com a Serra da Estrela”, admite. “Mas quando fiz uma análise mais cuidada dos dólmens do Mondego,
apercebi-me que existia um padrão. Todos estavam a apontar para a serra”.
Quando se
está na câmara de um desses dólmens, olhando para a entrada através do
corredor, vê-se a serra. Os dólmens foram construídos há 6 mil anos por povos
semi-nómadas que tinham adoptado a agricultura e a pastorícia, continuando
ainda a praticar a caça e a recolecção.
Devido a
várias evidências, principalmente fora de Portugal, pensa-se que estes
monumentos megalíticos seriam funerários. No entanto, em Portugal, “nomeadamente no norte do país, não há evidências nenhumas de
enterramentos, nunca se descobriram ossos, por isso não podemos com toda a
certeza afirmar que seriam monumentos funerários”, considera Fábio
Silva.
Mas quer
tenham sido utilizados para esse fim ou não, “tudo indica a eles estavam associados a
elaborados rituais que aconteceriam tanto dentro do monumento como na área
circundante. A grande
questão, ainda em aberto, é saber para que serviriam esses rituais”(...)
“Apontarem os monumentos para lá faz sentido,
até porque isso acontece muito em outros países da Europa: os monumentos
megalíticos encontram-se orientados para determinadas montanhas ou outros
elementos naturais importantes”, informa.
A procura de elementos
astronómicos fez o investigador ir mais longe. Os dólmens apontam todos para a
serra em geral, mas há uma zona em particular que é possível ver de todos eles,
o que não acontece com o pico, por exemplo. “Se alguma coisa de interessante do ponto de
vista astronómico se passasse, seria ali”, afirma.
Podia,
explica, “ser o Sol a nascer em meados de Fevereiro ou a a Lua algures no Inverno”.
Mas hipótese da estrela, nomeadamente a mais brilhante de todas – a Aldebaran –
pareceu-lhe mais viável “porque teria o seu primeiro nascimento antes
do nascer do Sol em fins de Abril”, quando o tempo fica mais ameno, o
que indicaria a altura certa para o início da transumância para o cimo da serra.
Uma das poucas pinturas nas paredes dos dólmens que
sobreviveu ao tempo, precisamente num dólmen no Carregal do Sal, é composta por
cinco traços vermelhos, que parecem representar o Sol. “Poderia ser igualmente a Aldebaran, que é vermelha e muito brilhante”, considera. Devido ao
movimento de precessão axial, a estrela deixou de nascer no alinhamento dos
corredores megalíticos em 3 mil a.C., sendo que os dólmens tinham deixado de
ser utilizados 100 ou 200 anos antes(...).
É interessante confrontar esta hipótese com a lenda que pode ser lida aqui
E a propósito de Aldebaran comparemo-la com outros corpos celestes
Muito interessante a provável explicação para o nome da nossa maravilhosa Serra da Estrela.
ResponderEliminarE a lenda também é linda. Não sei porquê fez-me lembrar o poema "A lágrima" de Guerra Junqueiro que o meu pai adorava. Desprezando riquezas e honrarias "a lágrima celeste ingénua e luminosa tremeu, tremeu, tremeu e caiu silenciosa" sobre o cardo seco num rochedo nu.
Um beijo.
Também o meu mais gostava desse poema que dizia muito bem (pelo menos eu assim achava).
ResponderEliminarBjs
Regina