Não fui grande aluna na disciplina de História pelo que de modo alguma me atreveria a tal viagem.
O passado da minha viagem é bem mais recente - os tempos da minha infância e adolescência
Vivi em Bragança desde os 8 aos 16 anos e nunca esqueci o fascínio da cidade coberta de neve, especialmente quando os nevões obrigavam a fechar as escolas e me divertia a fazer bonecos de neve, a jogar à pelotada com os colegas e a deliciar-me comendo neve acabada de cair , misturada com sumo de laranja e açúcar ( não sei se é por isso que ainda hoje adoro granizados).
Regresso com muita frequência ao Nordeste Transmontano, não a Bragança, mas à aldeia das minhas origens , no concelho de Alfândega da Fé. Mas no Inverno, evito ir porque me desabituei da agressividade do frio intenso .
O meu filho mais velho adora esquiar e o gosto é partilhado pela mulher e pela minha neta de oito anos. Quando em 2009 nasceu o irmão, tornou-se evidente que a ida à neve era mais difícil. Prontifiquei-me a ficar com o bebé e assim foi em 2010. Este ano pôs-se de novo o problema. Decidi acompanhá-los. Fomos para Panticosa onde existe uma estância de esqui
Panticosa fica na Província de Huesca, no Valle de Tena, em pleno coração dos Pirinéus. É uma povoação interessante com uma igreja do século XIII. A zona mais elevada da estância é a de Valle de Sabocos, com mais de 2000 metros de altitude
Imgem de Panticosa, tirada da cabine, numa das descidas
Filho, nora e neto iam por volta das 8, 30 e eu subia por volta das 12 h com o pequenino. Antes passeávmos junto ao hotel, onde fizemos amizade com um gato que costumava acompanhar-nos.
Almoçávamos e os dois regressávamos por volta das 14,30. Na quarta feira fui logo de manhã e a minha nora subiu por volta das 12 h com o pequenito. Só foi esquiar de tarde. Nunca tinha estado numa estação de esqui. È interessante ver todo aquele movimento mas o que mais me tocou foi a chegada no dia em que fui mais cedo. Ainda não estava praticamente ninguém A montanha coberta de neve ainda virgem, o céu azul muito límpido e uma fantástica sensação de paz. Durou pouco. Passados alguns minutos a música numa intensidade aberrante, poluía brutalmente aquele espaço e assim se manteve ao longo do dia, como era habitual.
Porquê? Para quê? Para quem ?
No dia seguinte, sexta-feira, levantei-me cedo e, de mapa na mão, fui explorar o centro histórico.
No caminho tentei comprar caramelos.
Em criança e ainda na adolescência, passei várias férias em Vila Verde da Raia pelo que as idas a Espanha eram vulgares. Recordo-me sempre dos gelados “de corte” ( o gelado que era cortado de uma barra e colocado entre duas bolachas rectangulares) e dos caramelos de Logroño. Nestes, o que mais me admirava era virem dentro de uns sacos de celofane. Em Portugal não havia gelados de corte, caramelos e rebuçados compravam-se à unidade.
Resolvi comprar caramelos para trazer. Só os encontrava a peso. Mas para mim, só os embalados correspondem à imagem da minha infância. Tanto procurei que encontrei. Não sei se por isso, o sabor parece-me o de outros tempos. Será?
Saímos por volta das 11h já em direcção a Portugal,
Na viagem, a minha neta pediu-me para falarmos em castelhano O pequenito ri-se às gargalhadas sempre que o fazemos.
Durante a conversa lembrei-me de uma canção que se ouvia muito, creio que ainda na década de 50. Foi uma das que cantámos durante a viagem.
Chiquitina, chiquitina le dicen los muchachos al verla pasar.
Buenos dias chiquitina la trenza de tu pelo quien la cortará (bis).
Chiquitina, chiquitina ojitos inocentes la hará desmayar.
Y la pobre chiquitina quisiera ser tan alta como la luna (bis).
Para vertirse de largo, para poderse pintar, para ponerse tacones y aprender a caminar.
Deixo a canção na voz de Mariluz
Continuemos a viagem. Saímos numa das saídas da autovia e almoçámos num restaurante. Mais tarde, já próximos da fronteira, parámos para lanchar. A televisão da cafetaria mostrava imagens do sismo no Japão. Desde que partira, propositadamente quebrara todas as ligações com televisão, jornais, etc.
Consegui descansar mas havia que regressar à realidade.
Olá Regina
ResponderEliminarJá fazia falta o seu post.
E, mais uma vez, a descrição da viagem é linda, tão real que quase me sentia lá, e as fotos são óptimas.Parabéns.
Por cá, tudo vai indo. Do ponto de vista social de mal a pior.
Um beijo grande.
Que saudades me fez este post das minhas idas à Alemanha, regulares de 1997 a 2003, quando ia visitar o meu filho, depois filho e nora e por fim, filho, nora e neto :).
ResponderEliminarNunca deixávamos de ir aos Alpes - ao Allgau , onde fica o castelo de NeuSchwannstein. Aquela brancura iluminava-me.Uuma vez fizémos uma caminhada de 4 horas e foi escurecendo. Fiquei em pânico pois o meu filho parecia não ter uma noção exacta do caminho. Felizmente chegámos a são e salvo ao destino. Nunca esquiei, mas este ano os meus filhos foram com os três meninos ( e sem baby sitter) a Karlsruhe e Munique, passando dois dias nos Alpes bávaros. Ontem o meu neto telefonou-me, entusiamado, a contar que tinham estado numa escola de esqui e que ele tinha dado a mão ao irmão para esquiarem a vontade os dois sem perigo de cair! A Mãe ficou com o pequenito de dois anos a ver as peripécias do Pai e filhos. É bonito. Penso que a família unida jamais será vencida....para usar um slogan muito em voga :)))
Não me importei de ficar cá, era uma viagem longa de carro e cansativa de certeza, foram dias que passaram depressa e na 6ª veio o meu filho mais novo.
As tuas fotos ficaram muito belas e fazem inveja.
Este ano já apanhei muita neve na Inglaterra em Dezembro e realmente gosto sempre dos campos e das árvores cobertas pelo manto branco ...sem barulho.
Benvinda a casa e ao blogue.
Ai, as vóvós...! São uma instituição!
ResponderEliminarÉ tão lindo ouvi-las falar dos netos...
Sinto uma tristeza imensa quando os avós não são respeitados pelos netos, sobretudo quando envelhecem e já não são "precisos". Esquecendo os miminhos, as histórias,a paciência e conforto,os bolinhos e coisinhas boas que lhes deram quando eram mais pequenos...
Há que mudar mentalidades...