quarta-feira, 27 de junho de 2012
Miscelânea...
Mais um espécie desaparecida
No passado dia 25, o último
sobrevivente da espécie de tartaruga 'Chelonoidis Abingdoni' (tartaruga da Ilha
Pinta), de seu nome George, foi encontrado morto, na Ilha de Santa Cruz
(Estação Darwin, Parque Nacional das Galápagos), onde vivia sob protecção há 40
anos. Apesar de não se saber ao certo a idade do animal, estimava-se que teria
mais de um século
Pegada ecológica
Há vários
meses que uma família austríaca “expulsou” o plástico de casa, especialmente
embalagens, e tenta viver com as alternativas às substâncias sintéticas, em
nome de um Ambiente menos tóxico(…). "Precisamos de mudanças a todos os
níveis da sociedade. Como produzimos a nossa energia, quantas coisas compramos
e como as usamos, no fundo, como vivemos.
Encontros ?
E a propósito destes “encontros” deixo
um trailer do filme ET , o Senhor extraterrestre na voz de Amália e o texto Era uma vez um planeta (in Era uma vez... Ciência e poesia no reino da fantasia) acompanhado de algumas das ilustrações da autoria do meu filho Nuno. O livro que é aconselhado no âmbito do PNL foi editado pela campo das letras ( 2 edições, 2006 e 2008) e está prevista para breve a sua reedição pela editora 7dias6noites
Era uma vez ….um planeta
Era uma vez uma nave espacial, era branca e tinha riscas pretas,
viajava pelo espaço sideral, entre estrelas, planetas e cometas.
Era uma vez um extraterrestre, vindo do espaço celeste
e que, há muito, na nave viajava. Tinha
um ar estranho, bizarro,
pequeno era o seu tamanho e todo
ele gingava.
Tinha umas grossas melenas e usava
duas antenas
que ao vento estremeciam. Os olhos
mais pareciam os faróis de um autocarro.
Aterrara num lugar, junto a um imenso mar. Era uma praia
dourada,
banhada por um mar manso sempre em
recuo e avanço.
De início não viu mais nada. Foi
então que, de repente,
surgiu bem à sua frente um menino
sorridente com uns olhos cor do céu
que, segundo a mãe dizia, constantemente
vivia no reino da fantasia.
Ao ver o extraterrestre todo ele
estremeceu.
Mas o extraterrestre, que vinha do
espaço sideral,
explicou ao menino que não lhe
queria fazer mal.
Contou-lhe então o que vira na sua
longa viagem.
Já tinha visto cometas e estrelas aos milhões, bem cintilantes.
Uma era o Sol à volta do qual
giravam,
alguns perto, outros distantes, nove
distintos planetas.
Um deles, azul safira, era tão lindo de ver que logo o
extraterrestre decidiu ali descer.
Fez então uma aterragem e assim pousou na Terra cujo
nome não sabia.
Foi o menino quem o esclareceu, o
tal menino de olhos cor do céu
e que, segundo a mãe dizia, constantemente
vivia no reino da fantasia.
Fizeram boa amizade e, em pouco mais de um segundo,
o menino embarcou na sua nave. Lá
foram o menino e o extraterrestre
que tinha grossas melenas e usava duas antenas.
Foram dar a volta ao mundo.
Viram uma montanha coberta de neve e,
com cuidado, pousaram ao de leve.
Dos ramos das árvores a neve pendia
e a paisagem, tão bela, até entontecia.
Tudo era sereno, tudo era tranquilo,
apenas avistaram um gamo e um esquilo
que na neve brincavam.
Na dita
montanha, já quase no cimo,
nascia um fio de água que era muito
fino.
Enquanto descia, engrossava o fio até
se tornar num imenso rio.
Salgueiros nas margens davam sombra
calma
e
peixes de prata que na água
saltavam, eram, do rio, a alma.
Era um belo rio muito cristalino que
corria , corria para o seu destino lá longe no mar.
E a nave sempre, sempre, a vaguear
levando o menino e o extraterrestre
de aspecto bizarro
cujos olhos lembravam faróis de autocarro.
Passaram por florestas densas e por
planícies extensas, por cidades com largas avenidas
e por aldeias, em montanhas
perdidas. Viram navios no mar e aviões
pelo ar.
Viram o deserto, de dunas coberto, era muito belo mas com pouca vida.
Só viram camelos numa caravana
bastante comprida.
Viram na savana tigres, elefantes, pacatas
girafas de pescoços gigantes
e também um leão. Aves aos milhares
cruzavam os ares,
cobras e lagartos, rastejavam no
chão. Passaram por prados cobertos de
flores
e de borboletas de múltiplas cores. Num imenso
charco as rãs coaxavam
e flores de nenúfar, por cima
boiavam. O céu era sempre um céu diferente
mas de rara beleza, ora azul safira, ora azul turquesa, ora muito escuro,
ora acinzentado, isento de nuvens ou muito nublado.
Por vezes cortava-o um arco de cor,
era o arco - íris com o seu esplendor.
E a nave lá ia, nos céus vagueava levando
o menino e o extraterrestre
que ao andar gingava.
Viram o sol nascente, viram o sol
poente, uma maravilha sempre diferente.
Viram, estremunhada,
a lua acordar e vaidosa a
mirar-se num lago espelhada.
Mas o extraterrestre tinha que
voltar, a hora da partida já estava a chegar.
O extraterrestre de tamanho pequeno,
num voo sereno rumou ao destino
levando na nave o dito menino. Regressaram
à praia de onde haviam partido
e já com saudades do que haviam
vivido. Era a despedida.
Dos olhos do menino que eram cor do
céu, uma lágrima tímida pelo rosto
escorreu
e no extraterrestre tremiam,
tremiam, as grossas melenas e as duas
antenas.
Muito emocionado, pegou numa delas,
deu-a ao menino.
Quando ouvires um hino que vem das estrelas, sabes que sou eu.
Comunica comigo.
Então o menino foi à beira mar encontrou uma alga da cor do luar, deu-a ao
amigo.
Mesmo à despedida o extraterrestre disse para o menino:
Na minha vida fiz muitas viagens e nunca tinha visto tão
belas paisagens.
Este é o planeta mais belo que eu
vi e sabes porquê?
Tem água, tem ar, que permitem a
vida. Se estragam a água, se estragam o ar
um dia o planeta vai-se transformar
na terra do nada, uma terra perdida
onde nada se vê. Tu que és um
menino e que vais crescer
cuida do planeta, antes que comece
a desfalecer.
Deram um abraço, muito apertadinho
e o extraterrestre lá partiu sozinho
na nave redonda, branca às riscas
pretas, em busca de estrelas e de outros
planetas.
terça-feira, 26 de junho de 2012
Quando se apagam as cerejeiras
Quando se apagam as cerejeiras é o título de um livro de poemas da autoria de Luís Serrano. O livro , com ilustrações de Carlos dos Reis, foi apresentado no passado dia 23, na galeria Porto Oriental
“Quando se Apagam as Cerejeiras”, título do mais recente livro de poesia de Luís Serrano – e que com ele se celebram 50 anos de vida literária do autor – é uma belíssima metáfora cuja amplitude reflecte um discurso que, na sua globalidade, aflora sobretudo acentos crepusculares. Não é, pois, por acaso que este corpo textual se constrói a partir de elegias a poetas que marcaram o nosso tempo (Manuel Amaral, Eugénio de Andrade, Fernando Assis Pacheco, com explícitas referências a Rilke, por exemplo) ou da representação de obras artísticas, com predilecção pela pintura ou escultura mas na maior parte dos casos pela música, de que o requiem constitui composição privilegiada pelas emoções que alguns exemplos ilustres não podem deixar de transmitir, tornando-se assim matéria de poesia.
Para além do anteriormente referido, também o cinema emerge em alguns poemas, como por exemplo em em "O vale Abraão, de Manoel de Oliveira" ou "O sabor da cereja, de Abbas Kiarostami" que "inspirou" o título do livro.
Após a apresentação, a que se seguiu um Porto de honra, aproveitei para ver a exposição "A preto e branco " de Carlos Reis (ilustrador do livro) que pode ser vista até 30 de Junho.
Conheci Carlos Reis em 1969 (eu leccionava então no Sá de Miranda em Braga); não tornara a falar com ele nem mesmo quando foi professor de Desenho do meu filho Nuno (no seu 12º ano) que no 10º e 11º ano teve como professora Luísa Gonçalves, mulher de Carlos Reis e com quem nunca tinha falado embora tenha visto já algumas exposições quer de um quer de outro.
E já que falo de exposições, aproveito para referir que na minha visita à Fábrica Social , Fundação José Rodrigues, para além das cascatas, pude ver a "Exposição de Gravura - A Oficina, a Técnica e o Impressor" de Tomás Dias . A exposição que consta de gravuras de vários artistas, alguns muito consagrados outros menos pode ser vista até ao próximo dia 30.
“Quando se Apagam as Cerejeiras”, título do mais recente livro de poesia de Luís Serrano – e que com ele se celebram 50 anos de vida literária do autor – é uma belíssima metáfora cuja amplitude reflecte um discurso que, na sua globalidade, aflora sobretudo acentos crepusculares. Não é, pois, por acaso que este corpo textual se constrói a partir de elegias a poetas que marcaram o nosso tempo (Manuel Amaral, Eugénio de Andrade, Fernando Assis Pacheco, com explícitas referências a Rilke, por exemplo) ou da representação de obras artísticas, com predilecção pela pintura ou escultura mas na maior parte dos casos pela música, de que o requiem constitui composição privilegiada pelas emoções que alguns exemplos ilustres não podem deixar de transmitir, tornando-se assim matéria de poesia.
Para além do anteriormente referido, também o cinema emerge em alguns poemas, como por exemplo em em "O vale Abraão, de Manoel de Oliveira" ou "O sabor da cereja, de Abbas Kiarostami" que "inspirou" o título do livro.
Após a apresentação, a que se seguiu um Porto de honra, aproveitei para ver a exposição "A preto e branco " de Carlos Reis (ilustrador do livro) que pode ser vista até 30 de Junho.
Conheci Carlos Reis em 1969 (eu leccionava então no Sá de Miranda em Braga); não tornara a falar com ele nem mesmo quando foi professor de Desenho do meu filho Nuno (no seu 12º ano) que no 10º e 11º ano teve como professora Luísa Gonçalves, mulher de Carlos Reis e com quem nunca tinha falado embora tenha visto já algumas exposições quer de um quer de outro.
E já que falo de exposições, aproveito para referir que na minha visita à Fábrica Social , Fundação José Rodrigues, para além das cascatas, pude ver a "Exposição de Gravura - A Oficina, a Técnica e o Impressor" de Tomás Dias . A exposição que consta de gravuras de vários artistas, alguns muito consagrados outros menos pode ser vista até ao próximo dia 30.
E mais um S. João se passou...
Em mensagem anterior
referi que adoptei o Porto como "uma das minhas terras".... E isso
implicou adoptar o S. João.
Não vou para a rua mas festejo-o em casa com a família e alguns amigos. Há sardinhas, há balões e há cascata (esta a cargo dos mais pequeninos).
E por falar em cascatas fui, mais uma vez, à Fábrica Social, (Fundação José Rodrigues) ver a exposição de cascatas. Lá estava a do Sr. Joaquim Correia e mais algumas de entre as quais fotografei três, duas pela originalidade e uma por ser, para mim, a mais interessante, dentro do tradicional.
Após a ida à Fábrica Social fui ao palácio de Cristal buscar o meu neto José que, durante esta semana, está inscrito numa Oficina dentro do projecto da CMP, OFICINAS DE VERÃO NO PALÁCIO DE CRISTAL.
Na Biblioteca Almeida Garrett estavam também duas cascatas que visitámos.
Aqui ficam também as imagens.
Não vou para a rua mas festejo-o em casa com a família e alguns amigos. Há sardinhas, há balões e há cascata (esta a cargo dos mais pequeninos).
E por falar em cascatas fui, mais uma vez, à Fábrica Social, (Fundação José Rodrigues) ver a exposição de cascatas. Lá estava a do Sr. Joaquim Correia e mais algumas de entre as quais fotografei três, duas pela originalidade e uma por ser, para mim, a mais interessante, dentro do tradicional.
Após a ida à Fábrica Social fui ao palácio de Cristal buscar o meu neto José que, durante esta semana, está inscrito numa Oficina dentro do projecto da CMP, OFICINAS DE VERÃO NO PALÁCIO DE CRISTAL.
Na Biblioteca Almeida Garrett estavam também duas cascatas que visitámos.
Aqui ficam também as imagens.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Na Kontra. Ka Kontra
Já em tempos fiz aqui referência ao livro Na Kontra. Ka Kontra da autoria de Fernando Gouveia.
Nas página 13 e 14 o autor agradece a várias pessoas. O último agradecimento é-me dirigido À minha mulher, com quem aprendi a gostar de ler.
Efectivamente o seu gosto pela leitura não ultrapassava a banda desenhada. Aos poucos foi começando a interessar-se por muitos dos livros que eu ia lendo, de Eça a Saramago passando por Mia Couto, Jorge Amado, Pessoa, Gedeão, Hemingway, Camus, Garcia Marquez, Tolstoi e tantos outros.
Há cerca de dois anos resolveu aventurar-se na escrita. Assim surgiu o livro acima referido.
A razão por que volto a este livro tem a ver com uma recensão feita ao mesmo na publicação Africana Studia, nº 17, 2011, Edição do Centro de Estudos da Universidade do Porto, recensão essa da autoria de René Pélissier, investigador em história, nomeadamente na história colonial e militar de Portugal.
Tendo tomado conhecimento do texto através do blogue Luís Graça e camaradas da Guiné, solicitou o livro ao autor, a quem enviou cópia da referida recensão. Ei-la (chegada hoje).
E já que estamos a falar de livros deixo algumas frases de autores célebres, que poderão encontrar aqui
A leitura
engrandece a alma. Voltaire
Acho a
televisão muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para
outra sala e leio um livro. Groucho Marx
Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...Mário Quintana
O livro é
uma das possibilidades de felicidade de que dispomos. Jorge Luís Borges
O livro é
um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.
Pe. António Vieira
Sempre
imaginei o paraíso como uma grande biblioteca. Jorge Luis Borges
Os livros
são os mais silenciosos e constantes amigos, os mais acessíveis e sábios
conselheiros e os mais pacientes professores. Charles W. Elliot
A leitura
de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde. André
Maurois
Dupla
delícia: o livro traz a vantagem de podermos estar sós e ao mesmo tempo
acompanhados. Mário Quintana
Que nunca
o livro fique longe de tua mão e de teus olhos. São Jerónimo
Ler é
beber e comer. O espírito que não lê emagrece como um corpo que não come. Victor
Hugo
Um livro
deve ser o machado que partirá os mares congelados dentro de nossa alma. Franz
Kafka
Um
público comprometido com a leitura é crítico, rebelde, inquieto, pouco
manipulável e não crê em lemas que alguns fazem passar por ideias. Mário Vargas
Llosa
terça-feira, 19 de junho de 2012
Curiosidades andinas
Pensava ter encerrado o tema "viagem ao Perú" mas, por lapso, não referi duas curiosidades que achei interessantes. Aqui ficam.
A cruz andina
A cruz andina (en quechua: tawa chakana) é um símbolo espiritual
dos Andes, anterior ao império Inca, mas
foi com esta civilização que adquiriu
uma enorme importância.
A cruz andina num adereço dos muitos que se comercializam no Perú …
Os quatro
lados da cruz andina simbolizam , o cruzeiro do Sul, os quatro pontos cardeais mas também os quatro elementos :fogo, terra, ar
água. A forma em escada, sugere pirâmides
em torno de um centro circular. Em cada lado das pirâmides há três níveis, o
superior representa o mundo dos deuses simbolizado pelo condor, o intermédio
representa o mundo dos seres humanos, da força, simbolizada pelo puma e o
inferior representa a sabedoria simbolizada pela serpente.
O centro circular representa o
umbigo do mundo; nomeadamente para os Incas, representaria Cusco, a capital do
império Ama sua. Ama llulla. Ama quella
Significa, em língua aymara , não roubar, não mentir, não ser preguiçoso.
Ainda hoje, a Ilha de Taquile, a maior do lago Titicaca, ilha bastante tradicional, conserva os princípios acima.
Se algum habitante transgredir algum desses princípios poderá sofrer diversas sanções,
Estes princípios doutrinários foram apresentados por Evo Morales Ayma, um indígena de 46 anos filho do povo Aymara, quando em 2006 assumiu a Presidência da República da Bolívia.
domingo, 17 de junho de 2012
No Brasil, a família...
Idos de Cusco, chegámos a S. Paulo por volta da meia noite do dia 2 de Junho. À nossa espera em Guarulhos, a minha irmã e o filho que nos levaram para Santos.
Quando pensámos visitar o Perú, decidi que só o faria se fosse também ao Brasil visitar a família, embora numa visita muito breve (apenas uma semana)
Graças à boa vontade de todos, consegui estar com a quase totalidade dos familiares. Em Santos reuniu-se a família do lado do meu pai: irmãos, cunhada, sobrinhos, sobrinhos- netos, primos, ao todo trinta e duas pessoas, alguns idos de cidades distantes como Curitiba, Goiânia e Uberlândia... Em S. Paulo reuni com a família do lado da minha mãe, vários primos e primas, ao todo dezoito pessoas.
A sua curiosidade por conhecer as origens, levou-me a que fizesse algumas pesquisas quanto às árvores genealógicas, de um e outro lado. Do lado do meu pai não consegui muito pois o Arquivo de Bragança não dispõe ainda de muitos dados. Do lado da minha mãe, Arquivo de Aveiro, consegui já bastantes dados e vou continuar a pesquisa.
Com os dados colhidos construí árvores genealógicas personalizadas que distribui...
Como exemplo, insiro aqui uma de cada um dos lados.
Um primo meu, pelo lado do meu pai, que vivia em Maputo e recentemente veio viver para Lagos, costuma dizer que gosta muito do calor humano da nossa família ...Mas também há ovelhas ranhosas....felizmente em minoria.
Eu cresci entre dois mundos...em qualquer deles a família tem um peso enorme e isso emerge nos dois poemas a seguir, publicados em Reflexões e Interferências
Imagem
Imaginário
Imagens tiradas em Santos. A partir do segundo dia o tempo arrefeceu muito e choveu bastante mas ainda deu para rever Santos da ilha Porchat e para visitar a Pinacoteca e o Museu do Café...
Imagens tiradas com a família em S. Paulo, as três últimas na represa de Guarapiranga, onde um dos meus primos tem uma casa "de fins de semana". Como se pode ver, o frio fazia-se sentir de uma forma pouco vulgar para o local, embora o Inverno esteja a chegar
Em S. Paulo fomos visitar a Pinacoteca (duas últimas imagens) e o Museu da língua Portuguesa (gostei imenso deste último) instalado em parte da estação ferroviária da Luz de que a minha mãe tantas vezes me falou
A viagem chegou ao fim. As saudades dos que cá ficaram também já apertavam...
O Porto, à chegada.
O Porto que eu adoptei como "uma das minhas terras"....
Miragem
Quando pensámos visitar o Perú, decidi que só o faria se fosse também ao Brasil visitar a família, embora numa visita muito breve (apenas uma semana)
Graças à boa vontade de todos, consegui estar com a quase totalidade dos familiares. Em Santos reuniu-se a família do lado do meu pai: irmãos, cunhada, sobrinhos, sobrinhos- netos, primos, ao todo trinta e duas pessoas, alguns idos de cidades distantes como Curitiba, Goiânia e Uberlândia... Em S. Paulo reuni com a família do lado da minha mãe, vários primos e primas, ao todo dezoito pessoas.
A sua curiosidade por conhecer as origens, levou-me a que fizesse algumas pesquisas quanto às árvores genealógicas, de um e outro lado. Do lado do meu pai não consegui muito pois o Arquivo de Bragança não dispõe ainda de muitos dados. Do lado da minha mãe, Arquivo de Aveiro, consegui já bastantes dados e vou continuar a pesquisa.
Com os dados colhidos construí árvores genealógicas personalizadas que distribui...
Como exemplo, insiro aqui uma de cada um dos lados.
Um primo meu, pelo lado do meu pai, que vivia em Maputo e recentemente veio viver para Lagos, costuma dizer que gosta muito do calor humano da nossa família ...Mas também há ovelhas ranhosas....felizmente em minoria.
Eu cresci entre dois mundos...em qualquer deles a família tem um peso enorme e isso emerge nos dois poemas a seguir, publicados em Reflexões e Interferências
Imagem
Minha
mãe era brasileira de alma e coração,
para
ela, o Brasil era país de eleição.
O
meu pai era brasileiro de torna- viagem
e
assim, do Brasil eu construí uma imagem.
Nessa imagem há uma miscelânea tal
que
vai de Salvador até ao Carnaval,
de
Copacabana à aguardente de cana.
É
Elis, Betânia, Caetano, Jobim
é
jeito de samba, sabor de quindim.
São
as cataratas do Iguaçu
e
as cachoeiras lá em Avaré
É
jaca, acerola, pitanga, caju
gosto
de garapa, cheiro de café, É
Sena, Pelé.
É
Oscar Niemeyer disperso em Brasília, é
toda a família
Irmãos, tios,
primos, sobrinhos, sei lá,
ali em S.Paulo,
Goiás, Paraná, Santa
Catarina.
È
Chico Buarque, o meu cantor dilecto,
Cabral
de Melo Neto,"Vida
e Morte Severina"
É
Manuel Bandeira e é Jorge Amado
Érico
Veríssimo, Alcântara Machado
Di
Cavalcanti, Vinicius, Heitor Villa Lobos.
É
impossível enumerar todos.
É
a bandeira, verde e amarela,
é
cheiro de cravo, sabor a canela
É
telenovela, coronéis, jagunços, grandes fazendeiros,
fazendas,
engenhos, bois e boiadeiros.
É
praia e é mar, é Sol a brilhar
É
o Céu Azul e o Cruzeiro do Sul
É
pamonha de milho e é vatapá
Enfeitando
os jardins, é o manacá
É
um povo que canta e seus males espanta
È
a Amazónia e é o Pantanal,Pedro
Álvares Cabral
É
um testemunho bem colonial como em Olinda e em Parati,
é
o negro Zumbi, os
Tupi-Guarani
É
onça pintada, tatu, colibri
É
cheiro a cocada, gosto de siri
É
mistura de gentes
É
o Tiradentes. É
o Lampião
É
o Rio Amazonas e o Maranhão
É
arroz com feijão nem
sempre na mesa
É
a extrema pobreza dos
descamisados,
marginalizados, dos
sem terra e sem pão, gente
do sertão.
É
Carmen Miranda, afinal portuguesa,
tudo
isto é Brasil com toda a certeza
O
meu imaginário
lembra,
em imagens, um caleidoscópio,
sem
o sonho, seria como um baroscópio,
a
que faltou o ar para
o empurrar.
No
meu imaginário cruzam-se dois mundos
ligados
por laços, em geral, profundos
No
meu imaginário há
onças pintadas,
mouras
encantadas, há
o bem-te-vi,
há
o colibri, há
a andorinha, e
a joaninha,
que
voa, que voa vai
para Lisboa,
há
o bicho tatu, a
surucucu,
há
o gato e o cão, a
assombração, o
bicho papão.
Há
jaboticabas, caquis e goiabas,
há
nozes, amêndoas, pitangas e mangas
há
cerejas, castanhas e
jacas, tamanhas.
Há
cocos, coqueiros bolotas,
sobreiros.
Há
cheiro a jasmim, há o alecrim,
há
o sabiá, há o jacaré.
Há
frio e há fumo que sai da chaminé
Há
montes e há sol, há neve e há mar,
histórias
ao luar.
Há
o Zé do Telhado, há o Lampião
o
lobo, a raposa, a cobra pitão
há
o mocho, há o cuco, a perdiz, o tucano
há
o vira, o malhão, samba
todo o ano.
Há
todas as gentes e todas as cores,
múltiplos cheiros,
múltiplos sabores.
Há
bacalhau no Natal e no fim do ano,
há
arroz doce, folar, e há couve mineira
há
feijoada, bem à brasileira,
há
pão- de - ló, leite creme, rolete de cana,
há
pé de moleque e cocada baiana.
Há
bonecas de trapos e de porcelana.
Há
navegantes e há bandeirantes,
há
escravos, há reis e há imperadores,
há
grandes senhores, há marqueses, vilões,
condes
e barões,
burguesia, nobreza e
muita pobreza.
Há
muito opressão, muita
exploração.
Há
jugo e há canga, grito
do Ipiranga.
Há
guerras com Espanha e
a Restauração
Há
muita façanha e
muito visionário.
No
meu imaginário, que
une dois mundos,
há
laços profundos, de
muita beleza.
Há
canto de canário, sabor
a medronho,
há
quimera e sonho, cheiro
a maresia,
alguma
tristeza e
muita nostalgia, cor
azul turquesa.
Imagens tiradas em Santos. A partir do segundo dia o tempo arrefeceu muito e choveu bastante mas ainda deu para rever Santos da ilha Porchat e para visitar a Pinacoteca e o Museu do Café...
Imagens tiradas com a família em S. Paulo, as três últimas na represa de Guarapiranga, onde um dos meus primos tem uma casa "de fins de semana". Como se pode ver, o frio fazia-se sentir de uma forma pouco vulgar para o local, embora o Inverno esteja a chegar
Em S. Paulo fomos visitar a Pinacoteca (duas últimas imagens) e o Museu da língua Portuguesa (gostei imenso deste último) instalado em parte da estação ferroviária da Luz de que a minha mãe tantas vezes me falou
O Porto, à chegada.
O Porto que eu adoptei como "uma das minhas terras"....
Miragem
Estou
sentada no café do cais
aqui
na Ribeira junto ao rio,
um
passante segue pela rádio o desafio,
e,
ao meu lado, uma jovem enlevada
olha
com o olhar perdido a outra margem,
enquanto
um casal recorda uma viagem.
Os
demais conversam sobre tudo.
Aqui
e além falares dispersos.
Aqueles
ali creio que falam eslavo
e
conversam com um ar muito sisudo
Na
minha mesa está pousado um cravo
e
o livro que ando a ler "Primeiros versos"[i]
Não
me apetece ler, de enamorada
que
fico ao olhar esta paisagem
mista
de sonho e de realidade,
nem
sei se ela existe ou se é miragem.
Do
outro lado, as caves imponentes;
atravesso
a ponte e já me encontro em Gaia,
na
vila nova que agora é cidade.
Vejo
o Douro, os barcos rio acima
levam
turistas e passam indolentes,
vejo
as fachadas de granito, e bem por cima
ameaçando
chuva o céu cinzento.
Um
ar frio perpassa-me, é o vento
o
tal a que chamam de nortada.
Regresso
e inicio
uma viagem,
entro
num carro eléctrico, na paragem
e aí vou eu
vagueando com o olhar,
S.
Francisco, S. Pedro em Miragaia,
a Alfândega,
Massarelos , vários cais.
O
eléctrico avança um pouco mais
e
do outro lado já vejo o Cabedelo,
o
rio encontrou o Oceano, entrou no mar.
Difusos
através da bruma,
uma
traineira, um navio parado,
que
para entrar na barra ao largo aguarda.
enquanto
o mar se agita e regurgita espuma.
A
difusão da luz torna tudo mais belo,
mas
o meu passeio vai findar, não tarda.
O
meu corpo está enregelado
e
o vento desalinha-me o cabelo.
É
quase noite, urge regressar
mas
é difícil ter que abandonar
estas
paisagens de bruma e de granito.
Não
sei se adivinhando o meu pensar
uma
gaivota solta um pio, aflito.
Machu Pichu e epílogo
Por volta do meio-dia, em 23 de julho de 1911, um explorador chamado Hiram Bingham subiu uma colina íngreme e tropeçou em Machu Picchu , descobrindo o que tinha sido até aquele momento, um segredo bem guardado.
Foi no penúltimo dia em terras peruanas que visitámos Machu Pichu. Deslocámo-nos de comboio através do vale sagrado, até à povoação de Águas Calientes. O Comboio panorâmico(de teto envidraçado), destinado apenas a turistas percorre cerca de 100km em quase 4 h.
Mas o percurso vale a pena...De Águas Calientes (imagem abaixo) até ao santuário a viagem é feita de autocarro por uma estrada muito sinuosa e estreita.
Há quem acredite que a mítica cidade perdida dos incas ainda não foi
descoberta e estará algures escondida na selva que cobre várias
montanhas. Mas para quase todos essa cidade é Machu Pichu. Pessoalmente
acho que outra a ser eventualmente descoberta, dificilmente será mais
grandiosa. Deixo algumas fotos de entre as muitas que tirámos
Na última foto, o Intihuantana (“lugar de pouso
do sol”), uma pedra sagrada que tinha como objetivo o culto ao deus
Sol (“Inti”) e que servia como instrumento científico
para as observações astronómicas e cálculos meteorológicos que ajudavam a prever as épocas propícias
para os trabalhos agrícolas.
É espantoso como foi possível em tanto pouco tempo (cerca de 300 anos) ter-se desenvolvido uma civilização com técnicas de construção apuradas, excelente exploração agrícola, observatórios astronómicos desenvolvidos para a época, etc.
Em 1532 Francisco Pizarro atingiu o Perú com seu pequeno exército espanhol. Durante os primeiros meses foram gradualmente conquistando a zona litoral. Dois anos depois os espanhóis haviam conquistado todo o império Inca. Tiveram do seu lado uma certa ingenuidade do povo, que admitiu serem os espanhóis enviados dos deuses, e a guerra civil entre os irmãos Huáscar e Atahuallpa, ambos com pretensão ao trono deixado por seu pai, vítima de varíola. Pizarro alia-se a Huáscar mas quer ele quer o irmão acabam por morrer às mãos dos espanhóis...
Em jeito de epílogo...
Antes de partir para a viagem ao Peru decidi reler o livro Inês da minha alma de Isabel Allende ( o meu pai dizia que quem quiser saber ou há-de andar ou há-de ler; a mim fascinam-me as duas coisas...)
O livro, que embora ficcionado se baseia em factos reais, relata a história de Inés Suarez nascida na Estremadura espanhola, cujo marido parte na aventura da descoberta do Novo Mundo, as novas terras conquistadas pelos espanhóis, no outro lado do atlântico. Inés fica à espera do seu regresso. Cansada de esperar decide partir em busca de notícias do marido e embarca num navio que a leva até ao Peru, a mais recente jóia da coroa espanhola. Seguindo o rasto do marido, acaba por conhecer o homem que lhe vai mudar a vida, Pedro de Valdivia, com quem parte na conquista do Chile. São impressionantes as descrições das batalhas e da forma como os índios e todos os colonos das terras conquistadas, eram tratados. pelos espanhóis. Mas se as atrocidades dos espanhóis nos chocam, não podemos esquecer que também os incas as cometeram ao submeterem as civilizações que os precederam.
A visita ao Perú terminou. No último dia parti de Cusco para S. Paulo onde vive a maior parta da minha família. O avião fez-se à pista mas passado algum tempo tivemos que o abandonar por questões de segurança...Tinha surgido qualquer problema. Reinstalados num outro avião sobrevoámos pela última vez o Perú.
Na véspera, após a chegada (já de noite) de Machu Pichu, ainda fomos tirar umas fotos na praça de Armas de Cusco. É com uma foto a sobrevoar Cusco e uma das imagens tiradas à noite que termino esta mensagem
Foi no penúltimo dia em terras peruanas que visitámos Machu Pichu. Deslocámo-nos de comboio através do vale sagrado, até à povoação de Águas Calientes. O Comboio panorâmico(de teto envidraçado), destinado apenas a turistas percorre cerca de 100km em quase 4 h.
Mas o percurso vale a pena...De Águas Calientes (imagem abaixo) até ao santuário a viagem é feita de autocarro por uma estrada muito sinuosa e estreita.
Em 1532 Francisco Pizarro atingiu o Perú com seu pequeno exército espanhol. Durante os primeiros meses foram gradualmente conquistando a zona litoral. Dois anos depois os espanhóis haviam conquistado todo o império Inca. Tiveram do seu lado uma certa ingenuidade do povo, que admitiu serem os espanhóis enviados dos deuses, e a guerra civil entre os irmãos Huáscar e Atahuallpa, ambos com pretensão ao trono deixado por seu pai, vítima de varíola. Pizarro alia-se a Huáscar mas quer ele quer o irmão acabam por morrer às mãos dos espanhóis...
Em jeito de epílogo...
Antes de partir para a viagem ao Peru decidi reler o livro Inês da minha alma de Isabel Allende ( o meu pai dizia que quem quiser saber ou há-de andar ou há-de ler; a mim fascinam-me as duas coisas...)
O livro, que embora ficcionado se baseia em factos reais, relata a história de Inés Suarez nascida na Estremadura espanhola, cujo marido parte na aventura da descoberta do Novo Mundo, as novas terras conquistadas pelos espanhóis, no outro lado do atlântico. Inés fica à espera do seu regresso. Cansada de esperar decide partir em busca de notícias do marido e embarca num navio que a leva até ao Peru, a mais recente jóia da coroa espanhola. Seguindo o rasto do marido, acaba por conhecer o homem que lhe vai mudar a vida, Pedro de Valdivia, com quem parte na conquista do Chile. São impressionantes as descrições das batalhas e da forma como os índios e todos os colonos das terras conquistadas, eram tratados. pelos espanhóis. Mas se as atrocidades dos espanhóis nos chocam, não podemos esquecer que também os incas as cometeram ao submeterem as civilizações que os precederam.
A visita ao Perú terminou. No último dia parti de Cusco para S. Paulo onde vive a maior parta da minha família. O avião fez-se à pista mas passado algum tempo tivemos que o abandonar por questões de segurança...Tinha surgido qualquer problema. Reinstalados num outro avião sobrevoámos pela última vez o Perú.
Na véspera, após a chegada (já de noite) de Machu Pichu, ainda fomos tirar umas fotos na praça de Armas de Cusco. É com uma foto a sobrevoar Cusco e uma das imagens tiradas à noite que termino esta mensagem
sábado, 16 de junho de 2012
Cusco e o Vale Sagrado
Se Arequipa é uma cidade muito bonita Cusco é-o ainda mais.
Visitámos a praça de armas, a catedral, o templo do sol (Koricancha), o Museu que
tem também este nome, o Museu de Arte contemporânea e acima de tudo deambulámos
por ruas muito bonitas.
No antepenúltimo dia por terras peruanas visitámos o vale sagrado, o vale do rio Urubamba.
El río Urubamba (en quechua, Urupampa, que significa «meseta de arañas») es uno de los principales ríos del Perú, una de las fuentes del río Ucayali, y parte de la cuenca del Amazonas.
El valle del Alto Urubamba está densamente poblado e intensamente cultivado mediante el uso del riego. Hay muchos vestigios del imperio inca, incluyendo los restos de la famosa ciudadela de Machu Picchu.
Visitámos Pisac e o seu mercado artesanal, a fortaleza de Ollantayambo, vimos produzir objectos em prata, olaria, tecelagem e fomos a uma chicheria onde pudemos observar o fabrico artesanal da chicha a bebida tradicional dos peruanos.
Pelo caminho almoçámos num hotel muito interessante, junto ao rio Urubamba
Numa das noites assistimos a um espectáculo de danças e cantares peruanos
Antes do espectáculo, para além das recomendações para desligar os telemóveis, etc, surgiu a indicação dos locais para onde nos deveríamos deslocar no caso de sentirmos a terra tremer. Vimos esses locais assinalados em todos os lados por onde passámos
À volta de Cusco visitámos a Fortaleza de Sacsayhuaman , o anfiteatro de Kenko, a fortaleza vermelha de Puca Pucara e as fontes de Tambomacinay
El río Urubamba (en quechua, Urupampa, que significa «meseta de arañas») es uno de los principales ríos del Perú, una de las fuentes del río Ucayali, y parte de la cuenca del Amazonas.
El valle del Alto Urubamba está densamente poblado e intensamente cultivado mediante el uso del riego. Hay muchos vestigios del imperio inca, incluyendo los restos de la famosa ciudadela de Machu Picchu.
Visitámos Pisac e o seu mercado artesanal, a fortaleza de Ollantayambo, vimos produzir objectos em prata, olaria, tecelagem e fomos a uma chicheria onde pudemos observar o fabrico artesanal da chicha a bebida tradicional dos peruanos.
Pelo caminho almoçámos num hotel muito interessante, junto ao rio Urubamba
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