Foi
há já três meses que escrevi a última mensagem.
Geralmente
vou em meados de julho para Trás-os-Montes onde costumo ficar até setembro,
dividindo este período de férias em duas partes, uma delas passada na aldeia
“do meu marido” (concelho de Moncorvo) e a outra na “minha” aldeia(concelho de
Alfândega da Fé) É nessa aldeia que
costumo passar a 2ª parte porque a 25 de
julho há ali uma festa, de que fugimos sempre
a” sete pés”. Uma música (música???) infernal com um nível sonoro
ensurdecedor, “conspurca” de tal forma o ambiente, que permanecer ali durante o
período da festa, só por masoquismo… Mas
há quem goste. Como é possível ?
Pois
bem, este ano, “graças” à COVID, não houve festa pelo que tínhamos previsto passar
todo o tempo nessa aldeia( meio mês de julho e todo o agosto), embora com
algumas “visitas “à outra.
Uma
série de imprevistos levou a que só fôssemos para Trás-os- Montes a 2 de agosto
embora tenhamos ” regressado” no dia 7 para festejar o aniversário do meu filho
Miguel.
Logo na primeira semana. decidimos ir passar um dia à outra aldeia. À hora de almoço
sentiu-se um cheiro a queimado. Espreitando para o exterior já se via algum
fumo e, passado pouco tempo, ouviam-se vozes e a passagem apressada dos gados,
acompanhados dos pastores que anunciavam : O fogo já chega ali ao alto. Apercebemo-nos
que se tratava de um incêndio. Já há dois anos tinha acontecido algo semelhante, pelo que almoçámos rapidamente, metemos tudo no carro e partimos. Ao chegar ao
alto, já as chamas eram bem visíveis para o lado direito da estrada. Como
pretendíamos seguira para a esquerda, a GNR, que já controlava a passagem de
viaturas, deixou-nos passar. Foi um dos incêndios na zona de Moncorvo, muito
reportado pelos vários canais de televisão e que afetou essencialmente as aldeias
de Estevais, Cardanha e Adeganha, precisamente a aldeia do meu marido.
Podem
ver-se várias imagens em https://www.google.com/search?q=inc%C3%AAndio+Adeganha&sxsrf=ALeKk02ORkfTsvomnhEtEgK23hkJdIbWLA:1602333676979&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwig1YKNhqrsAhWQDxQKHbjXAW4Q_AUoAnoECAsQBA&biw=1366&bih=625#imgrc=3qpi0evH1NCCbM
Mantivemo-nos
em contacto telefónico com pessoas da aldeia. Foi uma noite de terror…
A
após o aniversário do Miguel,
regressámos à Parada Passados uns
dias regressámos à Adeganha. Em redor, uma paisagem desoladora. Mesmo à entrada
da povoação, completamente ardido o
único amendoal que o mau marido ainda mantinha,
E
a propósito de incêndios deixo o poema
“Denúncia” publicado em Antologia Natureza, 2018-2019, escrito quando
da terrível vaga de incêndios em 2017
Denúncia
Símbolo da paz,
erguia-se, centenária, no chão agreste,
o tronco esculpido pelo tempo,
a rama de prata oscilando ao vento.
As drupas negras, de penosa apanha,
sangravam azeite,
deleite na mesa e luz na candeia.
Árvore lendária,
Tito Lívio citou-a na história de Roma,
referiu-a Homero na Odisseia.
Frondosa,
dulcificou muitas tardes cálidas
de verão,
derramando no chão a sombra amena,
convite a sonhos tranquilos, a leituras serenas.
Quantos ali se acolheram ao longo dos tempos?
Gélidos invernos, verões escaldantes,
inclementes chuvas, furiosos ventos,
a tudo resistiu, com seu porte altivo.
Agora, qual viúva vestida de preto,
denunciando um mundo desvalido,
ergue o esqueleto no chão enegrecido.
Gouveia,
R, 2017
Quando pensava terminar a minha mensagem , uma amiga telefonou-me. Estava
de visita a uma aldeia de que eu nunca ouvira falar- Pia do Urso. Ao pesquisar
na NET encontrei outros lugares muito interessantes. Alguns já
conheço, outros não . De entre estes , nunca ouvira falar em Val de
Poldros e em Pia do Urso. Deixo alguns vídeos
Vale de Poldros
https://www.youtube.com/watch?v=a6B_sjip7IY
https://ncultura.pt/vale-de-poldros-a-aldeia-dos-hobbits-portuguesa/
https://www.youtube.com/watch?v=828eKNvK2Fw
Sistelo
https://www.youtube.com/watch?v=HPvy_MgPYiY
(Passadiços
do Vez)
https://www.youtube.com/watch?v=UJA4c55WIcA
E
com estas sugestões, resta-nos aguardar que a COVID vá e não volte...
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