Na sua última “mensagem “
colocou o poema "Naquela aldeia havia uma
ribeira" de que gostei muito
Naquela aldeia havia uma ribeira
onde vinham beber os homens e os lobos.
O menino ficava por perto
à espera que eles
– os homens e os lobos –
viessem beber nas suas mãos.
Em seu olhar cristalino
há ainda um brilho feroz
que desperta no seu peito
as aves da montanha.
Graça Pires
De A solidão é como o
vento, 2020, p. 43
A leitura transportou-me
de imediato para um poema meu , Xisto,
publicado em “Todo o tempo agora é contra
o tempo…”
Xisto
Muros de xisto, tal como outrora
cobertos
de silvas, ostentando amoras.
Caminhos.
Este
já foi ribeiro, o ribeiro dos linhos.
Já não
existe ribeiro, tão pouco o linho.
O pó
esvoaça lento por sobre o chão incerto e poeirento.
Caminho com dificuldade, o sol poente
ofusca-me a visão.
Percorro
outro caminho, o da memória
que,
como o xisto, se esboroa com o tempo.
Firme,
a mão do meu pai segura a minha mão.
Este meu livro é uma reedição de dois livros
anteriormente publicados e o título fui busca-lo a um poema de Manuel Alegre, Canção do tempo que passa
Termino com uma imagem da obra “Persistência
da memória” de Salvador Dali,
retirada de
Em primeiro lugar pela divulgação do meu poema.
ResponderEliminarQuanto ao seu poema li com muito interesse. Achei-o muito belo: "Percorro outro caminho, o da memória que, como o xisto, se esboroa com o tempo. Firme, a mão do meu pai segura a minha mão". Magnífico!
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Obrigada pelo comentário, muito em especial porque foi escrito por uma poetisa(poeta?) de cuja poesia gosto bastante.
ResponderEliminarBjs