Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


sábado, 17 de outubro de 2020

Após mais um logo interregno-continuação


 Após o aniversário do Miguel regressámos à aldeia. Ainda não tínhamos saído para o campo e ficámos desolados com o abandono em que encontrámos as propriedades. Já de há muito que as pessoas deixaram de cuidar. Apenas tratam as oliveiras, por causa dos subsídios. Tudo o resto é deixado a monte. O mato cresce e é “pasto” para as chamas. Por isso ardeu o amendoal na Adeganha, como referi na mensagem anterior. Mas este ano, o desleixo agravou-se com a pandemia, a ponto de não conseguirmos entrar numa propriedade tal era o matagal de silvas. Pensar quanto ali investiram e trabalharam, avós, bisavós…

Na aldeia reside uma comunidade búlgara, mas dedicam-se essencialmente a trabalhos sazonais (apanha de amêndoa, azeitona, cereja). Não gostam de trabalhar o campo, aliás tarefa árdua porque muitos terrenos não permitem o uso das máquinas.

O prazer que outrora tínhamos em passear pelo campo, ir colher fruta, etc, deu lugar a um sentimento de tristeza. O meu marido particamente não saiu de casa. Eu passeava ao fim do dia pelos caminhos (muitos deles praticamente intransitáveis) geralmente acompanhada por uma familiar afastada, Isabel, de quem já aqui tenho falado e que tem um percurso de vida interessante. Com formação em teatro e em restauro, viveu largos anos em França. Decidiu regressar à aldeia da família do avô paterno (com quem passou parte da infância), após a morte do marido, .Laurent de Gouvion Saint-Cyr (descendente do marquês homónimo), expert em arte, autor de  Le romantisme dans l'art du XIX° siecle  e de vários outros livros )

https://www.google.com/search?q=laurent+de+gouvion-saint-cyr+Le+romantisme+dans+l%27art+du+XIX%C2%B0+siecle&rlz=1C1PRFI_enPT788PT788&biw=1366&bih=625&sxsrf=ALeKk02S1F76fAkRyej1yGqUKQZoUcPRDg:1602867271586&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=o9nnf7YNl65kBM%252CAUkqWuIWjYpFjM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kRDaJRTEw4-i18e0MQxnafCTSIZZQ&sa=X&ved=2ahUKEwivz-DyybnsAhUC0uAKHd4FDpEQ9QF6BAgKEAg#imgrc=o9nnf7YNl65kBM

Isabel está a restaurar duas casas e cuida de uma propriedade sua, com horta e árvores de fruta.

Tem uma burra que trouxe de França (era pertença dela e do marido), mas como os tempos são outros, dispõe também de outros meios de deslocação, deste a moto… ao automóvel

Mas dizia que, ao fim do dia, caminhava geralmente na sua companhia. Quer ao longo das caminhadas, quer do terraço de minha casa, pude desfrutar de vários pores-do- sol

 




Ao longo do dia, fazia duas sessões de hidroterapia na minha “piscininha”  adaptação de um ex-lagar de vinho.

A par disso dediquei-me a uma “empreitada” que já tinha começado há bastante tempo

Familiares brasileiros, pelo lado da minha mãe, de há muito manifestavam vontade de saber um pouco sobre as suas raízes. Como descendem essencialmente de Anadia (Moita) e o  PORTAL DE PESQUISA DO ARQUIVO de aveiro, https://digitarq aveiro, está muito bem organizado, em 2016, iniciei a construção de uma “árvore genealógica”,  pesquisando digitalizações de batismos, casamentos e óbitos, conseguidas a partir dos “LIVROS DE ASSENTO PAROQUIAIS, de 1565 a 1911, em Moita Anadia. Para além dos dados da DIGITARQ, contribuíram outros dados, alguns retidos na memória, de conversas com a minha mãe, que durante parte da infância e adolescência, viveu com a família de um irmão da mãe, o tio Adelino. Alguns desses dados eram desconhecidos de vários elementos da família.

Se até princípios do século XIX, a pesquisa nos arquivos foi tarefa morosa, mas relativamente fácil, daí para trás começou a tornar-se difícil e cada vez mais morosa por várias razões:

1-    Alguns párocos deveriam ter uma instrução muito básica, pelo que a letra é um conjunto de gatafunhos pouco legíveis e escrevem com muitos erros. Mesmo quando escrevem bem, a letra por vezes é muito “rebuscada” o que torna a leitura quase impossível. Por exemplo, há apelidos (Miz, Roiz, Diz, Pais, Reis, ?) cuja grafia tenho dificuldade em decifrar

2-     Os nomes, quase sempre os mesmos, José Gomez Santhiago, Manuel Gomez Santhiago, António Gomez Santhiago, Luís Gomez Santhiago, repetem-se, não só em sucessivas gerações, mas também em primos duma mesma geração

3-   Em alguns dos livros há várias páginas esborratadas, completamente ilegíveis, provavelmente por terem apanhado água

4-    Por vezes a ordem dos apelidos é trocada  (Santhiago Gomez em vez de Gomez Santhiago), ou cai um deles (fica só Gomez ou só Santhiago). Santiagho aparece geralmente com h, mas nem sempre, tal como Gomez, por vezes termina em s Num documento de 1758, Manuel Gomes Santiago assina apenas Manuel Gomes 

5-Registos anteriores a 1700 são genericamente do tipo:  “aos…dias …do mês de….de 15…., nasceu uma criança do sexo masculino, a quem puseram o nome Manoel,  filho  de Manoel e Maria..

Com os dados e com fotografias que consegui juntar, escrevi um opúsculo com algumas das ligações de família até 1702. Nessa data o registo que encontro é Manoel Gomez Santhiago filho de Manoel e Maria. A partir daqui os dados anteriores não me merecem grande confiança.  Apenas consegui inferir que descendemos de uma família Gomez e de uma família Miz (Martins) ambas de Anadia, dado que aparecem referenciados na  Moita

-Aos 5 dias  de… de  1571, foi batizada Lianor Filha de Ayres Gomez e de sua mulher Dona Lianor e foram padrinhos …Miz e sua mulher Dona Violante

Esta ligação da família Gomez à família Miz manteve-se ao longo dos tempos. O meu bisavô, Manoel  Gomes Santiago, casou com uma senhora cujo pai tinha por apelido Miz

No dia 30 de setembro, a minha prima, que agora reside no Porto com o marido e a filha, fez 50 anos, pelo que me empenhei arduamente em conseguir o maior número de dados para construir um opúsculo sobre as nossa raízes. É esse o seu título

Consegui que “Raízes” ficasse pronto a tempo (embora incompleto pois as pesquisas agora serão muito mais difíceis como já referi). Aliás na aldeia avancei pouco por dificuldades em aceder à NET

Durante o período que passei na aldeia, não sendo aconselhável reunir muita gente em simultâneo, recebi “visitas” por 3 vezes, O meu filho Nuno com os dois filhos, depois a minha prima, o marido e a filha e por fim o meu filho Miguel, a mulher e o meu neto Bernardo ( a Rita não pôde ir).

Não houve a alegria dos demais anos, com toda a família junta, não houve a habitual escapadinha a Espanha donde vieram antepassados meus pelo lado paterno, tal como não houve o nosso habitual teatro….

Dessas “visitas” de familiares deixo algumas fotos

A jantar no terraço com o Nuno e os filhos

No terraço após o pequeno almoço



Preparando a charrete e  a burra ( que acima referi a propósito da Isabel)  para dar  um passeio

    



Subindo a um poste de observação cuja função ninguém me soube explicar ao certo (observação de pássaros, alerta de incêndios?)



Almoçando com os meus primos


A visita do meu filho Miguel foi tão breve que nos esquecemos de tirar fotos.
A seguir a essa visita, regressámos ao Porto



2 comentários:

  1. Esteve ausente, mas aproveitou bem o tempo...
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  2. Obrigada Graça.
    Fui ao seu blog e o seu poema "Não é ficção nem simbologia". Em palavras belíssimas conseguiu traduzir uma realidade tão nua e tão crua.
    Vou "postá-lo".
    Bjs

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