segunda-feira, 21 de março de 2016
Feliz Páscoa
Hoje
é o Dia Mundial da Poesia, da Árvore, o Dia Internacional das
Florestas e a consagração do dia não se fica por aqui.
Ontem entrou a Primavera, embora as temperaturas continuem muito baixas.
A
propósito de tudo isto deixo mais um poema de Graça Pires
É
primavera
Começou
o ritmo da folhagem
ao
sabor da seiva.
As
árvores escolhem o tom de verde
que
o sol prefere dispersar nos troncos.
É
primavera.
As
aves regressam em bandos
e
os amantes ajustam a paixão
nas
grutas do corpo.
As
crianças trazem no olhar
uma
cintilação quase divina
e
os descrentes procuram um deus
no
claustro da morte.
Os
poetas ofertam-nos as primícias
com
os frutos a gretarem-lhes a boca.
Graça
Pires in Uma claridade que cega, 2015
E porque a Páscoa se aproxima, desejo a todos uma Feliz Páscoa
A
primavera não tarda.
Um
manto branco cobre a ladeira.
Flores
de amendoeira,
ledas,
leves,
breves.
A
primavera vai alta.
Uma
capa de verde veludo cobre o amendruco
doce,
tenro,
imberbe.
Pleno
o verão
A
capa de veludo muito coçada,
a
amêndoa já grada.
Fruto
adulto,
maduro.
Oculto
dentro da casca, o grão
sábado, 19 de março de 2016
Maratona...
Esta
semana foi "dedicada" a várias escolas, onde estive com crianças do 1º
ciclo e também de alguns JI, a propósito do livro Ciência para
meninos em poemas pequeninos.
No dia
14 estive todo o dia em Amarante com quatro sessões, duas de manhã e
duas de tarde.
Nas
manhãs do dia 15 e do dia 16, estive em escolas de Penafiel, dia 16
à tarde, no Perpétuo Socorro, no Porto, dia 17 de manhã em Vila do
Conde e dia 18 todo o dia em Rio Tinto onde, ao todo, estive com catorze turmas.
Relativamente
às crianças, é sempre um prazer enorme estar com elas, pela
espontaneidade, a curiosidade, a ternura. No que respeita a
professores, alguns envolvem-se com tal entusiasmo em atividades
com as crianças que chega a ser comovente tanta dedicação. Foi o
caso do JI Boavista Santiago. No seu blogue dão conta da sessão bem
como das atividades preparatórias que foram desenvolvendo à volta do poema Joaninha, voa, voa...
Neste
JI, durante a sessão, várias crianças entre os três e os cinco
anos, disseram e muito bem, o referido poema
As imagens que seguem foram retiradas do blogue
Ainda na mesma escola, os alunos de 1º ciclo, a propósito de vários poemas do livro, fizeram desenhos e textos que compilaram num "caderno" que me ofereceram. Deixo uma foto (retirada do mesmo blogue) e uma imagem do caderno bem como um dos textos ali contidos.
As imagens que seguem foram retiradas do blogue
Ainda na mesma escola, os alunos de 1º ciclo, a propósito de vários poemas do livro, fizeram desenhos e textos que compilaram num "caderno" que me ofereceram. Deixo uma foto (retirada do mesmo blogue) e uma imagem do caderno bem como um dos textos ali contidos.
Num
outro JI, o poema trabalhado foi o poema Rio. Duma forma
extraordinariamente simples, as crianças dramatizaram o poema. No
mesmo agrupamento, alunos da EB1 dramatizaram o poema Sol de inverno.
Numa outra escola apresentaram o poema Diversidade, estando
várias crianças vestidas com
roupas
alusivas aos vários povos referidos no poema. Numa outra, o poema tratado foi Balão.
Houve
também escolas em que nada foi preparado com as crianças mas, apesar
disso, estiveram muito interessadas e participativas.
Termino
relatando episódios interessantes.
Numa das escolas um menino chegou atrasado porque foi arranjar um ramo de flores para me oferecer.
Numa das escolas um menino chegou atrasado porque foi arranjar um ramo de flores para me oferecer.
Duas meninas fizeram questão de me oferecer um desenho, um menino um marcador de livros e um outro um trabalhinho.
Em
algumas escolas alguns meninos que não tinham livro pediam
autógrafos nos cadernos e até em folhas soltas. Uma das vezes, um
pequenino chegou ao pé de mim e disse. Também quero. Um autógrafo? perguntei. Presumo que não saberia do que se tratava pois, quando
assinei a folhinha de papel que trazia, virou-se para a professora
que estava ao lado e perguntou. Isto para que serve?
E não deixava de ter razão….
Foi uma maratona mas foi muito gratificante
Foi uma maratona mas foi muito gratificante
segunda-feira, 14 de março de 2016
Guerra....
No
passado sábado decorreu na Figueira da Foz a apresentação de mais
um livro de
Graça
Pires, autora de quem já falei em outras mensagens. Ainda tentei ir;
tinha uma
boleia
de ida mas não de regresso. Não gosto de conduzir, muito em
particular de noite.
Fiz
uma pesquisa sobre a possibilidade de regressar de comboio (Figueira
a Coimbra pela
linha
do Oeste e depois Coimbra Porto na linha do Norte) mas o último
comboio partia da
Figueira
às 18, 09 e a apresentação do livro estava marcada para as 17, 30.
Como
também já referi, não conheço pessoalmente a autora. Tomei
contacto com a sua
poesia
de forma acidental. Quando a Editora Lua de Marfim me propôs a
edição do livro
Quando
o mel escorre nas searas, como o número nove na coleção Meia
Lua,fiz uma
pesquisa
no site da referida editora e dos oito autores já editados, não
conhecia dois:
Graça
Pires e Manuel Madeira.
Mais
uma pesquisa e encontrei (em boa hora) a poesia de Graça Pires.
Adquiri de imediato o seu livro Caderno
de Significados e no dia 25 de Janeiro, deixei aqui uma mensagem
com referência a dois poemas desse livro
Hoje
começo por colocar mais um, belíssimo, postado na sua última mensagem
Guerra
Para
se abrigarem dos ventos contrários
o
abraço dos amigos lhes bastava.
Mas
a guerra cercou-os
e
deixou-lhes no movimento do olhar
uma
pátria ultrajada.
Em
suas bocas pisadas de silêncio
sangram
agora todos os afectos.
Graça
Pires in Caderno de significados, 2013
Selecionei
um outro, postado em 3/9/2015.
Poderão
perdoar a nossa ausência?
Vêm
de todos os lugares, por caminhos
que
fervem sangue e luto.
Aos
milhares, saem dos túneis da noite e do medo.
Não
trazem bandeiras.
Um
ardil cavado na lonjura enjeita-lhes a idade.
E
chegam extenuados, traídos, indefesos.
Procuram
um chão e um abraço.
As
sombras coladas aos muros
são
a morada da esperança que lhes resta.
Poderão
perdoar a nossa ausência?
Todo
o horror da guerra traduzido por Picasso, em Guernica sugeriu-me
o poema que está publicado em "Entre Margens"
Guernica
A
espada de aço quebrada,
presa
a um braço decepado do corpo
a
que a cabeça foi ceifada.
Nos
braços de uma mãe,um
filho exangue.
Nos
tons escuros a morte,ausente
a cor do sangue.
A
memória da dor.
Sob
a espada de aço e
a contrastar com o horror,
jaz
uma flor.
Regina
Gouveia In Entre margens
Termino
com o Quarteto
para o fim dos tempos de Olivier
Messiaen, obra composta e estreada quando Messiaen era prisioneiro de
guerra no campo de Görlitz e Requiem
de Guerra de
Britten.
quarta-feira, 9 de março de 2016
Termas
Desde
sempre me lembro de ter problemas a nível respiratório a que
costumo chamar as minhas “ites”: rinites, faringites e
laringites, estas últimos responsáveis pelas minhas frequentes
afonias.
Cheguei
a atribuí-las à profissão mas não tenho qualquer problema nas
cordas vocais. Há dois anos, perante mais uma crise com febre alta, dores
de garganta, afonia, um otorrino detetou-me um edema na glote e uma
sinusite aguda.
Fui
tratada, a crise passou mas as “ites” não desapareceram. Há
cerca de um mês, um médico internista
sugeriu-me
um tratamento termal que poderia ser em regime ambulatório. Sugeriu
o mesmo a uma familiar que, não tendo rinite, tem problemas
semelhantes aos meus no que se refere a rouquidão e afonia.
Fiz
uma pesquisa na NET e constatei que podíamos fazer o tratamento em
Vizela, usando o autocarro e o comboio urbano da linha de
Guimarães.
A
minha familiar, que por sistema usa sempre o automóvel para se
deslocar, mesmo dentro da cidade, não fazia ideia do que seria usar
o “andante” ou o cartão equivalente nos transportes urbanos. E
apesar de ser professora catedrática, no primeiro dia fez-lhe alguma
confusão todo o “ritual” de adquirir os cartões, carregá-los,
validá- los, etc. Mas em breve se adaptou e só lamenta ter-se
apercebido tão tarde de quão prático é viajar desse modo.
Assim,
começámos na semana passada os tratamentos termais, após uma
consulta obrigatória com um médico das termas. Estas, que estiveram fechadas de 2009 até 2012 para remodelação, são
geridas agora pelo grupoTesal
A
viagem demora uma hora em cada sentido mas é agradável.
Aqui um vídeo breve sobre Vizela
É cedo para avaliar os resultados do tratamento que ainda prossegue mas, no que respeita à rinite, creio que estou melhor.
Em
2006 visitei as termas de Karlovy Vary (Carlsbad) na República Checa. A cidade é belíssima quer pela paisagem natural que a envolve quer pelos vários exemplares de arquitetura Arte Nova
Karlovy
Vary é a maior, mais conhecida e mais visitada cidade-termas da
República Checa. As suas origens remontam ao ano de 1358 quando o
Imperador Carlos IV ali mandou construir um castelo de caça e foi em
1370 que este monarca a elevou a categoria de cidade, atribuindo-lhe
assim dignidade e direitos reais. Cidade de paisagens deslumbrantes
no seio dos Montes Metálicos, oferece aos seus visitantes a
possibilidade de salutares passeios através das escarpas das suas
montanhas e dos seus imensos bosques.
Desde
o século XIV Karlovy Vary alcança acentuado desenvolvimento e começa
a ser conhecida. Na entrada do século XVIII cresceu
significativamente convertendo-se, a breve espaço, numa das mais
prestigiosas das cidades-termas da Europa. No final do século XIX
sofreu obras de reconstrução dirigidas por arquitectos austríacos
transformando-se num novo e moderno centro balneário com imensas
fontes de água com atributos terapêuticos, moradias e balneários
privados de luxo. Entre os monumentos que mais se destacam
encontra-se a Igreja de Santa Madalena e a Igreja Ortodoxa de São
Pedro, o balneário privado do Imperador Francisco José I ,as 5
colunatas históricas, e também o Teatro Municipal . O vídeo que segue, com Tchaikovsky em "música de fundo" dá uma muito pálida ideia da beleza do lugar.
https://www.youtube.com/watch?v=Q69DLGvCy_I
A
influência benéfica das águas locais tem atraído personalidades
famosas ao longo dos séculos, incluindo Johann Sebastian Bach, o
czar russo Pedro o Grande, Karl Marx, Sigmund Freud, e numerosas
estrelas de Hollywood, de Mary Pickford até Robert Redford. Um dos
visitantes regulares foi Johann Wolfgang von Goethe, que gostou da
cidade tanto, que a visitou treze vezes durante a sua vida.Diz-se ainda que a melodia, que tocava na trombeta o carteiro de Karlovy Vary,
inspirou Beethoven para compor o tema principal de sua Abertura em Dó
Maior. O famoso compositor esteve na cidade por duas vezes em 1812,
registando-se indelevelmente na história da cidade.
De Beethoven, a Sonata nº 1 em dó maior
terça-feira, 1 de março de 2016
Volvidos 100 anos
O passado dia 11 de Fevereiro foi um dia histórico para a ciência: foram detetadas as ondas gravitacionais previstas há um século por Albert Einstein
A este propósito Carlos Fiolhais escreveu:
A descoberta das ondas gravitacionais não é nada inesperado para os
físicos. Todos eles esperavam, mais tarde ou mais cedo, que mais
esta previsão de Einstein se viesse a confirmar. Mas é uma ironia
da história que ela tenha sido feita escassos dois meses após o
centenário da teoria da relatividade geral de Einstein, que tão bem
descreve os fenómenos gravíticos através de uma deformação do
espaço-tempo em volta de corpos com massa. Até agora todas as
previsões da relatividade geral de Einstein bateram certo. É uma
teoria não só bela - uma das mais belas teorias científicas - mas
também verdadeira, muito verdadeira (...)
(...)Além de se confirmar uma teoria abre-se uma nova janela para observações do espaço. Até agora só se via o espaço através de luz (luz de vários tipos, visível ou invisível). Agora passa-se a recolher o "som" do espaço, que é como quem diz as vibrações não de nenhum meio material mas do próprio espaço-tempo, graças a acontecimentos singulares mas não muito raros que são grandes cataclismos cósmicos. Como disse um dos cientistas envolvidos, até agora só tínhamos olhos para o espaço, Agora temos também "ouvidos". E o espaço não é um sítio de pasmaceira, é um cenário de acontecimentos violentos, que nos fornece feéricos espectáculos de luz e cor.
Numa outra mensagem, Carlos Fiolhais responde a questões colocadas por uma leitora.
Por outro lado, Vitor Cardoso, Professor do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico, ULisboa e investigador do CENTRA-Centro Multidisciplinar de Astrofísica, fala-nos desta deteção nos vídeos que seguem
Numa outra mensagem, Carlos Fiolhais responde a questões colocadas por uma leitora.
Por outro lado, Vitor Cardoso, Professor do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico, ULisboa e investigador do CENTRA-Centro Multidisciplinar de Astrofísica, fala-nos desta deteção nos vídeos que seguem
O vídeo que segue, ajudar a perceber o que acima ficou referido
E já que falamos e ondas deleitemo-nos com estas "ondas sonoras" ao mesmo tempo que desfrutamos da poesia de Ricardo Reis, da beleza do vai e vem das "ondas do mar" e das ondas eletromagnéticas responsáveis pelo colorido das imagens
Uma
após uma as ondas apressadas
Uma
após uma as ondas apressadas
Enrolam
o seu verde movimento
E
chiam a alva espuma
No
moreno das praias.
Uma
após uma as nuvens vagarosas
Rasgam
o seu redondo movimento
E
o sol aquece o espaço
Do
ar entre as nuvens escassas.
Indiferente
a mim e eu a ela,
A
natureza deste dia calmo
Furta
pouco ao meu senso
De
se esvair o tempo.
Só
uma vaga pena inconsequente
Pára
um momento à porta da minha alma
E
após fitar-me um pouco
Passa,
a sorrir de nada.
Ricardo Reis
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