Recebi há dias um e-mail cujo conteúdo era o que segue
Não vou falar do Crato Prior mas de Crato, o Pior, e de um
outro Crato que eu conheci, não pessoalmente, mas através de algumas das suas publicações,
o Nuno Crato investigador e professor de matemática , autor
de uma vasta obra de divulgação científica que acerca de Rómulo de Carvalho, seu professor, refere:
In Crato. N (org), 2006, Ser
Professor. Antologia de textos de pedagogia e Didática, Gradiva .
Ora a política de Crato, o Pior, nada tem a ver com o que o
texto acima defende. Os professores hoje não podem preparar cuidadosamente as aulas
nem treinar as experiências.
Seguindo as pegadas de Maria de Lurdes Rodrigues, que até há
bem pouco tempo considerava como o(a ) pior ministro(a) da educação que conheci na
minha longa carreira de professora, Crato, o Pior não está preocupado com a
qualidade das lições nem com o bom funcionamento das experiências; grande parte
do tempo dos professores é empregue em reuniões genericamente estéreis,
no preenchimento de relatórios e fichas na
sua esmagadora maioria totalmente inúteis.
(...)Para que os
professores mais velhos, os únicos ainda com memória, não dêem conta destas
falsificações, inventaram relatório atrás de relatório, ficha atrás de ficha,
reunião atrás de reunião, impedindo-os assim de exercer o que supostamente
seria o seu objectivo: ensinar. E quando nos intervalos de relatórios, fichas,
reuniões conseguem o tempo para ensinar, o cansaço e desânimo são tão grandes
que até se convencem que os seus conhecimentos estão errados e o livro que têm
em frente está correcto e completo.
Não contente com esta competição com a sua antecessora,
Crato, o Pior (se ainda não destronou
MLR, há pelo menos um empate) resolveu criar uma prova para avaliação de
professores.
A prova modelo foi aplicada a adolescentes que responderam à escolha múltipla da prova e
passaram
Eu, como aposentada, estou expectante porque se
tal prova é condição necessária ( e porventura suficiente) para se ser professor, então não se gaste mais dinheiro na formação de professores. Contratem-se
já todos os adolescentes que mostraram um bom desempenho e, se necessário, aplique-se de imediato a
toda a população adolescente de modo a poder selecionar os melhores....
Com toda esta economia na formação de professores, talvez os
aposentados deixem de ser espoliados pelo Governo.
Oh Senhor
Ministro, o que pode revelar esta prova sobre o estar em sala de aula ?
Faço minhas as palavras de
Leonor Santos
Mascarar um teste que
pretende avaliar conhecimentos e capacidades considerados essenciais para a
docência nos diferentes níveis de ensino com um teste psicométrico é no mínimo
enganador. Mas mais importante ainda, o que se fica a saber sobre a qualidade
do desempenho da função docente de um candidato que obtenha a pontuação máxima
nesta prova? Se uma das características essenciais da docência hoje é também
ser capaz de antecipar situações de sala de aula e agir no momento face ao
inesperado, o que uma prova deste tipo nos revela sobre isso?
Eis uma carta aberta de um professor ao primeiro-ministro que podem ler aqui
MANUEL MARIA MAGALHÃES
22/11/2013 - 21:56
Não temo como nunca temi qualquer forma de
avaliação, mas não me sujeito ou humilho perante este cenário a que Vossa
Excelência nos quer forçar.
O meu
nome é Manuel Maria de Magalhães e sou professor profissionalizado do grupo 410
(Filosofia), desde 2002. Desde então fui contratado por 13 escolas, em cinco
distritos diferentes (Viana do Castelo, Braga, Porto, Guarda e Viseu). Em todas
excedi sempre aquilo que me era pedido, como prova o reconhecimento, em alguns
casos público e formal, que alunos, colegas, órgãos das escolas e encarregados
de educação prestaram ao meu trabalho.
Em termos de formação contínua de professores
desprezei sempre as acções de formação promovidas pelo ministério através das
suas direcções regionais, que conjugam o verbo "encher" na perfeição,
para procurar na academia a continuação dos meus estudos sob a forma de
congressos ou mesmo na execução de duas pós-graduações nas áreas em que o meu
grupo disciplinar se move. Em todas as escolas o meu trabalho foi avaliado, de
acordo com o estipulado, tendo inclusivamente sido dos primeiros a submeter-se
voluntariamente às "aulas assistidas". Em consequência das suas
políticas educativas encontro-me no corrente ano desempregado e sem
perspectivas de encontrar colocação nesta área, tal como dezenas de milhares de
colegas meus, muitos deles com uma história profissional bem mais dura do que a
minha e muitos mais anos de serviço. É neste quadro que Vossa Excelência,
através do seu ministro da Educação, nos quer obrigar a fazer um exame para
poder continuar a concorrer ao ensino. Era a humilhação que faltava e a maior
de todas.
Ao
enveredar por este caminho, Vossa Excelência está a descredibilizar todos os
docentes com provas dadas nesta causa que é tomada como uma missão em prol do
desenvolvimento do país. Está a descredibilizar as universidades que nos
formaram e as escolas que nos avaliaram. Está a destruir a credibilidade do
próprio ensino, através de uma avaliação retroactiva, sem fundamento, obscura
nos seus contornos, pois até esta data pouco se sabe sobre o processo, que é
mais próprio de regimes ditatoriais revolucionários do que de democracias
maduras, onde todas as partes devem ser ouvidas.
Estou
de acordo consigo num ponto: a Educação não está bem,apesar dos esforços de
tantos, mas residirá apenas na classe docente a causa desse mal? Já reparou que
todos os governos eleitos impuseram uma política de Educação diametralmente
diferente dos anteriores? Já se deu conta que a Educação foi verdadeiramente
uma área em que se "atirou dinheiro" para cima dos problemas na esperança
que passassem? No ensino, como em muitas outras áreas, também existiu o
privilégio do betão face à formação. Quantas escolas não têm psicólogos,
sobretudo clínicos, que tanta falta fariam aos inúmeros casos dramáticos que
assolam milhares de alunos? Que vínculos tem o Estado, através da Segurança
Social, para ajudar a estabelecer pontes entre as famílias e a Escola? O que se
(não) tem feito em termos de prevenção da indisciplina em ambiente escolar,
seja na sala de aula ou fora dela? O que fez o Estado para promover a
autoridade (não autoritarismo) do professor e do auxiliar de acção educativa
que ainda é tratado, à maneira do Estado Novo, como um mero contínuo,
desprezando o seu vital papel nas escolas? Construir ou renovar escolas não
chega… Se quer introduzir alterações em atitudes e comportamentos dos docentes,
este não é seguramente o melhor caminho. Se analisar a formação que o
ministério nos disponibiliza, constatará que não tem, na maioria dos casos,
qualquer interesse em termos pedagógicos. Já pensou em fomentar a ligação entre
as universidades e as escolas neste sentido? Ao persistir neste caminho, Vossa
Excelência encerra em si o pior modelo de docência: o do professor que obriga
os alunos a uma avaliação para a qual não os preparou.
Não
temo como nunca temi qualquer forma de avaliação, mas não me sujeito ou humilho
perante este cenário a que Vossa Excelência nos quer forçar. Não
farei qualquer exame retroactivo, imposto de forma ditatorial. Se o
preço a pagar for a exclusão definitiva do ensino, assumo-o. Mais importante do
que as palavras que proferimos é o exemplo que perdura. A dignidade não está à
venda e não posso ser incoerente com tudo o que tenho passado aos alunos que o
Estado me entregou. Ainda assim tenho a esperança que Vossa Excelência tenha a
humildade (uma das maiores, se não a maior, virtude humana) de reconhecer o
erro que esta medida encerra e procurar novas soluções.
Professor de Filosofia
Já aqui me referi várias vezes à avaliação de professores. Sou do tempo em que no
fim do estágio se fazia exame de estado,
perante uns seis metodólogos e em que os
inspetores entravam pela sala de aula sem disso sermos avisados. Nunca temi
qualquer avaliação e sempre defendi que a observação de aulas por equipas
competentes, logo isentas, sem aviso prévio, será a forma mais fidedigna de avaliar professores.
Durante 22 anos fui orientadora de estágio e durante 9 anos lecionei a cadeira de
Didática da Física no Mestrado em Física para o Ensino da FCUP. Avaliei para
cima de uma centena de professores e candidatos a professores. Sei que há maus
e bons professores embora estes últimos sejam a maioria, por mais que se tente
denegrir o trabalho docente.
Senhor
Ministro deixe os professores ensinar porque ensinar e aprender são actividades humanas, das mais
nobres .
Claro que concordo que haja formação contínua de professores!!! Mas uma prova humilhante onde até se pode falhar, pelo nervosismo, e que desacredita todas as Instituições de ensino e provas por que os professores tiveram que passar, não consigo aceitar. É uma aberração.
ResponderEliminarUm beijo.
Reginamiga
ResponderEliminarValha-nos São Macarrónio 28-AC-47... Mas, nem ele pose livrar-nos do (C)rato! (*) Estamos fod...eitos. E eu já fui professor por isso jugo saber (ainda) o que digo...
Qjs
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(*) Forma, aliás correcta, da Gracinhamiga, patroa do picos de roseira brava)