Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


domingo, 8 de janeiro de 2012

De poesia e de arte

O dia de Reis acordou, para mim, recheado de coisas boas.
Às 10h, quando me preparava para ir ter com as minhas amigas Daisi e Isabel , com quem não tinha podido estar antes do Natal, ao abrir a caixa do correio, deparei com o livro  Rio virando mar que me foi enviado, devidamente autografado por Deka Purim.
Conheci Deka Purim na minha última visita a Angra do Heroísmo, que teve lugar em Novembro de 2010, a convite do Dr. Marcolino Candeias,  Director da  Biblioteca Publica e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo(BPARAH). Da visita, das crianças com quem contactei, do carinho com que  fui acolhida, bem como da forma como tomei conhecimento do Dr.  Marcolino Candeias e da sua poesia, dei conta neste blogue. Num dos dias, o Dr. Marcolino convidou-me para jantar em sua casa. Foi assim que conheci Deka Purim, com um percurso de vida muito interessante Neste seu primeiro livro a  poesia emerge viva, no título, na dedicatória, em cada poema.


POETA

Ser poeta é
quase
quase
deixar de Ser.
É se diluir
pra pertencer.
É o gozo do
aperto do leito
das palavras
das grafias
e do divino ritmo.
Ser poeta é
Ser Rio
Virando Mar.

Mas continuando o meu dia...Estive com as duas amigas, que estimo muito, conversámos  e trocámos pequenas lembranças de natal
.À tarde fui visitar a exposição "Jogos de luz" de Virgínia Barros, a que fiz referência na mensagem anterior. Trata-de um conjunto muito interessante de fotografias a preto e branco, duas das quais mereceram a minha
preferência. Deixo aqui, embora sem boa qualidade, duas fotos  mas podem ver mais aqui 

No entanto o melhor é visitar a exposição  (espaço Vivacidade )





Ao fim da tarde, ao chegar a casa, fui consultar um blog que consta da minha lista, Alfândega da Fé... Noticias de cá e de lá e aí encontrei referências à exposição de Nadir Afonso, na casa da Cultura de Alfândega da Fé. Já sabia da exposição mas ainda não pude ir visitá-la. Deixo um vídeo sobre a mesma e uma imagem de um  quadro do autor.




Finalmente, à noite fui assistir ao concerto de Ano Novo  na Casa da Música, concerto a que já me havia referido na mensagem anterior



Deixo alguns dados sobre o concerto

1ª parte

Carl Maria von Weber/Hector Berlioz- Convite à valsa

Hector Berlioz- “Ballet des Sylphes e Minuet” de La damnation de Faust

Maurice Ravel- Don Quichotte à Dulcinée

Claude Debussy -“Minuet” de Petite Suite

Claude Debussy - Tarantelle Styrienne
2ª parte
Léo Delibes-“Valse de la Poupée” de Coppélia

Emil Waldteufel- Les patineurs (podem encontrar aqui numa versão bailada)



Charles Gounod- Valsa e ária “Avant de quitter ces lieux” de Faust

Jacques Offenbach (arr. Manuel Rosenthal)- “Allegro Molto e Valse” de Gaité parisienne

Jacques Offenbach-“Je suis Brésilien, j’ai de l’or” de La vie parisienne

Ambroise Thomas- Abertura da ópera Mignon

José Luis Gomez direcção musical, Andrew Ashwin barítono

Natural da Venezuela, o jovem maestro espanhol José Luís Gomez atraiu as atenções internacionais ao conquistar o Primeiro Prémio no V Concurso Internacional de Direcção Sir Georg Solti, em Frankfurt, em Setembro de 2010, naquela que foi uma rara decisão por unanimidade do júri.

Andrew Ashwin barítono

O barítono de ópera britânico Andrew Ashwin tem obtido sucesso em vários países, incluindo Alemanha, Suíça, Bélgica, Holanda e Espanha, bem como no Reino Unido.
De entre os vários trechos cantados deixo aqui na voz de Dário Moreno  a ária “Sou brasileiro, tenho ouro” que retrata o quotidiano cosmopolita da capital francesa na época em que o próprio compositor viveu e onde pairavam milionários, nobres falidos e novos ricos de todo o mundo. é um retrato vívido dessa realidade e conta a história de um desses turistas que vai às compras para estar na moda.

Sou brasileiro, tenho ouro,

Acabo de chegar do Rio de Janeiro

Mais rico do que nunca,

Oh, Paris, de novo a ti regresso!

Já duas vezes cá vim,

A mala de ouro cheia

E diamantes no peitilho,

E quanto durou isto assim?

O tempo de fazer centos d’amigos

E a quatro ou cinco amantes querer,

Seis meses de galantes enlevos,

E depois acabou! Ó Paris! Paris!

Em seis meses me limpaste,

E depois, para a minha jovem América,

Pobre e melancólico,

Com bons modos me mandaste!

Mas por voltar ansiava,

Lá longe, sob o meu céu selvagem,

Raivosamente insistia:

Ganhar outra fortuna ou finar!

Pois que não finei,

Loucas maquias como pude amontoei.

E eis-me aqui pra que me roubes

Tudo o que por lá roubei!

Sou Brasileiro, tenho ouro…

Paris, o que de ti quero,

Tuas mulheres é o que quero,

Burguesas não, nem grandes damas,

As outras sim... está bom de ver!

As que exibindo se podem ver

Nos veludos da ribalta

Com jeito de rainhas

Grandes ramos de lilases brancos,

As de que o olhar frio e sedutor

Num ápice aquilata a sala

E de cadeira em cadeira procura

Sucessor para o janota que,

Todo chique mas pobrete,

No fundo do camarim se anicha,

E diz mordendo o bigode:

Onde raio desencantar dinheiro?

Dinheiro! Tenho-o eu! Vinde!

Vamos comê-lo, minhas pombinhas!

E depois, vou empenhar-me,

Estendei ambas mãos e levai!

Sou brasileiro, tenho ouro…

Hurra! Acabo de chegar,

Às vossas cabeleiras, cocotes!

Entre vossos dentes ponho

Inteira fortuna a tragar!

O pato chegou, depenai, depenai;

Levem meus dólares, minhas notas,

Meu relógio, meu chapéu e minhas botas,

Mas digam que me amam!

A mim os gozos e os risos

E as danças de parelha

A mim as noites de Paris!

Levem-me ao baile de Asnières!

Vinde a mim e tereis Jóias e atavios;

Vinde e despojar-me-eis,

Atrevidas e coquetes!

Mas fiquem a saber,

Pois que me estás no sangue,

Cada cêntimo cobrarei,

Juro-o; Cada cêntimo cobrarei,

Vinde!

2 comentários:

  1. Entrada cheia de peripécias....agradáveis. Ainda bem que foi um dia rico em Amizade , em Arte, em Poesia...há dias assim. Obrigada pelas palavras sobre a minha expo, agradeço-te humildemente, pois sei que nem tudo é merecido.
    Hoje foi embora a minha filha e estou um pouco triste, mas este teu post alegrou-me. Todos os dias sejam assim.

    Bjo

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