Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Falando de música...

Na mensagem anterior, dedicada à poesia,  inseri dois poemas de Victor Gil. Hoje insiro mais dois.

Em Paródia musical, o autor, apreciador de música, “brincou “ com grandes compositores:

-Amadeus e a Flauta Mágica,  uma das obras no catálogo de Köchel  

-Schubert e a Truta

-Scarlatti e o Memorial do Convento 

-Bach e a suite nº 2 para violoncelo, BWV 1008

Ouçamos excertos das referidas obras


https://www.youtube.com/watch?v=H_ox3hnlJKY   Mozart, abertura da flauta mágica

https://www.youtube.com/watch?v=8eLAHCBMBBk,  Scarlatti,sonata em lá menor K61

https://www.youtube.com/watch?v=ki9ySiWQNu8BWV 1008 - Cello Suite No.2


Num registo mais sério, Victor Gil dedica também um poema a Bach

E porque dediquei esta mensagem à música, não poda terminar sem falar de duas divas da Música:  Amália, no centenário do seu  nascimento e  Juliette Greco falecida, em  20-9, com 93 anos.


  


https://www.youtube.com/watch?v=LcEKzT8EJm4&list=RDGEpaVG3As-c&index=13watch?v=LcEKzT8EJm4&list=RDGEpaVG3As-c&index=13

Juliette Greco era a musa de Jacques Brel com quem termino esta mensagem 


https://www.youtube.com/watch?v=JQn5v-y0TMk&list=PLY3aCixa3Ee7lDCEt_wpQZU9vYviH3qK-&index=822

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Falando de poesia...

No dia 5 de setembro, tele lugar, em Coimbra, o lançamento do livro Poréns e Encantos, da autoria de Victor Gil

Não pude estar presente, mas pedi para me reservarem um livro, autografado pelos filhos.

 Eis a capa do livro, ilustrado pelo autor

 


Victor Gil foi o primeiro reitor da Universidade de Aveiro e timoneiro do primeiro centro interactivo de ciência em Portugal: o Exploratório Infante D. Henrique, em Coimbra. Professor catedrático de Química nas universidades de Coimbra e de Aveiro, responsável pelo primeiro laboratório de Ressonância Magnética Nuclear ….    https://www.diariocoimbra.pt/noticia/32761

Para além disso, interessava-se por poesia , pintura e música

O meu marido, que frequentou o 1º ano do curso de Engenharia Química, em Coimbra, (posteriormente veio para o Porto onde tirou arquitetura) foi seu aluno do e guarda dele uma boa impressão. Pessoalmente conheci-o através da SPQ (Sociedade Portuguesa de Química), frequentei uma ação de formação em Coimbra em que ele era um dos dinamizadores e, posteriormente, no âmbito das minhas atividades no âmbito da formação de professores na área da Física e da Química, estabelecemos uma relação de amizade. Não posso esquecer o carinho com que fui tratada, quando, a seu convite, dinamizei uma sessão para professores, no Exploratório Infante D. Henrique.

Do livro incluo 2 poemas



E já que falo em poesia, deixo mais alguns poemas


Tecidos do céu

Fossem meus os tecidos bordados dos céus,


Ornamentados com luz dourada e prateada,


Os azuis e negros e pálidos tecidos


Da noite, da luz e da meia-luz,


Os estenderia sob os teus pés.


Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.


Eu estendi meus sonhos sob os teus pés


Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.


William Butler Yeats 

 

Não é ficção nem simbologia.

São homens sem abrigo, 

excluídos da luz, à espera 

de um mês propício para morrer. 

Em seus sonhos não há sol 

e possuem nos pés sem pátria 

todos os vestígios de fuga. 

A pele magoada de ardis 

tem o mesmo cheiro do rio na maré-vaza. 

Sobre os seus ombros apenas a noite: 

sempre tão húmida, sempre tão humilhante

 Graça Pires in  A solidão é como o vento, 2020

Graça Pires  é autora do blog https://ortografiadoolhar.blogspot.com e já aqui   “postei” poemas de sua autoria

 Na linha deste belíssimo poema, termino com um haicai de minha autoria e com a obra

 " Despejados"de Portinari" de 1934 (in https://www.facebook.com/portalroteiro/photos/os-despejados-1934-c%C3%A2ndido-portinari/1955056761239428/)

Mare nostrum

A onda agigantou-se,

engoliu o barco,

devorou o sonho

Regina Gouveia


sábado, 17 de outubro de 2020

Após mais um logo interregno-continuação


 Após o aniversário do Miguel regressámos à aldeia. Ainda não tínhamos saído para o campo e ficámos desolados com o abandono em que encontrámos as propriedades. Já de há muito que as pessoas deixaram de cuidar. Apenas tratam as oliveiras, por causa dos subsídios. Tudo o resto é deixado a monte. O mato cresce e é “pasto” para as chamas. Por isso ardeu o amendoal na Adeganha, como referi na mensagem anterior. Mas este ano, o desleixo agravou-se com a pandemia, a ponto de não conseguirmos entrar numa propriedade tal era o matagal de silvas. Pensar quanto ali investiram e trabalharam, avós, bisavós…

Na aldeia reside uma comunidade búlgara, mas dedicam-se essencialmente a trabalhos sazonais (apanha de amêndoa, azeitona, cereja). Não gostam de trabalhar o campo, aliás tarefa árdua porque muitos terrenos não permitem o uso das máquinas.

O prazer que outrora tínhamos em passear pelo campo, ir colher fruta, etc, deu lugar a um sentimento de tristeza. O meu marido particamente não saiu de casa. Eu passeava ao fim do dia pelos caminhos (muitos deles praticamente intransitáveis) geralmente acompanhada por uma familiar afastada, Isabel, de quem já aqui tenho falado e que tem um percurso de vida interessante. Com formação em teatro e em restauro, viveu largos anos em França. Decidiu regressar à aldeia da família do avô paterno (com quem passou parte da infância), após a morte do marido, .Laurent de Gouvion Saint-Cyr (descendente do marquês homónimo), expert em arte, autor de  Le romantisme dans l'art du XIX° siecle  e de vários outros livros )

https://www.google.com/search?q=laurent+de+gouvion-saint-cyr+Le+romantisme+dans+l%27art+du+XIX%C2%B0+siecle&rlz=1C1PRFI_enPT788PT788&biw=1366&bih=625&sxsrf=ALeKk02S1F76fAkRyej1yGqUKQZoUcPRDg:1602867271586&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=o9nnf7YNl65kBM%252CAUkqWuIWjYpFjM%252C_&vet=1&usg=AI4_-kRDaJRTEw4-i18e0MQxnafCTSIZZQ&sa=X&ved=2ahUKEwivz-DyybnsAhUC0uAKHd4FDpEQ9QF6BAgKEAg#imgrc=o9nnf7YNl65kBM

Isabel está a restaurar duas casas e cuida de uma propriedade sua, com horta e árvores de fruta.

Tem uma burra que trouxe de França (era pertença dela e do marido), mas como os tempos são outros, dispõe também de outros meios de deslocação, deste a moto… ao automóvel

Mas dizia que, ao fim do dia, caminhava geralmente na sua companhia. Quer ao longo das caminhadas, quer do terraço de minha casa, pude desfrutar de vários pores-do- sol

 




Ao longo do dia, fazia duas sessões de hidroterapia na minha “piscininha”  adaptação de um ex-lagar de vinho.

A par disso dediquei-me a uma “empreitada” que já tinha começado há bastante tempo

Familiares brasileiros, pelo lado da minha mãe, de há muito manifestavam vontade de saber um pouco sobre as suas raízes. Como descendem essencialmente de Anadia (Moita) e o  PORTAL DE PESQUISA DO ARQUIVO de aveiro, https://digitarq aveiro, está muito bem organizado, em 2016, iniciei a construção de uma “árvore genealógica”,  pesquisando digitalizações de batismos, casamentos e óbitos, conseguidas a partir dos “LIVROS DE ASSENTO PAROQUIAIS, de 1565 a 1911, em Moita Anadia. Para além dos dados da DIGITARQ, contribuíram outros dados, alguns retidos na memória, de conversas com a minha mãe, que durante parte da infância e adolescência, viveu com a família de um irmão da mãe, o tio Adelino. Alguns desses dados eram desconhecidos de vários elementos da família.

Se até princípios do século XIX, a pesquisa nos arquivos foi tarefa morosa, mas relativamente fácil, daí para trás começou a tornar-se difícil e cada vez mais morosa por várias razões:

1-    Alguns párocos deveriam ter uma instrução muito básica, pelo que a letra é um conjunto de gatafunhos pouco legíveis e escrevem com muitos erros. Mesmo quando escrevem bem, a letra por vezes é muito “rebuscada” o que torna a leitura quase impossível. Por exemplo, há apelidos (Miz, Roiz, Diz, Pais, Reis, ?) cuja grafia tenho dificuldade em decifrar

2-     Os nomes, quase sempre os mesmos, José Gomez Santhiago, Manuel Gomez Santhiago, António Gomez Santhiago, Luís Gomez Santhiago, repetem-se, não só em sucessivas gerações, mas também em primos duma mesma geração

3-   Em alguns dos livros há várias páginas esborratadas, completamente ilegíveis, provavelmente por terem apanhado água

4-    Por vezes a ordem dos apelidos é trocada  (Santhiago Gomez em vez de Gomez Santhiago), ou cai um deles (fica só Gomez ou só Santhiago). Santiagho aparece geralmente com h, mas nem sempre, tal como Gomez, por vezes termina em s Num documento de 1758, Manuel Gomes Santiago assina apenas Manuel Gomes 

5-Registos anteriores a 1700 são genericamente do tipo:  “aos…dias …do mês de….de 15…., nasceu uma criança do sexo masculino, a quem puseram o nome Manoel,  filho  de Manoel e Maria..

Com os dados e com fotografias que consegui juntar, escrevi um opúsculo com algumas das ligações de família até 1702. Nessa data o registo que encontro é Manoel Gomez Santhiago filho de Manoel e Maria. A partir daqui os dados anteriores não me merecem grande confiança.  Apenas consegui inferir que descendemos de uma família Gomez e de uma família Miz (Martins) ambas de Anadia, dado que aparecem referenciados na  Moita

-Aos 5 dias  de… de  1571, foi batizada Lianor Filha de Ayres Gomez e de sua mulher Dona Lianor e foram padrinhos …Miz e sua mulher Dona Violante

Esta ligação da família Gomez à família Miz manteve-se ao longo dos tempos. O meu bisavô, Manoel  Gomes Santiago, casou com uma senhora cujo pai tinha por apelido Miz

No dia 30 de setembro, a minha prima, que agora reside no Porto com o marido e a filha, fez 50 anos, pelo que me empenhei arduamente em conseguir o maior número de dados para construir um opúsculo sobre as nossa raízes. É esse o seu título

Consegui que “Raízes” ficasse pronto a tempo (embora incompleto pois as pesquisas agora serão muito mais difíceis como já referi). Aliás na aldeia avancei pouco por dificuldades em aceder à NET

Durante o período que passei na aldeia, não sendo aconselhável reunir muita gente em simultâneo, recebi “visitas” por 3 vezes, O meu filho Nuno com os dois filhos, depois a minha prima, o marido e a filha e por fim o meu filho Miguel, a mulher e o meu neto Bernardo ( a Rita não pôde ir).

Não houve a alegria dos demais anos, com toda a família junta, não houve a habitual escapadinha a Espanha donde vieram antepassados meus pelo lado paterno, tal como não houve o nosso habitual teatro….

Dessas “visitas” de familiares deixo algumas fotos

A jantar no terraço com o Nuno e os filhos

No terraço após o pequeno almoço



Preparando a charrete e  a burra ( que acima referi a propósito da Isabel)  para dar  um passeio

    



Subindo a um poste de observação cuja função ninguém me soube explicar ao certo (observação de pássaros, alerta de incêndios?)



Almoçando com os meus primos


A visita do meu filho Miguel foi tão breve que nos esquecemos de tirar fotos.
A seguir a essa visita, regressámos ao Porto



segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Após mais um longo interregno

 

Foi há já três meses que escrevi a última mensagem.

Geralmente vou em meados de julho para Trás-os-Montes onde costumo ficar até setembro, dividindo este período de férias em duas partes, uma delas passada na aldeia “do meu marido” (concelho de Moncorvo) e a outra na “minha” aldeia(concelho de Alfândega da Fé)  É nessa aldeia que costumo passar a 2ª parte porque  a 25 de julho há ali uma festa, de que fugimos sempre  a” sete pés”. Uma música (música???) infernal com um nível sonoro ensurdecedor, “conspurca” de tal forma o ambiente, que permanecer ali durante o período da festa, só por masoquismo…    Mas há quem goste. Como é possível ?

Pois bem, este ano, “graças” à COVID, não houve festa pelo que tínhamos previsto passar todo o tempo nessa aldeia( meio mês de julho e todo o agosto), embora com algumas “visitas “à outra.

Uma série de imprevistos levou a que só fôssemos para Trás-os- Montes a 2 de agosto embora tenhamos ” regressado” no dia 7 para festejar o aniversário do meu filho Miguel.

Logo na primeira semana. decidimos ir passar um dia à outra aldeia.  À hora de almoço sentiu-se um cheiro a queimado. Espreitando para o exterior já se via algum fumo e, passado pouco tempo, ouviam-se vozes e a passagem apressada dos gados, acompanhados dos pastores que anunciavam : O fogo já chega ali ao alto. Apercebemo-nos que se tratava de um incêndio. Já há dois anos tinha acontecido algo semelhante, pelo que almoçámos rapidamente, metemos tudo no carro e partimos. Ao chegar ao alto, já as chamas eram bem visíveis para o lado direito da estrada. Como pretendíamos seguira para a esquerda, a GNR, que já controlava a passagem de viaturas, deixou-nos passar. Foi um dos incêndios na zona de Moncorvo, muito reportado pelos vários canais de televisão e que afetou essencialmente as aldeias de Estevais, Cardanha e Adeganha, precisamente a aldeia do meu marido.

Podem ver-se várias imagens em https://www.google.com/search?q=inc%C3%AAndio+Adeganha&sxsrf=ALeKk02ORkfTsvomnhEtEgK23hkJdIbWLA:1602333676979&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwig1YKNhqrsAhWQDxQKHbjXAW4Q_AUoAnoECAsQBA&biw=1366&bih=625#imgrc=3qpi0evH1NCCbM

 


Mantivemo-nos em contacto telefónico com pessoas da aldeia. Foi uma noite de terror…

A após o aniversário do Miguel,  regressámos à Parada  Passados uns dias regressámos à Adeganha. Em redor, uma paisagem desoladora. Mesmo à entrada da povoação, completamente ardido  o único amendoal que o mau marido ainda mantinha,

E a propósito de incêndios deixo  o poema “Denúncia” publicado em Antologia Natureza, 2018-2019, escrito  quando da terrível vaga de incêndios em 2017

 

Denúncia

Símbolo da paz,

erguia-se, centenária, no chão agreste,

o tronco esculpido pelo tempo,

a rama de prata oscilando ao vento.

As drupas negras, de penosa apanha,

sangravam azeite,

deleite  na mesa  e luz na candeia.

Árvore lendária,

Tito Lívio citou-a na história de Roma, 

referiu-a Homero na Odisseia.

Frondosa,

dulcificou muitas tardes cálidas  de verão,

derramando no chão a sombra amena,

convite a sonhos tranquilos, a leituras serenas.

Quantos ali se acolheram ao longo dos tempos?

Gélidos invernos, verões escaldantes,

inclementes chuvas, furiosos ventos,

a tudo resistiu, com seu porte altivo.

Agora, qual viúva vestida de preto,

denunciando um mundo desvalido,

ergue o esqueleto no chão enegrecido.

Gouveia, R, 2017

 

Quando pensava terminar a minha mensagem , uma amiga telefonou-me. Estava de visita a uma aldeia de que eu nunca ouvira falar- Pia do Urso. Ao pesquisar na NET encontrei outros lugares muito interessantes. Alguns  já conheço,  outros não . De entre estes , nunca  ouvira falar em Val de Poldros e em Pia do Urso.  Deixo alguns vídeos

Vale de Poldros


https://www.youtube.com/watch?v=a6B_sjip7IY

https://ncultura.pt/vale-de-poldros-a-aldeia-dos-hobbits-portuguesa/

https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-portugal/artigos/vale-de-poldros-a-aldeia-portuguesa-dos-hobbits-onde-so-vive-uma-pessoa

 Pia do Urso


https://www.youtube.com/watch?v=828eKNvK2Fw

 https://ncultura.pt/pia-do-urso-batalha/

 

Sistelo


https://www.youtube.com/watch?v=HPvy_MgPYiY

(Passadiços do Vez)


https://www.youtube.com/watch?v=UJA4c55WIcA

E com estas  sugestões, resta-nos aguardar  que a COVID vá e não volte...