Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


sábado, 27 de junho de 2020

Covid 19- Algumas reflexões



1ª HAJA RESPEITO
No dia 7 de junho, uma festa com mais de cem pessoas num clube recreativo em Odiáxere, Lagos, acabou por gerar um surto no concelho infetando várias dezenas de pessoas com Covid-19,   incluindo crianças e pessoas que  não estiveram presentes, mas foram  infetadas mais tarde por quem participou.
Também na sequência de uma reunião de cerca de mil jovens em Carcavelos, na noite do dia 19, ficaram infetadas várias pessoas.
(Factos denunciados na comunicação social)
Na sequência desta pandemia, os profissionais de saúde têm s sofrido física e psicologicamente, pondo em risco as suas vidas, trabalhando horas a fio até à exaustão, separados da família, por vezes com filhos pequenos…
Se o egocentrismo de muitos não lhes permite ver além do seu umbigo, pensem que as atitudes perfeitamente irresponsáveis põem mais uma vez em risco a vida destes profissionais bem como a dos seus familiares próximos, nomeadamente pais, avós,..

2ª SOLIDARIEDADE
A par de atos totalmente egoístas e irresponsáveis têm surgido também muitos gestos de solidariedade, movidos porventura, por razões diversas
Há ainda a solidariedade de muita gente anónima
A terminar deixo um vídeo que é também, no fundo,  uma  prova de  solidariedade ao apontar dicas para melhor lidarmos com a pandemia

Finalmente vou citar alguns excertos do discurso proferido, em 10 de junho, por D. José Tolentino de Mendonça e que podem  ler na íntegra,aqui.
Nestes últimos meses abateu-se sobre nós uma imprevista tempestade global que condicionou radicalmente as nossas vidas e cujas consequências estamos ainda longe de mensurar. A pandemia que principiou como uma crise sanitária tornou-se uma crise poliédrica, de amplo espetro, atingindo todos os domínios da nossa vida comum. Sabendo que não regressaremos ao ponto em que estávamos quando esta tempestade rebentou, é importante, porém, que, como sociedade, saibamos para onde queremos ir. No Canto Sexto d’Os Lusíadas a tempestade não suspendeu a viagem, mas ofereceu a oportunidade para redescobrir o que significa estarmos no mesmo barco.
O que significa estar no mesmo barco? Permitam-me pegar numa parábola. Circula há anos, atribuída à antropóloga Margaret Mead, a seguinte história. Um estudante ter-lhe-ia perguntado qual seria para ela o primeiro sinal de civilização. E a expectativa geral é que nomeasse, por exemplo, os primeiríssimos instrumentos de caça, as pedras de amolar ou os ancestrais recipientes de barro. Mas a antropóloga surpreendeu a todos, identificando como primeiro vestígio de civilização um fémur quebrado e cicatrizado. No reino animal, um ser ferido está automaticamente condenado à morte, pois fica fatalmente desprotegido face aos perigos e deixa de se poder alimentar a si próprio. Que um fémur humano se tenha quebrado e restabelecido documenta a emergência de um momento completamente novo: quer dizer que uma pessoa não foi deixada para trás, sozinha; que alguém a acompanhou na sua fragilidade, dedicou-se a ela, oferecendo-lhe o cuidado necessário e garantindo a sua segurança, até que recuperasse. A raiz da civilização é, por isso, a comunidade. É na comunidade que a nossa história começa. Quando do eu fomos capazes de passar ao nós e de dar a este uma determinada configuração histórica, espiritual e ética….

Ao citar Tolentino de Mendonça não me move qualquer aspeto religioso pois não professo qualquer religião. Move-me a admiração pela pessoa humana que se revela nos seus textos, nomeadamente na sua poesia que já conheço há vários anos. Quase a terminar a mensagem, insiro  um poema do autor

Há palavras que escrevemos mais depressa
o terror dessas palavras derruba
o passado dos homens
são tão pouco: vestígios, índices, poeira
mas nada lhes é desconhecido
as horas em que vigiamos o escuro
os sítios nenhuns das imagens
a ligeira mudança que resgataria
o abandono, todo o abandono

In Baldios

Termino com um vídeo interessante

https://www.youtube.com/watch?v=XK90X1V4zM8

2 comentários:

  1. Excelente o seu post. Também sou admiradora de José Tolentino Mendonça. Tenho muitos livros da poesia dele. O discurso que fez no 10 de junho foi cheio de lucidez e amor pelos outros.
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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  2. Obrigada Graça e parabéns pelo 30º aniversário do lançamento do seu 1º livro, do qual transcrevo os dois primeiros versos, porque podiam ter sido escritos hoje....
    É melhor não dormirmos
    sob o árido labirinto da tristeza.
    Bjs

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