A Fundação Francisco Manuel dos Santos promove mais um ciclo de
conferências .
Desta feita, o MÊS DA EDUCAÇÃO E DA CIÊNCIA,
de 19 de OUTUBRO A 20 NOVEMBRO
2017
onde
também pode ler-se:
Pela
primeira vez, a Fundação junta os temas da Educação e da Ciência
num mês mais ambicioso, num programa de norte a sul do país, com
especialistas nacionais e internacionais:
-
Nuccio Ordine, filósofo italiano, traz-nos uma reflexão sobre a
utilidade dos saberes inúteis e a importância do ensino das
Humanidades na formação dos alunos.
-
A progressão positiva dos resultados dos alunos portugueses no teste
PISA, em Matemática, Ciências e Leitura e a comparação dos
sistemas de exames em vários países estão também em discussão.
-
E avaliados os conhecimentos dos alunos, estudar compensará? Ter um
curso superior é ainda sinónimo de benefícios económicos e não
económicos? A Fundação apresenta um estudo inédito sobre os
benefícios do Ensino Superior.
-
Sarah-Jayne Blakemore desvenda os mistérios do cérebro adolescente,
fazendo a ponte entre as neurociências e a sua aplicação na
educação.
-
Sir Martin Rees fala sobre o papel da Ciência no século XXI e que
relação devem os cidadãos ter com a Ciências e a tecnologia.
Outros temas de Ciência incluem um debate sobre o estado da Ciência
em Portugal – quem a faz e em que condições?
A
fechar o mês, a diáspora científica fica em evidência: quem são
os investigadores portugueses espalhados pelo mundo? Junte-se ao
debate que interessa a professores, a investigadores, a todos os
interessados em conhecer e em melhorar o sistema educativo,
praticantes e beneficiários da Ciência e Tecnologia em Portugal e,
em geral, todos os interessados pelo ensino e pela cultura
científica.
Entrada
livre mediante pré-inscrição
Estava
eu “posta em sossego” em Trás- os -Montes quando, a 3 de agosto,
recebi um convite para participar na sessão do dia 19 “ A
utilidade dos saberes inúteis” que terá lugar em Lisboa, às 17h, 30 min, na Torre do Tombo, em Lisboa
https://ffms.pt/conferencias/detalhe/2324/a-utilidade-dos-saberes-inuteis, abordando o valor das humanidades
no ensino das ciências
Achei
o desafio muito
interessante mas seria preciso apresentar um resumo até ao fim de
Agosto o que para mim seria difícil.. Como referi essa dificuldade, deram-me mais alguns dias. A
partir daí fui dedicando diariamente
algum tempo para a preparação, com a necessária pesquisa, que ali
só
poderia
fazer recorrendo essencialmente à NET
. Embora
disponha de duas
pequenas bibliotecas (heranças da minha família e da do meu marido)
só
me puderam ser úteis nalguma pesquisa sobre poesia ( Camões,
Antero..)
Consegui
escrever
o
resumo
e
enviá-lo a
5 de setembro,
dia
em que regressei ao Porto.
A
partir daí,
dispondo já de mais recursos, tenho trabalhado um pouco na
preparação da apresentação. Mas o ponto forte será, com certeza,
a intervenção de Nuccio Ordine,
filósofo italiano, professor na Università Della Calabria, autor de
A
utilidade do inútil
. Manifesto
.
Nas
pesquisas que fiz on-line, para a preparação do resumo, encontrei
uma entrevista que pode ser lida aqui
É
preciso olhar o mundo em que vivemos, onde a lógica do dinheiro
domina tudo. A única coisa que não pode ser comprada é o saber.
Não é possível tornar-se um homem culto com um cheque em branco.
Criámos um mundo onde as pessoas pensam apenas no seu próprio
egoísmo. Perdeu-se de vista o sentido da solidariedade humana(…)
Os
saberes, como a música, a literatura, a filosofia, a arte,
ensinam-nos a importância da gratuitidade. Devemos fazer coisas que
não buscam o lucro. A dignidade humana não é a conta que temos no
banco. A dignidade humana é a nossa capacidade de abraçar os
grandes valores, a solidariedade, o amor pela justiça, o
bem-estar(...)
E
porque falamos de cultura, tenho boas notícias relativas ao Castro
da Marruça
O
Castro da Marruça é um castro que existe na minha aldeia, conhecido
impropriamente por castelo da Marruça. É um local com vistas
belíssimas sobre o rio Sabor e as encostas que o ladeiam.
Dediquei-lhe
já vários poemas e um dos contos do meu livro Terras de Cieiro.
Outrora
seriam por certo diferentes o achatamento polar,
o
campo magnético, a atração lunar
e,
como tal, o peso das coisas, as marés.
Diferença
subtil, irrelevante,
pois
se esse tempo, à escala humana é já distante,
à
escala do Universo ainda é presente.
Outrora
seriam por certo diferentes
as
gentes que no castro habitavam
mas
como hoje, sofriam, amavam
e
guerreavam em sangrentas batalhas,
deixando
virgens, talvez para sempre, tímidas donzelas.
Testemunhas
desse tempo, as muralhas,
naturais
do lado do abismo, do outro lado humana construção,
como
também humana a destruição que de onde em onde grassa.
Ignorou-se
que enquanto o tempo passa,
as
pedras guardam na memória os feitos da história,
o
sangue derramado, a glória, o revés.
Em
terras que com sangue foram adubadas,
florescem
hoje papoilas encarnadas
por
entre alvas estevas, roxas arçãs e giestas amarelas.
Na
Primavera, todas elas salpicam a ladeira do castro até ao rio.
Deste,
quem sabe, o rumor será ainda eco dum clamor, outrora lançado no
vazio.
Quando
escrevi este poema, a destruição que refiro era apenas pontual. Mas
um belo dia, um agricultor da aldeia resolveu solicitar os serviços
da Câmara para derrubar a maior parte da muralha, porque esta o
impedia de ir buscar lenha no interior do castro. E um funcionário da
Câmara foi e derrubou ...gratuitamente, pois os referidos serviços
podiam (não sei se ainda podem) ser requisitados pelos agricultores
para certas obras, por exemplo obras que permitam um melhor acesso a
propriedades…
Sempre
que ia à aldeia, gostava de ir ao castro ver a paisagem que dali se
avista.
Não
sei se fui das primeiras pessoas a ver os estragos. … Cheguei e ao
ver aquele descalabro, não consegui evitar as lágrimas ...De
imediato liguei para um dos elementos da Junta de Freguesia que me
respondeu mais ou menos isto: Sei que a máquina da Câmara andou
para esses lados mas não sei bem o que aconteceu. Vou tentar informar-me
Liguei
para a Câmara mas a resposta foi igualmente evasiva. No dia
seguinte, o membro da Junta ligou identificando a pessoa que tinha
encomendado o serviço e que achou que não havia mal nenhum pois era
apenas um monte de pedras . E o funcionário da Câmara pensou o mesmo...
Já
lá vão uns anos, desde que isso aconteceu. Mas no passado dia 23 de
Setembro, por iniciativa da Câmara Municipal houve uma visita guiada
ao local que já está a ser sujeito a intervenção.
Não pude estar
presente mas fui lá no passado fim de semana e tirei fotos. O local já foi desmatado; seguir-se-á a intervenção
de arqueólogos no sentido de fazerem escavações que possam
conduzir a vestígios clarificadores quanto ao que ali existiu. Esperemos que a obra avance.
Deixo fotos, algumas minhas, outras gentilmente cedidas pelo meu amigo F. José Lopes, historiador.
Antes da desmatação
Depois da desmastação
Nesta última foto podemos ver a espessura da muralha precisamente onde foi derrubada
Sem comentários:
Enviar um comentário