Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Um sábado diferente
Genericamente
ao fim de semana junto a família (filhos, noras e netos), na maior
parte das vezes ao almoço de sábado. Somos 10 à mesa e o almoço
prolonga- se por entre a alegria contagiante das crianças.
Neste
fim de semana o almoço foi "transferido" para domingo como
mais adiante referirei o que teve como consequência um sábado
diferente.
Após
o almoço decidi
ir à à
UNICEPE onde às
15, 30 teria
lugar uma entrevista
a ARNALDO TRINDADE, e às 17 seria inaugurada uma exposição de
José Oliveira Jool a quem já fiz referência em uma outra mensagem
Na
Constituição encontrei a minha amiga Ana Maria, que conheci na
escola de pintura UTOPIA, e desafiei-a para ir comigo. Lá fomos
ArnaldoTrindade criou em 1956 a editora discográfica Orfeu, que começou
por gravar os maiores vultos da literatura e avançou depois para os
ícones da música popular portuguesa como Zeca Afonso(...).
Eram
dias cinzentos. Vivia-se sob o bastão implacável da ditadura
salazarista. A Censura e a polícia política (PIDE) espreitavam a
cada esquina. A rádio era quem mais ordenava, reunia as famílias ao
serão e difundia os grandes artistas da canção do momento.
Televisão só em finais da década de 1950. Assim foi por muitos e
bons anos. Era um Portugal à espera de melhores ventos, onde a
cultura se fazia às escondidas. Havia filmes e livros proibidos. E
discos também.
Apesar
do espartilho que controlava a sociedade, havia homens com iniciativa
e coragem que apostavam na cultura, até como forma de libertação.
Entre esses estava um portuense de gema, Arnaldo Trindade, editor
discográfico. Quem ouve Grândola, Vila Morena, cantada por estes
dias tantas e tantas vezes, certamente não pensa que por detrás
desta música estava este editor, que, mesmo sabendo os riscos que
corria ao contratar Zeca Afonso, um artista proibido, investiu nele
de alma e coração. E há um rol quase infindável de músicos que
lhe fica a dever a primeira oportunidade discográfica na sua
editora, a Orfeu.
Arnaldo
Manuel Albuquerque Trindade nasceu no Porto, em 1934. Filho de um
comerciante de sucesso, com apenas 19 anos sucedeu ao pai, que
entretanto adoeceu, na condução dos negócios de família. Tomou
então as rédeas de uma famosa loja de eletrodomésticos, na Rua de
Santa Catarina, mesmo em frente ao Café Majestic. Nasceu em berço
de ouro - a família tinha tido negócios de tabaco - e nada lhe
faltou durante a infância e a adolescência. «O meu pai arranjou a
representação da Philco, uma das principais companhias americanas
em 1935, eletrodomésticos que vendemos até 2001», lembra o editor,
olhar azul brilhante, reflexo da admirável lucidez dos seus 78 anos.
Brincou
no Bonfim, na Rua Duque de Saldanha. Nesse tempo, a zona dividia-se
em Bonfim de cima, povoado por operários, e Bonfim de baixo,
habitado pela burguesia. «Era uma das zonas chiques da cidade»,
aponta. O pai, que escrevia poesia, quis que estudasse sempre em
escolas oficiais. A maioria dos colegas andava descalça e com fome.
A mãe dava-lhe um pão com marmelada para levar para a escola e
Arnaldo acabava sempre por oferecê-lo aos amigos. Esta era a imagem
crua do Porto dos anos 1940, em tempo de Segunda Guerra Mundial.
Os
anos passados nos bancos do Liceu Alexandre Herculano estão na base
da sua paixão pela poesia, que viria a manifestar-se de uma forma
decisiva poucos anos mais tarde. «O responsável por isso foi um
professor que tive no terceiro, quarto e quinto anos, o Dr. António
Cobeira, que pertenceu à Orfeu de Fernando Pessoa e Mário de
Sá-Carneiro. Em vez de nos pôr a dividir orações, punha-nos a ler
Pessoa, que ninguém conhecia na altura», recorda. Numa visita de
estudo esteve em casa de Teixeira de Pascoaes, que lhe ofereceu um
livro de poesia, que ainda guarda. Foi também aluno de Óscar Lopes
e de Alberto Uva. Havia ainda um professor que animava as aulas com
música de Bach, de Beethoven e de Mozart. «Fui um privilegiado.»
Privilegiado
foi como conheceu a América, onde passava longos períodos de férias
em casa de um tio que era engenheiro na General Motors. Ficava a 15
quilómetros de Nova Iorque e palmilhou o que pôde de bus. Lá
sentia-se noutro planeta, tamanha era a diferença entre o Portugal
cinzento e atrasado dos anos 1950(...).
O
seu objetivo era tirar o curso de Engenharia, mas o sonho ficou em
suspenso porque o pai ficou muito doente e Arnaldo Trindade viu-se
obrigado a tomar conta dos negócios. Para além dos
eletrodomésticos, vendia microgravações de música. Uma coisa leva
à outra e, em 1956, resolveu partir para a editora discográfica
Orfeu, a princípio vocacionada exclusivamente para a gravação de
escritores e declamadores (Jaime Valverde, João Guedes, Mário
Viegas, Eunice Muñoz, Vasco de Lima Couto, entre muitos outros) a
lerem poesia ou prosa. O mundo das artes era-lhes próximo, o seu
passado no liceu e a amizade com o artista plástico Moreira Azevedo,
colega de escola e vizinho, abriram-lhe as portas do convívio com
vultos da pintura como Eduardo Luís, António Quadros, Isolino Vaz,
Júlio Resende, entre outros, ao mesmo tempo que fazia crescer nele a
vontade de criar algo no campo artístico.
Nesse
tempo, e apesar do idealismo, pensou nos problemas que poderia ter
com o regime por enveredar por semelhantes caminhos. «Mas a mim só
me interessava a poesia, era bonito, não era uma pessoa engagée.»
Decidiu então arrancar a editora Orfeu com três enormes escritores
a lerem textos de sua autoria: Miguel Torga, José Régio e Alberto
Serpa. Uma tarefa que em projeto parecia pertencer à utopia de um
jovem de 19 anos, mas que nunca fez Arnaldo Trindade vacilar. Havia
um cuidado meticuloso com as capas dos discos, criadas por pintores,
como Moreira Azevedo e Isolino Vaz, ou fotógrafos, como Fernando
Aroso. «Tive a sorte de nascer no seio do renascimento da arte no
Porto nos anos 1950. Por exemplo, o Macbeth, do António Pedro, pelo
Teatro Experimental do Porto, foi considerado o melhor feito fora de
Inglaterra(...).
Durante
a entrevista houve dois momentos musicais um
com
Mafalda Lemos, que
em guitarra tocou duas peças, uma delas de Carlos Paredes e um outro
com o coletivo “O
que faz falta” com
várias peças entre elas as duas que aqui deixo na voz de José
Afonso, tal
como deixo Verdes Anos por Carlos Paredes
Às
17 h seria inaugurada a exposição a que acima me referi
O programa
atrasou-se pelo que, embora de uma forma fugaz,tivesse visto as obras
expostas, não pude ficar para a inauguração pois quer a Ana Maria
quer eu, tínhamos compromissos e tivemos que sair às 17,30 .Não
sou crítica de arte mas, embora tivesse gostado mais da outra
exposição a que aqui me referi há um ano, achei que as obras
expostas têm muita qualidade pelo que aconselho a visita
Foi
um sábado diferente.
O
almoço de família foi no domingo ainda
no "rescaldo" do aniversário da Marta e do José.
Promovido pelos respetivos pais, foi no terreno onde decorreram as
festas de aniversário e, para além dos dez
referidos
no
início,
estavam familiares da minha nora (pais, irmãos, cunhada, sobrinhos).
O sobrinho mais velho já é casado pelo que estavam também a mulher
e o filhote com um ano…
Foi
muito agradável finalizando assim um belíssimo fim de semana
Realmente tem aqui todos os motivos para tornar a passar por cá. Arnaldo Trindade, foi realmente um grande editor de discos que reconheceu o talento de pessoas como o Zeca. Uma boa semana. Beijos.
Obrigada pelo comentário e pelo belíssimo poema que "postou" no seu blog. Já o conhecia pois tenho o livro mas ao relê-lo senti o mesmo "impacto" Bjs Regina
Até 10 de Janeiro de 2010 esteve patente na Casa da Cultura Manuel Lueiro, em O Grove, Galiza, uma exposição de trabalhos de alunos da galeria Utopia .
Participei com os dois trabalhos anexos; no dia da inauguração tive a agradável surpresa de ver que o cartaz (1mx2m) que anuncia a exposição foi construído com a imagem do 2º quadro.
Quadros na exposição em Grove
Imagem que figura no cartaz
cartaz da exposição em Grove
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Livros que publiquei ou em que participei por convite
Há ciência e poesia nas coisas do dia a dia
Tamanho XXS
Quando o mistério se dilui na penumbra
Para mais tarde recordar
Requiem pelo planeta azul
quando o mel escorre nas searas
revista Philos 2017
revista Philos 2014
O bosão do João
Sete Luas
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Terras de cieiro
Entre margens
Pelo sistema solar vamos todos viajar..
Ciência para meninos em poemas pequeninos
Breve história da Química
Era uma vez...
Magnetismo...
Reflexões...
Estórias....
Se eu não fosse....
Um poema para Fiama
Os dias do Amor
Uma viagem para Pasárgada
Cancioneiro Infanto- Juvenil...
Fiat Lux
O amor em visita
A Terra de Duas Línguas II.Antologia de Autores Transmontanos
Por longos dias, longos anos, fui silêncio
antologia
Entre o sono e o sonho
Textos on-line
Estão disponíveis on-line: -Magnetismo Terrestre (livro de poesia) -Reflexões e Interferências (livro de poesia) -Estórias com sabor a nordeste (livro de ficção) -Einstein (poema) -Se eu não fosse professora de Física. Algumas reflexões sobre práticas lectivas(didáctica) -Vou-me embora para Pasárgada (conto)
Como todos nós, feita de pó de estrelas, estou apenas de passagem nesta fantástica viagem desde um passado remoto até um futuro ignoto.
(Para saber mais consultar a página CV)
Realmente tem aqui todos os motivos para tornar a passar por cá. Arnaldo Trindade, foi realmente um grande editor de discos que reconheceu o talento de pessoas como o Zeca.
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
Obrigada pelo comentário e pelo belíssimo poema que "postou" no seu blog. Já o conhecia pois tenho o livro mas ao relê-lo senti o mesmo "impacto"
EliminarBjs
Regina