Bem-vindo, bienvenido, bienvenu, benvenuto, welcome....


Silêncio cósmico

Pudera eu regressar ao silêncio infinito,

ao cosmos de onde vim.

No espaço interestelar, vazio, negro, frio,

havia de soltar um grito bem profundo

e assim exorcizar todas as dores do mundo.

Regina Gouveia

NOVO BLOGUE

Retomei o blogue que já não usava há anos.

https://reflexoeseinterferncias.blogspot.com/

Dedico-o essencialmente aos mais novos mas todos serão bem vindos, muito em particular pais, avós, encarregados de educação, educadores ...


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Fado de Coimbra

Na passada sexta feira fomos( eu, marido, um casal de primos)  ao 157º Jantar de Amizade UNICEPE, cujo programa incluía Fado de Coimbra, por elementos da Associação dos Antigos Orfeonistas da Universidade do Porto. O jantar foi num restaurante  que eu não conhecia, Porto e Vírgula, bem perto da Unicepe.


Neste tipo de situações  aprecio mais os eventos ( e neste caso gosto  muito de fado de Coimbra) e o convívio do que a comida, mas esta  estava muito bem confecionada.
Não contei as pessoas mas seríamos à volta de 40. 
Findo o jantar deslocámo-nos até à Unicepe (felizmente nessa altura chovia pouco) onde, na sala decorrem muitas vezes exposições, assistimos á sessão de fados. Tirei uma foto com o telemóvel mas ficou muito fraca. Vêem-se, embora mal, dois quadros da exposição  ali  patente. Num dos fados, Samaritana, pediram-nos que acompanhássemos no refrão.  Apesar de rouca não resisti mas acho que teria sido melhor termos ficado calados a ouvi-los....


Deixo-vos com dois  dos trechos  ali cantados e tocados, nomeadamente a belíssima Balada de Coimbra de Carlos Paredes





Quando comecei a escrever esta mensagem recordei o Dr. Armando Carvalho Homem (ACH), meu saudoso orientador de estágio com quem muito aprendi, não só como estagiária em 1969/70 mas também como orientadora de estágio a partir de outubro de 1971 em que, por sua indicação, fui substituí-lo na orientação de estágio, enquanto ele ascendia a Metodólogo Itinerante, lugar que "partilhava" com Rómulo de Carvalho. Excelente professor, excelente orientador, tocava fado de Coimbra e fez algumas composições.

Ao pesquisar na NET encontrei aqui (http://guitarrasdecoimbra.blogspot.pt/2008/10/armando-de-carvalho-homem-1923-1991.html) umas notas biográficas escritas por um dos seus filhos, que seguiu as pisadas do pai, no campo musical. Deixo alguns excertos

(...) É assim que, nos restantes anos de Coimbra (até 1948), ACH elabora as suas «Variações em ré menor» e «em lá menor», a «Valsa em lá menor n.º 1» e a «Miscelânea em Lá» (arranjo, sobre temas de Artur Paredes e João Bagão)(...)
Mas a vida prática fazia entretanto valer os seus direitos: licenciado na época de Outubro de 1945, ACH já não pôde ingressar de imediato no Estágio Pedagógico. 1945/46 será assim ano de ensino num Colégio particular, na Régua(...)  1946/47 e 1947/48 serão tempos de regresso a Coimbra, estagiário no Liceu Normal D. João III, aluno de Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras. Concluído o Exame de Estado, atinge a situação de agregado do 7.º Grupo dos Liceus (1948), é colocado no Liceu Passos Manuel e,  meses depois, como resultado do concurso para professor auxiliar, é transferido para o Liceu Alexandre Herculano  e aí permanecerá até ao termo de 1948/49. Em 1949/50 inicia funções no Liceu Nacional de Viseu 
Os tempos de Viseu permitirão alguma continuidade das lides guitarrísticas (...) cria-se a Associação dos Antigos Alunos do Liceu Nacional de Viseu, de que é um dos fundadores e membro dos primeiros Corpos Gerentes; e nos seus anos de arranque a novel colectividade realiza regularmente saraus académicos; ACH está logicamente na linha da frente para os indispensáveis «Fados e Guitarradas de Coimbra" ....
 Os anos de 1956/57 e de 57/58 serão de total paragem musical. Colocado em Ponta Delgada no primeiro daqueles anos (e ascendendo então a professor efectivo dos Liceus, 7.º Grupo), na viagem de barco para os Açores, um acidente destruiu a guitarra (obra do construtor RAUL SIMÕES), tornando musicalmente infrutífero o reencontro açoreano com Eduardo Tavares de Melo(...)
Braga, onde ensinou no ano subsequente, não foi ainda o lugar nem o momento de remediar o desastre.
O Porto, para onde se transferiu em 1958 (novamente para o Liceu Alexandre Herculano onde ensinou até à reforma), seria a urbe do renascer dos dedos: em princípios de 1959 adquiriu uma nova guitarra na CASA DUARTE ; o instrumento acabou por revelar-se dos melhores que daqueles construtores (há muito desactivados) algum dia saíram, isto segundo testemunhos múltiplos(...)
E foi o paulatino retomar da execução, na solidão do seu escritório pessoal. Só nos Verões de 1963 a 1965, de férias em Espinho, voltou a ter algum contacto mínimo com outros instrumentistas e cantores, no âmbito das confraternizações de final de Agosto que alguns espinhenses ilustres  organizavam no termo do mês de Agosto(...)
E não mais do que isso: raros continuaram a ser os contactos musicais exteriores de ACH. Até porque, estudantilmente, a conjuntura post-1969 (e, concretamente no Porto, post-1971) pouco ou nada motivava. E profissionalmente ACH tornara-se orientador de Estágios (1969-1976) e mais tarde (1975-1978) Vice-Presidente do Conselho Directivo da sua Escola; e ainda em 1980-1982 integraria uma Comissão para a Revisão dos Programas de Física, nomeada pelo ministro Vítor Crespo. A timidez e a natural discrição em tudo quanto à sua arte dizia respeito faziam o resto…
Musicalmente, algo entretanto iria mudar, mas apenas a partir de 1977. A esse tempo, a sensação de que algo estava a querer renascer levava, aqui e além, ao reflorescimento de pequenas tertúlias (...)
ACH recebeu com entusiasmo a notícia da realização do 1.º Seminário sobre o Fado de Coimbra, em Maio de 1978. Entusiasticamente lá compareceu (...)
Foi na sequência deste Seminário que compôs as suas «Variações em mimenor» que podem ser ouvidas aqui (https://vimeo.com/7133062), na base da alternância tónica/dominante (começo e fim em Sol M, desenvolvimento central em mi m, segundo o ‘paradigma’ da peça de Artur Paredes no mesmo tom); surgirá também a «Valsa em lá menor n.º 2» ; a veia criadora, inactiva desde os anos 40, ressurgia(...)

Os acasos de um destino irão porventura conferir uma notoriedade musical póstuma a quem, dos anos 50 aos 80, essencialmente procurou ser um competente profissional do ensino da Física e da Química a jovens estudantes liceais 





7 comentários:

  1. Ouvi muitos fados de Coimbra durante o meu namoro. O Manel estudava em Coimbra, eu em Lisboa e volta e meia passava lá alguns dias em casa da minha irmã que entretanto se casara com um coimbrão de gema. Assiti a todas as latadas, queimas e festejos, onde nunca me senti muito à vontade, mas a que ia para estar com o meu namorado. Depois de casar, nunca mais ouvi muitos fados, embora tivesse todos os discos do Zeca Afonso e do Correia de Oliveira. Havi um programa de rádio Do Choupal até à Lapa que todos os dias nos trazia a canção de Coimbra, nostálgica e melódica. Nunca gostei muito do fado de Lisboa, em contrapartida.
    O Rómulo de Carvalho foi meu colega quando eu era estagiária. Era muito arrogante, mas nós sabíamos da sua categoria como poeta e cientista.

    Bjo

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  2. Também não sou grande apreciadora do fado de Lisboa, salvo um ou outro. Quanto a Rómulo, conheci-o pessoalmente em 70,na minha aula de exame de estado embora não tenha sido ele o arguente principal. Quando em 1972, comecei a orientar estágio tive várias reuniões a nível nacional com os ditos metodólogos itinerantes, um dos quais era R C. Achei-o sempre muito distante, a ponto de nunca ter tido coragem para lhe pedir que autografasse os livros que eu já tinha dele, na altura.
    Mas era sem dúvida um belíssimo professor, orientador, poeta e não só...
    Quando das comemorações do seu centenário pediram-me que organizasse uma sessão no Clube Literário do Porto. Na mesa estiveram o filho, a viúva, Manuel Freire, o Prof Dr Ferreira da Silva e a pintora Helena Abreu que ilustrou vários poemas dele num livro belíssimo que um dia, ainda antes deste evento, os meus filhos me tinham oferecido, creio que num aniversário.
    Na pesquisa que fiz na altura apercebi-me que foi também um belíssimo fotógrafo e, para além de desenhar e pintar, era um exímio "marceneiro", tendo feito vários dos móveis de sua casa.

    Já fui hoje ao teu blogue mas ainda não comentei. Vejo, com satisfação que estás a recuperar lindamente.
    Bjs
    Regina

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Tenho particular apreço pelo fado.
    Cadinho RoCo

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  5. Seja bem vindo (a) a este blogue
    Regina

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  6. Gosto muito do fado de Coimbra, também. Gostei tanto de ouvir a guitarra de Carlos Paredes. Obrigada por este momento.
    Beijos.

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