A
sílaba
Toda
a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa, é certo: uma
vogal,
uma consoante, quase nada.
Mas faz-me falta. Só eu
sei
a falta que me faz.
Por isso a procurava com
obstinação.
Só
ela me podia defender
do frio de janeiro, da estiagem
do
verão. Uma sílaba,
Uma única sílaba.
A salvação.
Foi
com este poema de Eugénio de Andrade que a Dra Celeste Alves iniciou
a apresentação do meu livro Quando o mel escorre nas searas,
apresentação que decorreu, como aqui anunciara, na livraria
Flâneur, um espaço muito agradável que abriu há relativamente
pouco tempo, na minha rua.
Foi belíssima a apresentação, muito generosa relativamente à minha poesia, que por certo não merece tanto.
Quando os amigos me felicitaram no fim, fizeram-no em relação ao livro(o
que eventualmente poderia ser um simples gesto de cortesia) mas também
pela escolha da apresentadora.
Com
a sua autorização transcrevo um excerto dessa apresentação
(...)A
junção imprevista destas duas realidades – o mel a escorrer nas
searas - força-nos, pela sua estranheza, a uma paragem. Na
realidade, é com um olhar mais atento que penetramos em vários
ambientes de tudo o que nos rodeia, especialmente na natureza. É
sobretudo nela que a autora se compraz, dissecando vivências e
memórias. Ex:
A
primavera não tarda.
Um
manto branco cobre a ladeira.
Flores
de amendoeira,
Ledas´,
Leves,
Breves.
A
primavera vai alta.
Uma
capa de verde veludo
Cobre
o amendruco
Doce,
Tenro,
Imberbe.
Pleno
o verão
A
capa de veludo muito coçada,
A
amêndoa já grada.
Fruto
Adulto,
Maduro.
Oculto
dentro da casca, o grão.
À
semelhança de Eugénio de Andrade que busca uma sílaba, também
aqui é de forma meticulosa que a autora se detém nas coisas,
fazendo chegar até nós pormenores de toda a espécie. Como? Através
de quadros, na maioria campestres donde emanam cores, cheiros e sons,
e recordações – muitas recordações do passado… Memórias que
se presentificam e agarram, talvez como forma de enfrentar a
inelutável voragem do tempo
Estavam
vários amigos, entre eles uma ex-aluna minha que é médica em Bragança, e uma amiga( ainda família embora afastada) que veio da aldeia.
Alguns amigos levaram “outros amigos também”
O
meu filho mais novo,bem com a família, não puderam estar: o José
teve um torneio de basquete e a Marta teve uma festa de uma
amiguinha.
Mas estiveram o meu filho mais velho , a minha nora e os filhos.
No
fim ofereceram-me um ramo de biscoitos, representando flores, obra da
minha nora que, como hobbie, faz coisas muito giras na área de
bolos, cup cakes, etc
O teu sorriso diz tudo. Mais um êxito, mais uma recompensa. Parabéns!
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarObrigada Virgínia. Plagiando Miguel Torga, a vida é feita de pequenos nadas.
ResponderEliminarBjs
Regina
Desculpa mas não sei o que acontece por vezes mas o meu comentário sai repetido
ResponderEliminarAb
Olá, Regina.
ResponderEliminarUma pequena sílaba, como uma célula original de um poema.
Bonito.
abço amg
Bem vinda Carmen
ResponderEliminarAb
Regina