terça-feira, 13 de maio de 2014
Política e Cultura
A ideia de cultura foi
sempre moldada pelas visões políticas de cada tempo.
E quando falamos em
cultura e visão política vem-nos à mente
o reinado de D. João V , monarca seriamente
influenciado pelo
iluminismo e cujos investimentos na cultura são bem conhecidos. A título de exemplo
vejamos
este vídeo sobre a Biblioteca Pombalina
Poderá objetar-se que esses investimentos surgiram
essencialmente à base da economia do
ouro. Se esse
facto é inegável, é inegável também que as opções de investimento
poderiam ter sido outras, tal como poderiam
ter sido outras as opções do atual
governo que, a meu ver, irá deixar marcas
muito negativas, e eventualmente
irreversíveis, na generalidade da governação e
muito em particular nas áreas da educação e cultura
A troika fez diminuir brutalmente a despesa com a
educação em Portugal, tanto no ensino básico e secundário
como no ensino
superior. Os cortes foram em muitos casos cegos, isto é, foram feitos sem
atender a critérios
de qualidade. A troika mandou cortar e o governo cortou em
força rapidamente. Não se pode dizer que a
escola pública esteja esse melhor
com esse assim chamado "reajustamento"(...).
E por falar em educação, deixo imagens do Monumento de Homenagem ao Professor e à Educação em Vila do
Conde
Termino propondo
uma reflexão tendo por base excertos de um texto de Concha Caballero: O dia em que acabou a crise!
Quando terminar a recessão
teremos perdido 30 anos de direitos e salários…
Um dia no ano 2014 vamos
acordar e vão anunciar-nos que a crise terminou. Correrão rios de tinta escrita
com as nossas dores, celebrarão o fim do pesadelo, vão fazer-nos crer que o
perigo passou embora nos advirtam que continua a haver sintomas de debilidade e
que é necessário ser muito prudente para evitar recaídas. Conseguirão que
respiremos aliviados, que celebremos o acontecimento, que dispamos a atitude
critica contra os poderes e prometerão que, pouco a pouco, a tranquilidade
voltará à nossas vidas.
Um dia no ano 2014, a crise
terminará oficialmente e ficaremos com cara de tolos agradecidos, darão
por boas as politicas de ajuste e voltarão a dar corda ao carrossel da economia.
Obviamente a crise ecológica, a crise da distribuição desigual, a crise da
impossibilidade de crescimento infinito permanecerá intacta mas essa ameaça
nunca foi publicada nem difundida e os que de verdade dominam o mundo
terão posto um ponto final a esta crise fraudulenta (metade realidade, metade ficção),
cuja origem é difícil de decifrar mas cujos objectivos foram claros e
contundentes:
Um dia no ano 2014, quando os
salários tiverem descido a níveis terceiro-mundistas; quando o trabalho for tão
barato que deixe de ser o factor determinante do produto; quando tiverem
ajoelhado todas as profissões para que os seus saberes caibam numa folha de
pagamento miserável; quando tiverem amestrado a juventude na arte de trabalhar
quase de graça; quando dispuserem de uma reserva de uns milhões de pessoas
desempregadas dispostas a ser polivalentes, descartáveis e maleáveis para fugir
ao inferno do desespero, ENTÃO A CRISE TERÁ TERMINADO.
Um dia do ano 2014, quando os
alunos chegarem às aulas e se tenha conseguido expulsar do sistema educativo
30% dos estudantes sem deixar rastro visível da façanha; quando a saúde se
compre e não se ofereça; quando o estado da nossa saúde se pareça com o da
nossa conta bancária; quando nos cobrarem por cada serviço, por cada direito,
por cada benefício; quando as pensões forem tardias e raquíticas; quando nos
convençam que necessitamos de seguros privados para garantir as nossas vidas,
ENTÃO TERÁ ACABADO A CRISE.
Um dia do ano 2014, quando
tiverem conseguido nivelar por baixo todos e toda a estrutura social (excepto a
cúpula posta cuidadosamente a salvo em cada sector), pisemos os charcos da
escassez ou sintamos o respirar do medo nas nossas costas; quando nos tivermos
cansado de nos confrontarmos uns aos outros e se tenhas destruído todas as
pontes de solidariedade. ENTÃO ANUNCIARÃO QUE A CRISE TERMINOU. (...)
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Muito bom o texto de Concha Caballero. Eu já o conhecia. Mas o que me parece é que a troika não quer terminar já a sua "ajuda". Ainda não chegamos aos extremos anunciados por Concha Caballeros. É só uma questão de um bocadinho mais de tempo.
ResponderEliminarUm beijo.
Tudo isto me deixa muito confusa porque acho que Portugal foi um joguete nas mãos dos países europeus mais fortes, não foi o governo propriamente dito que ditou todas estas medidas - algumas delas úteis - mas a Europa. Há tres anos que estamos a ser governados por outros e portanto, fosse outro o governo, estaríamos na mesma situação.
ResponderEliminarContinuo a não acreditar que a crise toque assim tanto os portugueses....é ver a bola, a música, o turismo, as festas, a noite do Porto, Lx e outras cidades....sem falar nos carros topo de gama, as casas de luxo, etc. ainda há muita gente que festeja nem sei o quê e que tem dinheiro para gastar....
Governo que venha tem de manter o mesmo ritmo de limpeza das contas públicas....seja ele quem for.
Bjo