quinta-feira, 2 de maio de 2013
Entre margens
Entre margens é o título de um livro meu que
acaba de ser editado. O "parto" não foi fácil. Ainda antes de
publicar Magnetismo Terrestre (em
2006) já tinha iniciado um outro projeto que começou por se chamar "poeira
cósmica". Chegou a ser prefaciado pela minha grande amiga Fátima
Pinheiro, que para além de ter nascido precisamente no mesmo dia e ano que eu,
foi minha colega de curso e madrinha do meu filho mais novo. Infelizmente já
não está entre nós.
Mas vou colocar aqui esse prefácio, muito generoso, o que não é de estranhar pois a generosidade era uma das inúmeras qualidades da Fátima.
Nestes poemas está a
expressão da sensibilidade e do talento da Regina. Através deles, mostra-nos os
seus estados de espírito, por vezes de intensa angústia perante o fatalismo das
injustiças e das catástrofes que vitimizam a humanidade, por vezes num forte
apelo de esperança, por vezes de muita saudade associada à “Memória”.
Pela sua formação em
Física e talvez pela sua paixão por esta ciência, parece querer dar alma à
água, ao ar, aos electrões….Sem sacrificar a exactidão dos conceitos físicos,
fá-los mergulhar na fluidez dos sentimentos.
Só há bem pouco
tempo, antes da publicação de “Reflexões e Interferências”, eu soube que a
Regina escrevia poemas. Talvez a sua modéstia ou a sua discrição lhe tivessem
mantido esse silêncio durante tanto tempo. No entanto, estes poemas não me
surpreenderam porque neles está a presença da pessoa sensível que encontrei
pela primeira vez há quase quatro décadas.
Não tendo
arranjado editora acabei por abandonar o projeto. Entretanto tinha já um outro
entre mãos, "Poemas no espaço-tempo". Em 2007 foi prefaciado
pelo escritor Carlos Vaz .
Enquanto
tentava arranjar quem mo editasse fui integrando no mesmo a maior parte dos
poemas de "poeira cósmica".
Mas a
oportunidade para editar não chegava.
Em 2012 fui contemplada com o 1º prémio no XVII concurso Poesia em ti, promovido pela
APPACDM de Setúbal. Do prémio fazia parte a edição, pela Editora Lua de
Marfim, de um livro de poesia. Assim surge este livro.
Como já tinha escrito um outro projeto “Entre margens” que tem a ver com os
rios, aproveitei esta oportunidade para editar tudo, sob este título, que justifico
em nota introdutória.
Entre margens, os
rios, entre margens os textos nas páginas. Uns e outros galgam-nas por vezes.
Os textos desta coletânea, agora entre margens, já as galgaram ao longo das
suas vidas, por vezes com alguns anos. Aqui se incluem não só textos atuais mas
também outros que não foram incluídos nos livros anteriormente publicados. Todos
foram sendo organizados em projetos, entre eles Poemas no espaço-tempo e Entre
margens. O primeiro chegou a ter edição agendada pela editora Campo das Letras,
que infelizmente já não existe. Em 2007 foi prefaciado pelo escritor Carlos Vaz , mas de então para cá foi engrossado com
mais poemas, nomeadamente o que foi premiado no concurso de poesia que deu
lugar à edição desta obra que contém um conjunto de poemas selecionados a partir
dos projetos acima mencionados.
O livro chegou-me hoje às mãos.
A capa, tendo por base um óleo que pintei em 2011, pouco
tem a ver com o mesmo pois as cores ficaram muito alteradas. Fiquei triste mas O que não tem remédio, remediado está, diz o ditado.
Deixo aqui
dois poemas, um de "Poemas no espaço-tempo" e outro de “Entre margens”
Poalha etérea
No labirinto da
memória
uma imagem perdida.
Uma imagem fugaz,
discreta.
No bastidor,
esticado, o linho
de onde em onde
maculado
por um bordado
azul,
o azul do mar de
Creta.
Não sei se era
lençol, se era toalha
Na memória,
apenas o azul
e a brancura do
linho.
Tudo o mais se
esfumou
numa poalha
etérea,
não sei se onda
se matéria,
que o tempo
dispersou
In Poemas no espaço-tempo
(…)Eu sou o rio anoitecido. Eu desço pelas profundas
quebradas, pelos ignotos vilarejos esquecidos
(…)Javier Heraud.
O rei mandou construir o labirinto.
Eis a lenda.
Da pedra, o Senhor fez brotar torrentes.
Eis o salmo.
E as torrentes tornaram-se em rios
que serpenteiam por artérias sinuosas,
quais labirintos.
Não há fio de Ariadne para o regresso,
nem é preciso.
Rios são água que corre por instinto
e a água não tem fim
nem tem começo.
In Entre
margens
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Parabéns Regina. Belos textos e ótimos poemas.
ResponderEliminarJá fez a apresentação do livro? Eu quero ir e quero adquirir alguns, pois terei um gosto enorme em oferecê-lo às minhas filhas e filho.
Um grande abraço.
Gostava de ilustrar este teu ultimo poema com algumas das minhas fotos de pequenas cascatas dos Açores.....
ResponderEliminarSão lindos e estou feliz por ti, bem mereces ser publicada, divulgada e espalhada pelo globo!!
Parabéns. Quando é a apresentação? Se quseres violino, o meu neto pode ir tocar (?).....
Bjinhos ( buganvílicos)
Obrigada às duas. Logo que tenha novidades sobre apresentações, direi.
ResponderEliminarBjs
Regina