Promove várias formas do conhecimento, proporcionando uma Vida mais Activa a todos os que pretendem aproveitar os seus tempos livres de uma forma criativa e em contacto com o mundo e com os outros.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Vivacidade ...
O Vivacidade – Espaço Criativo
é uma entidade cultural que já aqui referi por diversas vezes.
Promove várias formas do conhecimento, proporcionando uma Vida mais Activa a todos os que pretendem aproveitar os seus tempos livres de uma forma criativa e em contacto com o mundo e com os outros.
Promove várias formas do conhecimento, proporcionando uma Vida mais Activa a todos os que pretendem aproveitar os seus tempos livres de uma forma criativa e em contacto com o mundo e com os outros.
Aqui
deixo a agenda de eventos para Junho.
Deixo também o convite para a exposição, a inaugurar no próximo dia 6 e que incluirá dois trabalhos meus.
terça-feira, 28 de maio de 2013
Ironias do destino...
Na década de 90, não posso precisar já o ano, eu e mais duas colegas fomos convidadas pela Porto
Editora para constituir uma equipa de elaboração de um livro de problemas de
Física e Química para o 10 º ano (não o conceito habitual de problema como
exercício, mas um conceito de cariz construtivista). Estavam em perspetiva novos
programas para o ensino Secundário que, no caso da Física e da Química, estavam
a ser elaborados por uma equipa da qual faziam parte Luís Silva e Jorge Valadares.
A recetividade não poderia ter sido melhor. De entre os vários projetos começámos por selecionar um que seria o inicial e o meu filho mais novo fez as respetivas ilustrações. Só que o projeto nunca mais avançava. Agora porque era altura de editar os manuais escolares, depois por isto, depois por aquilo. E assim passaram, pasme-se, dois anos, findos os quais recebi uma carta da editora dizendo que não estava vocacionada para o tipo de projeto que eu propunha.
A editora 7dias6noites dispôs-se a editá-lo o acaba de sair.
O nosso trabalho foi sendo construído na base do projeto de
programa que estava em discussão.
Muito contestado, o programa acabou por “cair” e o nosso
trabalho, de meses, foi por água abaixo sem que tivéssemos tido qualquer
compensação a não ser o prazer que nos deu.
Durante esses meses tivemos vários contactos com a Dra
Rosália Teixeira que sempre nos tratou de modo afável.
Entretanto eu trabalhava
já num projeto de divulgação da ciência para um público infantojuvenil,
através de texto poético.
Apresentei-o à Dra Rosália que me encaminhou para a Dra.
Maria João Aires Pereira,
ao tempo colaboradora da editora.A recetividade não poderia ter sido melhor. De entre os vários projetos começámos por selecionar um que seria o inicial e o meu filho mais novo fez as respetivas ilustrações. Só que o projeto nunca mais avançava. Agora porque era altura de editar os manuais escolares, depois por isto, depois por aquilo. E assim passaram, pasme-se, dois anos, findos os quais recebi uma carta da editora dizendo que não estava vocacionada para o tipo de projeto que eu propunha.
Tentei contactar a Dra. Maria João Aires Pereira e a Dra
Rosália. Relativamente à primeira fui informada de que já não trabalhava na
editora e quanto à Dra Rosália tentei
duas vezes, mas estava indisponível.
Fiquei muito chocada com este procedimento mas como não sou
pessoa de cruzar os braços fui apresentar o projeto à Campo das Letras. Mostraram-se um pouco reticentes dado que se
tratava de um livro de uma autora totalmente desconhecida. Mas arriscaram e
fiquei-lhes sempre grata por isso. Em maio de 2006 foi publicado, pela Campo das Letras, o meu primeiro livro
para público infantojuvenil Era uma
vez...ciência e poesia no reino da fantasia.
Passado algum tempo telefonaram-me a comunicar que o livro
tinha sido incluído no PNL. Eu nem queria acreditar...Em 2008 foi publicada uma 2ª edição mas,
infelizmente, a Campo das Letras viria
a entrar num processo de insolvência.
Arranjei uma nova editora, Gatafunho, com a qual editei Ciência
para meninos em poemas pequeninos (1ª edição 2009, 2ª edição 2010) e Pelo
sistema solar vamos todos viajar(2010). O primeiro foi também incluído no
PNL e foi alvo de uma recensão pelo IEC, U.Minho
O 2º consta
de uma lista de livros aconselhados pelo Centro de Ciência Júnior ,
lista que contém os “12 melhores livros
de divulgação científica para público infantojuvenil” como pode ler-se
aqui e aqui.
A minha relação com a editora era (aparentemente) ótima.
Sabendo que passava por alguma dificuldades criei-lhe, graciosamente, um blog
que ainda hoje mantém.
Mas, ironia do destino, também esta editora não se portou como “pessoa
de bem” .Por incrível que pareça, continua sem me pagar direitos de autor. Mas
pior que isso, foi ter faltado a um compromisso que assumira. No âmbito das
celebrações do Ano Internacional da Química foi-me pedido um texto para uma
peça de teatro. Escrevi Breve História da
Química cuja edição foi patrocinada pela Sociedade Portuguesa de
Química(SPQ). A primeira apresentação da peça teve lugar no Rivoli, em 20 de
junho de 2011, sob o título O Grande
musical da Química. Da minha parte havia para com a SPQ o compromisso de que
na data da estreia o livro estaria nas bancas, compromisso esse que assumi
dado que a Gatafunho me garantiu até
à última hora que o livro estaria pronto para esse dia. Nem para esse, nem para qualquer outro. E na sequência desta
atitude deixou de atender o telefone e de me responder a qualquer outra forma
de contacto.
Tive que mudar de editora. A Breve História da Química foi editada pela 7dias6noites e saiu em Julho de 2011, cerca de um mês depois do
espetáculo no Rivoli.
Também este livro foi alvo das mesmas apreciações que Pelo sistema solar vamos todos viajar.
A história já vai longa, mas ainda há mais ironias do destino ....
Regresso a Era uma vez...ciência e poesia no reino da
fantasia.
Dado o processo de insolvência da Campo das letras, a Gatafunho tinha-me abordado no
sentido de reeditar o livro. Em face do que acima referi, tal não sucedeu. A editora 7dias6noites dispôs-se a editá-lo o acaba de sair.
Os textos deste livro bem como os de Ciência para meninos em poemas pequeninos pertenciam todos ao
conjunto de textos que a Porto Editora assumira editar, no início dos anos 2000...
Há dias uma amiga ligou-me dizendo que o livro de Língua
Portuguesa da neta, que frequenta o 3º ano de escolaridade, continha dois poemas de Ciência
para meninos em poemas pequeninos.
Fiquei curiosa e qual não é o meu espanto ao ver que os poemas,
Diversidade e Mar, constam respectivamente nas página 58 e 152 do livro
Alfa, edição da Porto Editora, que tão pouco respeito mostrou pelo meu trabalho. .
Mais uma ironia do destino...
Mais uma ironia do destino...
Diversidade
Era uma escola
muito colorida tão cheia de vida como nunca vi.
Aqui e ali
meninos negrinhos que vieram de Angola
jogavam à bola
com outros meninos também africanos, outros indianos,
outros
europeus da Europa de Leste, do Norte e
do Sul,
olhos de cor
verde, castanha e azul.
Os cabelos
eram dos mais variados: encaracolados,
claros e escuros, lisos,
esticados como aquele indiozinho tupi - guarani e um coreano de seu nome Li,
que tinha uns
olhinhos bem enviesados.
Havia um
menino que era timorense, outro
guineense e imaginem só,
até existia um menino esquimó.
Um grupo bailava e um outro cantava a uma voz só
um vira[1],
um tebe, um semba, uma morna, uma
marrabenta e até um forró.
Era
aquela escola, como um arco-íris, de múltiplas de cores.
Lembrava um canteiro repleto de flores.
Mar
Já
brincaste com a areia
e com
as conchinhas do mar?
Já
viste as ondas a ir,
para
logo a seguir voltar?
Encosta
um búzio ao ouvido
e fica
atento a escutar.
Parece
que se ouve o mar
a
contar os seus segredos.
Diz que
se sente doente,
que
está muito poluído.
Hoje é
um petroleiro,
amanhã
é um cargueiro
que
deita lixo para o mar.
E
também há muita gente
que
deita na praia lixo,
uma
garrafa, uma lata,
uma
pistola de esguicho,
uma
embalagem qualquer.
Ora
isso não pode ser
pois a
poluição mata algas e peixinhos.
Mata
até os passarinhos
que na
areia vão pousar
ou água
vão debicar
nas
pocinhas
dos rochedos.
Fiquei satisfeita por ver os poemas incluídos no livro mas confesso que preferia
vê-los num livro de qualquer outra editora.
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Breves...
Breves
1
Ontem fui ao S. João ver a peça de Nelson Rodrigues, Toda a
nudez será castigada, espetáculo misto de teatro e dança incluído em “O ano
do Brasil no TNSJ”, que inclui 29 espetáculos distribuídos pelo TNSJ, o Teatro
CA e o Mosteiro de SBV. Este festival iniciou-se em 17 de abril e termina em 10
de junho.
Achei interessante.
A Feira do Livro do
Porto não se realizará este ano, como sabem. Surgem algumas iniciativas
para minorar “os danos”.
Aqui deixo a notícia de dois eventos
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Algures a Nordeste
Algures a
Nordeste é título de uma obra de António Pires Cabral, poeta do Nordeste Transmontano.
Tenho estado a preparar uma intervenção que vou fazer em Junho, precisamente “algures
a nordeste”. Decidi reler o livro(o que faço várias
vezes). Partilho convosco um dos poemas de que mais gosto nesse livro.
Dizem que vêm da Europa Central. Eu vejo-os vir
dos lados de Grijó em lassa caravana.
Debaixo da carroça trota a coelheira,
aproveitando a sombra débil e ambulante.
Sentado na boleia, as rédeas na mão morena
descuidadas, um homem cisma, confia
do caminho ao macho lento a decisão.
Outros homens a pé e mulheres novas
entretêm de riso a caminhada espessa.
Logo após, sobre os burros, os pertences.
Alguns velhos também, já cansados de tudo,
tiram partido do precário trote. As crianças
de peito sugam em sonolenta teima
as elásticas tetas sacudidas, mas alvas e redondas.
Os mais velhitos caminham
repartidos
em pequenas e lúdicas manadas, dando
às hortas laterais breves saltos furtivos.
em pequenas e lúdicas manadas, dando
às hortas laterais breves saltos furtivos.
Toda esta gente é morena e tem fala
cantada,
levanta para mim doces olhos castanhos.
Dizem que vêm
da Europa Central, de uma raça sem chão,
e aqui procura, de insultos rodeada,
cumprir a sua luta, seu degredo
e sua primitiva vocação.
Dizem que os ciganos desenterram animais defuntos
de alguma enfermidade menos limpa
e neles cravam dentes de fome milenária.
Dizem que as mulheres estão na intimidade
das estrelas e a troco de uns mil-réis
leem nas mãos destinos coloridos.
levanta para mim doces olhos castanhos.
Dizem que vêm
da Europa Central, de uma raça sem chão,
e aqui procura, de insultos rodeada,
cumprir a sua luta, seu degredo
e sua primitiva vocação.
Dizem que os ciganos desenterram animais defuntos
de alguma enfermidade menos limpa
e neles cravam dentes de fome milenária.
Dizem que as mulheres estão na intimidade
das estrelas e a troco de uns mil-réis
leem nas mãos destinos coloridos.
Dizem que roubam quintais e assaltam
capoeiras,
e os aldeões, em pânico secreto,
os expulsam com voz impiedosa e decidida mão
das cercanias do seu chão governado.
Dizem que enganam os incautos campónios
em negócios sempre escuros de animais,
em que fazem passar por uma estampa
o mais escalavrado e cego dos cavalos.
Dizem que na vila, ao desfazer das feiras,
têm por costume, depois de embriagados,
trocar com as bengalas possantes e vistosas
pancadaria rija, de que morrem.
Dizem que vivem estranhos dramas passionais.
Dizem que não têm deus e que se casam
lançando ao ar jubilosos chapéus.
Dizem tudo isso dos ciganos. Eu não sei.
Vejo-os vir dos lados de Grijó
e estão todos de frente para mim
e parecem-me gente – nada mais.
A.M. Pires Cabral, in Algures a Nordeste
e os aldeões, em pânico secreto,
os expulsam com voz impiedosa e decidida mão
das cercanias do seu chão governado.
Dizem que enganam os incautos campónios
em negócios sempre escuros de animais,
em que fazem passar por uma estampa
o mais escalavrado e cego dos cavalos.
Dizem que na vila, ao desfazer das feiras,
têm por costume, depois de embriagados,
trocar com as bengalas possantes e vistosas
pancadaria rija, de que morrem.
Dizem que vivem estranhos dramas passionais.
Dizem que não têm deus e que se casam
lançando ao ar jubilosos chapéus.
Dizem tudo isso dos ciganos. Eu não sei.
Vejo-os vir dos lados de Grijó
e estão todos de frente para mim
e parecem-me gente – nada mais.
A.M. Pires Cabral, in Algures a Nordeste
Ainda eu
não conhecia este poema de Pires Cabral quando, num livro meu de ficção, Terras de Cieiro, que aguarda
publicação há muito, incluí uma passagem em que falo de ciganos.
Provavelmente os mesmos de que fala Pires Cabral, dada a proximidade entre a sua
aldeia e a minha.
(...)Ciganos.
Acampavam muitas vezes no Lameiro dos Linhos. Eles, os burros, os cavalos, os
cães. Dizia-se que eram estranhos. Dizia-se ainda que ludibriavam nos negócios,
que roubavam, que deitavam mau olhado... Daí que se amedrontassem as crianças
sempre com o mesmo dito:
Se te portas
mal vêm aí os ciganos e levam-te.
Mas eu
acostumei-me de tal modo a vê-los por casa da avó Maria da Luz, que a sua
presença nunca me causou temor, antes fascínio, fascínio esse que começava logo
quando via o colorido das suas caravanas. Ainda hoje recordo os olhos negros
expressivos nas caras enfarruscadas das crianças ciganas(...)
Regina Gouveia in Terras de cieiro
quarta-feira, 15 de maio de 2013
O GOVERNO QUÂNTICO
O GOVERNO
QUÂNTICO é o título de uma deliciosa crónica de Carlos Fiolhais,in De Rerum Natura
Em 1935 o físico austríaco Erwin Schroedinger exibiu as dificuldades conceptuais da teoria quântica, então recente, criando um paradoxo que ficou conhecido por “gato de Schroedinger”. De que dificuldades se trata? Nessa teoria, que governa o comportamento do mundo microscópico, um estado de um sistema pode ser uma sobreposição ou mistura de dois estados possíveis, mas opostos. Contudo, quando se efectua uma observação, encontra-se, não o estado de mistura, mas sim um ou outro dos estados opostos. Só podemos a priori conhecer probabilidades de obter um estado ou outro. No exemplo de Schroedinger, o gato está fechado dentro de uma caixa e um dispositivo quântico pode matá-lo. Antes de abrirmos a caixa, o gato está numa sobreposição de vivo e morto. Mas, quando a abrimos, verificamos que o gato está vivo ou morto e não as duas coisas ao mesmo tempo. Schroedinger interrogou-se sobre esse mistério quântico: como pode um gato estar vivo e morto ao mesmo tempo?
O actual governo de Portugal é quântico, quer dizer, parece-se com o gato de Schroedinger. Se não observarmos está entre o vivo e o morto. Assim uma espécie de zombie.Quando o observamos está, por vezes, vivo e, noutras vezes, morto. Numas ocasiões está a seguir fielmente o que diz a troika - o governo está vivo – e noutras ocasiões protesta contra os “senhores da troika” – e está morto. Olhamos para Vítor Gaspar, ministro de Estado e das Finanças – e o governo está vivo; mas olhamos para Paulo Portas, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros – e o governo está morto. Portas esclareceu que uma coligação não é uma fusão. Pois não: é uma confusão.
Esta característica quântica do governo levanta uma questão semelhante à de Schroedinger em relação ao seu gato: como pode um governo estar vivo e morto ao mesmo tempo? Se aceitarmos a ideia de sobreposição de contrários, estará mais vivo do que morto ou mais morto do que vivo? Nos últimos tempos, está, sem dúvida, mais morto do que vivo. Luís Marques Guedes, ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, referiu-se por um lapso que é revelador, ao seu colega Paulo Portas como “líder do principal partido da oposição”. O governo tem a oposição dentro de si, enquanto a oposição cá fora, apesar de ruidosa, é inofensiva.
Lili Caneças afirmou um dia, numa frase que ficou célebre, que “estar vivo é o contrário de estar morto”. Ora isto é sabedoria clássica, ultrapassada pela sabedoria quântica. Não foram os portugueses que descobriram a teoria quântica, mas existem, na nossa língua, expressões quânticas como estar “mais morto do que vivo”, o que, de facto, significa, estar mais vivo do que morto, embora por pouco, isto é, às portas da morte. Também dizemos “mais para lá do que para cá” para descrever o mesmo tipo de situação. Temos, portanto, um lado quântico em nós que vai além do nosso lado Lili Caneças. Mesmo o fado cantado por Amália Rodrigues, “É ou não é”, que, a avaliar pelo título parece clássico, pois não há justaposição de opostos, é afinal quântico a avaliar pelo final do refrão, que contém uma reviravolta surpreendente: “Digam lá se é assim ou não é?/Ai, não, não é! / Digam lá se é assim ou não é?/ Ai, não, não é! Pois é!”
Pois é. A lógica quântica não é fácil de perceber. Como é que um governo pode diminuir as pensões aos reformados da função pública e, ao mesmo tempo, garantir o pagamento integral das mesmas pensões? O porta-voz do “maior partido da oposição”, João Almeida, tentou explicar a confusão. Mas tudo ficou ainda mais confuso: ele tem a "profunda convicção de que a medida nunca será aplicada", pois "o cenário de ela ser aplicada seria contrariar uma decisão do Conselho de Ministros". Acontece que a extraordinária medida de aumentar a austeridade dos depauperados pensionistas foi mesmo aprovada em Conselho de Ministros (extraordinário) e enviada à troika para garantir o pagamento da próxima tranche do empréstimo. Mas mais: sabemos, por Vítor Gaspar, que o referido corte será aplicado em caso de “absoluta necessidade”, coisa que não nos tem faltado. Por um lado, há a “absoluta convicção” do porta-voz e, por outro, a ”absoluta necessidade” do ministro. Vamos ver se ganha a convicção ou a necessidade. Aceitam-se apostas.
O que falta hoje ao governo? Obviamente um rumo claro. Mais austeridade ou crescimento económico? Mais miséria ou sensibilidade social? O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que tem estado do lado de Vítor Gaspar, não pôs na ordem Paulo Portas quando este, com evidente quebra do dever de lealdade, se demarcou publicamente de um documento aprovado em Conselho de Ministros. Passos Coelho perdeu uma boa oportunidade de afirmar a sua autoridade face à oposição interna. E um governo sem liderança só pode andar ao acaso, não podendo nós adivinhar para onde vai.
Imagem retirada daqui
Imagem retirada daqui
domingo, 12 de maio de 2013
água que se fez terra, que se faz corpo
Na próxima terça feira, dia 14, na escola UTOPIA vai ser inaugurada mais uma exposição de Domingos Loureiro
Muito gentilmente foi-me proposto associar-me ao evento apresentando o meu novo livro. Como os convites para a exposição já estavam feitos, foi impressa posteriormente a informação da apresentação do livro.
Agradeço à UTOPIA e ao Professor Domingos Loureiro.
Agradeço à UTOPIA e ao Professor Domingos Loureiro.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Breves... preocupação e beleza
Preocupação...
"O CRESCIMENTO INFINITO É INCOMPATÍVEL COM UM MUNDO FINITO" - é o título de um texto de Serge Latouche, filósofo e economista francês,que pode ser lido aqui
"Há perguntas demais neste mundo aqui de baixo, nos diz Woody Allen: de onde viemos? Para onde vamos? E o que vamos comer hoje à noite? Se, para dois terços da humanidade, a terceira questão é a mais importante, para nós, do Norte, os empanzinados do hiperconsumo, ela não é uma preocupação. Consumimos carne demais, gordura demais, açúcar demais, sal demais. O que nos assombra é antes o sobrepeso. Corremos o risco de sofrer de diabetes, cirrose do fígado, colesterol e obesidade: esta atinge 60% da população dos EUA, 30% da Europa e 20% das crianças na França. Estaríamos melhor se fizéssemos dieta. Esquecemos as duas outras perguntas que, menos urgentes, são contudo mais importantes.
Para onde vamos? De cara contra o muro. Estamos a bordo de um bólido sem piloto, sem marcha a ré e sem freio, que vai se arrebentar contra os limites do planeta. (...) Mas, com a nossa refeição desta noite garantida, não queremos escutar nada. Ocultamos, em particular, a questão de saber de onde viemos: de uma sociedade de crescimento - ou seja, de uma sociedade fagocitada por uma economia cuja única finalidade é o crescimento pelo crescimento. É significativa a ausência de uma verdadeira crítica da sociedade de crescimento na maioria dos discursos ambientalistas, que só fazem enrolar nas suas colocações sinuosas sobre o desenvolvimento sustentável.
Dizer que um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito e que tanto nossas produções como nossos consumos não podem ultrapassar as capacidades de regeneração da biosfera são evidências facilmente compartilháveis. Em compensação, são muito menos bem-aceitas as consequências incontestáveis de que essas mesmas produções e esses mesmos consumos devem ser reduzidos, e que a lógica do crescimento sistemático e irrestrito (cujo núcleo é a compulsão e a adição ao crescimento do capital financeiro) deve portanto ser questionada, bem como nosso modo de vida."
Beleza
Vejam este vídeo que "mistura" Física, Música e Arte!
Beleza
Vejam este vídeo que "mistura" Física, Música e Arte!
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Achados...
Hoje decidi arrumar o escritório. Desde que ma aposentei, de
cada vez que o faço vou eliminando documentos de trabalho que não mais irei
usar. Resisto muito a esta eliminação mas a conservação não faz qualquer
sentido... A quem pode interessar uma planificação de Física, de Química, de Técnicas Laboratoriais
? São planificações muito pessoais, geralmente ecléticas envolvendo ciência, poesia,
música, etc
Por vezes tenho encontros
inesperados. Foi o que me aconteceu hoje. Ao explorar uma pasta, descobri poemas meus
dispersos, desde 1959. Não fazia a mínima
ideia que tinha registos antes da era do computador. A minha letra é horrível e
por isso geralmente passados uns dias não decifro o que escrevi. Mas com estes
poemas, inexplicavelmente houve o cuidado de os passar a limpo.
Dentro do achado descobri um poema escrito aos catorze anos,
dedicado à minha mãe. Tenho a certeza que não o leu, pois até 2002 nunca dei a
conhecer a ninguém esta minha “faceta”
(salvo em rimas de brincadeira, em festas e afins).
É nitidamente inspirado num poema de José Régio de que eu
gostava ( e gosto ) muito, creio que também escrito quando ele era jovem
Em cima da minha mesa
Da minha mesa de estudo
Mesa da minha tristeza -
Em que de noite e de dia
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo...)
E me estudo
A mim
Também
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!
Da minha mesa de estudo
Mesa da minha tristeza -
Em que de noite e de dia
Rasgo as folhas, leio tudo
Destes livros em que estudo,
E me estudo
(Eu já me estudo...)
E me estudo
A mim
Também
Em cima da minha mesa,
Tenho o teu retrato, Mãe!
À cabeceira do leito,
Dentro de um caixilho,
Tenho uma Nossa Senhora
Que venero a toda a hora...
Ai minha Nossa Senhora,
Que se parece contigo,
E que tem ao peito,
Um filho
(O que ainda é mais estranho)
Que se parece comigo,
Num retratinho,
Que Tenho,
De menino pequenino!...
No fundo da minha mala,
Mesmo lá no fundo a um canto,
Não lhes vá tocar alguém,
(Quem as lesse, o que entendia?
Só riria
Do que nos comove a nós...)
Já tenho três maços, Mãe,
Das cartas que tu me escreves
Desde que saí de casa...
Três maços - e nada leves! -
Atados com um retrós...
Se não fora eu ter-te assim,
A toda a hora,
Sempre à beirinha de mim,
(sei agora
Que isto de a gente ser grande
Não é como se nos pinta...)
Mãe!, já teria morrido,
Ou já teria fugido,
Ou já teria bebido
Algum tinteiro de tinta.
O meu poema é muito pobre mas, dado que ontem foi o Dia da Mãe,
aqui o coloco esperando a vossa compreensão.
Mãe.
Ainda te lembras de min?
Eu sei que te lembras, Mãe.
Eu sei que tu sabes, Mãe,
que nesta mesa de estudo
penso em tudo,
até no estudo,
e penso em ti também.
Ai mãe...
Ao deitar-me sempre oro.
Sei que minhas preces vão
juntar-se às tuas e então,
penso em ti, Mãe, e choro.
domingo, 5 de maio de 2013
A verdade acerca da economia...
É este o título do vídeo que aqui deixo
Utopia
Sob uma araucária, uma tarde amena,
uma brisa serena, um odor
a terra.
Pousada no solo a telefonia e uma
sinfonia
de Mahler, suponho.
No cosmos havia total harmonia,
mas tal utopia
só podia ser sonho.
De repente acordo e do que recordo
já não resta nada.
Nem a araucária, nem a tarde amena,
nem a brisa serena,
nem o cheiro a terra, nem a sinfonia.
Real é apenas a telefonia.
No Médio Oriente, a eterna guerra,
no Brasil, a causa dos sem terra,
em África grande convulsão,
a economia em grande recessão,
fome,
desemprego,
violência,
medo.
Akseli Gallen Kallela
sábado, 4 de maio de 2013
Dia da Mãe
A propósito do Dia da Mãe, enviaram-me um e-mail que partilho convosco, na véspera do dia em causa.
Imagem poderosa: fica-se sem palavras ! Dói!
Um pensamento/sentimento: o mais importante retrata-se com a simplicidade de riscos de giz
e vive-se com a grandiosidade do aconchego do afecto, do amor e o sentimento do respeito por um "bem sagrado".
Mas falta o calor do colo e do coração ... Dói!
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Continuando a falar de poesia...
Em março passado foi publicada Entre o Sono e o Sonho - Antologia de Poesia
Contemporânea.
Nesta obra de 1200 páginas está representado o trabalho de
aproximadamente 1000 poetas contemporâneos portugueses. Trata-se de uma obra
plural, representativa da diversidade poética portuguesa e obrigatória em
qualquer biblioteca de poesia!
A edição é da Chiado Editora. A convite
da mesma participei com o poema que anexo, inspirado numa obra de Chagall.
Promenade
Na nossa vida, como na paleta de um artista, há uma
única cor que fornece o sentido da vida e da arte. É a cor do amor.
Marc Chagall.
É verde o campo
onde o casal passeia.
No povoado, ao
fundo,
o tom rosa pálido
de uma casa
funde-se com o
céu,
destacando-a das
demais,
todas elas verdes
como o campo que
as rodeia.
Com a mão
esquerda, Marc,
o homem
visivelmente enamorado,
sustenta Bella, a
mulher,
silhueta em tons
de rosa forte,
que sobre a
cidade esvoaça.
Na mão direita um
pássaro.
Junto ao pé, do
mesmo lado,
um tufo de flores
rubras contrasta
com o verde forte
da paisagem.
Uma fantasia?
Um sonho marcado
pela nostalgia da infância?
Em S. Petersburg, no State Russian Museum ,
a mulher permanece esvoaçante.
Mas, por certo,
acabou por pousar
junto do seu amante.
Também o pássaro,
liberto da mão do
homem que o prendia,
terá voado
lançando no ar
chilreios de
alegria.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Entre margens
Entre margens é o título de um livro meu que
acaba de ser editado. O "parto" não foi fácil. Ainda antes de
publicar Magnetismo Terrestre (em
2006) já tinha iniciado um outro projeto que começou por se chamar "poeira
cósmica". Chegou a ser prefaciado pela minha grande amiga Fátima
Pinheiro, que para além de ter nascido precisamente no mesmo dia e ano que eu,
foi minha colega de curso e madrinha do meu filho mais novo. Infelizmente já
não está entre nós.
Mas vou colocar aqui esse prefácio, muito generoso, o que não é de estranhar pois a generosidade era uma das inúmeras qualidades da Fátima.
Nestes poemas está a
expressão da sensibilidade e do talento da Regina. Através deles, mostra-nos os
seus estados de espírito, por vezes de intensa angústia perante o fatalismo das
injustiças e das catástrofes que vitimizam a humanidade, por vezes num forte
apelo de esperança, por vezes de muita saudade associada à “Memória”.
Pela sua formação em
Física e talvez pela sua paixão por esta ciência, parece querer dar alma à
água, ao ar, aos electrões….Sem sacrificar a exactidão dos conceitos físicos,
fá-los mergulhar na fluidez dos sentimentos.
Só há bem pouco
tempo, antes da publicação de “Reflexões e Interferências”, eu soube que a
Regina escrevia poemas. Talvez a sua modéstia ou a sua discrição lhe tivessem
mantido esse silêncio durante tanto tempo. No entanto, estes poemas não me
surpreenderam porque neles está a presença da pessoa sensível que encontrei
pela primeira vez há quase quatro décadas.
Não tendo
arranjado editora acabei por abandonar o projeto. Entretanto tinha já um outro
entre mãos, "Poemas no espaço-tempo". Em 2007 foi prefaciado
pelo escritor Carlos Vaz .
Enquanto
tentava arranjar quem mo editasse fui integrando no mesmo a maior parte dos
poemas de "poeira cósmica".
Mas a
oportunidade para editar não chegava.
Em 2012 fui contemplada com o 1º prémio no XVII concurso Poesia em ti, promovido pela
APPACDM de Setúbal. Do prémio fazia parte a edição, pela Editora Lua de
Marfim, de um livro de poesia. Assim surge este livro.
Como já tinha escrito um outro projeto “Entre margens” que tem a ver com os
rios, aproveitei esta oportunidade para editar tudo, sob este título, que justifico
em nota introdutória.
Entre margens, os
rios, entre margens os textos nas páginas. Uns e outros galgam-nas por vezes.
Os textos desta coletânea, agora entre margens, já as galgaram ao longo das
suas vidas, por vezes com alguns anos. Aqui se incluem não só textos atuais mas
também outros que não foram incluídos nos livros anteriormente publicados. Todos
foram sendo organizados em projetos, entre eles Poemas no espaço-tempo e Entre
margens. O primeiro chegou a ter edição agendada pela editora Campo das Letras,
que infelizmente já não existe. Em 2007 foi prefaciado pelo escritor Carlos Vaz , mas de então para cá foi engrossado com
mais poemas, nomeadamente o que foi premiado no concurso de poesia que deu
lugar à edição desta obra que contém um conjunto de poemas selecionados a partir
dos projetos acima mencionados.
O livro chegou-me hoje às mãos.
A capa, tendo por base um óleo que pintei em 2011, pouco
tem a ver com o mesmo pois as cores ficaram muito alteradas. Fiquei triste mas O que não tem remédio, remediado está, diz o ditado.
Deixo aqui
dois poemas, um de "Poemas no espaço-tempo" e outro de “Entre margens”
Poalha etérea
No labirinto da
memória
uma imagem perdida.
Uma imagem fugaz,
discreta.
No bastidor,
esticado, o linho
de onde em onde
maculado
por um bordado
azul,
o azul do mar de
Creta.
Não sei se era
lençol, se era toalha
Na memória,
apenas o azul
e a brancura do
linho.
Tudo o mais se
esfumou
numa poalha
etérea,
não sei se onda
se matéria,
que o tempo
dispersou
In Poemas no espaço-tempo
(…)Eu sou o rio anoitecido. Eu desço pelas profundas
quebradas, pelos ignotos vilarejos esquecidos
(…)Javier Heraud.
O rei mandou construir o labirinto.
Eis a lenda.
Da pedra, o Senhor fez brotar torrentes.
Eis o salmo.
E as torrentes tornaram-se em rios
que serpenteiam por artérias sinuosas,
quais labirintos.
Não há fio de Ariadne para o regresso,
nem é preciso.
Rios são água que corre por instinto
e a água não tem fim
nem tem começo.
In Entre
margens
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