Temos fotografado o rio em diferentes pontos, tentando preservá-lo assim pelas imagens. Em breve, as águas aprisionadas vão transformá-lo; em breve um lago, em vez de um rio sinuoso, que “no fundo, parece alheado, correndo ligeiro ou sonhando parado”, que “ainda hoje umas vezes adormece outras galopa na viagem”, o rio de cujo rumor vou sentir muita falta, “Como que em busca da certeza de que existo, gosto de vaguear pelas ladeiras, sentindo rumorejar o rio ao fundo”, um rio do qual eu disse “Se este rio fosse meu, não permitiria que algo o poluísse e talvez um dia com ele me fundisse num apertado e sempiterno abraço quando a vida nada mais fosse que cansaço”…
Hoje fomos fotografar o rio na ponte de Remondes. Pelo caminho, imagens tétricas deixadas pelos incêndios, fizeram “eclodir” um poema, o primeiro que escrevi nestas férias
As árvores morrem de pé
Na curva da estrada, a silhueta negra
do que até há bem pouco era uma oliveira.
Ao desfazer da curva, todo um deserto calcinado…
Outro deserto o precedeu, um deserto de cor.
Não o vermelho de Antonioni,
mas um deserto flamejante
que, lascivo, a encosta lambeu.
Árvores calcinadas, esquálidas,
erguem-se, pungentes,
testemunhando o recente horror.
As árvores morrem de pé…
Mais uma vez um belo poema que testemunha bem o horror dos incêndios e a destruição do seu Nordeste, com destaque para o rio Sabor.
ResponderEliminarUm beijo grande.
Gostava de ir ao Nordeste - a família da minha nora é de Lagoaça - antes de fazerem a barragem. Não sei se irei....mas ando com um sonho.
ResponderEliminarPenso que a viagem agora e mais fácil do que há trinta anos quando vivi em Chaves.
O teu poema é elucidativo do horror que são os incendios....nunca mais fui à Beira Baixa, onde eles comeram grande parte da mancha florestal....
Já te disse que terei muito gosto em que venhas connosco, quando aqui viermos. Aliás o convite é extensivo à Graciete
ResponderEliminarBj
REgina